Daniel João Mateus Raimundo tem 43 anos, está num hospital na Bélgica e foi-lhe diagnosticado cancro fulminante. Naquele país desde julho de 2017, o homem português recebeu em dezembro a notícia de que teria apenas dois meses de vida.
«É um cancro muito galopante. Apareceu do nada. Estômago, pâncreas… Já está nos pulmões. Espalha-se de forma muito rápida. E dura, por norma, quatro meses», conta ao portal de notícias Impala.pt.
Daniel emigrou para a Bélgica a 29 de julho de 2017. Aquela que seria inicialmente uma viagem com o intuito de ajudar a irmã que ali reside acabou por se tornar uma estadia por tempo indeterminado.
Taxista de profissão em Portugal, decidiu abraçar o desafio de mudar de país. Em outubro de 2017, registou-se no Centro de Saúde e entrou no sistema de saúde belga a 16 de novembro. «Fizeram-me os despistes e disseram-me que estava tudo bem. Nunca tive sintomas. Não existiam células cancerígenas», diz-nos.
Assim sendo, nada fazia prever que, em dezembro, adoecesse com cancro fulminante. «Comecei a ficar fraco, a não ter apetite, a perder peso… No Natal e na Passagem de Ano, já estava muito fraco. Pesava 80 quilos e cheguei aos 60.»
A confirmação do cancro
A 4 de janeiro, Daniel dirigiu-se ao Centro de Saúde e descreveu os sintomas à médica. «Ela viu logo o estado em que eu estava, muito magro. Não consigo comer nada.
Emagreci, não tenho força, não consigo subir escadas… Nada. Ela apalpou-me a barriga, fez-me alguns testes só com as mãos e disse-me: ‘Daniel, amanhã voltas cá outra vez, às quatro da tarde, para fazermos uns exames’».
No dia seguinte, recebeu uma chamada da médica, que o encaminhou para uma ecografia com urgência. Assim que especialista viu os exames, Daniel foi reencaminhado de imediato para o hospital AZ Sint Lucas, do qual não sai desde dia 8 de janeiro.
«Ainda fiz outros testes para perceber tudo e, desde essa segunda-feira, nunca mais saí daqui. E foi sempre a piorar. Já fiz dois TAC, uma biopsia, uma endoscopia», confidencia.
A recusa da quimioterapia
«Deram-me duas opções. Qualidade de vida ou prolongar a vida sem nenhuma qualidade. Ou seja, a quimioterapia vai-me fazer ficar acamado, não tenho quaisquer defesas. Ficar como um vegetal não me interessa. Assim, prefiro esperar um milagre… Sei lá…»
Recusada a quimioterapia, resta-lhe morrer – ou esperar por um milagre – junto dos seus. A família está em Portugal, para onde Daniel quer regressar.
A viagem, só pode ser feita de ambulância assistida, sendo este o único meio, uma vez que nenhuma companhia aérea aceita transportar Daniel, pois ele pode morrer durante a viagem. Posto isto, e sendo esta uma viagem dispendiosa, o português decidiu pedir ajuda nas redes sociais.
«Não é um simples pedido de ajuda. É um pedido para ir morrer a Portugal. O cancro que me foi diagnosticado não tem cura e é galopante. Apareceu de repente e com uma velocidade incrível. Só tenho dois meses de vida, talvez pouco mais, com todas as certezas.
«Como sabem, estou na Bélgica e gostava de ir para Portugal falecer. Ver amigos e familiares.» É desta forma que Daniel pede ajuda para regressar à terra natal.
Para realizar a viagem, são necessários 10 mil euros. O valor inclui transporte assistido com médico e enfermeiro. De outra forma, e caso não consiga o dinheiro, Daniel terá de viajar por sua conta e risco.
Perante a dramática situação que vive, tem recebido ajudas de todas as formas. Sem impedimentos por parte dos médicos para realizar a dura viagem, o português de 43 anos tem até uma amiga enfermeira em Portugal que se ofereceu para o ir buscar à Bélgica.
«Ofereceu-se com o equipamento dela, mas faltava a parte de arranjar uma carrinha mais confortável porque tenho mesmo de viajar confortável», explica-nos Daniel. «Já tenho cama no hospital do Barreiro. Está tudo a ser tratado para me receberem lá», esclarece.
Em poucas horas, e à data do nosso contacto, Daniel já tinha recebido algumas ajudas. Arrecadou 750 euros. «Recebi três ajudas mais fortes de pessoas que não conheço, a quem agradeci muito. Uma de 250, outras de 150 e de 100 euros e outras pequenas doações», agradece.
«De abril não passo, em princípio»
Preso a uma cama de hospital, Daniel deseja regressar a Portugal e aproveitar o tempo que tem para estar perto da família e dos amigos que ama. Primo de Ricardo Landum, autor dos êxitos musicais de Tony Carreira, Daniel diz já ter sido contactado por este, que rapidamente se disponibilizou a ajudar.
«Tenho uma família muito grande e eles estão a apoiar-me muito. Neste momento, tenho cá a minha tia, que veio e não sai de cá enquanto eu não sair. A minha avó tem 87 anos e queria vir, mas não vale a pena porque estamos a fazer de tudo para eu ir para Portugal», conta.
Fraco, sem defesas e apenas esperançoso de que o regresso a Portugal seja rápido, Daniel descreve, em lágrimas, o estado de espírito e a aparência física. «Tenho a barriga bastante dilatada.
Está a ver as crianças da Etiópia, com a barriga bastante dilatada? É como estou, neste momento. Sou um esqueleto com a barriga inchada», descreve-nos.
Para ajudar:
IBAN: PT50019300001050143491359
BIC/SWIFT: CTTVPTPL
Banco dos CTT Daniel Jaoo Mateus Raimundo
Conta da Belgica Banco KBC Iban BE 11736042814248
Daniel Joào Mateus Raimundo | Jean Jaureslan 106 Gentbrugge
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Português com dois meses de vida pede ajuda para poder morrer em Portugal aparece primeiro em
Vai dar Zebra.