segunda-feira, 5 de outubro de 2020

FUNDAÇÃO DA NACIONALIDADE PORTUGUESA - TRATADO DE ZAMORA - (5-10-1143) - 5 DE OUTUBRO DE 2020

 


Tratado de Zamora

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Assinatura do Tratado de Zamora. Painel de azulejos do início do século XX, em Portimão.

Tratado de Zamora foi um diploma resultante da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão, assinado a 5 de Outubro de 1143.[1] Alguns historiadores consideram a assinatura do tratado como a declaração de independência de Portugal e o início da dinastia afonsina.[1][2] Nesse dia, simpatizantes da causa monárquica costumam celebrar o nascimento do Reino de Portugal, embora a razão oficial que o torna feriado nacional[3] seja a implantação da República, em Portugal, em 1910. [carece de fontes]

Em Braga foi revogado o anterior Tratado de Tui datado de 1137.[4]

Após a vitória na batalha de Ourique, em 1139, D. Afonso Henriques rompeu o tratado de paz com Tui e invadiu a Galiza. Em resposta, o exército de Afonso VII de Leão e Castela entraram em terras portuguesas e desceram até às montanhas do Soajo, em direcção a Arcos de Valdevez. Os dois exércitos acabaram por se encontrar, em 1141, no Vale do Rio Vez, para disputar aquele que ficou conhecido como Torneio de Arcos de Valdevez ou Recontro de Valdevez. “Esta espécie de contenda/torneio medieval evitou uma batalha quase certa que deu uma importante vantagem aos portucalenses e às ambições autonomistas do seu jovem monarca”.

D. Afonso Henriques beneficiou então da acção desenvolvida, em favor da constituição do novo Reino de Portugal, pelo arcebispo de Braga, D. João Peculiar. Este procurara conciliar os dois primeiros e fez com que eles se encontrassem em Zamora nos dias 4 e 5 de Outubro de 1143 na presença do cardeal Guido de Vico.[5]

Pelos termos do tratado, Afonso VII concordou em que o Condado Portucalense passasse a ser reino, tendo D. Afonso Henriques como seu rex (rei).

soberania portuguesa, reconhecida por Afonso VII em Zamora,[5] veio a ser confirmada pelo Papa Alexandre III só em 1179,[7] mas o título de rex, que D. Afonso Henriques usava desde 1139, foi confirmado em Zamora, comprometendo-se então o monarca português, ante o cardeal, a considerar-se vassalo da Santa Sé, obrigando-se, por si e pelos seus descendentes, ao pagamento de um censo anual.[8]

A partir de 1143 D. Afonso Henriques vai enviar ao Papa remissórias declarando-se seu vassalo lígio e comprometendo-se a enviar anualmente uma determinada quantia de ouro. As negociações vão durar vários anos, de 1143 a 1179.[9]

Em 1179 o Papa Alexandre III envia a D. Afonso Henriques a "Bula Manifestis probatum", na qual o Papa aceita que D. Afonso Henriques lhe preste vassalagem direta, reconhece-se definitivamente a independência do Reino de Portugal sem vassalagem em relação a D. Afonso VII de Leão (pois nenhum vassalo podia ter dois senhores diretos) e D. Afonso Henriques como primeiro rei de Portugal, ou seja, Afonso I de Portugal.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b Costa, António Leite da (4 de novembro de 2019). História de Portugal. [S.l.]: Leya. p. 27
  2.  «O Tratado de Zamora». RTP Ensina. Consultado em 25 de abril de 2020Cópia arquivada em 2 de julho de 2018
  3.  «Governo acerta suspensão de quatro feriados a partir de 2013»
  4.  Waisberg 2017, p. 4.
  5. ↑ Ir para:a b Mattoso 2014, p. 212.
  6.  Mattoso 2014, p. 137.
  7. ↑ Ir para:a b Mattoso 2014, p. 359.
  8.  Mattoso 2014, p. 213.
  9.  Mattoso 2014, pp. 214-216.
  10.  Mattoso 2014, pp. 215-216.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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domingo, 4 de outubro de 2020

DESASTRE AMBIENTAL DE AJKA - HÚNGRIA - (2010) - 4 DE OUTUBRO DE 2020

 


Desastre ambiental de Ajka

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Zona do derrame e localidades afectadas.[1]

desastre ambiental de Ajka ou derrame tóxico de alumínio de Ajka foi um desastre industrial ocorrido na cidade de Ajka, no Condado de VeszprémHungria em 4 de outubro de 2010 às 12h25 CEST (10h25 UTC),[2] após o arrebentamento de um dique, que libertou cerca de um milhão de metros cúbicos de um resíduo tóxico denominado "lama vermelha", na fábrica de alumina Ajkai Timföldgyár ('Fábrica de Alumínio de Ajka').[3][4] O lodo alcançou entre um e dois metros de altura, inundando as localidades mais próximas, em especial Kolontár[3][4] e Devecser.[3][4][5] O acidente provocou dez mortes e mais de 150 feridos.[2][5][6] A área total contaminada foi de 40 km² e a contaminação atingiu o rio Danúbio e seus afluentes.[2]

Origem da lama[editar | editar código-fonte]

Detalhe do local em que o dique se rompeu

A "lama vermelha" que provocou o acidente é uma mistura vertida pelo processo Bayer para purificar o mineral bauxite em alumina (óxido de alumínio). O lodo contém a maior parte das impurezas da bauxite: a característica cor vermelha provém do óxido de ferro hidratado, sendo este o principal componente, e contém ainda titânio e compostos de vanádio,[7] entre outras pequenas quantidades de metais pesados.[5] O barro, que é altamente alcalino quando se produz pela primeira vez, é armazenado em tanques de grande envergadura ao ar livre, e havia cerca de 30 milhões de toneladas do produto armazenadas perto da fábrica Ajkai Timföldgyár.[5]

Não ficou claro como a contenção do lodo possa ter falhado, não obstante o acidente se produzir após um verão particularmente húmido na Hungria e na Europa Central.[6] A polícia confiscou alguns documentos sobre a fábrica de Ajka, embora um representante da empresa Magyar Alumínium (MAL, 'Alumínio Húngaro') tenha afirmado que na última inspecção ao dique não se detectaram situações anómalas.[6] O primeiro-ministro da HungriaViktor Orbán, declarou que o desastre foi provocado por erro humano.[8]

Efeitos[editar | editar código-fonte]

Veículos arrastados pela torrente de lodo em Devecser

A onda de lama inundou as ruas de Kolontár e de Devecser. Na primeira localidade, confirmou-se a morte de quatro pessoas, enquanto na segunda a força da torrente arrastou numerosos veículos.[5][6] Ao todo dez pessoas morreram no acidente e mais de 150 ficaram feridas.[2]

A Direcção Geral Nacional de Gerenciamento de Desastres da Hungria (National Directorate General for Disaster Management - NDGDM) declarou que o barro foi considerado danoso e que poderia causar uma reacção alcalina a quem estivesse em contacto com a substância e não se tenha lavado com água limpa abundante.[6] O chefe do poder executivo da cidade de Devecser disse logo após o acidente, que oitenta a noventa pessoas foram hospitalizadas por queimaduras químicas.[6] Péter Jakabos, um dos médicos do hospital de Győr onde foi atendida a maioria dos feridos, declarou à emissora de televisão húngara Magyar Televízió que poderia demorar vários dias até que as pessoas ficassem curadas das queimaduras.[5] A Magyar Alumínium (MAL) declarou que os lodos não são considerados perigosos segundo os padrões e normas da União Europeia.[6] As medidas iniciais tomadas pela NDGDM mostraram que o lodo era extremadamente alcalino, com um pH estimado em 13.[9]

Contenção e limpeza[editar | editar código-fonte]

A inundação atingiu entre um e dois metros de altura

Além dos efeitos imediatos do lodo tóxico, também havia o risco de se produzir uma contaminação das águas fluviais no país. O rio Marcal flui pela área afectada, e os operários de emergência estiveram a mover toneladas de gesso dentro da via fluvial para tentar deter o curso do lodo e diminuir os danos.[5] O rio Marcal é afluente em Karakó do rio Rába, que por sua vez, é afluente do rio Danúbio na região de Győr-Moson-Sopron.

No dia seguinte ao acidente, o então Secretário do Meio Ambiente, Zoltán Illés ordenou a suspensão da produção de alumínio na fábrica e a reconstrução da barragem.[10] Nesse dia o director da empresa declarou numa entrevista radiofónica que gostaria de retomar a produção na semana seguinte (5-6 dias depois do acidente de 4 de outubro).[11]

O governo estimou que a limpeza poderia levar um ano e custar dez milhões de dólares.[12]

Em consequência do acidente, a empresa que administrava a planta industrial passou a ser controlada pelo governo húngaro e foram bloqueados os ativos dos proprietários da empresa. Toda a produção agrícola na região foi proibida e sessenta famílias foram transferidas para outras localidades.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  BM Országos Katasztrófavédelmi Főigazgatóság (em húngaro)
  2. ↑ Ir para:a b c d e «Seis meses depois, acidente químico ainda assusta Hungria» (em húngaro). Deutsche Welle. 5 de abril de 2011. Consultado em 15 de janeiro de 2017
  3. ↑ Ir para:a b c Hungary threatened by 'ecological catastrophe' as toxic sludge escapes factory, Telegraph (UK), 5 de outubro de 2010
  4. ↑ Ir para:a b c Red sludge floods towns in Hungary, Associated Press, 4 de outubro de 2010
  5. ↑ Ir para:a b c d e f g «Hungary declares a state of emergency after sludge disaster»The Guardian, 5 de outubro de 2010
  6. ↑ Ir para:a b c d e f g Deadly sludge escape kills three in western Hungary, BBC News, 5 de outubro de 2010.
  7.  Greenwood, Norman N.; Earnshaw, A. (1984), Chemistry of the Elements, Oxford: Pergamon, p. 245, ISBN 0-08-022057-6
  8.  "Toxic Red Sludge Spill From Hungarian Aluminum Plant 'An Ecological Disaster'", David Gura, NPR, 5-10-2010
  9.  «Sludge-hit Hungarian villagers demand compensation»Atlanta Journal-Constitution, junho de 102010 Verifique data em: |data= (ajuda).
  10.  State Secretary Suspends Production, MTI, 5 de outubro de 2010 (em húngaro)
  11.  «Hungary firm wants to restart production after spill»Reuters. 6 de outubro de 2010
  12.  «Eyewitness: Hungary's toxic spill»BBC. 6 de outubro de 2010

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