segunda-feira, 2 de novembro de 2020

TEIXEIRA DE PASCOAES - POETA - NASCEU EM 1877 - 2 DE NOVEMBRO DE 2020

 


Teixeira de Pascoaes

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Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos
Teixeira de Pascoaes por António Carneiro
Pseudónimo(s)Teixeira de Pascoaes
Nascimento2 de novembro de 1877
AmarantePortugal
Morte14 de dezembro de 1952 (75 anos)
Gatão, Portugal
NacionalidadePortugal Português
CônjugeMaria
OcupaçãoPoeta
Movimento literárioRenascença Portuguesa
Magnum opusEmbriões
Pintura de Teixeira de Pascoaes, o Rio Tâmega e o Marão
Pintura de Teixeira de Pascoaes

Teixeira de Pascoaes, pseudónimo literário de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, (Amarante2 de novembro de 1877[1] — Amarante, Gatão14 de dezembro de 1952) foi um poetaescritor e filósofo[2] português e um dos principais representantes do saudosismo.

Vida

Teixeira de Pascoaes nasceu no seio de uma família da aristocracia rural, com raízes em Amarante, sendo o segundo filho (de sete) de João Pereira Teixeira de Vasconcelos, juiz e deputado às Cortes e de Carlota Guedes Monteiro. Foi uma criança solitária, introvertida e sensível, muito propenso à contemplação nostálgica da Natureza.

Em 1883 iniciou os estudos primários em Amarante e, em 1887, ingressou no Liceu dessa vila. Em 1895 muda-se para Coimbra, onde termina os seus estudos secundários — em Amarante não foi bom aluno, tendo até reprovado em Português — e em 1896 inscreve-se no curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Ao contrário da maioria dos seus camaradas, não faz parte da boémia coimbrã, passando o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a refletir.

Teixeira de Pascoaes, c. 1911

Licencia-se em 1901 e, renitentemente, estabelece-se como advogado, primeiro em Amarante e, a partir de 1906, no Porto. Em 1911 é nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerce durante dois anos. Em 1913, com alívio, dá por terminada a sua carreira judicial. Sobre esses penosos anos dirá: "Eu era um Dr. Joaquim na boca de toda a gente. Precisava de honrar o título. Entre o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tanto como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus. Vivi dez anos, num escritório, a lidar com almas deste mundo, o mais deste mundo que é possível — eu que nascera para outras convivências." [3]

Sendo um proprietário abastado, não tinha necessidade de exercer nenhuma profissão para o seu sustento, e passou a residir no solar de família em São João do Gatão, perto de Amarante, com a mãe e outros membros da sua família. Dedicava-se à gestão das propriedades, à incansável contemplação da natureza e da sua amada Serra do Marão, à leitura e sobretudo à escrita. Era um eremita, um místico natural e não raras vezes foi descrito como detentor de poderes sobrenaturais.[4] Trocou correspondência com Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos, mais conhecido por Frei Bernardo de Vasconcelos, um jovem monge beneditino que era seu parente e amigo. Nunca se encontraram, mas tinham uma grande admiração e estima um pelo outro. Teixeira de Pascoaes diria, em carta a uma sua irmã, que Frei Bernardo de Vasconcelos foi "o maior e mais perfeito amigo que Deus me concedeu".

Teixeira de Pascoaes com o seu conterrâneo, o pintor António Carneiro, autor do ex-libris da Renascença Portuguesa.

Apesar de ser um solitário, Gatão era local de peregrinação de inúmeros intelectuais e artistas, nacionais e estrangeiros, que o iam visitar frequentemente.[5] No final da vida, seria amigo dos poetas Eugénio de Andrade e Mário Cesariny de Vasconcelos. Este último haveria de o eleger como poeta superior a Fernando Pessoa, chegando a ser o organizador da reedição de alguns dos textos de Pascoais, bem como de uma antologia poética, nos anos 70 e 80.

Pascoais morreu aos 75 anos, em Gatão, de bacilose pulmonar, alguns meses depois da morte da sua mãe, em 1952. O seu corpo encontra-se num jazigo no cemitério em frente à Igreja de São João Baptista de Gatão. A campa é rasa e tem inscritos versos que o autor propositadamente escreveu para ali figurarem: "Apagado de tanta luz que deu / Frio de tanto calor que derramou"[6].

Obra

Com António Sérgio e Raul Proença foi um dos líderes do chamado movimento da "Renascença Portuguesa" e lançou em 1910 no Porto, juntamente com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, a revista A Águia, principal órgão do movimento. Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas Serões[7] (1901-1911), Atlântida[8] (1915-1920), Contemporânea[9] [1915]-1926, Revista de turismo [10] iniciada em 1916, Conímbriga [11] de 1923 e na 1ª série da revista Panorama [12] (1941-1949).

Pensamento

Teixeira de Pascoaes foi o principal pensador do Saudosismo e um dos mais importantes pensadores contemporâneos da Saudade e da Portugalidade, sobretudo durante a década de 1910 e através de obras como A Arte de Ser Português (1915) e Os Poetas Lusíadas (1919). Além disso, a sua poesia e as suas prosas revelam uma constante preocupação filosófica, configurando um «pensamento poético»[2] que faz de Pascoaes «estruturalmente um poeta-filósofo»[13] e um dos autores mais revisitados e interpretados pelos filósofos portugueses contemporâneos, particularmente pelo Grupo da Filosofia Portuguesa e por filósofos da espiritualidade, como Paulo Borges[14].

A Saudade é para Pascoaes a condição ontológica universal de todo o Ser e da existência, tanto no ser humano, como na natureza, como no próprio Deus, numa cosmogonia panteísta em que Deus vive na natureza e no ser humano para resgatar a queda - que é, no pensamento pascoalino, inerente ao próprio divino - através de uma redenção que advém pela dor e pelo desejo da Unidade aparentemente perdida e saudosamente procurada.[14]

Teixeira de Pascoaes por Bottelho

Bibliografia

Poesia

Elegias (eBook)
O Pobre Tolo
Cânticos
Sonetos
  • 1949 - Versos Pobres

Prosa

  • 1915 - A Arte de Ser Português
  • 1916 - A Beira Num Relâmpago
  • 1919 - Os Poetas Lusíadas (conjunto de conferências proferidas na Catalunha)
  • 1921 - O Bailado
  • 1923 - A Nossa Fome
  • 1928 - Livro de memórias (autobiografia)
  • 1934 - S. Paulo (biografia romanceada)
  • 1936 - S. Jerónimo e a trovoada (biografia romanceada)
  • 1937 - O Homem Universal
  • 1940 - Napoleão (biografia romanceada)
  • 1942 - Camilo Castelo Branco o penitente (biografia romanceada)
Duplo passeio
  • 1945 - Santo Agostinho (biografia romanceada)
  • 1951 - Dois Jornalistas (Novela)

Conferências

  • 1919 - Os Poetas Lusíadas (conjunto de conferências proferidas na Catalunha)
  • 1922 - Conferência
A Caridade (conferência)
  • 1950 - Duas Conferências em Defesa da Paz
  • 1951 - João Lúcio (conferência, não professada mas publicada posteriormente, sobre o poeta olhanense)

Reconhecimento

  • 1923 - [15]A 12 de Abril de 1923, Pascoaes e Raul Brandão são eleitos para a Academia de Ciências de Lisboa. Júlio Dantas, David Lopes e Henrique Lopes de Mendonça (relator) assinam o parecer onde se afirma que «Pascoaes é da raça excelsa de poetas que têm como remotos antepassados Hesíodo e Lucrécio, e cuja suprema representação, nas auroras do romantismo, é porventura Shelley.»
  • 1942 - [16]O poeta do saudosismo foi nomeado para o Nobel da Literatura em 1942, 1943, 1944, 1947 e 1948, sempre por João António de Mascarenhas Júdice, visconde de Lagoa e membro da Academia Portuguesa na secção de Humanidades. O arquivo do comité Nobel não revela as obras em causa.

Teatro

  • 1926 - Jesus Cristo em Lisboa (colaboração com Raul Brandão)

Referências

  1.  Todas as fontes bibliográficas indicam 2 de Novembro de 1877 como a sua data de nascimento. Contudo, o assento de nascimento/baptismo refere indubitavelmente que ele nasceu às cinco horas da tarde de 2 de Novembro de 1877, em Amarante. Segundo Luísa Borges, em O Lugar de Pascoais, Pascoais terá adoptado 2 de Novembro, como data do seu aniversário, por razões puramente simbólicas, por ser o Dia dos Mortos, uma "porta" para o "Mais Além".
  2. ↑ Ir para:a b Calafate, Pedro. «Teixeira de Pascoaes». Filosofia Portuguesa. Instituto Camões. Consultado em 25 de outubro de 2019
  3.  Livro de Memórias Ana Sofia.
  4.  «Isso é corroborado por um simples camponês que viu o Pascoais vir não sei de onde e disse: "Quem é aquele homem que deita fogo pela cabeça?"» in Amor, Liberdade, Poesia - Entrevista a Mário Cesariny de Vasconcelos, por Óscar Faria, Público, 19-01-2002, separata Mil Folhas Arquivado em 18 de abril de 2003, no Wayback Machine.
  5.  Um dia, um grupo de estudantes que o foi visitar confundiu-o com o jardineiro da quinta, tão humilde e arcaica era a sua aparência: um homem baixo, franzino e seco.
  6.  Rota do Românico. «1 Dia». Consultado em 28 de Março de 2018 Texto " Pascoaes: Existir não é pensar, é ser lembrado." ignorado (ajuda)
  7.  Serões: revista semanal ilustrada (1901-1911) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
  8.  Atlântida : mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil (1915-1920) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
  9.  Contemporânea [1915]-1926 [cópia digital, Hemeroteca Digital]
  10.  Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2015
  11.  Jorge Mangorrinha (1 de março de 2016). «Ficha histórica: Conímbriga : revista mensal de arte, letras, sciências e crítica (1923)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 9 de fevereiro de 2018
  12.  José Guilherme Victorino (julho de 2018). «Ficha histórica:Panorama: revista portuguesa de arte e turismo» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 14 de setembro de 2018
  13.  Maria das Graças Moreira de Sá, Teixeira de Pascoaes, Instituto Camões. URL consultato il 26 ottobre 2019.
  14. ↑ Ir para:a b Cf. Borges, Paulo, Princípio e Manifestação. Metafísica e Teologia da Origem em Teixeira de Pascoaes, Lisboa, INCM, 2008.
  15.  Vasconcelos, Maria (abril de 1993). Fotobiogafia "Na sombra de Pascoaes". Porto: Vega. 2 páginas
  16.  iol (9 de outubro de 2017). «Os nomeados portugueses para prémios nobel»

Ver também

Wikiquote
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Ligações externas

COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS - 2 DE NOVEMBRO DE 2020




Dia dos Fiéis Defuntos

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Dia dos Fiéis Defuntos
O Dia da Morte, pintura de William-Adolphe Bouguereau
Outro(s) nome(s)Dia de Finados
Celebrado porCatólicosortodoxosanglicanosluteranos
TipoCristão
Data
  • (Oeste) 2 (ou 3) de Novembro
    (Leste) Várias vezes durante o ano
SignificadoMemória às almas de todos os amados que morreram
Relacionado(s)Dia das BruxasDia de Todos-os-Santos

Dia dos Fiéis DefuntosDia de Finados ou Dia dos Mortos é celebrado pela Igreja Católica no dia 2 de novembro.

Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o abade Odilo de Cluny, em 998, pedia aos monges que orassem pelos mortos. Desde o século XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual passa a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos. A doutrina católica evoca algumas passagens bíblicas para fundamentar sua posição (cf. Tobias 12,12;  1,18-20; Mt 12,32 e II Macabeus 12,43-46) e é suportada por uma prática de quase dois mil anos.[1]

O sepultamento dos mortos nas igrejas ou nos seus imediatos arredores permitia à comunidade sentir a continuidade da presença dos seus entes queridos na proximidade das suas vidas terrenas, ajudando a cimentar o conceito da Igreja enquanto comunidade peregrina (os vivos), sofredora (as almas em purificação no Purgatório) e triunfante (as almas santas no Paraíso). Se o dia de Todos os Santos celebrava estes últimos, principalmente os santos anónimos, o dia de Fiéis Defuntos honrava as almas do Purgatório e por estas eram oferecidas orações e sacrifícios particularmente neste dia.

Dia de Finados em GuanajuatoMéxico

Tradição por religião

Cristianismo protestante

Após a Reforma Protestante, a celebração do Dia de Finados foi fundida ao da Festa de Todos os Santos na Igreja Anglicana, posteriormente desmembrada no século XIX. A observância da comemoração foi restaurada em 1980 a data como "festividade menor" intitulada "Comemoração dos Fiéis Defuntos".[2]

Para a Igreja Metodista, são santos todos os fiéis batizados, de modo que, no Dia de Todos os Santos, a congregação local honra e recorda seus membros falecidos.[3][4]

Tradição por país

México

Ver artigo principal: Dia dos Mortos

No México é comemorada a festa do dia dos mortos, uma festa bem característica da cultura mexicana e que atrai muitos turistas de todo mundo.

Ver também

Wikcionário
Wikcionário tem o verbete Dia de Finados.

Referências

  1.  Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior. O purgatório é uma invenção medieval? Programa "A Resposta Católica" n.º 223, vídeo de 9 min e 6 seg. Visitado em 31 de Outubro de 2014.
  2.  A Igreja da Inglaterra (2003). «Nossa Fé»Igreja Anglicana. Consultado em 2 de novembro de 2013
  3.  Laura Huff Hileman (2003). «O que é o Dia de Todos os Santos?»Igreja Metodista. Consultado em 2 de novembro de 2013. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2012. Os santos nada mais são de que pessoas que estão tentando ouvir a palavra de Deus e viver o chamado de Deus. Esta é a "comunhão dos santos" de que falamos no Credo Apostólico - que a comunidade de crentes que ultrapassa o tempo e lugar, mesmo para além da morte. Lembrando os santos que ajudaram a ampliar e animar o Reino de Deus: eis a celebração de Todos os Santos.
  4.  Rev. J. Richard Peck (2011). «Os metoditas crêem nos santos?»Igreja Metodista. Consultado em 2 de novembro de 2013. Arquivado do original em 18 de julho de 2012. Nós também reconhecemos e celebramos o Dia de Todos os Santos (1° de novembro) e "inclusive daqueles que descansam de suas obras." Os metodistas consideram "santos" todos os cristãos, porque "santas" porque vivenciaram a vida cristã. Neste sentido, todo cristão pode ser chamado de santo.

Bibliografia

  • DENIS, Léon. O Gênio Céltico e o Mundo Invisível. União Espiritualista Francesa e Francófona, 1927.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Parte Segunda, Capítulo VI, item Comemoração dos mortos. Funerais, questões 320 à 329

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