quarta-feira, 28 de março de 2018

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Pedro Santos Guerreiro
PEDRO SANTOS GUERREIRO
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Os russos estão no seu Facebook?
27 de Março de 2018
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O diplomata francês Charles Talleyrand dizia que a opinião pública tem mais sabedoria do que muitos grandes estadistas. Mas o que acontece quando a opinião pública é manipulada em larga escala por Estados? Quando há denúncias de roubo de dados de milhões de perfis nas redes sociais, que alimentam as suspeitas de intervenções russas para manipular as eleições nos Estados Unidos e o referendo no Brexit?

tensão do “resto do mundo” com a Rússia adensa-se, depois do assassinato do agente duplo Sergei Skripal, em Inglaterra, por envenenamento com novichok, a que poderão ter sido expostas mais de 130 pessoas.

O ocidente entra em ação. Ou em expulsão. Depois da ofensiva musculada do Reino Unido, que a 14 de março anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos do território britânico, bem como o congelamento das relações bilaterais, 16 países da União anunciaram idêntica medida:

Alemanha, França e Polónia (cada um expulsando quatro diplomatas), Lituânia e República Checa (três), Dinamarca, Holanda, Itália e Espanha (dois), Croácia, Estónia, Finlândia, Roménia, Hungria e Suécia (um), Letónia (um diplomata expulso e uma empresa russa proibida).

Fora da União Europeia, contam-se nesta ofensiva os EUA (60 diplomatas expulsos e o encerramento do consulado russo em Seattle), Canadá (quatro russos expulsos e recusa de três pedidos de admissão de funcionários para a embaixada), Ucrânia (13), Albânia (dois), Noruega e Macedónia (um).

Juntos, enviámos a mensagem de que não vamos tolerar as contínuas tentativas da Rússia de ignorar o Direito internacional e de comprometer os nossos valores”, afirmou a primeira-ministra Theresa May. “Trata-se da maior expulsão coletiva de agentes russos dos serviços de informações russos de sempre e vai contribuir para defender a nossa segurança comum”, rejubilou o ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson.

“Haverá resposta”ameaçou Maria Zakharova, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo. Moscovo começara por expulsar também 23 diplomatas britânicos e suspender a atividade do British Council na Rússia. Zakharova diz ainda que Londres deixou bomba com efeito retardador nas relações Rússia-UE. O Kremlin garante que a resposta será “recíproca” e decidida por Putin.

Portugal ainda não tomou posiçãoO Ministério dos Negócios Estrangeiros diz ter tomado “boa nota” da decisão mas defendeu o “diálogo” como “o instrumento mais eficaz” para responder à gravidade da situação presente”.

“Acho bem que Portugal não alinhe com a onda”, diz Miguel Sousa Tavares na SIC, que sublinha que não está provado que o assassinato tenha sido orquestrado pela Kremlin. E acha surpreendente que os governos “não estejam é preocupados com a intervenção da Rússia em atos eleitorais na Europa, nomeadamente no referendo inglês”, e nas eleições americanas. "É estranho que não estejam pois há suspeitas fundamentadíssimas de que facto os russos intervieram em colaboração com a empresa inglesa Cambridge Analityca e com o Facebook para potenciar o desfecho de eleições, mancomunados com a extrema-direita americana e europeia. Isso sim é que é gravíssimo”, porque “está em causa minar os fundamentos das democracias ocidentais”.

Christopher Wylie, que denunciou o escândalo da Cambridge Analytica, onde trabalhava, diz no El Pais que não só Donald Trump não teria ganho nos Estados Unidos como “o Brexit não teria acontecido” sem a intervenção da empresa, que manipulou milhões de contas na maior rede social do mundo. As práticas de pirataria através do Facebook estão sob investigação.
 
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OUTRAS NOTÍCIAS
Dois títulos tonitruantes:

1) “Portugal celebra o menor défice da democracia” (só que não)

2) Carga fiscal atinge valor mais alto em pelo menos 22 anos (então mas não ia cair?)

1) Os exercícios interpretativos com o défice orçamental são tão habituais como o próprio défice. Mas a história é relativamente simples. Portugal conseguiu uma vitória em Bruxelas quando persuadiu a Comissão Europeia de que a injeção de capital na Caixa Geral de Depósitos não era uma ajuda de Estado, o que faria com que não contasse para o cálculo do défice em termos de Procedimento de Défices Excessivos. Essa foi uma vitória política. Mas, em termos técnicos, o órgão oficial Eurostat incluiu essa injeção de capital no défice, o que já se perspetivava há quase um ano. Por isso, Mário Centeno foi usando as cativações para conseguiu um défice inferior ao previsto pelo próprio governo, fixando-o nos 0,9%... sem a injeção da Caixa. Ao conseguir um défice tão baixo, acomodou a inclusão da injeção da Caixa, apesar de contestá-la com veemência: mesmo assim o défice não supera os 3%. Segue-se o debate político sobre se o défice é 0,9% ou 3% (oficialmente na União Europeia, o que conta é o valor do Eurostat, 3%). Mas ficou garantido que Portugal não regressa ao “castigo” do Procedimento de Défices Excessivos.

Ah: as ajudas à banca já custaram 17 mil milhões a contribuintes (conta no DN).

2) Ao contrário do que previa o Governo, a carga fiscal subiu em 2017 para o valor mais elevado desde, pelo menos, 1995: 37% do PIB, explica o Diário de Notícias. Em 2016 havia sido de 36,6%. Nos dois anos o governo disse que desceria. Nos dois anos subiu. Em valor, não há dúvidas: nunca pagámos tantos impostos como hoje.

O Público escreve que distritais do PSD “querem ver Rio nas ruas”. (Também há quem o queira ver na rua, como escrevia o Expresso no sábado). O presidente do partido já começou, debutando ontem “no país real” em Arganil, para ouvir as queixas dos bombeiros e das associações das vítimas os incêndios, e para dizer que “quem quiser ser governo tem de ganhar o combate na floresta”.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, garante que a ideia de criar uma estrutura de missão através da qual as Finanças vão controlar a despesa do Serviço Nacional de Saúde foi sua. E que não é, portanto, uma sujeição a Mário Centeno.

Os funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) iniciam hoje uma greve de três dias, contra "situação caótica" que denunciam naquela entidade.

A rixa deste sábado à tarde no Prior Velho, em Lisboa, entre fações de motards de extrema-direita está a ser investigado pelas autoridades. Os agressores contra o grupo Bandidos serão cerca de 20 elementos dos Hell’s Angels, que invadiram um restaurante de cara tapada e munidos de facas, paus e barras de ferro. Os Hell’s Angels procurados pela Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da PJ são de cinco países do norte da Europa.

Portugal já não está em seca extrema nem severaexplica a SIC. Depois das chuvadas das últimas semanas, só o Algarve, Baixo Alentejo e uma faixa do litoral norte se mantêm em situação de seca, mas fraca. A Páscoa trará chuva, vento e queda de neve. Mas os hotéis do Algarve estimam uma ocupação de 80%.

Os CTT vão aumentar na próxima segunda feira os preços dos serviços de correios, em média 4,5%. A atualização em 2017 foi de 2,4%.

Guarda quer atrair investimentos chineses. Para isso, a Câmara Municipal celebrou um protocolo de cooperação com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa.

Lá fora, a questão da Catalunha. O tribunal alemão de primeira instância de Neumünster decidiu manter Carles Puigdemont em prisão preventiva, podendo o processo de extradição para Espanha demorar até 60 dias, prorrogáveis por mais 30. O antigo presidente da La Generalitat foi detido no domingo de manhã na fronteira com a Dinamarca, quando pretendia regressar à Bélgica, onde esteve cinco meses fugido à justiça espanhola.

Pergunta Daniel Oliveira: “Rajoy vai prender metade dos catalães?” O colunista do Expresso desafia não o primado da lei, mas o “equívoco” de que a lei antecede a política: “Ela é política. É feita por políticos em determinados contextos políticos. E se a lei cria um beco sem saída ela torna-se num problema político.” O caminho de Rajoy, que ao caminho da negociação para um “ponto de equilíbrio comum” prefere o caminho da “criminalização da dissidência e da judicialização da política” está a levar Espanha “a atravessar fronteiras bastante perigosas”.

Polícia Marítima em missão na Grécia detetou um embarcação com 33 migrantes a bordoum bote sobrelotado que navegava em direção ao Farol de Molivos.

Foi ontem apresentado o Frente Europeia de Desobediência Realista (MERA25), o novo partido de Yanis VaroufakisO antigo ministro das Finanças no governo do Syriza tornou-se crítico do movimento esquerdista que continua no poder, a braços com as contínuas crises da dívida pública e de refugiados e migrantes.

O episódio do 60 Minutes com a entrevista da atriz porno Stormy Daniels (cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford) foi visto por mais de 22 milhões de pessoas, um recorde de audiência daquele programa em dez anosStormy Daniels reiterou que passou uma noite com Donald Trump e que concordou em receber 130 mil dólares para manter silêncio. Mas revelou que o fez depois de ser ameaçada num parque de estacionamento, quando um homem se aproximou e, segundo a atriz porno, lhe disse: “Deixa Trump em paz. Esquece a história.” Depois, ainda segundo o mesmo relato, o homem olhou para a sua filha e disse “É uma bonita rapariga, seria uma pena se alguma coisa acontecesse à sua mãe”.

A Casa Branca atacou imediatamente a credibilidade de Stormy Daniels. Stephanie Clifford processou o advogado de Trump por difamação, avança o Financial Times. O advogado sugerira que a atriz mentira, quando disse que lhe pagou (do seu bolso) para não falar sobre a sua relação com o agora Presidente dos Estados Unidos, ainda o que o que ela teria para contar não fosse verdade.

Emma González tornou-se um rosto nos Estados Unidos pela luta contra a facilidade com que armas. Sobreviveu ao tiroteio no liceu em Parkland, onde 17 alunos foram mortos em pouco mais de seis minutos.

Talíria Petrone, apontada como sucessora de Marielle Franco, vereadora morta no Rio de Janeiro, diz ao Expresso que “É impossível não ter medo. Mas o medo não nos paralisa. Não vamos recuar um milímetro”. A entrevista pode ser lida ou ouvida aqui.

José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, foi constituído arguido e está impedido de sair do país. Em causa uma alegada transferência irregular de 500 milhões de dólares para um banco britânico.

Manuel Reis, proprietário do Lux-Frágil e figura emblemática da noite que morreu este fim de semana, está hoje na primeira página de vários jornais. E ontem na do Expresso Diário, onde pode ler o artigo sobre “o construtor que desenhou várias cidades dentro de Lisboa”.

Portugal perdeu 3-0 frente à Holanda, no último teste antes da convocatória final para o Mundial. Este é o resultado mais pesado na era Fernando Santos. Foi uma “laranja mecânica com demasiado sumo para Portugal à deriva”, escreve a Tribuna Expresso.

A cunha caiu. Segundo o Jornal de Notícias, a contratação, pelo Benfica, de um sobrinho do oficial de justiça suspeito de ser “toupeira” no sistema de justiça foi travada com a operação da Polícia Judiciária. Já segundo o Correio da Manhã, o assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, perdeu o recurso no caso dos e-mails, em que é arguido.


FRASES
“É evidente que existe má gestão na saúde”Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde, no DN.

“O Estado gasta com a manutenção de dois submarinos de utilidade duvidosa mais de metade do que investe nos concursos de apoio à criação artística”Mariana Mortáguano Jornal de Notícias.


O QUE EU ANDO A LER
“Lá Fora”, uma antologia de crónicas de Pedro Mexia, incluindo várias publicadas no Expresso, acaba de ser editada pela Tinta da China. Para ler ou reler. Mas onde eu andei foi na Feira do Livro da Poesia em Campo de Ourique, Lisboa, que decorreu até ao fim de semana passado.

Entre outros, comprei três livros de João Luís Barreto Guimarães: “Luz Última”, “Você Está Aqui” e “Mediterrâneo”, uma viagem poética por vários territórios. O poeta portuense, médico de profissão, explica:

“Procuro o inefável na espessura da tarde –
se eu não guardar num poema esta hora atravessada
nem ela nem esta tarde alguma
vez existirão.”

João Luís Barreto Guimarães esteve há dias (ou há noites) na livraria Lello, no Porto, numa tertúlia com Pedro Abrunhosa com o mote “Poesia da Música ou Música da Poesia?”. O Valdemar Cruz escreveu uma excelente prosa sobre essa “redenção da Lello”, que procura reencontrar-se como “livraria” depois de singrar como Disneylândia para turistas.

É de “Meditterâneo” que colho um excerto final, que remeto para o início deste Expresso Curto, que remete para os nossos dias:

“A verdade
(é sabido) sempre
foi subjetiva e eu queria mais da vida
(mais do que este espesso nada)
exatamente o quê não sei explicar
não sei. Deves recusar a mágoa
quando acaba a inocência –
e eu nada mais tenho a dizer:
a história
(como é sabido) escrevem-na
os vencedores.”

Tenha um excelente dia.
 
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ALEXANDRE HERCULANO - DIA DOS CENTROS HISTÓRICOS, E6TC. - 28 DE MARÇO DE 2018





Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobos, Azoia de BaixoSantarém18 de Setembro de 1877) foi um escritorhistoriadorjornalista e poeta português da era do romantismo[1].
Como liberal que era, teve como preocupação maior, estabelecida nas suas ações políticas e seus escritos, sobretudo em condenar o absolutismo e a intolerância da coroa no século XVI para denunciar o perigo do retorno a um centralismo da monarquia em Portugal[2].

Biografia

Alexandre Herculano nasceu no Pátio do Gil, na Rua de São Bento, em 28 de marçode 1810; a mãe, Maria do Carmo Carvalho de São Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real; o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público).[3]
Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas. Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai ficou cego em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária.[3]
Estudou LatimLógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial.[3]
Alexandre Herculano casou, em 1 de Maio de 1867, com Mariana Hermínia de Meira. Morreu, sem descendência, na sua quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, (Santarém) em 18 de Setembro de 1877, onde se tornara agricultor e produtor do famoso "Azeite Herculano".[4][5] Encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos transladado para aí em 6 de Novembro de 1978.

Carreira política e profissional

Em termos políticos, Herculano identifica-se com a ala esquerda do Partido Cartista[6]liberal, mas no entanto não aceita as ideias socialistasdemocrático-republicanas[7] e iberistas.
Com apenas 21 anos, participará, em circunstâncias nunca inteiramente esclarecidas, na revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo miguelista, de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França (Rennes), onde residiu até a saída de Belle-Ile-en-Mer (Morbihan) dos návios da expédição (Fevereiro de 1832)[8] que ia a juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores). Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7.500 "Bravos do Mindelo", assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832, na praia do Mindelo (na verdade, um pouco mais a sul, na praia de Arnosa de Pampelido, um pouco a Norte do Porto - hoje "praia da Memória"), a fim de cercar e tomar a cidade do Porto (ver Desembarque do Mindelo e Cerco do Porto). Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar.
Iniciado na maçonaria em data e local desconhecidos, porventura durante o exílio em Inglaterra, ou antes, cedo a abandonou[9].
Nomeado por D. Pedro IV como segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto, aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a revista O Panorama[10] (1837-1868), de Lisboa, revista de caráter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal de 1837 a 1839. Em 1842 retomou o papel de redator principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do romance histórico em Portugal no século XIX. Também se encontra colaboração da sua autoria no Jornal da Sociedade dos Amigos das Letras [11] (1836) e em diversas revistas, nomeadamente na Revista Universal Lisbonense [12] (1841-1859), Revista do Conservatório Real de Lisboa [13] (1842), A illustração luso-brasileira [14](1856-1859) e a título póstumo nas revistas Renascença [15] (1878-1879?), A semana de Lisboa[16] (1893-1895) e A Leitura[17] (1894-1896) e, já no século XX, no semanário Azulejos [18] (1907-1909).
Ao construir uma das obras mais notáveis de Alexandre Herculano é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero. Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acaba por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. O prestígio que a História de Portugal lhe granjeara leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreende em 1853 e 1854, e que começarão a ser publicados em 1856.
Herculano permanecerá fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impedira de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha. Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessara ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga. Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 a 1855), cargo que abandona rapidamente.
Retomando forças foi um dos fundadores do Partido Progressista Histórico, em 1856.
No ano seguinte, seguindo o mesmo propósito anticlerical demonstrado no seu livro de história de Portugal, ataca vigorosamente a Concordata com a Santa Sé[6].
A 31 de Dezembro de 1858 preside a um comício anticlerical.
Participa na redacção do primeiro Código Civil Português (1860-1865), tendo proposto a introdução do casamento civil a par do religioso, o que originou uma nova polémica com o clero[6].
Quando se começou a fazer muito eco na imprensa e política portuguesa para promover o iberismo, em 1861, foi criada a Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640 contra essa vontade e, entre outros nomes, que constam dela é o nosso Herculano que imediatamente a ela se uniu nesse ideal de raiz patriótica[19].
Em 1867, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale de Lobos (Azoia de BaixoSantarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual - ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da tranquilidade, como escreverá na advertência prévia ao primeiro volume dos Opúsculos. Em Vale de Lobos, Herculano exerce um autêntico magistério moral sobre o País. Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter inquebrantáveis era um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais vilipendiara. Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de Setembro de 1877.

A obra

Herculano deixou ensaios sobre diversas questões polémicas da época, que se somam à sua intensa actividade jornalística.[3]
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal.
Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Como historiador, publicou História de Portugal de Alexandre Herculano, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, e organizou Portugaliae Monumenta Historica (coleção de documentos valiosos recolhidos de cartórios conventuais do país).
A parte mais significativa da obra literária de Herculano concentra-se em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao género conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos.[3] Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX.[3]
A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Scott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé, entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasimodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal.
As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da história da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa.
O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. A partir disto, as narrativas históricas foram focando épocas cada vez mais próximas do século XIX.
Deixou ainda alguma poesia, romances não históricos e peças de teatro.


Dia Nacional dos Centros Históricos

Próximo  28 de Março de 2018 (Quarta-feira)
O Dia Nacional dos Centros Históricos comemora-se anualmente a 28 de março, na data do nascimento de Alexandre Herculano, seu patrono.
O Dia Nacional dos Centros Históricos Portugueses foi formalmente criado em 28 de março de 1993, sendo rapidamente adotado pela maioria das autarquias portuguesas com centro histórico.

Atividades

Em várias centros históricos das cidades de Portugal organizam-se atividades para comemorar o Dia Nacional dos Centros Históricos. Neste dia os monumentos e outros espaços dos centros históricos estão abertos ao público, que os podem visitar gratuitamente, entrando em contacto com o passado destes locais.
Nesta data realizam-se exposições, torneios, provas de orientação, concertos, leituras encenadas, animações de rua, etc., tudo com o objetivo de dinamizar os centros históricos e chamar a atenção para a preservação e valorização dos mesmos.
Pode visitar um centro histórico diferente por ano ou tentar visitar mais do que um centro histórico neste dia.

Compilação de


ANTÓNIO FONSECA

EFEMÉRIDES EM 28 DE MARÇO NA WIKIPÉDIA

Eventos históricos[editar | editar código-fonte]

1431: Joana d'Arc é interrogada na prisão pelo Cardeal de Winchester.







ANTÓNIO FONSECA

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