quarta-feira, 16 de março de 2022

GUERRA DA UCRÂNIA - 20º DIA - ÚLTIMAS... - 16 DE MARÇO DE 2022

 

Ucrânia vê perspectiva de avanços nas negociações com a Rússia, no 20º dia da guerra

15 mar202223h22
| atualizado em 16/3/2022 às 06h46
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Zelenski diz que conversas se tornam mais "realistas". Negociador ucraniano aponta "contradições fundamentais", mas diz enxergar possibilidade de acordo após Moscou mudar de tom.Autoridades ucranianas disseram, nesta terça-feira (15/03), ver possibilidade de avanços nas negociações com a Rússia, no 20º dia guerra na Ucrânia.

Foto: DW / Deutsche Welle

Os sinais de avanços na frente diplomática surgem em meio a intensificação dos bombardeios russos em Kiev e no dia em que cerca de 20 mil civis conseguiram deixar a cidade sitiada de Mariupol, onde a população enfrenta uma grave crise sanitária gerada pelo cerco à cidade imposto pelas tropas de Moscou.

O negociador da Ucrânia Mykhailo Podolyak descreveu a última rodada de conversações com os russos através de videoconferência como difícil e apontou "contradições fundamentais" entre os dois lados. Ele, porém, disse que existe a possibilidade de se chegar a um acordo, e que as negociações serão retomadas nesta quarta-feira.

Horas antes, um assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, expressou otimismo sobre o futuro das negociações. Ihor Zhovkva afirmou que as conversas se tornaram mais "construtivas", e que a Rússia mudou de tom e parou de exigir que a Ucrânia se rendesse - algo em que Moscou havia insistido durante as fases iniciais das conversações.

Durante à noite, Zelenski, afirmou em mensagem de vídeo que as posições adotadas pela Rússia se mostraram mais "realistas", mas disse que ainda será necessário mais tempo para que seja possível obter avanços reais.

"As reuniões continuam. Fui informado que os posicionamentos durante as negociações soam mais realistas. Mas, ainda é necessário tempo para que as decisões sejam dentro dos interesses da Ucrânia", disse o presidente.

Zelenski também acenou com a possibilidade de aceitar que a Ucrânia não faça parte da Otan no futuro. O risco de uma adesão ucraniana à aliança foi um dos pretextos utilizados pela Rússia para justificar sua invasão ao país vizinho.

Antes do reinicio das conversações nesta terça-feira, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, disse que Moscou manteria suas exigências pela não adesão ucraniana à Otan, além da adoção de um status de neutralidade por parte de Kiev e da desmilitarização do país.

Nas últimas semanas, Zelenski já demonstrava estar ciente de que a Otan não iria oferecer à Ucrânia a condição de membro da aliança, e disse que consideraria questão da neutralidade do país, mas que necessitaria de garantias sólidas, tanto do Ocidente quanto da Rússia.

Biden sanciona ajuda de US$ 13 bilhões à Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sancionou um projeto de lei que prevê o envio de 13,6 bilhões de dólares (em torno de 70 bilhões de reais) em ajuda humanitária, militar e econômica à Ucrânia.

A ajuda permitirá que Washington forneça equipamentos militares e armamentos ao governo em Kiev, mas parte dos recursos devem ser utilizados para assistência alimentar, de saúde, e outras finalidades humanitárias.

Os parlamentares americanos deram uma rara demonstração de unidade ao aprovarem o pacote na semana passada. Democratas e republicanos apoiaram abertamente a medida, que superou o pedido inicial da casa Branca de disponibilizar 10 bilhões de dólares.

Pouco depois da sanção de Biden, líderes do Partido Republicano pediram que a Casa Branca aprove o envio de caças MiG-29 da Polônia à Ucrânia. O Departamento de Defesa dos EUA havia rejeitado a medida, por considerá-la de alto risco, potencialmente levando a um conflito entre a Otan e a Rússia.

A Otan e a Alemanha também rejeitaram a transferência dos aviões, que, segundo a proposta inicial da Polônia, seriam transferidos a partir da base da Força Aérea americana na cidade alemã de Ramstein.

Jornalistas da Fox News mortos a tiros nos arredores de Kiev

Dois jornalistas da emissora americana Fox News foram mortos durante a cobertura da guerra na Ucrânia, quando o veículo que os transportava foi alvejado. O cinegrafista Pierre Zakrzewski e a jornalista ucraniana Oleksandra ``Sasha'' Kuvshynova morreram no incidente em Horenka, nos arredores de Kiev. O repórter Benjamin Hall, que também estava no carro, foi hospitalizado.

Zakrzewski, que residia em Londres, já cobriu conflitos no Iraque, Afeganistão e Síria para a Fox News. Kuvshynova, de 24 anos, era uma consultora local da emissora, e ajudava a equipe a se deslocar pela região, além de ajudar no contato com as pessoas.

A CEO da Fox News Media, Suzanne Scott, disse que Zakrzewski, tinha vários talentos, e que "não havia papel que não assumisse para ajudar no campo; de fotógrafo ou engenheiro a editor e produtor. Ele fazia isso tudo sob pressão imensa, com enorme habilidade".

Zakrzewski teve papel essencial na evacuação de pessoal contratados da Fox, juntamente com suas famílias, do Afeganistão, após a retirada das tropas americanas do país.

A ucraniana Kuvshynova ajudava a colher informações e conversar com as fontes em nome da Fox. "Ela era incrivelmente talentosa e passava semanas trabalhando diretamente com nossa equipe, para assegurar que o mundo soubesse o que está acontecendo em seu país", disse Scott.

No domingo, o jornalista documentarista americano Brent Renaud, também veterano na coberturas de guerras, foi morto quando soldados russos abriram fogo contra seu veículo, próximo a um posto de controle também nos arredores de Kiev.

Zelenski agradece "forte sinal de apoio" em visita de líderes europeus

O presidente Volodimir Zelesnki elogiou a coragem dos líderes de nações do Leste Europeu que visitaram Kiev nesta terça-feira, com o objetivo de reafirmar o apoio da União Europeia à Ucrânia.

Os primeiros-ministros da Polônia, Mateusz Morawiecki, da República Tcheca, Petr Fiala, e da Eslovênia, Janez Jansa, viajaram à capital ucraniana como representantes do Conselho Europeu.

Após a viagem de trem, uma vez que os voos para o país estão suspensos, os três líderes se reuniram com Zelenski e o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmyhal, e receberam um relato da situação no país.

"Os bombardeios estão em toda parte. Não somente em Kiev, mas também nas áreas ocidentais", disse Zelenski. "Sua visita a Kiev nesse momento difícil é um forte sinal de apoio, que nós apreciamos muito", afirmou. "Com parceiros assim, podemos, de fato, vencer a guerra."

"É aqui, na Kiev devastada pela guerra, que a história está sendo feita. É aqui que a liberdade luta contra o mundo da tirania. É aqui que o futuro de todos nós está em jogo", disse Morawiecki através das redes sociais, antes do encontro com Zelenski.

29 mil civis retirados através dos corredores humanitários

Em torno de 29 mil pessoas foram retiradas de várias cidades ucranianas nesta terça-feira através dos corredores humanitários, informou o gabinete da presidência da Ucrânia.

A maioria dessas pessoas era de Mariupol, cidade portuária no sudeste do país que vive um cerco brutal imposto pelas tropas russas. A população enfrenta uma grave crise humanitária, com escassez de alimentos, água, medicamentos e outros recursos essenciais.

O assessor da presidência Kirilo Timoschenko disse que 20 mil pessoas deixaram Mariupol em carros particulares.

Mais cedo, a Ucrânia acusou Moscou de impedir a entrada de um comboio com ajuda humanitária na cidade.

Zelenski admite possibilidade de a Ucrânia não fazer parte da Otan

O presidente Volodimir Zelenski acenou, pela primeira vez, com a possibilidade de aceitar que a Ucrânia não faça parte da Otan no futuro.

O risco de uma adesão ucraniana à aliança foi um dos pretextos utilizados pela Rússia para justificar sua invasão ao país vizinho.

"A Ucrânia não é membro da Otan. Entendemos isso. Escutamos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos que não podíamos aderir. É uma verdade que deve ser reconhecida", afirmou Zelenski em videoconferência com autoridades militares.

Se a Ucrânia fosse um país-membro da Otan, todos os aliados seriam coletivamente obrigados a defendê-la em caso de ataque russo: isso é o que prevê o Artigo 5º do Tratado da Aliança.

A situação estratégica seria, portanto, completamente diferente do que é agora, quando cabe à aliança e cada Estado-membro decidir se prestarão apoio a Kiev e, caso afirmativo, de que modo.

Desde a independência da Ucrânia, em 1991, após o colapso da União Soviética, a liderança em Kiev tem tentado aproximar o país da aliança ocidental, mas enfrenta forte resistência da Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, se queixou repetidas vezes da expansão da Otan para o Leste Europeu, e considera uma possível adesão da Ucrânia à aliança como uma ameaça direta ao seu território.

Rússia impõe sanções a Biden

A Rússia impôs sanções contra o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e diversos funcionários do alto escalão do governo americano, em respostas às punições que enfrenta devido à invasão da Ucrânia.

De acordo com o Ministério do Exterior russo, os sancionados foram proibidos de entrar na Rússia. Além de Biden, a medida se aplica também ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, e ao secretário de Defesa, Lloyd Austin.

Em comunicado, o ministério disse que as sanções são "consequência da política extremamente russofóbica seguida pelo atual governo americano". O Kremlin informou que as sanções contra Biden, Blinken e contra vários diretores de agências do governo americano entram em vigor a partir de hoje.

UE anuncia novo pacote de sanções à Rússia

A União Europeia decidiu adotar um quarto pacote de medidas restritivas contra a Rússia "em resposta à sua agressão brutal contra a Ucrânia e seu povo", segundo comunicado divulgado no site da Comissão Europeia nesta terça-feira.

O objetivo é aumentar a pressão econômica sobre o Kremlin e paralisar sua capacidade de financiar a invasão da Ucrânia, diz o texto, apontando que as medidas foram coordenadas com parceiros internacionais, especialmente os Estados Unidos.

As novas sanções incluem uma ampla proibição de novos investimentos no setor de energia da Rússia; um veto à exportação pela UE de produtos de luxo, como carros e joias, para atingir diretamente a elite russa; e a inclusão de mais oligarcas e membros da elite econômica ligada ao Kremlin na lista de pessoas e entidades sancionadas.

Conflito já deixou mais de 3 milhões de refugiados

A guerra na Ucrânia fez com que mais de 3 milhões de pessoas fugissem do país em apenas 19 dias, conforme informou nesta terça-feira a Organização Internacional para Migrações (OIM).

"Acabamos de receber os últimos números e podemos confirmar que foi superada a marca dos 3 milhões de refugiados", disse Paul Dillon, porta-voz da agência da ONU, sediada em Genebra.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) indicou que 90% desse grupo é composto por mulheres e crianças. (EFE)

Kiev instaura toque de recolher de quase dois dias

Após novos ataques russos intensos na capital ucraniana, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, anunciou um longo toque de recolher. De terça-feira às 19h até quinta-feira às 6h (horário local), os moradores só poderão deixar suas casas para procurar abrigos subterrâneos, escreveu Klitschko no Telegram. Exceções se aplicam somente a pessoas com documentação especial.

"Peço a todos os moradores de Kiev que se preparem para o fato de terem que ficar em casa por dois dias ou, em caso de alarme, em abrigos", enfatizou Klitschko.

rc (AFP, AP, dpa, Reuters, EFE, ots)

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