quarta-feira, 16 de março de 2022

GUERRA DA UCRÂNIA - 20º DIA - ÚLTIMAS... - 16 DE MARÇO DE 2022

 

Ucrânia vê perspectiva de avanços nas negociações com a Rússia, no 20º dia da guerra

15 mar202223h22
| atualizado em 16/3/2022 às 06h46
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Zelenski diz que conversas se tornam mais "realistas". Negociador ucraniano aponta "contradições fundamentais", mas diz enxergar possibilidade de acordo após Moscou mudar de tom.Autoridades ucranianas disseram, nesta terça-feira (15/03), ver possibilidade de avanços nas negociações com a Rússia, no 20º dia guerra na Ucrânia.

Foto: DW / Deutsche Welle

Os sinais de avanços na frente diplomática surgem em meio a intensificação dos bombardeios russos em Kiev e no dia em que cerca de 20 mil civis conseguiram deixar a cidade sitiada de Mariupol, onde a população enfrenta uma grave crise sanitária gerada pelo cerco à cidade imposto pelas tropas de Moscou.

O negociador da Ucrânia Mykhailo Podolyak descreveu a última rodada de conversações com os russos através de videoconferência como difícil e apontou "contradições fundamentais" entre os dois lados. Ele, porém, disse que existe a possibilidade de se chegar a um acordo, e que as negociações serão retomadas nesta quarta-feira.

Horas antes, um assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, expressou otimismo sobre o futuro das negociações. Ihor Zhovkva afirmou que as conversas se tornaram mais "construtivas", e que a Rússia mudou de tom e parou de exigir que a Ucrânia se rendesse - algo em que Moscou havia insistido durante as fases iniciais das conversações.

Durante à noite, Zelenski, afirmou em mensagem de vídeo que as posições adotadas pela Rússia se mostraram mais "realistas", mas disse que ainda será necessário mais tempo para que seja possível obter avanços reais.

"As reuniões continuam. Fui informado que os posicionamentos durante as negociações soam mais realistas. Mas, ainda é necessário tempo para que as decisões sejam dentro dos interesses da Ucrânia", disse o presidente.

Zelenski também acenou com a possibilidade de aceitar que a Ucrânia não faça parte da Otan no futuro. O risco de uma adesão ucraniana à aliança foi um dos pretextos utilizados pela Rússia para justificar sua invasão ao país vizinho.

Antes do reinicio das conversações nesta terça-feira, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, disse que Moscou manteria suas exigências pela não adesão ucraniana à Otan, além da adoção de um status de neutralidade por parte de Kiev e da desmilitarização do país.

Nas últimas semanas, Zelenski já demonstrava estar ciente de que a Otan não iria oferecer à Ucrânia a condição de membro da aliança, e disse que consideraria questão da neutralidade do país, mas que necessitaria de garantias sólidas, tanto do Ocidente quanto da Rússia.

Biden sanciona ajuda de US$ 13 bilhões à Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sancionou um projeto de lei que prevê o envio de 13,6 bilhões de dólares (em torno de 70 bilhões de reais) em ajuda humanitária, militar e econômica à Ucrânia.

A ajuda permitirá que Washington forneça equipamentos militares e armamentos ao governo em Kiev, mas parte dos recursos devem ser utilizados para assistência alimentar, de saúde, e outras finalidades humanitárias.

Os parlamentares americanos deram uma rara demonstração de unidade ao aprovarem o pacote na semana passada. Democratas e republicanos apoiaram abertamente a medida, que superou o pedido inicial da casa Branca de disponibilizar 10 bilhões de dólares.

Pouco depois da sanção de Biden, líderes do Partido Republicano pediram que a Casa Branca aprove o envio de caças MiG-29 da Polônia à Ucrânia. O Departamento de Defesa dos EUA havia rejeitado a medida, por considerá-la de alto risco, potencialmente levando a um conflito entre a Otan e a Rússia.

A Otan e a Alemanha também rejeitaram a transferência dos aviões, que, segundo a proposta inicial da Polônia, seriam transferidos a partir da base da Força Aérea americana na cidade alemã de Ramstein.

Jornalistas da Fox News mortos a tiros nos arredores de Kiev

Dois jornalistas da emissora americana Fox News foram mortos durante a cobertura da guerra na Ucrânia, quando o veículo que os transportava foi alvejado. O cinegrafista Pierre Zakrzewski e a jornalista ucraniana Oleksandra ``Sasha'' Kuvshynova morreram no incidente em Horenka, nos arredores de Kiev. O repórter Benjamin Hall, que também estava no carro, foi hospitalizado.

Zakrzewski, que residia em Londres, já cobriu conflitos no Iraque, Afeganistão e Síria para a Fox News. Kuvshynova, de 24 anos, era uma consultora local da emissora, e ajudava a equipe a se deslocar pela região, além de ajudar no contato com as pessoas.

A CEO da Fox News Media, Suzanne Scott, disse que Zakrzewski, tinha vários talentos, e que "não havia papel que não assumisse para ajudar no campo; de fotógrafo ou engenheiro a editor e produtor. Ele fazia isso tudo sob pressão imensa, com enorme habilidade".

Zakrzewski teve papel essencial na evacuação de pessoal contratados da Fox, juntamente com suas famílias, do Afeganistão, após a retirada das tropas americanas do país.

A ucraniana Kuvshynova ajudava a colher informações e conversar com as fontes em nome da Fox. "Ela era incrivelmente talentosa e passava semanas trabalhando diretamente com nossa equipe, para assegurar que o mundo soubesse o que está acontecendo em seu país", disse Scott.

No domingo, o jornalista documentarista americano Brent Renaud, também veterano na coberturas de guerras, foi morto quando soldados russos abriram fogo contra seu veículo, próximo a um posto de controle também nos arredores de Kiev.

Zelenski agradece "forte sinal de apoio" em visita de líderes europeus

O presidente Volodimir Zelesnki elogiou a coragem dos líderes de nações do Leste Europeu que visitaram Kiev nesta terça-feira, com o objetivo de reafirmar o apoio da União Europeia à Ucrânia.

Os primeiros-ministros da Polônia, Mateusz Morawiecki, da República Tcheca, Petr Fiala, e da Eslovênia, Janez Jansa, viajaram à capital ucraniana como representantes do Conselho Europeu.

Após a viagem de trem, uma vez que os voos para o país estão suspensos, os três líderes se reuniram com Zelenski e o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmyhal, e receberam um relato da situação no país.

"Os bombardeios estão em toda parte. Não somente em Kiev, mas também nas áreas ocidentais", disse Zelenski. "Sua visita a Kiev nesse momento difícil é um forte sinal de apoio, que nós apreciamos muito", afirmou. "Com parceiros assim, podemos, de fato, vencer a guerra."

"É aqui, na Kiev devastada pela guerra, que a história está sendo feita. É aqui que a liberdade luta contra o mundo da tirania. É aqui que o futuro de todos nós está em jogo", disse Morawiecki através das redes sociais, antes do encontro com Zelenski.

29 mil civis retirados através dos corredores humanitários

Em torno de 29 mil pessoas foram retiradas de várias cidades ucranianas nesta terça-feira através dos corredores humanitários, informou o gabinete da presidência da Ucrânia.

A maioria dessas pessoas era de Mariupol, cidade portuária no sudeste do país que vive um cerco brutal imposto pelas tropas russas. A população enfrenta uma grave crise humanitária, com escassez de alimentos, água, medicamentos e outros recursos essenciais.

O assessor da presidência Kirilo Timoschenko disse que 20 mil pessoas deixaram Mariupol em carros particulares.

Mais cedo, a Ucrânia acusou Moscou de impedir a entrada de um comboio com ajuda humanitária na cidade.

Zelenski admite possibilidade de a Ucrânia não fazer parte da Otan

O presidente Volodimir Zelenski acenou, pela primeira vez, com a possibilidade de aceitar que a Ucrânia não faça parte da Otan no futuro.

O risco de uma adesão ucraniana à aliança foi um dos pretextos utilizados pela Rússia para justificar sua invasão ao país vizinho.

"A Ucrânia não é membro da Otan. Entendemos isso. Escutamos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos que não podíamos aderir. É uma verdade que deve ser reconhecida", afirmou Zelenski em videoconferência com autoridades militares.

Se a Ucrânia fosse um país-membro da Otan, todos os aliados seriam coletivamente obrigados a defendê-la em caso de ataque russo: isso é o que prevê o Artigo 5º do Tratado da Aliança.

A situação estratégica seria, portanto, completamente diferente do que é agora, quando cabe à aliança e cada Estado-membro decidir se prestarão apoio a Kiev e, caso afirmativo, de que modo.

Desde a independência da Ucrânia, em 1991, após o colapso da União Soviética, a liderança em Kiev tem tentado aproximar o país da aliança ocidental, mas enfrenta forte resistência da Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, se queixou repetidas vezes da expansão da Otan para o Leste Europeu, e considera uma possível adesão da Ucrânia à aliança como uma ameaça direta ao seu território.

Rússia impõe sanções a Biden

A Rússia impôs sanções contra o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e diversos funcionários do alto escalão do governo americano, em respostas às punições que enfrenta devido à invasão da Ucrânia.

De acordo com o Ministério do Exterior russo, os sancionados foram proibidos de entrar na Rússia. Além de Biden, a medida se aplica também ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, e ao secretário de Defesa, Lloyd Austin.

Em comunicado, o ministério disse que as sanções são "consequência da política extremamente russofóbica seguida pelo atual governo americano". O Kremlin informou que as sanções contra Biden, Blinken e contra vários diretores de agências do governo americano entram em vigor a partir de hoje.

UE anuncia novo pacote de sanções à Rússia

A União Europeia decidiu adotar um quarto pacote de medidas restritivas contra a Rússia "em resposta à sua agressão brutal contra a Ucrânia e seu povo", segundo comunicado divulgado no site da Comissão Europeia nesta terça-feira.

O objetivo é aumentar a pressão econômica sobre o Kremlin e paralisar sua capacidade de financiar a invasão da Ucrânia, diz o texto, apontando que as medidas foram coordenadas com parceiros internacionais, especialmente os Estados Unidos.

As novas sanções incluem uma ampla proibição de novos investimentos no setor de energia da Rússia; um veto à exportação pela UE de produtos de luxo, como carros e joias, para atingir diretamente a elite russa; e a inclusão de mais oligarcas e membros da elite econômica ligada ao Kremlin na lista de pessoas e entidades sancionadas.

Conflito já deixou mais de 3 milhões de refugiados

A guerra na Ucrânia fez com que mais de 3 milhões de pessoas fugissem do país em apenas 19 dias, conforme informou nesta terça-feira a Organização Internacional para Migrações (OIM).

"Acabamos de receber os últimos números e podemos confirmar que foi superada a marca dos 3 milhões de refugiados", disse Paul Dillon, porta-voz da agência da ONU, sediada em Genebra.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) indicou que 90% desse grupo é composto por mulheres e crianças. (EFE)

Kiev instaura toque de recolher de quase dois dias

Após novos ataques russos intensos na capital ucraniana, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, anunciou um longo toque de recolher. De terça-feira às 19h até quinta-feira às 6h (horário local), os moradores só poderão deixar suas casas para procurar abrigos subterrâneos, escreveu Klitschko no Telegram. Exceções se aplicam somente a pessoas com documentação especial.

"Peço a todos os moradores de Kiev que se preparem para o fato de terem que ficar em casa por dois dias ou, em caso de alarme, em abrigos", enfatizou Klitschko.

rc (AFP, AP, dpa, Reuters, EFE, ots)

DIA DA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO - 16 DE MARÇO DE 2022

 

Liberdade de informação

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Liberdade de informação é uma extensão da liberdade de expressão, um dos direitos humanos reconhecidos pela lei internacional, que hoje em dia é geralmente melhor entendida como liberdade de expressão em qualquer meio, seja oralmente, na escrita, no formato impresso e na Internet ou através de formas de arte. Isto significa que a protecção da liberdade de expressão como um direito incluiu não só o conteúdo, mas também os meios de expressão.[1]

Liberdade de informação pode também referir-se ao direito à privacidade no contexto da Internet e das tecnologias de informação. Tal como o direito à liberdade de expressão, o direito à privacidade é um dos direitos humanos reconhecidos e a liberdade de informação actua como uma extensão desse direito.[2]

Em último lugar, a liberdade de informação pode incluir a oposição a patentesdireitos de autor ou propriedade intelectual em geral.[3]

Referências

  1.  Andrew Puddephatt, Freedom of Expression, The essentials of Human Rights, Hodder Arnold, 2005, pg.128
  2.  Protecting Free Expression Online with Freenet - Internet Computing, IEEE
  3.  «Freedom of Information vs. Protection of Intellectual Property». Consultado em 10 de janeiro de 2013. Arquivado do original em 26 de abril de 2012

Ligações externas

NATÁLIA CORREIA - ESCRITORA - MORREU EM 1993 - 16 DE MARÇO DE 2022

 

Natália Correia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Natália Correia
Natália Correia retratada por Bottelho
Nome completoNatália de Oliveira Correia
Nascimento13 de setembro de 1923
Fajã de BaixoPonta Delgada
Morte16 de março de 1993 (69 anos)
Lisboa
ResidênciaRua Rodrigues Sampaio n.º 52, Lisboa
Nacionalidadeportuguesa
CônjugeÁlvaro dos Santos Dias Pereira (1942)

William Creighton Hyler (1949)
Alfredo Machado (1950)
Dórdio Guimarães (1990)

OcupaçãoPoetaescritoradeputada
PrémiosPrémio La Fleur de Laure (1977)

Grande Prémio de Poesia APE (1990)

Magnum opusA MadonaO HomúnculoA PécoraErros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente

Natália de Oliveira Correia GOSE • GOL (Fajã de BaixoSão Miguel13 de Setembro de 1923 — Lisboa16 de Março de 1993[1]) foi uma escritora e poeta portuguesa, nascida no arquipélago dos Açores.

Deputada à Assembleia da República[2] (1980-1991), interveio politicamente[1] ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. Juntamente com José Saramago (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo MagalhãesManuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Tem uma biblioteca com o seu nome em Lisboa em Carnide.

A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Durante as décadas de 1950 e 1960, na sua casa reunia-se uma das mais vibrantes tertúlias de Lisboa, onde compareciam as mais destacadas figuras das artes, das letras e da política (oposicionista) portuguesas e também internacionais. A partir de 1971, essas reuniões passaram a ter lugar no bar Botequim. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.

Biografia

Nascida na ilha de São Miguel, quando tinha apenas 11 anos o pai emigra para o Brasil, fixando-se Natália Correia com a mãe e a irmã em Lisboa, cidade onde fez estudos liceais no Liceu D. Filipa de Lencastre. Iniciou-se na literatura com a publicação de uma obra destinada ao público infanto-juvenil, mas rapidamente se afirmou como poetisa (como ela gostava de ser chamada: «...poetisa. Sim, chamar-lhe-ei poetisa. A homenagem que distingue o génio poético feminino com o prémio de lhe masculinizar o estro ultraja uma poesia que quer feminizar o mundo»[3]).

Notabilizada através de diversas vertentes da escrita, já que foi poeta, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora,[4] tornou-se conhecida na imprensa escrita e, mais tarde, nos anos 80, na televisão, com o programa Mátria, onde advogou uma forma especial de feminismo (afastado do conceito politicamente correcto do movimento), o matricismo, identificador da mulher como arquétipo da liberdade erótica e passional e fonte matricial da humanidade; mais tarde, à noção de Pátria e de Mátria acrescenta a de Frátria.

Foi igualmente coordenadora da Editora Arcádia, uma das principais editoras livreiras portuguesas do seu tempo.

Dotada de invulgar talento oratório e grande coragem combativa, tomou parte activa nos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969), liderada por Mário Soares.

Foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes (1966) e processada por ter tido a responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel BarrenoMaria Velho da Costa e Maria Teresa Horta; processo que ficaria conhecido como Três Marias.

A sua intervenção política pública levou-a ao Parlamento, no período subsequente ao 25 de abril de 1974, eleita em 1980[4] nas listas do PSD,[5] motivada pela pessoa de Francisco Sá Carneiro, de quem era amiga, tal como de Snu Abecassis. Passaria, no entanto, a deputada independente durante a legislatura quando se chocou com as posições conservadoras em matérias de costumes do PSD, saindo do partido, afirmando ter acreditado num projeto reformista mas tendo-se deparado com conservadorismo. Foi autora de polémicas intervenções parlamentares e ficou célebre, durante um debate sobre o aborto, em 11 de novembro de 1982, pelo poema satírico que fez contra João Morgado, deputado do CDS, que afirmara que «o acto sexual é para ter filhos». O poema foi publicado dias depois pelo Diário de Lisboa.

Fundou em 1971, com Isabel Meireles, o bar Botequim, onde durante as décadas de 1970 e 1980 se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa. Foi amiga de António Sérgio (esteve associada ao Movimento da Filosofia Portuguesa), David Mourão-Ferreira ("a irmã que nunca tive"), José-Augusto França ("a mais linda mulher de Lisboa"),[2] Luiz Pacheco ("esta hierofântide do século XX"), Almada NegreirosD. Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança ("confidente íntima"),[6] Mário Cesariny ("era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo"),[7] Ary dos Santos ("beleza sem costura"),[8] Amália RodriguesFernando Dacosta, entre muitos outros. Foi uma entusiasmada e grande impulsionadora pelo aparecimento do espectáculo de café-concerto em Portugal. Na sua casa, foi anfitriã de escritores famosos como Henry MillerGraham Greene ou Ionesco.

A 13 de Julho de 1981 foi feita Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Natália Correia recebeu, em 1991, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos.

No mesmo ano a 26 de Novembro foi feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.[9]

Em 1985, deu apoio ao Partido Renovador Democrático de Ramalho Eanes, onde acreditou ver uma alternativa de reformismo progressista para o país. Voltou então a ser deputada, por este partido, em 1987-1991.[5]

Natália Correia casou-se quatro vezes. Após dois primeiros curtos casamentos, casou em Lisboa a 31 de Julho de 1953 com Alfredo Luís Machado (1904-1989), gerente e dono do Hotel do Império, a sua grande paixão, bem mais velho do que ela e já viúvo, casamento este que durou até à morte deste, a 17 de Fevereiro de 1989. São notáveis as cartas de amor da ainda jovem Natália para Alfredo Luís Machado. Em 1990, tinha Natália 67 anos de idade, casou com Dórdio Guimarães, seu admirador desde sempre, cineasta e filho de Manuel Guimarães.

Morte

Na madrugada de 16 de Março de 1993, morreu,[1] subitamente, com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de regressada do Botequim. A sua morte precoce deixou um vazio na cultura portuguesa muito difícil de preencher. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa) constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.

Foi sepultada originalmente no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, e posteriormente trasladada para a ilha de São Miguel, nos Açores, em outubro de 2015.

Bibliografia activa

Poesia

  • Rio de Nuvens (poesia), 1947
  • Poemas (poesia), 1955
  • Dimensão Encontrada (poesia), 1957
  • Passaporte (poesia), 1958
  • Comunicação (poema dramático), 1959
  • Cântico do País Emerso (poesia), 1961
  • O Vinho e a Lira (Poesia), 1969
  • Mátria (Poesia), 1967
  • As Maçãs de Orestes (Poesia), 1970
  • Trovas de D. Dinis, [Trobas d'el Rey D. Denis] (Poesia), 1970
  • A Mosca Iluminada (Poesia), 1972
  • O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (Poesia), 1973
  • Poemas a Rebate, (poemas censurados de livros anteriores) (poesia), 1975
  • Epístola aos Iamitas (poesia), 1976
  • O Dilúvio e a Pomba (poesia), 1979
  • O Armistício (poesia), 1985
  • Sonetos Românticos (poesia), 1990 ; 1991
  • O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (poesia completa), 1993 ; 2000
  • Memória da Sombra, versos para esculturas de António Matos (poesia), 1993

Ficção

  • Grandes Aventuras de um Pequeno Herói (romance infantil), 1945
  • Anoiteceu no Bairro (romance), 1946 ; 2004
  • A Madona (Romance), 1968 ; 2000
  • A Ilha de Circe (romance), 1983 ; 2001
  • Onde está o Menino Jesus? (contos), 1987
  • As Núpcias (romance), 1992

Literatura de viagens

  • Descobri Que Era Europeia: impressões duma viagem à América (viagens), 1951 ; 2002

Diário

  • Não Percas a Rosa. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 - 20 de Dezembro de 1975) (Diário), 1978 ; 2003

Teatro

  • Sucubina ou a Teoria do Chapéu (teatro), em colab. com Manuel de Lima, 1952
  • O Progresso de Édipo (poema dramático), 1957
  • D. João e Julieta, peça escrita em 1959 (teatro), 1999
  • O Homúnculo, tragédia jocosa (teatro), 1965
  • O Encoberto (Teatro), 1969 ; 1977
  • Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981 ; 1991
  • A Pécora, peça escrita em 1967 (teatro), 1983 ; 1990

Ensaio

  • Poesia de Arte e Realismo Poético (ensaio), 1959
  • A Questão Académica de 1907 (ensaio), 1962
  • Uma Estátua para Herodes (Ensaio), 1974
  • Notas para uma Introdução às Cantigas de Escárnio e de Mal-Dizer Galego-Portuguesas (ensaio), 1982
  • Somos Todos Hispanos (ensaio), 1988 ; 2003

Antologias

  • Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à actualidade (Antologia), 1965 ; 2000
  • Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses (Antologia), 1970 ; 1998
  • O Surrealismo na Poesia Portuguesa (Antologia), 1973 ; 2002
  • A Mulher, antologia poética (Antologia), 1973
  • Antologia de Poesia do Período Barroco (antologia), 1982
  • A Ilha de Sam Nunca: atlantismo e insularidade na poesia de António de Sousa (antologia), 1982
  • A Ibericidade na Dramaturgia Portuguesa (ensaio), 2000
  • Breve História da Mulher e outros escritos (antologia de textos de imprensa), 2003
  • A Estrela de Cada Um (antologia de textos de imprensa), 2004

Notas e Referências

  1. ↑ Ir para:a b c «Natália Correia». Instituto Camões. Consultado em 26 de Junho de 2011
  2. ↑ Ir para:a b «Da Menina mais Bonita de Lisboa à Senhora da Rosa dos Açores, a hierofântide do século XX». teiaportuguesa.com. Consultado em 26 de Junho de 2011
  3.  CORREIA, Natália (1981). prefácio a "Diário do Último Ano de Florbela Espanca". Lisboa: Bertrand. 11 páginas
  4. ↑ Ir para:a b «Depósitos- CORREIA, Natália, 1923-1993». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 26 de Junho de 2011
  5. ↑ Ir para:a b Biografia parlamento.pt
  6.  Fernando Dacosta; O Botequim da Liberdade. Casa das Letras: Lisboa, 2013. pp. 176-177
  7.  «A primeira vez que vi a Natália Correia foi no São Carlos. Eu estava na galeria ela no segundo balcão. Quando? Ui! Aí pelos anos 1950. Apesar de já não ter muito afecto a senhoras, ia caindo para o lado do espectáculo de beleza que ela apresentava. Era quase extra-humana, era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo. Era uma coisa impressionante. Mas era também uma mulher de um desdém muito grande. Cheguei a julgá-la assexuada ou frígida mas parece que não era bem isso…», Mário Cesariny entrevistado por Carlos Câmara Leme, jornal Público, 2003.03.16
  8.  "A casaca", in Adereços, Endereços (1965)
  9.  Ordens Honoríficas Portuguesas

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