segunda-feira, 16 de abril de 2018

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Filipe Santos Costa
FILIPE SANTOS COSTA
JORNALISTA DA SECÇÃO POLÍTICA
 
Já nem os apoiantes de Trump o percebem
16 de Abril de 2018
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Bom dia.

"Quero trazer as nossas tropas de volta a casa", dizia, há menos de duas semanas, Donald Trump, sobre os militares norte-americanos destacados na Síria. A guerra estava ganha, dizia ele, tinham derrotado o Estado Islâmico, dizia ele, "está na hora" dos EUA se preocuparem mais com questões internas e menos com serem os polícias do mundo. Já se sabe que o que ele diz não se escreve, e que o que ele pensa é pouco pensado. Nem duas semanas passadas, tudo mudou: na sexta-feira, os EUA comandaram um ataque contra a Síria (com a colaboração da França e do Reino Unido), na sequência de acusações de ataques químicos do regime de Bashar al-Assad contra civis.

Trump foi rápido a declarar "missão cumprida", mas mais parece uma "missão comprida", como escreve o Ferreira Fernandes. A prova? Emmanuel Macron veio anunciarque, afinal, os norte-americanos já não vão sair da Síria. "Nós convencêmo-lo de que era necessário ficar, permanecer de maneira duradoura", garantiu o presidente francês, revelando as conversas que manteve com Trump.

Nikki Haley, a embaixadora de Trump nas Nações Unidas, passou o dia de ontem a tentar fugir às perguntas para que parece não ter ainda resposta (os EUA saem ou ficam na Síria? Vão retaliar sempre que Assad voltar a usar armas químicas contra os sírios?), mas já anunciou os próximos dois passos: antes de mais, os Estados Unidos vão avançar com novas sanções à Rússia, para punir o seu apoio ao regime sírio. Um dos alvos das sanções serão companhias russas que tenham contribuído para o arsenal químico de Damasco. (Por falar em Rússia, Putin já veio avisar que "se estas ações, cometidas em violação das regras da ONU, continuarem, será inevitável o caos nas relações internacionais”.)

O outro passo anunciado por Nikki Haley acontece já esta segunda-feira: depois da Rússia ter falhado uma condenação do ataque aliado na ONU, EUA, França e Reino Unido vão apresentar uma proposta de resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas que determine a obrigação da Síria eliminar todo o seu arsenal químico, bem como uma investigação mais aprofundadaao uso desse armamento por parte das tropas de Assad, que permita saber quem foram os responsáveis do ataques em Douma.
Pode ler aqui um bom ponto da situação sobre as indecisões e incoerências de Washington em todo este processo, referindo também o braço de ferro que se desenrola nos bastidores entre Trump e os responsáveis do Pentágono.

E há outro dano colateral deste ataque. A direita isolacionista norte-americana, que elegeu Trump porque este prometia "America first", não gostou desta guinada da Casa Branca. E esses apoiantes não tardaram a criticar os ziguezagues do presidente. Vale a pena ler este texto da Vox sobre a reação dos media conservadores à "traição" de Trump. Com pouco mais de um ano em funções, o presidente ainda não construiu "o muro", e continua a comportar-se como "polícia do mundo" - e não foi para isso que a direita o elegeu.

Por cá, o Governo compreende e apoia a operação militar. E conta com o apoio da oposição, e a oposição dos seus apoiantes.
 
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OUTRAS NOTÍCIAS

Rui Rio comentou ontem o Programa de Estabilidade apresentado por Mário Centeno na sexta-feira. E não foi para o elogiar. Apesar de concordar com a trajetória do défice (o ponto que mais separa Centeno do PCP e do BE), o líder do PSD considera que o objetivo de 0,7% é criticável por falta de ambição - e estende essa crítica a todo o documento. Rio garante que, ao contrário do que o Governo apregoa, "não há qualquer milagre económico", o que há é falta de ambição no crescimento, falta de ambição na redução do défice, e falta de vontade para aumentar os salários da função pública. A defesa da atualização salarial dos funcionários públicos foi a maior novidade do discurso do líder social-democrata. Segundo o i, esta novidade surpreendeu o CDS e os "passistas" do PSD.
Por outro lado, Rio voltou a um tema caro a Pedro Passos Coelho - a exigência de informação sobre quem são os grandes devedores da Caixa Geral de Depósitos -, carregando bastante nas críticas. E, de repente, o discurso de Rio sobre a banca parecia ultrapassar pela esquerda o PCP e o BE.

Rio falou no final do congresso da JSD, que tem nova liderança. A importância relativa desta notícia mede-se facilmente: sabe quem era o líder anterior? Pois… As juventudes partidárias há muito deixaram de ter a relevância de outros tempos. Em todo o caso, os novos tempos na JSD escrevem-se no feminino — Margarida Balseiro Lopes, deputada eleita por Leiria, é a primeira mulher a dirigir a organização. E não apoiou Rui Rio nas últimas diretas.

Ainda sobre o Programa de Estabilidade: segundo o Público, Centeno quer bater o recorde europeu de redução da dívida.

Depois da manchete do Expresso sobre deputados das ilhas que recebem o reembolso de viagens que não pagam, Carlos César, um dos deputados apanhados neste esquema, fez um "esclarecimento". Mas não esclarece o que importa: fala muito sobre o subsídio que recebe legalmente da Assembleia da República para se deslocar aos Açores, mas nada diz sobre o facto de, depois, pedir ao Estado o reembolso de viagens que nunca pagou do seu bolso, aproveitando-se do subsídio de mobilidade de que beneficiam os cidadãos das ilhas. A resposta de César tem, porém, a vantagem de confirmar o que o Expresso escreveu - o presidente do PS nem tenta desmentir que recebe mesmo duas vezes pela mesma viagem. "Este Parlamento envergonha-nos", escreveAlexandre Homem Cristo.

Deve ficar hoje fechado, em linhas gerais, o acordo entre o Governo e o PSD sobre descentralização. E o acordo sobre os fundos europeus também está por dias, apontando para a reivindicação de 25 mil milhões de euros em Bruxelas, disse ontem Marques Mendes na SIC.

Marcelo Rebelo de Sousa inicia hoje uma visita de três dias a Madrid. E o DN publica uma entrevista a Mariano Rajoy.

O Porto venceu ontem o Benfica, na Luz, com um golo de Herrera ao minuto 90. Com esta vitória, os portistas voltaram ao primeiro lugar na Liga e só dependem de si para interromper a sequência de quatro campeonatos nacionais conquistados pelo Benfica.

Numa altura em que se sucedem as notícias sobre cancelamentos de voos da TAP, o Negócios revelaque a companhia aérea teve um lucro histórico de 100 milhões de euros.

Se é cliente da Galp, tenha atenção à notícia sobre atrasos nas faturas de luz e gás.

O Público de hoje tem uma bela reportagem sobre o fim da era Castro em Cuba. Da Rita Siza e do Adriano Miranda.

Manuel Luís Goucha casou. Beyonce arrasou.


AS MANCHETES DE HOJE
Público: "Autoeuropa acelera produção dos T-Roc e faz sair 29 carros por hora"
Diário de Notícias: "Aumento de vagas nas creches de Lisboa só se notará em 2020"
Jornal de Notícias: "Entrega de armas atinge recorde"
i: "Quando foi aprovada a lei dos maus-tratos, houve mais gente a abandonar animais"
Negócios: "TAP com lucro histórico de 100 milhões"
Correio da Manhã: "Predador do Facebook despe 22 rapazes"


O QUE VOU LER

A série mais viciante da atualidade não é "La Casa de Papel", nem passa no Netflix. É norte-americana e está disponível diariamente nos canais de notícias, nos jornais e nas redes sociais. Chama-se ‘A Loucura do Presidente Trump’ e, embora tenha tons de comédia negra, tudo indica que se tornará uma tragédia.
O mais recente episódio desta novela da vida real será posto à venda amanhã: as memórias de James B. Comey, o homem que chefiava o FBI até Donald Trump o demitir em maio do ano passado. Comey, que os relatos independentes descrevem como um cavalheiro e um servidor da coisa pública, era o homem errado no lugar errado: foi ele quem, a onze dias das eleições presidenciais de 2016, revelou que tinha sido reaberta a investigação federal aos e-mails de Hillary Clinton, dando com isso um renovado fôlego à narrativa de Trump sobre a “crooked Hillary”, e, muito provavelmente, inclinando de vez o resultado para o lado dos republicanos. É verdade que, em cima das eleições, Comey declarou que tinha voltado a encerrar a investigação, ilibando Clinton, mas o mal já estava feito.

Durante algum tempo Comey foi o homem mais odiado pelo Partido Democrata, mas tornou-se o alvo preferencial de Trump mal este tomou posse e tentou que o diretor do FBI lhe fizesse uns jeitinhos, como deixar em paz o novo conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Michael T. Flynn (que acabou por ser afastado por ser a ponta solta que permitiu puxar o novelo do envolvimento russo na manipulação das eleições de 2016— e essa é toda uma novela paralela, de contornos ainda por compreender, que daria um excelente spin-off da trama principal).

O homem que tramou Hillary e foi demitido antes que pudesse tramar Donald escreveu as suas memórias. Já tenho na minha estante um cantinho para “A Higher Loyalty”, ao lado de “What Happened”, de Hillary Clinton, e do ultra-polémico “Fire and Fury”, de Michael Wolff.
O que já foi antecipado sobre o livro foi suficiente para o catapultar para o top de vendas mesmo antes de chegar às livrarias, e para desencadear o fogo e a fúria de Trump. O presidente dos EUA atacou, como de costume, no Twitter, chamando tudo a Comey, de incompetente, fraco e desonesto até “slime ball”, uma magnífica expressão, quase intraduzível, que se aplica a gente repulsiva, mentirosa e mal formada, mas que também carrega o sentido literal (e muito gráfico) de “bola de lodo”, ou de “gosma”. E tudo isto, ainda antes da entrevista que Comey deu na noite passada à ABC, em que reitera que Trump é "moralmente incapaz" e que poderá ser chantageado pela Rússia.

Para além do relato factual dos encontros com Trump e outras interações com a Casa Branca (que o New York Times classifica como detalhado, bem sustentado e credível), o ex-diretor do FBI faz um retrato esmagador do homem mais poderoso do mundo. Trump não só é alguém “sem ética, desligado da verdade e dos valores institucionais”, como atua à semelhança de um padrinho da máfia. Comey sabe do que fala, pois teve de lidar com genuínos mafiosos quando foi procurador federal. “O círculo silencioso de consentimento. O chefe a controlar tudo. Os juramentos de lealdade. A visão do mundo nós-contra-eles. A mentira sobre todas as coisas, grandes e pequenas, ao serviço de um qualquer código de lealdade que põe a organização acima da moralidade e acima da verdade” (tradução minha).

Estamos a viver tempos perigosos no nosso país, com um ambiente político em que os factos básicos são contestados, as verdades fundamentais são questionadas, a mentira está normalizada e os comportamentos sem ética são ignorados, perdoados ou recompensados”, escreve Comey. E, com isto, mais do que a radiografia de um país ou de uma administração, James Comey parece escrever sobre o estado do mundo. Sim, vivemos tempos perigosos.

Fico por aqui. Tenha uma excelente semana.
 
Gostou do Expresso Cur

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormia...A vitória do FC Porto na Luz por 1-0 pôs o campeonato no nível de um electrocardiograma:
Depois do jogo, a violência: incidentes com adeptos do Benfica acabaram com sete detenções e seis polícias feridos.

Em dia de clássico, a Mariana Fernandes foi fazer aquilo que nunca se deve fazer: passou a tarde no Colombo, do outro lado da Segunda Circular. E acabou com três mitos sobre o que se passa naquele centro comercial durante os grandes jogos.

Ontem, houve outro jogo importante: o Sporting venceu o Belenenses por 4-3 numa partida difícil. Na crónica do jogo, o Diogo Lopes socorre-se da "Canção do Beijinho", de Herman José: "Ora dá cá um e a seguir dá outro, depois dá mais um que só dois golos é pouco".

Com tudo isto, como vão ser as próximas quatro jornadas do campeonato? O Bruno Roseiro faz as contase explica o que falta ainda jogar.


Mais informação importante
Lição a tirar dos bastidores do congresso da JSD deste fim de semana: por um gin se ganha e por um whiskey se perde. Na disputa eleitoral que levou à liderança Margarida Balseiro Lopes, a primeira mulher a ocupar o cargo, Rui Rio, Salvador Malheiro e Marques Mendes foram protagonistas secundários. Houve traições, ataques pessoais, tensão — e copos. Mas, como escreve o Miguel Santos Carrapatoso, que lá esteve a ouvir tudo, seria uma quiche caseira a dominar as conversas.

No seu discurso no congresso da JSD, Rui Rio disse recusar o “milagre económico” do Governo e defendeu mesmo aumentos na função pública, tendo em conta que há disponibilidade para injetar dinheiro público na recapitalização dos bancos portugueses.

Porque é que o Governo está tão preocupado com a redução do défice? Porque “Centeno quer ser comissário europeu, portanto quer impressionar Bruxelas”, conclui Marques Mendes.

Apesar dessas divergências, o Governo e o PSD preparam-se para fechar um acordo na descentralização. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e o social-democrata Álvaro Amaro encontram-se esta segunda-feira para acertar a transferência de poderes para as autarquias, escrevem o DN e o Público.

Numa nova sondagem, António Costa, o PS e o Governo perdem pontos. O estudo feito para o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios deixa os socialistas mais longe da maioria absoluta.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou do Egipto e partiu logo para Espanha. O Presidente da República avisou já que vai manter-se em silêncio sobre os problemas na Catalunha — diz que não fala sobre questões internas espanholas e espera o mesmo de Madrid. Em entrevista ao DN, Mariano Rajoy afirma que “Espanha e Portugal são bons exemplos de superação das dificuldades" e que é preciso "aprofundar a sintonia" entre os dois países.

Há cada vez mais armas a serem entregues à polícia por particulares. Em 2017, foram em média 51 por dia, escreve o JN.

O ex-director do FBI, James Comey, deu a primeira grande entrevista depois do livro onde desfez Donald Trump. E continuou a desfazê-lo: à ABC, disse que ele é "um mentiroso em série", "trata as mulheres como carne" e é "moralmente incapaz" de ser Presidente.

O Presidente Emmanuel Macron afirmou numa entrevista que foi ele a convencer Donald Trump a fazer um ataque limitado na Síria e a manter os Estados Unidos no país a "longo prazo". Mas Trump já o desmentiu: a Casa Branca garantiu que as tropas americanas devem regressar o "mais rápido possível".


Os nossos Especiais
 
Manuel Reis: sociologia de um empresário da noite. João Pedro George leu os obituários publicados a propósito da morte do fundador do Frágil e do Lux e, neste ensaio, procurou demonstrar que há uma lógica social nestes relatos individuais.

Lula da Silva: culpado ou inocente? O advogado Ricardo Sá Fernandes faz uma análise jurídica da condenação do ex-Presidente do Brasil: "É inaceitável querer transformar este caso numa sublevação do Estado de Direito".


A nossa Opinião

Alexandre Homem Cristo escreve "Este Parlamento envergonha-nos": "Com inquietante frequência, o parlamento tornou-se palco de facciosismos, de esquemas e de abusos que põem em causa o seu trabalho, sacrificando a legitimidade moral dos partidos e dos deputados".

João Carlos Espada escreve "Victor Cunha Rego: um senhor": "Como escreveu Maria João Avillez, 'o Victor destoava. Via mais longe, antes dos outros e, pior, estava de boa fé e cultivava a ética'. Numa palavra, era um senhor".

Luís Rosa escreve "Mário Centeno: uma vantagem para Costa que não é um problema para a Geringonça": "As ameaças do Bloco e do PCP sobre o Orçamento para 2019 devem ser ser vistas como aqueles caniches que costumamos encontrar na rua: ladram muito mas têm sempre medo de morder".

João Marques de Almeida escreve que "O Bloco transformou Centeno no novo Vítor Gaspar": "As funções europeias de Centeno revelaram o seu real pensamento: ele está muito mais próximo de Vítor Gaspar do que da escola de Louçã que manda no Bloco. Não há ninguém nas esquerdas que não o saiba".

Helena Matos escreve "A pantomina": "Da luta de classes à luta pelo melhor escalão” é o papel reservado ao povo nesta revista à portuguesa que tem como estrelas a Catarina dos ultimatos, o Jerónimo dos provérbios e Costa, o habilidoso".

Alberto Gonçalves escreve uma "Crónica sobre uma crónica sobre o sr. Lula": "O apogeu da demência foi atingido na lendária 'missa' que precedeu a prisão: 'Já não sou um ser humano. Sou uma ideia', proclamou. É deste material que se fazem boa parte das calamidades históricas".


Notícias surpreendentes

Há 55 anos, os Beatles descobriram os Rolling Stones. Foi a 14 de abril de 1963, no Crawdaddy Club, lembra o Gonçalo Correia.

Nicola Porpora é o mestre esquecido da ópera setecentista. Em 1768, morreu na miséria, em Nápoles; agora, 250 anos depois, a Decca faz-lhe justiça com dois discos. José Carlos Fernandes lembra a sua vida.

Para os japoneses é normal viver 100 anos — e até mais ainda. Qual é o segredo? A jornalista Junko Takahashi explica tudo no livro "O Método Japonês Para Viver 100 anos".

O que é que Beyoncé, vencedores do Nobel e a família real sueca têm em comum? O chef Stefano Catenacci. O cozinheiro oficial da Casa Real Sueca esteve em Portugal e falou com o Diogo Lopes sobre tudo: do "desapontamento" de ir ao Noma à forma de equilibrar uma estrela Michelin e os caprichos de um monarca.

De certeza que está pronto para mais uma semana de trabalho. Nós também: estamos, como sempre, aqui.
Até já!
Mais pessoas vão gostar da 360º. P

FUTURISM

DIA MUNDIAL DA VOZ

Voz humana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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espectrograma da voz humana revela seu rico conteúdo harmônico.
voz humana consiste no som produzido pelo ser humano usando suas cordas vocais para falarcantargargalharchorargritar, etc. Sua frequência varia entre 50 e 3400 Hz. De modo geral, o mecanismo para gerar a voz humana pode ser subdividido em três partes: os pulmões, as pregas vocais dentro da laringe e os articuladores - lábioslínguadentespalato duro, véu palatar e mandíbula. O pulmão produz um fluxo de ar, que funciona como um combustível para a voz, que é expulso pelo diafragma e passa para as pregas vocais, que vibram e transformam esse ar em pulsos sonoros, formadores da fonte de som da laríngeo. Os músculos da laringe ajustam a duração e a tensão das pregas vocais para adequar a altura e o tom. Os articuladores articulam e filtram o som emanado pela laringe e até certo ponto podem interagir com o fluxo de ar para fortalecê-lo ou enfraquecê-lo como a fonte do som.
As pregas vocais, juntamente com os articuladores, são capazes de produzir sons altamente intrincados. O tom da voz pode ser modificado para sugerir emoções como raivasurpresa e felicidadeCantores usam a voz humana como um instrumento para criar música.

Produção[editar | editar código-fonte]

A voz é produzida quando o ar respiratório (vindo dos pulmões) passa pelas pregas vocais, e por nosso comando neural, por meio de ajustes musculares, faz pressões de diferentes graus na região abaixo das pregas vocais, fazendo-as vibrarem. Esse mecanismo se assemelha ao balão, quando o secamos apertando sua "boca", provocando um ruído agudo, fruto da vibração da borracha.
O ar expiratório, que fez as pregas vocais vibrarem, vai sendo modificado e os sons vão sendo articulados (vogais e consoantes). Depois, emitidos pela boca, criam a onda sonora que vai atingir a cóclea do ouvinte. Então a voz é ouvida.
As pregas vocais vibram muito rapidamente. Nos homens, esse número de ciclos vibratórios fica em torno de 125 vezes em um segundo. Na mulher, que tem voz, geralmente, mais aguda, o número aumenta para 250 vezes por segundo. A essa característica damos o nome de frequência. As pregas vocais do homem têm mais massa e são menos esticadas que as da mulher (como no violão, as cordas mais esticadas são mais agudas e vibram mais que as cordas mais graves).

Voz e comunicação[editar | editar código-fonte]

A voz é uma característica humana intimamente relacionada com a necessidade do homem de se agrupar e se comunicar. Ela é produto da sua evolução, um trabalho em conjunto do sistema nervosorespiratório e digestivo, e de músculosligamentos e ossos, atuando harmoniosamente para que se possa obter uma emissão eficiente. As pregas vocais (ou cordas vocais), primordialmente, não foram feitas para o uso da voz. Esta foi uma função na qual a laringe (local onde se encontram as pregas vocais) se especializou, mas estes músculos foram desenvolvidos, em primeiro lugar, para as funções de respiração, alimentação e esfincteriana.
A voz está associada à fala, na realização da comunicação verbal, e pode variar quanto à intensidade, altura, inflexão, ressonância, articulação e muitas outras características.

Eufonia e disfonia[editar | editar código-fonte]

À emissão de uma voz saudável damos o nome de eufonia. A uma voz doente, ou seja, com uma ou mais de suas características alterada, damos o nome de disfonia. A disfonia pode ser orgânica, funcional ou mista (orgânica-funcional). Ela não é uma doença, mas o sintoma, uma manifestação de um mau funcionamento de um dos sistemas ou estruturas que atuam na produção da voz.
A disfonia pode ser tratada. O profissional habilitado e responsável pela intervenção das disfonias é o fonoaudiólogo, e geralmente este profissional trabalha em conjunto (no caso da voz) com o otorrinolaringologista ou o laringologista. Pode, ainda, trabalhar com o professor de canto. A voz sofre muita influência de hormônios e de nossas emoções. É comum ouvir pessoas que estão muito tristes ou nervosas, roucas. A rouquidão é um tipo de disfonia.
A incapacidade de produzir a voz é chamada de afonia.

Timbre[editar | editar código-fonte]

timbre da voz humana depende das várias cavidades que vibram em ressonância com as pregas vocais. Aí se incluem as cavidades ósseas, cavidades nasais, a boca, a garganta, a traqueia e os pulmões, bem como a própria laringe.

Frequência[editar | editar código-fonte]

A mais baixa frequência que pode dar a audibilidade a um ser humano é mais ou menos a de 20 hertz (vibrações por segundo), enquanto a mais alta se encontra entre 10.000 e 20.000 hertz, o que depende da idade do ouvinte (quanto mais idoso menores as frequências máximas ouvidas). A frequência comum de um piano é de 40 a 4.000 hertz e a da voz humana se encontra entre 50 e 3.400 hertz.
O recorde de registro (tessitura) de voz mais alta pertence a Georgia Brown, que possui o registro de exatas oito oitavas (G2 à G10), o que é mais alto do que qualquer nota de piano.

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