domingo, 27 de março de 2022

SÃO JOÃO DAMASCENO - 27 DE MARÇO DE 2022

João Damasceno

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João Damasceno
Ícone grego representando
São João Damasceno
Doutor da Igreja (Doctor Assumptionis)
NascimentoDamasco 
675
MorteMar SabaJerusalém 
4 de dezembro de 749 (74 anos)[1]
Veneração porIgreja CatólicaIgreja OrtodoxaIgreja LuteranaComunhão Anglicana
Festa litúrgica4 de dezembro
Gloriole.svg Portal dos Santos
Representação de João Damasceno na Crônica de Nuremberga

João Damasceno ou João de Damasco (em gregoἸωάννης ὁ Δαμασκηνόςromaniz.: Iōannēs ho Damaskēnos; em latimIohannes Damascenus675 - 4 de dezembro de 749), foi um monge e sacerdote sírio. Nascido e criado em Damasco, morreu em seu mosteiroMar Saba, perto de Jerusalém.[2] Um polímata cujos interesses incluíam direitoteologia e música, algumas fontes afirmam que serviu como administrador-chefe do califa de Damasco antes de sua ordenação.[3][4]

Escreveu obras explicando a fé cristã e compôs hinos que ainda são utilizados na liturgia no cristianismo oriental por todo o mundo. João é especialmente lembrado pela Igreja Ortodoxa por sua contundente defesa da veneração de ícones.[5] A Igreja Católica o considera um Doutor da Igreja, geralmente chamado de "Doutor da Assunção" por causa de suas obras sobre a Assunção de Maria.[6]

Biografia

A fonte de informações sobre a vida de João Damasceno mais utilizada é uma obra atribuída a João de Jerusalém, que se identifica nela como patriarca de Jerusalém,[7] uma tradução para o grego de um original árabe. Este original, por sua vez, não contém um prólogo encontrado na maioria das traduções e foi escrita por um monge chamado "Miguel". Explica que decidiu escrever a biografia em 1084 por que não havia nenhuma disponível na época. Porém, a parte principal do texto parece ter sido escrita por um autor anterior em algum momento entre o início do século IX e o final do X em árabe.[7] Escrita de um ponto de vista hagiográfico, propenso a exageros e detalhes lendários, a obra não é uma fonte ideal para informações sobre a vida de João, mas contém alguns elementos valiosos e foi amplamente reproduzida.[8]

A novela hagiográfica "Barlaão e Josafá", tradicionalmente atribuída a João, é, na realidade, uma obra do século X de autor desconhecido.[9]

Histórico familiar

João nasceu numa proeminente família conhecida como Almançor (em árabeالمنصور - al-Mansǔr: "vitoriosa") em Damasco no século VII.[10] Seu nome completo era Iuana/Iana ibne Almançor ibne Sarjum (em árabeمنصور بن سرجونlit. 'Yuhanna/Yanah ibn Mansur ibn Sarjun'), em homenagem ao seu avô, que havia sido responsável pela coleta de impostos na região sob o imperador bizantino Heráclio (r. 610–641).[11][12] A falta de documentação atestando a sua linhagem tribal específica levou diversos acadêmicos a colocá-lo entre os taglíbidas e cálbidas, duas proeminentes tribos árabo-cristãs do Deserto da Síria. Outros sugerem que pode ter sido um sírio de origem não-árabe.[13][14][15] Qualquer que seja o caso, João Damasceno tinha dois nomes: João, seu nome cristão, e seu nome árabe, citado como Cureim (Qurein), Iana (Yana) ou Iaana (Yahanna).[16]

Eutíquio, um patriarca melquita do século X, menciona um certo governador árabe da cidade que teria rendido-a aos muçulmanos, provavelmente o avô de João, Almançor ibne Sargum. Quando a região caiu sob o jugo dos omíadas no final do século VII, a corte de Damasco manteve seu grande contingente de servidores civis cristãos, inclusive o avô de João.[17] O pai dele, Sargum (Sérgio) ou ibne Almançor, continuou a servir os califas omíadas.[11] De acordo com João de Jerusalém e algumas versões posteriores de sua vida, após a morte do pai, também serviu na corte do califa antes de se tornar monge. Esta tese tem sido questionada uma vez que não é mencionado nas fontes muçulmanas, que, contudo, citam seu pai.[18] Além disso, as obras do próprio João Damasceno jamais fizeram referência à qualquer experiência sua na corte muçulmana. Acredita-se que tenha se tornado monge em Mar Saba e que foi ordenado sacerdote em 735.[11][10]

Educação

Uma de suas biografias descreve o plano de seu pai para si, de "aprender não apenas através dos livros dos muçulmanos, mas dos gregos também". A partir disso, sugere-se que possa ter sido criado de forma bilíngue.[19] De fato mostra algum conhecimento do Corão, que critica duramente.[20] Outras fontes descrevem a sua educação em Damasco como tendo sido conduzida de acordo com os princípios da educação helenística, chamada de "secular" por uma fonte e "cristã clássica" por outra.[21] Um relato identifica seu tutor como um monge chamado Cosme, que teria sido raptado pelos árabes de sua casa na Sicília, e por quem o pai de João teria pago uma grande quantia. Sob a batuta de Cosme, que também ensinava para o amigo órfão de João (que ficaria conhecido como Cosme de Maiuma), acredita-se que tenha feito grandes avanços em música, astronomia e teologia, logo rivalizando Pitágoras em aritmética e Euclides em geometria[22]

Defesa dos ícones

Ver artigo principal: Iconoclasma
Iluminura mostrando o patriarca João VII Gramático destruindo um ícone.
Detalhe do Saltério de Chludov

No início do século VIII, o iconoclasma, um movimento que buscava proibir a veneração de ícones, ganhou força no Império Bizantino. Em 726, apesar dos protestos do patriarca constantinopolitano Germano I, o imperador Leão III, o Isauro (r. 717–741) emitiu seu primeiro édito contra a veneração de imagens e sua exibição em lugares públicos.[23] Um escritor talentoso – e protegido por estar em território do califa – João Damasceno iniciou uma vigorosa defesa das imagens sagradas em três publicações separadas. A mais antiga, chamada Tratados Apologéticos contra a Condenação das Imagens Sagradas, assegurou a sua reputação. Não somente atacou o imperador, mas adotou um estilo simples que permitiu que a controvérsia fosse acompanhada pelo povo mais simples, estimulando a rebelião entre os fiéis. Posteriormente, suas obras também teriam um papel importante durante o Segundo Concílio de Niceia (787), que se reuniu justamente para tratar do assunto.

A biografia de João Damasceno reconta pelo menos um episódio considerado como improvável ou lendário[24][25] Ela relata que Leão III enviou documentos falsificados para o califa que implicavam João numa conspiração para atacar Damasco. O califa teria então ordenado que a mão direita de João fosse amputada e pendurada em lugar público. Alguns dias depois, João pediu a restituição de sua mão e rezou fervorosamente pela intervenção da Teótoco (Virgem Maria) perante seu ícone. Logo em seguida, sua mão teria sido milagrosamente curada[24]. Em agradecimento pela cura milagrosa, anexou uma mão de prata ao ícone, que passou a ser conhecido a partir daí como "Três mãos" ou Tricheirousa.[26] A biografia continua afirmando que, depois deste evento, João pediu permissão para deixar seu posto e se retirou para o mosteiro de Mar Saba. Um editor de suas obras, o padre Michel Le Quien, demonstrou, porém, que João de Damasco já era monge em Mar Saba antes da disputa iconoclasta, um fato que só torna a história ainda mais improvável[24]. Já se argumentou que João havia deixado Damasco para se tornar monge em 706, quando Ualide I (r. 705–715) tornou mais agressiva a islamização entre os servidores do califado.[27] Fontes muçulmanas mencionam apenas que Sarjum, pai de João, teria deixado a administração nesta época, sem mencionar João.[18]

Anos finais e devoção

João morreu em 749[1] e foi logo reconhecido como santo. Em 1883 a Santa sé declarou-o Doutor da Igreja.[23] Quando o nome de São João Damasceno foi inserido no Calendário Geral Romano, em 1890, era festejado em 27 de março. Esta data sempre cai na Quaresma, um período no qual não se comemoram as memórias obrigatoriamente. Em 1969, ela foi mudada para o dia da morte do santo, 4 de dezembro, dia no qual ela é celebrada também na Igreja Ortodoxa[28] e pelos luteranos.[29]

Lista de obras

Ioannis Damasceni Opera, 1603

Além de suas obras puramente textuais, muitas das quais estão listadas abaixo, João Damasceno também compôs hinos, aperfeiçoando o "canon", um hino de forma estruturada utilizado na Igreja Ortodoxa.[30]

Primeiras obras

  • Os três "Tratatos Apologéticos contra a Condenação das Imagens Sagradas" estão entre as suas primeiras obras em resposta ao édito do imperador bizantino Leão III, o Isáurio (r. 717–741) contra a veneração e exibição das imagens sagradas.[31]

Ensinamentos e obras dogmáticas

  • "Fonte de Conhecimento" ou "Fonte da Sabedoria", dividida em três partes:
    1. Capítulos filosóficos (Kephálaia philosophiká) – Geralmente chamados de "Dialética", lida principalmente com lógica, sendo o seu principal objetivo preparar o leitor para melhor entender o resto do livro.
    2. Sobre a Heresia (Perì hairéseōn) – O último capítulo desta parte (cap. 101) lida com a heresia dos ismaelitas.[32] Ao contrário das seções anteriores, devotadas a combater outras heresias, dispostas em poucas linhas de forma sucinta, este capítulo cobre várias páginas. É um dos primeiros exemplos de escritos polêmicos contra o Islã e o primeiro escrito por um membro da ortodoxia bizantina.
    3. Uma Composição Exata da Fé Ortodoxa (Ékdosis akribès tēs Orthodóxou Písteōs) – Um sumário do escritos dogmáticos dos primeiros Padres da Igreja. Foi a primeira obra do escolasticismo no cristianismo oriental e uma importante influência no pensamento escolástico posterior.[33]
  • Contra os Jacobitas
  • Contra os Nestorianos
  • Diálogo contra os Maniqueístas
  • Introdução Elementar nos Dogmas
  • Carta sobre o Hino Três Vezes Sagrado
  • Sobre o Pensamento Correto
  • Sobre a Fé, contra os Nestorianos
  • Sobre as Duas Vontades em Cristo (Contra os Monotelitas)
  • Paralelos Sagrados (de atribuição dúbia)
  • Sobre Dragões e Fantasmas

Referências

  1. ↑ Ir para:a b «São João Damasceno» (em inglês). Britannica Concise Encyclopedia. Consultado em 20 de agosto de 2014 .
  2.  Walsh 1991, p. 403.
  3.  Akbari 2009, p. 204.
  4.  Thomas 2001, p. 19.
  5.  Aquilina 1999, p. 222.
  6.  Rengers 2000, p. 200.
  7. ↑ Ir para:a b Sahas 1972, p. 32.
  8.  Sahas 1972, p. 35.
  9.  Volk 2006.
  10. ↑ Ir para:a b McEnhill 2004, p. 154.
  11. ↑ Ir para:a b c Brown 2003, p. 307.
  12.  Sahas 1972, p. 8–9.
  13.  Sahas 1972, p. 7.
  14.  Louth 2005, p. 5.
  15.  Griffith, Sidney H. «John of Damascus and the Church in Syria in the Umayyad Era: The Intellectual and Cultural Milieu of Orthodox Christians in the World of Islam» (em inglês). Britannica Concise Encyclopedia. Consultado em 21 de agosto de 2014. Arquivado do original em 21 de maio de 2013 .
  16.  Sahas 1972, p. 8.
  17.  Sahas 1972, p. 17.
  18. ↑ Ir para:a b Hoyland 1996, p. 481.
  19.  Valantasis 2000, p. 455.
  20.  Hoyland 1996, p. 487-489.
  21.  Louth 2002, p. 284.
  22.  Butler 2000, p. 36.
  23. ↑ Ir para:a b Wikisource-logo.svg "St. John Damascene" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  24. ↑ Ir para:a b c «São João Damasceno» (em inglês). Catholic.org. Consultado em 5 de agosto de 2012
  25.  Jameson 2008, p. 24.
  26.  Louth 2002, p. 17, 19.
  27.  Louth 2003, p. 9.
  28.  Calendarium romanum [Calendário romano] (em latim), Libreria Editrice Vaticana, 1969, pp. 109, 119; cf. «São João Damasceno» (em inglês). Britannica Concise Encyclopedia. Consultado em 5 de agosto de 2012.
  29.  kinnaman 2010, p. 278.
  30.  Shahid 2009, p. 195.
  31.  Allies 1899.
  32.  «St. John of Damascus's Critique of Islam» (em inglês). Consultado em 21 de agosto de 2014 .
  33.  Ines 2009, p. 37.

Bibliografia

  • Akbari, Suzanne Conklin (2009). Idols in the East: European representations of Islam and the Orient, 1100-1450. [S.l.]: Cornell University Press
  • Allies, Mary (1899). St. John Damascene on Holy Images, Followed by Three Sermons on the Assumption. Londres: [s.n.]
  • Aquilina, Mike (1999). The Fathers of the church: an introduction to the first Christian teachers. [S.l.]: Our Sunday Visitor Publishing. ISBN 9780879736897
  • Butler, Alban; Kathleen, Jones; Paul, Burns (2000). Butler's lives of the saints: Volume 12 of Butler's Lives of the Saints Series. [S.l.]: Continuum International Publishing Group. ISBN 9780860122616
  • Ines, Angeli Murzaku (2009). Returning home to Rome: the Basilian monks of Grottaferrata in Albania. 00046 Grottaferrata (Roma) - Italy: Analekta Kryptoferri. 37 páginas. ISBN 88-89345-04-7
  • Hoyland, Robert (1996). Seeing Islam as Others Saw It. [S.l.]: Darwin Press
  • Kinnaman, Scot A. (2010). Lutheranism 101. St. Louis: Concordia Publish House
  • Jameson, Mrs. Anna (2008). Legends of the Madonna. [S.l.]: BiblioBazaar, LLC. ISBN 9780554334134
  • Lamont, Peter Robert (2003). The rise of Western Christendom: triumph and diversity, A.D. 200-1000 (em inglês). [S.l.]: Wiley-Blackwell. ISBN 9780631221388
  • Louth, Andrew (2002). St. John Damascene: tradition and originality in Byzantine theology. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780199252381
  • Louth, Andrew (2003). Three treatises on the divine images. [S.l.]: St. Vladimir's Seminary Press. ISBN 9780881412451
  • McEnhill, Peter; Newlands, G. M. (2004). Fifty key Christian thinkers. [S.l.]: Routledge. ISBN 9780415170499
  • Rengers, Christopher (2000). The Thirty Three Doctors of the Church. [S.l.]: Tan Books & Publishers. ISBN 0895554402
  • Sahas, Daniel J. (1972). John of Damascus on Islam. [S.l.: s.n.] ISBN 9789004034952
  • Shahid, Irfan (2009). Byzantium and the Arabs in the Sixth Century: Economic, Social, and Cultural History, Volume 2, Part 2. [S.l.]: Harvard University Press. ISBN 9780884023470
  • Thomas, David Richard (2001). Syrian Christians under Islam: the first thousand years. [S.l.: s.n.]
  • Valantasis, Richard (2000). Religions of late antiquity in practice. [S.l.]: Princeton University Press. ISBN 9780691057514
  • Volk, R. (2006). Historiae animae utilis de Barlaam et Ioasaph. Berlim: [s.n.]
  • Walsh, M. (1991). Butler's Lives of the Saints. Nova Iorque: HarperCollins Publishers

Ligações externas

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GUERRA NA UCRÂNIA - 33º DIA - ÚLTIMAS NOTÍCIAS - 27 DE MARÇO DE 2022

 

 
 
 
GostoComentários|
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre a ofensiva militar desencadeada pela Rússia na Ucrânia.© Serviços de emergência da Ucrânia/Reuters Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre a ofensiva militar desencadeada pela Rússia na Ucrânia.

10h39 - Turquia apela à preservação dos canais de diálogo

Ibrahim Kalin, porta-voz da Presidência turca, defende que o seu e outros Estados devem continuar a dialogar com Moscovo, de forma a pôr termo à guerra na Ucrânia. Ao mesmo tempo, Ancara considera que as autoridades ucranianas necessitam de mais apoio para defenderem o país.

"Se toda a gente incendiar pontes com a Rússia, então quem é que vai falar com eles?", questionou Kalin dirante o fórum internacional de Doha.

"Os ucranianos precisam de ser apoiados por todos os meios possíveis, para que possam defender-se. Mas a posição russa deve ser ouvida, de um modo ou de outro", acrescentou.

10h26 - Zelensky critica NATO. "Quem lidera a comunidade euro-atlântica? Ainda é Moscovo?"

Volodymyr Zelensky exigiu aos países ocidentais que forneçam equipamento militar à Ucrânia e questionou se estes países têm medo de Moscovo.###1394326###O presidente ucraniano realça que só quer o enviode  armamento que está "a ganhar pó" nos armazéns.

10h01 - Líder separatista de Lugansk admite realização de referendo sobre adesão à Rússia

A autoproclamada República Popular de Lugansk, no leste da Ucrânia, poderá realizar em breve um referendo para a adesão do território à Rússia. A hipótese é avançada este domingo pelo líder separatista local, Leonid Pasechnik, citado pela agência Reuters.

"Acho que vamos realizar um referendo no território da república num futuro próximo. O povo irá exercer o seu direito constitucional supremo e irá expressar a sua opinião sobre a adesão à Federação Russa", afirmou. 

No mês passado, poucos dias antes do início da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, a Rússia reconheceu a independência das repúblicas autoproclamadas de Lugansk e Donetsk. 

9h55 - EUA não pretendem mudança de regime na Rússia, esclarece o secretário de Estado Antony Blinken

O chefe da diplomacia norte-americana disse este domingo aos jornalistas que os Estados Unidos não têm uma estratégia para a mudança de regime na Rússia.

"Acho que o presidente, a Casa Branca, disseram simplesmente que o presidente Putin não pode fazer a guerra ou envolver-se em qualquer tipo de agressão contra a Ucrânia ou qualquer outro país. Como sabem, e como nos têm ouvido a dizer repetidamente, não temos uma estratégia de mudança de regime na Rússia, ou em qualquer outro país, aliás", afirmou Antony Blinken.
No sábado, num discurso a partir de Varsóvia, o presidente norte-americano Joe Biden afirmou que Vladimir Putin "não pode continuar no poder".
9h31 - Sindicato dos Jornalistas da Ucrânia pede entrega urgente de equipamentos de proteção 
O presidente do Sindicato dos Jornalistas da Ucrânia, Sergyi Tomilenko, pediu hoje às organizações do setor de todo o mundo que ajudem na entrega de coletes antibala e capacetes aos profissionais ucranianos, "os primeiros da linha da frente da guerra".
Em entrevista à agência Lusa, Sergyi Tomilenko disse que o sindicato já teve promessas de apoio das federações internacional e europeia de jornalistas, bem como da UNESCO, mas só recebeu cinco coletes, quando existem pelo menos dois mil jornalistas ucranianos a trabalhar em zonas de conflito.
"Qualquer jornalista na Ucrânia é um jornalista da linha de combate e um dos maiores problemas é a falta de equipamentos de segurança", afirmou Sergyi Tomilenko.
O sindicato tem mais de 18 mil membros e estima de dez mil estejam no ativo, com, pelo menos, dois mil a trabalhar diretamente em zonas de conflito.
Segundo Sergyi Tomilenko, as tropas russas "visam os jornalistas, especialmente os jornalistas ucranianos" porque querem "parar a cobertura jornalística" da guerra.
(agência Lusa)
9h08 - Discurso de Joe Biden tornou a situação atual "mais perigosa"
O diplomata norte-americano Richard Hass, diretor do Council on Foreign Relations, criticou hoje as palavras de Joe Biden no discurso em Varsóvia. Considera que o presidente norte-americano "tornou uma situação difícil ainda mais difícil e uma situação perigosa ainda mais perigosa".

"Isso é óbvio. Menos óbvio é como se vai desfazer este dano, mas sugiro que os principais assessores [norte-americanos] consigam chegar aos seus colegas e deixem claro que os EUA estão preparados para lidar com este governo russo", completou.

No sábado, o presdente norte-americano afirmou que Vladimir Putin "não pode continuar no poder".

Richard Hass considera "pouco provável" que o recuo da Casa Branca em relação aos comentários de Joe Biden possa surtir efeito. "Putin verá isto como uma confirmação daquilo em que sempre acreditou. Um mau lapso de disciplina que corre o risco de estender o alcance e duração da guerra", refere ainda o diplomata.

8h49 - Rússia atacou Lviv com mísseis de cruzeiro

A Rússia atingiu alvos militares na cidade de Lviv com mísseis de cruzeiro de alta precisão, indicou este domingo o Ministério russo da Defesa.
De acordo com o Ministério, Moscovo atingiu um depósito de combustível usado pelas forças ucranianas. O local estava a ser utilizado para a reparação de material militar.
8h40 - Dois corredores humanitários para o dia de hoje, um deles em Mariupol

A vice-primeira-ministra ucraniana anunciou este domingo o acordo entre russos e ucranianos para dois corredores humantários que permitam a retirada de civis em zonas de combate. Um dos corredores inclui Mariupol. Os civis que ainda estejam nesta cidade portuária poderão sair hoje através de viaturas privadas.

Ponto da situação

  • Na visita à Polónia, após encontros com dirigentes e refugiados ucranianos, o presidente dos EUA chamou o líder russo Vladimir Putin de “carniceiro” que "não pode continuar no poder". Mais tarde, poucas horas após o discurso de Biden, a Casa Branca esclareceu que Washington não pediu uma "mudança de regime" em Moscovo.

  • A visita de Joe Biden a Varsóvia aconteceu no mesmo dia que, na Ucrânia, os ataques russos na Ucrânia visaram a cidade de Lviv, a cerca de 60 quilómetros da fronteira polaca. ###1394327###

  • O presidente ucraniano exigiu às nações ocidentais o envio de mais e melhor equipamento militar, nomeadamente aviões, tanques e sistemas de defesa antimísseis. Volodymyr Zelensky questinou, num discurso, se os países estão “intimidados por Moscovo” e frisou que Kiev está à espera de ajuda da NATO. "Do que estão à espera? Já passaram 31 dias", afirma.
  • No sábado, as forças russas assumiram o controlo de Slavutych, cidade onde vivem os trabalhadores da extinta central nuclear de Chernobyl. De acordo com o prefeito da cidade, citado pela agência Interfax Ucrânia, pelo menos três pessoas morreram. De acordo com o Parlamento da Ucrânia, as forças russas atingiram também uma instalação de investigação nuclear em Kharkiv.
  • A ONU confirma 1.104 mortes entre os civis e pelo menos 1.754 feridos desde o início da invasão, a 24 de fevereiro. Admite, no entanto, que o número de vítimas possa ser bastante superior. Entre as vítimas mortais incluem-se pelo-menos 136 crianças.

  • O Ministério russo da Defesa indica que 1.351 soldados russos morreram e 3.825 ficaram feridos desde o início da “operação especial” na Ucrânia, informou a agência de notícias Interfax na sexta-feira. Já a Ucrânia assevera que 15.000 soldados russos morreram.

sábado, 26 de março de 2022

ACTO DE CONSAGRAÇÃO DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA À UCRÂNIA E À RÚSSIA - 26 DE MARÇO DE 2022

 

O PAPA VAI CONSAGRAR A RÚSSIA E UCRÂNIA AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA, EM LIGAÇÃO A FÁTIMA, NO DIA 25 DE MARÇO. FRANCISCO VAI REZAR PARA QUE A HUMANIDADE SEJA PRESERVADA DA “AMEAÇA NUCLEAR”.

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.

Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:

Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;

Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;

Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;

Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;

Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;

Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;

Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;

Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amen.

Celebração Penitencial

(Basílica de São Pedro, 25 de março de 2022)

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