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INIMIGO PÚBLICO

Inimigo Público


Posted: 04 May 2018 03:16 AM PDT
José Sócrates ficou indignado com as palavras de Carlos César e João Galamba e decidiu abandonar o PS, entregando o cartão de militante e o avental da maçonaria. José Sócrates filiou-se no mesmo dia no PT brasileiro onde os militantes lutam até à morte para provarem a inocência de Lula da Silva, mesmo que o […]This posting includes an audio/video/photo media file: Download Now
Posted: 04 May 2018 03:13 AM PDT
Depois de ter avisado José Sócrates por SMS de que estava a ser investigado pelo MP e que seria preso a qualquer momento, João Galamba avisou José Sócrates esta semana por SMS que tinha ouvido um sururu qualquer sobre o João Galamba ir dizer que sentia vergonha do José Sócrates. João Galamba disse que ligava […]This posting includes an audio/video/photo media file: Download Now

OBSERVADOR

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360º

Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia... 
... José Sócrates entregou o cartão de militante do PS. O ex-primeiro-ministro escreveu uma carta a anunciar que vai abandonar o partido depois do incómodo assumido por vários dirigentes socialistas face ao processo que o envolve (e ao caso Manuel Pinho). As explicações estão num artigo de opinião no JN"É chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo", escreve Sócrates, que considera ser alvo de uma "condenação sem julgamento" de antigos camaradas e amigos.

Foram as últimas 42 horas que levaram Sócrates a abandonar uma militância de 37 anos. O discurso do PS sobre os casos Sócrates e Pinho sofreu uma viragem de 180 graus: de repente os socialistas decidiram que podiam comentar politicamente os casos judiciais em curso depois de um silêncio de três anos e meio. O pontapé de saída foi dado por Fernando Medina terça-feira à noite e a estocada final por António Costa ontem à tarde. Mas a 'revolução' tinha começado com uma frase perdida de Carlos César a 24 de Abril. A Rita Tavares foi tentar perceber se se tratou de uma reação organizada ou se se deu simplesmente um clique.

 A declaração que finalizou toda esta mudança foi dita pelo primeiro-ministro fora do País. Em visita ao Canadá, Costa afirmou que em Portugal ninguém está acima da lei e que, "a confirmarem-se" as suspeitas de corrupção por membros do Governo de José Sócrates, seria "uma desonra para a democracia".

Curiosamente, tudo se precipitou no dia em que o PS lançou uma campanha para celebrar os 45 anos do partido e escolheu o rosto de Sócrates como protagonista. Outra mera coincidência seguramente: Pedro Nuno Santos escreve hoje um artigo no Público em que avisa que o partido não se pode desviar da esquerda.

Outra polémica em curso. Uma investigação da RTPrevelou que há mais deputados que moram em Lisboa e dão moradas diferentes para receberem subsídiosSão pelo menos quatro nomes novos de uma lista que não pára de crescer. Mas pelo menos as regras para os subsídios de viagens para as ilhas vão mudar depois de um parecer da Comissão de Ética, segundo adianta o Público.

Este ano não haverá Nobel da Literatura. Os casos de abusos sexuais que levaram ao abandono de cinco membros do júri fizeram que a Academia sueca decidisse entregar o prémio só em 2009.

Nos EUA também há mais um escândalo sexual no desportoCinco cheerleaders da equipa de futebol americano Washington Redskins contaram ao New York Times que foram obrigadas a posar em topless sob ameaça.

Para desanuviar, futebol. A final da Liga Europa vai opor Marselha a Atlético de Madrid. Rolando marcou o golo no prolongamento que valeu um apuramento muito complicado para os franceses em Salzburgo; já em Espanha foi Diego Costa quem marcou para o Atlético eliminar o Arsenal e estragar a despedida que Arsène Wenger tanto desejava.




Outra informação relevante
A PGR levantou o segredo de Justiça sobre a auditoria da Autoridade Nacional de Proteção Civil aos fogos de Pedrógão e revelou o relatório escondido pelo Governo. 36 horas depois da manchete do Público e de várias declarações dissonantes de ministros e responsáveis, a que se somaram as pressões partidárias, ainvestigação foi finalmente conhecida.

E o que diz o relatório que possa agravar ainda mais o tanto que já se sabe do que passou há quase um ano? As 140 páginas que estavam em segredo desde novembro confirmam que houve documentos e dados relevantes apagados e que desapareceram provas vitais. O relatório completo pode ser lido aqui. A Proteção Civil recomenda agora um sistema informático seguro.

A reforma da habitação do Governo deixou tantas dúvidas que a secretária de Estado teve de se desdobrar em explicações. Em entrevista à Ana Suspiro, Ana Pinho revelou que as expetativas são de que 20% do mercado de arrendamento, excluindo as casas em más condições e o segmento mais alto, adira ao programa das rendas a preços acessíveis. Mas avisa que os condomínios privados e as casas com vistas para o rio não contam para estas rendas com desconto.

O PCP dedicou-se a alargar as propostas de outros partidos. Primeiro, depois do PSD ter pedido a divulgação da lista de devedores da Caixa, os comunistas anunciaram que querem pedir os nomes dos devedores de TODOS os bancos intervencionados pelo Estado. Depois, sobre o inquérito parlamentar pedido pelo Bloco a Manuel Pinho e às rendas da energia dos últimos 14 anos, o PC também se mostra bem mais ambicioso: quer analisar TODOS os benefícios concedidos nos sectores dos transportes, comunicações, banca e seguros.

Mas sobre os devedores da Caixa ninguém deve conseguir ter sucesso. Segundo o Eco, o banco diz que uma decisão da PGR trava a possibilidade de divulgar os devedores. O PS também não se mostra muito disponível e o Bloco fala em oportunismo.

Na Justiça, o dia ficou marcado por vários processosA reclusa mais velha do País foi condenada a cinco anos com pena suspensa. No processo Fizz foi apresentada como prova uma carta de rescisão do ex-procurador Orlando Figueira para provar a tese de que os 700 mil euros recebidos têm justificação e não correspondem a corrupção. E no caso Lava Jato, Raul Schmidt, o arguido detido em Portugal, foi libertado depois da sua detenção ter sido considerada ilegal.

E ainda mais um caso. Finalmente, pela primeira vez, houve uma condenação pesada em Portugal por maus-tratos a animaisUm homem que mantinha 24 cães subnutridos foi punido 4 anos e 6 meses de pena suspensa.

Boas notícias para a PSP e para os professores. O Ministério da Administração Interna anunciou o descongelamento de 15 mil carreiras na polícia, que mesmo assim decidiu manter a vigília de protesto. Já os professores vão ter contabilizado todo o serviço prestado antes de se profissionalizarem para efeitos de reposicionamento na carreira.

Marcelo Rebelo de Sousa foi ao Estoril Open. Melhor, o Presidente foi dar um lição a um torneio de ténis: apareceu sem ser convidado, comprou bilhetes para si e para o seu ajudante de campo e sentou-se não na tribuna VIP mas nas bancadas comuns onde almoçou uma sandes de queijo.

Lá fora, o dia ficou marcado pela notícia da morte de Afonso Dhlakama, o dirigente histórico da oposição em MoçambiqueO líder da Renamo morreu nas matas da serra da Gorongosa, onde se refugiou em 2015 depois do regresso da guerra civil ao país. Mas as causas ainda são desconhecidas: há rumores sobre envenenamento e notícias sobre complicações com a diabetes.

E o Irão aumentou a pressão sobre Trump: ameaça abandonar acordo nuclear se os EUA deixarem o tratado. O deadline dado pelo presidente americano termina dia 12.





Os nossos Especiais
Há uma forma de ganhar mais de 1% em aplicações de baixo risco e capital garantido. O David Almas explica como os aforradores que estão a receber 0,12% por ano nos seus novos depósitos a prazo podem multiplicar os juros por 10, mantendo sempre a garantia sobre o dinheiro investido.
A polémica sobre a criação de um Museu das Descobertas foi o tema do Conversas à Quinta desta semana. José Manuel Fernandes conversou com Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto sobre o debate importado que menoriza o que os portugueses fizeram nos séculos XV e XVI.





A nossa opinião
  • Rui Ramos escreve sobre o PS e os casos Pinho e Sócrates: "Não há casos semelhantes ao de Sócrates. Os dirigentes socialistas precisam de provar que é possível confiar no PS outra vez. Era isso que deviam estar a discutir. Ter vergonha não chega".
  • Maria Luís Albuquerque também escreve sobre o mesmo tema. "A questão a saber é se acham que este é o momento certo de fazer um mea culpa fingido para poderem voltar a não tocar no assunto, ou se estão genuinamente envergonhados com o que fez José Sócrates".
  • João Cândido da Silva também: "A defesa dos centros de decisão nacional sustentou muita destruição de valor. E abriu portas aos abusos sem paralelo protagonizados por José Sócrates e Manuel Pinho".





Notícias surpreendentesPrimeiro um aviso do Twitter: mude a sua palavra-passe. Depois de uma falha interna, a rede social alertou os utilizadores que o melhor é mudar a passwordporque não sabe ao certo quantas senhas foram afetadas.

Depois uma sugestão para quem gosta do bom e velho frango no churrascoO nosso crítico gastronómico Sebastião Carolino foi provar a iguaria nacional ao Cucurico no LX Factory, em Lisboa. Mas não veio de lá convencido.

No cinema, o destaque vai para 'Sara', que estreia hoje no Indie LisboaBeatriz Batarda interpreta o papel principal desta série escrita a três mãos: Bruno Nogueira, Marco Martins e Ricardo Adolfo.

Do casamento real do ano vêm más notíciasO futuro cunhado do príncipe Harry escreveu-lhe uma carta a recomendar que desistisse a tempo da boda porque a irmã não era "a mulher certa" para ele. Mas se se mantiver a cerimónia, os 1200 convidados das comunidades locais vão ter de levar piquenique para o almoço.

No capítulo da decoração, é muito curioso ver como o conceito de "casa perfeita" mudou ao longo dos anos. A Marta Leite Ferreira fez essa viagem no tempo através de 67 anos de catálogos do IKEA.


Já sabe como funciona o Observador Premium, o novo programa de assinaturas do Observador? Leia aqui tudo o que precisa saber sobre a forma de funcionamento das subscrições que lhe permitirão continuar a ler todos os nossos artigos. Tem também a explicação do processo feita pelo José Manuel Fernandes; e a mensagem dos fundadores do Observador sobre todas estas mudanças.

Boa sexta-feira e bom fim de semana (e celebre porque parece que vem aí, finalmente, o bom tempo)
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Valdemar Cruz
VALDEMAR CRUZ
JORNALISTA
 
Desonra, Vergonha e Traição
4 de Maio de 2018
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Gloriosos dias estes vividos com Shakespeare a inspirar o vocabulário político português. José Sócrates bate com a porta, escreve um artigo de opinião no JN, e entrega o cartão de militante do PS, António Costa fala no Canadá de “desonra para a democracia”, Carlos César ou João Galamba lançam palavras tão agudas como punhais e quem fala é MacbethCoriolano, ou Hamlet. Ou, se não eles, o espetro do seu imaginário traduzido em vocábulos ou sentimentos tão pesados como traição, desonra, vergonha ou até vingança. Ontem, na SIC Notícias, Adolfo Mesquita Nunes, do CDS, perguntava o que se terá passado para de repente o PS ter mudado o discurso em relação a Sócrates. A resposta está aí e ainda não seria conhecida de Manuel Alegre quando dizia, citado pelo Público, que o PS “abriu a caixa de Pandora” ao trazer agora, de “uma forma avulsa”, o nome de José Sócrates para o debate político.

Os próximos tempos não serão exatamente os dos Glory Days cantados por Bruce Springsteen, com o PS a ter de agarrar pelos cornos uma discussão que tentou olhar apenas de esguelha. Serão mais de ajuste de contas e não deixarão de evocar “A Tempestade”, a última peça do bardo inglês, com as suas maquinações, conspirações, juras de amor e atos de oportunismo. Sócrates não suportou a viragem de agulha e esta “espécie de condenação sem julgamento”. Por isso, escreve, “é chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo”. Logo se verá de quem é maior o embaraço.

E Manuel Pinho? Vai agora passar por entre os pingos da chuva, face ao estrondo do bater de porta de Sócrates? Não se ouve Manuel Pinho, mas escutam-se os clamores pelo seu silêncio face às acusações de se manter como assalariado do BES enquanto Ministro de Sócrates. E, então, tudo se cruza. Lê-se a carta de despedida do antigo Primeiro-ministro, acompanha-se a sua defesa da honra de Pinho e, salvaguardadas as distâncias, o discurso de Marco António na defesa de César.

Neste emaranhado de máscaras não podia faltar Macbeth com o seu imponderável cruzamento entre aparência e substância. Sendo que a aparência é resumir a indignação ao choque face às alegadas avenças e promessas de reformas milionárias de Ricardo Salgado a Pinho a partir dos 55 anos. Apesar de ser Ministro? Ou para ser Ministro, já que por ser Ministro – na verdadeira aceção da palavra – não seria?

A substância será perceber e tentar descodificar o contexto político em que sucedem estes casos. Então, Pinho poderá ser apenas uma peça de algo muito mais vasto, num ambiente de promiscuidade entre poder político e poder económico, com a utilização do Estado em benefício de interesses privados. E aí pode ser crucial o âmbito da Comissão de Inquérito já proposta pelo Bloco de Esquerda, para se perceber, ao longo dos anos, a dimensão do despautério e conhecer as múltiplas responsabilidades em toda a sua dimensão.

Se Macbeth, condicionado pela fraqueza da sua condição humana, navegava num destino cujo desfecho só poderia ser materializado em tragédia, os Pinhos desta vida não passam, afinal de personagens tolhidas pela fraqueza de quem naufraga num arrivismo de perniciosas ambições.

E aí está Shakespeare de novo, agora com o seu Soneto 129, na tradução da poeta Ana Luísa Amaral para a “Relógio d’Água”:

“Desperdiçar o espírito ao esbanjar a vergonha
É luxúria em ação; até lá, a luxúria
É perjura, culpada, assassina, cruel,
Excessiva, selvagem, desleal, traiçoeira…”
 
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OUTRAS NOTÍCIAS

Fernando negrão, líder parlamentar do PSD, enviou uma carta ao seu homólogo do BE, a garantir que o o seu partido concorda com o objetivo da Comissão Parlamentar de Inquérito às rendas de energia proposta pelos bloquistas. O PSD não abdica, porém, de tirar a limpo a "teia de pagamentos privados a decisores políticos em funções", numa alusão às acusações a Manuel Pinho.

Está em curso uma greve de 24 horas de trabalhadores não docentes da rede pública. Exigem o fim da precariedade e a integração de todos os trabalhadores precários, a alteração da nova portaria de rácios, a dotação dos mapas de pessoal com número de trabalhadores efetivamente necessário que garanta a criação da carreira especial e o fim da municipalização.

Os benefícios fiscais aos senhorias vão ficar dependentes do valor da renda cobrada. O governo admite que as rendas de longa duração paguem um máximo de 14% de IRS, embora com um valor limitado e o regresso aos cinco anos de pré-aviso para a denúncia de contratos sem termo.

Aqui está uma notícia singular: "Aumento do salário médio da economia deve ser parcialmente compensado por uma forte criação de emprego nos salários abaixo da média", diz a CE. Portugal vai continuar a ser uma economia relativamente barata do ponto de vista da mão-de-obra e com isso, dizem, criará mais empregos e fará descer o desemprego, embora mais devagar.

Em destaque, aqui fica uma sugestão de leitura ancorada numa notícia agradável para todos nós. Raquel Moleiro, jornalista do Expresso, viu o seu trabalho “Escravos do Rio”, com fotos de Luís Barra, publicado na revista E do Expresso no final do ano passado, distinguido na 20ª edição do Prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença. Fala-nos de uma realidade cruel. “São mais de mil. Todos os dias apanham no Tejo toneladas de ameijoas japonesas, contaminadas mas que geram milhões. Não para eles. Tailandeses e romenos são controlados por redes que começam no estuário e terminam na Galiza. Pelo caminho há agressões, armas, furtos, falsificações, fraude fiscal, atentados á saúde pública, exploração laboral e suspeitas de tráfico humano”.

Primeiras Páginas

Críticas levam Sócrates a abandonar o PS - JN

Regras nos subsídios de viagens dos deputados vão mudar – Público

Habitação Benefícios fiscais a senhorois vão depender do valor da renda – DN

Há 600 mil famílias em risco de perder a habitação” – I

Banca perdoa 94,5 milhões ao Sporting – Correio da Manhã

Todos os países do euro vão ter défice abaixo dos 3% - Negócios

Rui Vitória Convite das Arábias – A Bola

Não vou dar a Meirim a alegria de me castigar outra vez” (Bruno de Carvalho) – Record

“FC Porto é quase uma equipa nossa” (Hugo Sánchez ex-goleador do Real Madrid e da seleção do México) – O Jogo

LÁ FORA

É o fim. A ETA anunciou o seu desmantelamento enquanto organização e o final da sua trajetória e atividade política. Bastou um comunicado, publicado nas publicações bascas Gara Berria para colocar um ponto final no que fora um pesadelo. Ao fim de 59 anos de existência, a ETA, anuncia o El País, “é a última organização terrorista a extinguir-se na Europa”.

Morreu ontem o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, vítima de doença. O dirigente do maior partido da oposição moçambicana terá perdido a vida a bordo de um helicóptero quando era transportado da Serra da Gorongosa para tratamento médico urgente. Dhlakama, de 65 anos, sofria de diabetes e vivia na Serra da Gorongosa desde a eclosão do conflito militar em 2014. Entre finais de 2016 e princípios do ano passado o líder da Renamo acordou com o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, uma trégua por tempo indeterminado. De nome completo Afonso Macacho Marceta Dhlakama, o líder da Renamo nasceu a 1 de Janeiro de 1953, em Mangunde, distrito de Chibabava em Sofala. Era filho de um líder tradicional, o régulo Mangunde

Tardou, mas lá chegaram. Só a partir da tarde de ontem o Dicionário Biográfico Electrónico, da espanhola Real Academia de História, qualifica Francisco Franco como ditador. A edição em papel, publicada há sete anos, gerou grande controvérsia por evitar aquela definição e optar por o considerar apenas autoritário, além de assumir um tom geral favorável ao lado franquista. A nova entrada começa assim: "Franco Bahamonde, Francisco. Ferrol (La Coruña), 4.XII.1892—Madrid, 20.XI.1975. Jefe del Estado y dictador. [...] Anticomunista y conservador…”.

Afinal os carros a gasóleo estão para durar. A fazer fé num trabalho do jornal suíço Le Temps, a alemã Bosch tem um programadestinado a salvar aquele tipo de automóveis. Claro que ao mesmo tempo o jornal pergunta se esta será uma solução durável ou apenas uma forma de ganhar tempo após o escândalo da Volkswagen há três anos.

Se estivesse fisicamente vivoKarl Marxcelebraria amanhã, sábado, 200 anos. O jornal mexicano La Jornada assegura que o filósofo continua cada vez mais presente, como se vê pela quantidade de congressos internacionais, exposições debates, mesas redondas, conferências à volta do pensamento de Marx que se realizarão um pouco por todo o mundo ao longo dos próximos dias. Segundo o jornal, Marx está vivo graças aos jovens, que têm vindo a recuperar o pensamento do autor do Manifesto do Partido Comunista na sequência da crise que afetou inclusive as economias mais fortes do planeta.

FRASES

“A injustiça que agora a direção do PS comete comigo, juntando-se à Direita política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político”. José Sócrates, ex-Primeiro-minsitro no JN

“Estes acordos são muito comuns entre celebridades e pessoas ricas”. Donald Trump, presidente dos EUA ao reconhecer que pagou para silenciar a atriz de filmes Porno Stormy Davis

O QUE ANDO A LER E A VER

Dois livros grandes livros povoaram o meu quotidiano nos últimos tempos. Ambos tomam como referência, ou ponto de partida, o mundo literário. Se sobre eles apenas poderei escrever de uma forma muito breve, isso em nada diminui a grandeza de cada um deles.

Começo por “Alma de Viajante – 25 autores que conheci”, de Mário Cláudio no exato momento em que aparece nas bancas o seu novo romance, “Memórias Secretas”. Num país de rara prosa de escritores sobre outros escritores, esta investida de Cláudio, através de crónicas marcadas por uma ironia certeira na composição de retratos de encontros, às vezes breves, outras apenas percebidos, resulta na composição de duas personagens inexistentes uma sem a outra: a do observador e a do observado. Nisso, Mário Cláudio não tem par nas letras portuguesas. A serenidade do olhar esconde a construção cáustica de pequenas narrativas sobre o contacto com escritores famosos, como Ferreira de Castro, que vagamente conheceu no Hotel das Caldas das Taipas no final da adolescência, Jorge de Sena, que o apoiou em início de carreira, a acidez de Virgílio Ferreira, Ilse Losa, Pedro Homem de Melo, David Mourão Ferreira, Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, ou José Saramago, a quem arrebatou o Grande Prémio de Romance e Novela com “Amadeo” no mesmo ano em que o depois Nobel concorria com “O Ano da Morte de Ricardo Reis”. Só o relato das peripécias e dos ciúmes gerados pela vitória, a que Saramago era alheio, vale a incursão neste mundo complexo. O autor, nada brando nos seus juízos se a isso a realidade o obriga, tem consciência dos perigos que corre, como assinala ao falar de Natália Correia, porque, diz, “implicará enfrentar o olhar de soslaio da corte que a tinha por imperatriz, a qual se compunha de uma maioria de irrelevantes mentais”.

Outro romance imperdível é “A Febre das almas sensíveis”, de Isabel Rio Novo. É uma descida aos infernos da tuberculose no século XIX português proporcionada por uma das personagens do livro que coleciona histórias de poetas e escritores de vida breve, ceifada pela tísica pulmonar. A tuberculose foi uma doença muito presente na obra de inúmeros artistas românticos e chegou a ser, até as primeiras décadas do século XX, uma das principais causas de morte em Portugal.Uma das miragens de cura passava pelos bons ares da serra, como acontece em “A Montanha Mágica”, que Thomas Mann situa num sanatório dos Alpes suíços. Por cá, ganhou fama o sanatório construído na serra do Caramulo, para onde Isabel transporta este retrato sociológico de um país vítima da sua própria miséria. A par de contactos breves com Cesário Verde, Júlio Dinis, Soares dos Passos, António Nobre e outros, temos, sobretudo, um fresco construído à volta de uma tragédia familiar com tuberculose em fundo.

Se está a Norte do país e puder deslocar-se ao Porto, não perca o festival Dias da Dança, com o que há de melhor na dança contemporânea, nacional e internacional. Se está a Sul, e puder passar pelo Centro Cultural de Cascais, vá lá descobrir e espantar-se com a obra nunca antes apresentada em Portugal de Lita Cabellut, uma artista que enquanto criança viveu nas ruas de Barcelona, foi adotada, descobriu o Prado, tornou-se pintora e agora, com estúdio em haia, na Holanda, é muito cotada internacionalmente.

Tenha um bom fim de semana.
 

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