sexta-feira, 5 de agosto de 2016

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Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
Rocha Andrade
Fernando Negrão falou em nome do PSD a dizer que "o caso não está encerrado" e que "as questões éticas têm de ir até às últimas consequências". Apela à intervenção do primeiro-ministro.
Contratos de Associação
Das 20 providências cautelares interpostas por colégios privados, são já conhecidas seis sentenças e uma decisão provisória. Só uma dá completa razão ao Ministério da Educação.
PSD
O deputado do PSD Cristóvão Norte também viajou a convite da Galp para ver o Hungria-Portugal. O deputado diz que foi um convite de um amigo pessoal que trabalha na empresa.
Rocha Andrade
A presidente do CDS-PP anunciou um pedido na comissão permanente do Parlamento para esclarecimentos do Governo sobre as viagens de membros do executivo pagas pela Galp, acusando o primeiro-ministro socialista de se esconder.
Sondagens
O estudo da Eurosondagem para o Expresso indica que, se as eleições fossem hoje, havia uma tendência para o PS conseguir maioria com o Bloco.
Proteção de Dados
Se vive no estrangeiro e está registado num consulado português, fique a saber que desde 1 de agosto qualquer pessoa pode pedir dados sobre si. A menos que declare expressamente o contrário.
Exames Nacionais
Taxa de reprovação no secundário aumenta entre três e 12% nos exames de ingresso do ensino secundário. Maior parte dos alunos do 9º ano chumba na 2ª fase de Português e Matemática.
Rio 2016
Helô Pinheiro, a musa da bossa nova conhecida por Garota de Ipanema é uma das escolhidas para transportar a tocha olímpica. Uma repetição do passeio que a tornou mundialmente famosa.
Rio 2016
Hassan Saada terá tentado abusar sexualmente de duas funcionárias na Aldeia Olímpica, e foi preso por 15 dias. Fonte da polícia fala em "boatos" de "outros casos" na Aldeia Olímpica.
Rio 2016
Marieke sofre de uma doença degenerativa que a deixou paralisada da cintura para baixo. É campeã paralímpica dos 100 metros em cadeira de rodas. Depois dos Jogos Paralímpicos do Rio, quer morrer.
Rio 2016
De onde vieram as medalhas? Porque é que usamos os anéis? O que é feito da saudação olímpica? Saiba os significados por detrás dos Jogos Olímpicos. E conheça toda a sua história.
Opinião

José Manuel Fernandes
Augusto Santos Silva gaguejou e hesitou, mas lá disse sem dizer: o que os 3 secretários de Estado fizeram não é ético, mas negamos hoje o que tornaremos lei daqui por umas semanas. Até lá, que se dane

Helena Garrido
No Reino Unido o efeito do imposto sobre as janelas foi tirar a luz aos mais pobres e alterar a arquitectura. No novo IMI vamos tirar a luz e as vistas aos remediados.

Miguel Tamen
Uma aldeia, ao contrário de uma cidade, de uma vila grande, ou aliás de um deserto, é um lugar onde a forma principal de relação humana é a bisbilhotice.

José Milhazes
Membros do governo e deputados não veem nada de censurável em receber de empresas viagens, bilhetes e almoços para irem, imagine-se!, ao futebol. Quanto às justificações, é pior a emenda que o soneto.

P. Miguel Almeida, sj
Se logo no início do seu pontificado o Papa afirmara que o “génio feminino” deveria estar mais presente, agora busca uma fidelidade criativa, crítica, mas segura (não fosse ele jesuíta), à Igreja.

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FUTURISMO - 5 DE AGOSTO DE 2016

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EXPRESSO - 5 DE AGOSTO DE 2016



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05 Ago 2016


José Cardoso
POR José Cardoso
Editor Adjunto

 
20 fotos inéditas do 1º dia da Ponte 25 de Abril. Costa tem o triplo da popularidade que Passos tinha. O atirador de olhos tristes

Boa tarde,

Eles sobem, elas descem. Eles são Costa, Marcelo e Jerónimo; elas são Catarina Martins e Assunção Cristas. E o sobe e desde diz respeito à sondagem mensal da Eurosondagem para o Expresso e a SIC. No seu texto, a Cristina Figueiredo estrutura os principais resultados da sondagem: 1) Costa tem o triplo da popularidade que Passos tinha em oito meses de governo (9,6% contra 28%) 2) Catarina e Assunção Cristas perdem pontos, Jerónimo sobe e popularidade de Marcelo não pára de aumentar 3) PS e BE voltam a crescer nas intenções de voto e, somados, recolhem a preferência de 45,2% dos portugueses, mais 0,7 pontos do que há um mês. Os dois partidos ficariam no limiar mínimo da maioria absoluta

Este sábado faz 50 anos que foi inaugurada a Ponte 25 de Abril. Para marcar a data, publicamos 20 fotos inéditas desse dia. Foram tiradas por António Sousa Silva, que na altura trabalhava no estúdio fotográfico que o pai do conhecido fotógrafo Nuno Ferrari tinha na baixa lisboeta. O patrão mandou-o lá, para registar o momento histórico. Fez 38 fotografias, que andaram lá por casa durante estes 50 anos. Cinco delas desapareceram entretanto. Agora um filho achou por bem divulgá-las. Publicamos hoje 20 delas, poderá ver outras no semanário que chega amanhã às bancas. A Katya Delimbeuf conta a história do fotógrafo e das fotografias – e refere alguns dos principais dados sobre a ponte.

Com os Jogos Olímpicos a começar (a cerimónia de inauguração é às zero horas, de Portugal continental, desta sexta-feira), publicamos nesta edição do diário dois temas sobre o assunto. A Alexandra Simões de Abreu fala do “irónico atirador dos olhos tristes”, João Costa, que concorre já este sábado na pistola de ar comprimido a 10 metros e conta como a intensidade das luzes - uma novidade nos Jogos Olímpicos do Rio – o pode atrapalhar se chegar à final. A Margarida Mota inicia uma série (que prossegue no Expresso Online nos próximos dias) de trabalhos sobre cada um dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, a começar pelo primeiro, o de Atenas, em 1896. Sabia que os gregos não tinham dinheiro para os organizar e que eles só foram para a frente porque houve um mecenas que abriu os cordões à bolsa?

Ainda sobre desporto, e como no domingo há Supertaça (Benfica-SC Braga, 20h45), e como este jogo marca a estreia do videoárbitro, fomos falar com o ex-árbitro Pedro Henriques, para nos ajudar a perceber o que muda com esta nova tecnologia.

Nos temas principais desta edição publicamos a história de Inês Patrício, filha do último MNE do estado Novo, Rui Patrício, que fugiu para o Brasil depois do 25 de Abril. Uma história a não perder, contada pela Manuela Goucha Soares, que com ela muito conversou: foi com o pai para o Brasil, de onde nunca regressou, agradece aos capitães de Abril pelo que fizeram e é apoiante do Partido dos Trabalhadores.

Por último, mais um trabalho sobre o candidato presidencial norte-americano Donald Trump, que está todos os dias nas notícias, e nunca por bons motivos. Numa altura em que aumenta a inquietação no seu próprio partido e surgem cada vez mais personalidades republicanas a demarcar-se dele (e até do partido), há uma pergunta no ar: ainda é possível afastá-lo das eleições? A Joana Azevedo Viana falou com especialistas e dá a resposta possível.

Na entrevista da série A Beleza das Pequenas Coisas (projeto cuja versão podcast temos vindo a publicar no Expresso Online), o Bernardo Mendonça traz hoje a história de Maria Amélia, mais conhecida por Lela, dona de uma casa de alterne. E no último artigo da série Condenados à Morte, que publicámos esta semana, a Anabela Natário conta o caso de Francisco Lobo, enforcado em 1841.

Na opinião, o Nicolau Santos escreve sobre “Dois anos após a implosão do BES” e o Henrique Raposo pergunta se “Le Pen tem ou não tem razão”.

Boas leituras, um bom fim de semana e, se for o seu caso, excelentes férias, aproveitando a beleza das pequenas coisas

(Amanhã há semanário nas bancas, com sondagem, mais fotos inéditas da Ponte 25 de Abril, mais notícias, reportagens e entrevistas, nos dois cadernos e na revista E, que tem na capa o código que lhe permite ler o Expresso Diário durante toda a próxima semana. Gratuitamente - tal como o terceiro livro da coleção de obras de Camilo Castelo Branco que estamos a oferecer aos leitores)

Ler o EXPRESSO DIÁRIO


SONDAGEM

Costa tem o triplo da popularidade que Passos tinha em oito meses de governo

COMPARAÇÃO Em fevereiro de 2012, oito meses depois de ter tomado posse, Passos tinha 9,6% de popularidade de saldo positivo. Costa tem 28% no mesmo período de governação ELES SOBEM, ELAS DESCEM Catarina e Assunção perdem pontos, Jerónimo sobe e popularidade de Marcelo não pára de aumentar


20 fotos inéditas do primeiro dia da ponte

ANIVERSÁRIO Ponte 25 de abril, em Lisboa, faz 50 anos este sábado. Publicamos fotos inéditas do dia da inauguração tiradas por um então funcionário do estúdio do pai do grande Nuno Ferrari


JOGOS OLÍMPICOSO irónico atirador dos olhos tristes

JOGOS OLÍMPICOSO irónico atirador dos olhos tristes

Nicolau Santos

Dois anos após a implosão do BES
 
Henrique Raposo

Le Pen tem ou não tem razão?
 

AMÉRICA

Ainda é possível afastar Trump das eleições? “Não devemos assumir que a sanidade vai prevalecer”

HISTÓRIA DE VIDA

A mulher que se apaixonou pelo exílio

FUTEBOL

O videoárbitro faz-nos perder tempo? “Essa tese é completamente falsa”

SUGESTÕES

As maravilhas do fim de semana

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10 lições de uma gestora chamada beyoncé

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OBSERVADOR - 5 DE AGOSTO DE 2016

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


Numa das mais conhecidas novelas de Gabriel Garcia Márquez, um velho veterano de guerra espera na sua ilha que chegue a carta coma notícia que lhe foi atribuída a pensão que lhe permitiria escapar à vida de miséria que leva. Mas a carta não chega, nunca mais chega, e por isso, se Ninguém Escreve ao Coronel, este acaba... Bem, leiam Garcia Márquez, que ele merece, pois o me fez lembrar este romance não foi o seu enredo, mas o seu título: é que, percorrendo a imprensa deste últimos dias, ninguém escreve em defesa de Rocha Andrade, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que aceitou ir ver dois jogos da selecção a convite (com tudo pago) da Galp, uma empresa que está em litígio com o Estado por causa, exactamente, de uma questão fiscal.

Senão, vejam este apanhado do que foi publicado nos dois últimos dias na imprensa portuguesa:
  • O problema de não se dar ao respeito, que eu mesmo escrevi para o Observador, onde analiso em detalhe a conferência de imprensa e os argumentos do ministro dos Negócios Estrangeiros (que representa o primeiro-ministro em férias) e onde contesto a ideia de que o pagamento das despesas pelos secretários de Estado permitam considerar o caso encerrado: “Se não houve violação da lei, porquê o pagamento? Então não foi este mesmo Governo que acabou de decidir devolver ao Presidente da República o cheque com que este quis pagar um voo de Falcon para ir assistir a um dos jogos da selecção? Nesse caso não havia qualquer dúvida, não era para pagar, e agora é necessário “dissipar dúvidas”? A leitura é clara: se, por um lado, o ministro tentou proteger os secretários de Estado com a leitura que fez do Código Penal, ao elogiar o pagamento e ao anunciar o código de conduta está a dizer-nos que, eticamente, o que eles fizeram levanta “dúvidas”. E que daqui por umas semanas até vai deixar de ser “ético”. Ou seja, enterrou-os ainda mais.”
  • Rocha Andrade e as prendas da Galp, de João Miguel Tavares no Público, onde este lembra o código de comportamento que os deputados do PS assinaram e contrasta esse gesto politico com aquilo que sabemos: “Ups, lá se vai o código de António Costa. É óbvio que tal conflito existe, por muito apetecível que seja ir à borla à final de um Europeu. Aceitar tais convites pode ser banal, e acredito que se tivéssemos acesso à lista integral de convidados da Galp passaríamos 15 dias a indignar-nos. Mas por alguma razão o convite foi endereçado a Rocha Andrade e não a mim, nem a si, caro leitor. Um secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ir à bola patrocinado por um contribuinte da dimensão da Galp não é natural, não é adequado socialmente, e muito menos é adequado politicamente.”
  • "O pagamento dissipa as dúvidas?" Não. Agrava-as!, de Camilo Azevedo no Jornal de Negócios: “A comunicação de que o secretário de Estado dos Impostos pagará a viagem do seu bolso resolve o problema (como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros na conferência de imprensa)? Não. Agrava-o. Ao pagar, o governante reconhece que não devia ter aceitado o convite da Galp. E, pior ainda, que só o fez depois de a história divulgada pela revista Sábado ter ganho dimensão de escândalo.”
  • O 'hit' de Verão da Galp, de Tiago Freire no mesmo Jornal de Negócios, que dando o benefício da dúvida a Rocha Andrade, não deixa de criticar o seu comportamento: “Até prova em contrário, parece ser uma pessoa séria e de convicções, e não é isto que o muda. Mas sendo titular de uma pasta política com natural contacto com um dos maiores contribuintes portugueses, o Secretário de Estado devia ter tido o bom senso de declinar o convite institucional que lhe foi feito. Por uma simples razão: uma viagem ou um jantar não está associado directamente a um favor, mas temos sempre de nos perguntar o que a leva a empresa a fazer determinado convite.”
  • Regras e transparência, o editorial de Leonídio Paulo Ferreira no Diário de Notícias: “É importante que haja bom senso da parte de quem aceita um convite. Não é o mesmo aceitar um convite da federação e aceitar um convite de uma empresa, mesmo que patrocinadora. E não é o mesmo aceitar um convite de uma empresa e aceitar o convite de uma empresa com a qual se está de alguma forma em conflito.”
  • Silly mas não demasiado, por favor, de Martim Silva no Expresso Diário (paywall), que analisa a polémica do IMI e o Galpgate, notando que “quando o mesmo Rocha Andrade, perante a delicada polémica envolvendo a Galp, decide, encurralado, que afinal vai pagar uma viagem num avião fretado e o dinheiro do bilhete. Como se isso resolvesse o problema político entretanto colocado – do género, 'tomem lá e não se fala mais nisto!'” Aproveita também para tecer criticas aos partidos da direita que “vêm, ufanos, pedir a cabeça do secretário de Estado que viaja para ver um jogo da bola, sabendo, como sabem que a prática é generalizada e tem anos. Ou os governantes do PSD e do CDS nunca foram ver jogos a convite? Por amor de Deus, quem querem enganar? Já sabemos, estamos em Agosto. A season é silly. Mas convém não abusar...”
  • Subir a pulso ou viver de favores, de Raquel Abecasis na Rádio Renascença, onde se chama a atenção para algo que devia ser claro: “Alguém acredita que os convites foram feitos por acaso? Não, mas o Governo diz que isso já lá vai, os senhores vão pagar as despesas e o assunto está encerrado. Esperemos que não esteja encerrado, porque os dossiers estão na mesa do governo à espera de decisões que os responsáveis políticos não podem tomar, sob pena de verem impugnadas as suas decisões.”
  • Quem não quer ser lobo..., de António Esteves no site da RTP, onde recorda que a prática deste tipo de convites é bastante generalizada, mas que isso não iliba o governante: “Acredito que Rocha Andrade tenha pensado duas coisas quando recebeu o convite, ambas erradas: que várias pessoas recebem e aceitam, mesmo quando exercem funções governativas, e que sabe bem aproveitar estas borlas enquanto dura o cargo que as justifica. Poderá até ter acreditado que não se deixaria condicionar no futuro. Rocha Andrade não percebeu o que estava em causa e por isso entendeu que pagando o valor das viagens à GALP o caso estaria resolvido. Não está.”
  • Rocha Andrade, o sol e as sombras da matéria, de Ana Sá Lopes no jornal i, um dos primeiros textos a serem publicados e que reflecte sobre os danos políticos que este caso, associado à polémica do IMI, pode causar: “Mais problemática do que a taxação do sol, para o secretário de Estado Rocha Andrade, foi a aceitação de isenção de taxa para ver o futebol, à conta da Galp, que está em guerra com o Estado por causa do pagamento de impostos. O que passou pela cabeça do secretário de Estado quando aceitou um convite destes? Ingenuidade política elevada ao cubo? Ignorância de que o sol já era taxado, mas a Galp não? A aceitação deste convite fez mais pelo descrédito do governo do que o aumento do IMI.”



Antes de sairmos de Portugal para abrir um pouco os horizontes, deixem-me ainda referir um daqueles textos de opinião que é, ao mesmo tempo, um texto onde aprendemos história e economia. Refiro-me a O imposto sobre janelas, à portuguesa, de Helena Garrido aqui no Observador, onde a colunista recorda a experiência – famosa por maus motivos – dos impostos sobre janelas no Reino Unido para criticar a ideia de um IMI que penalize as habitações com melhor exposição solar. Pequena passagem: “No Reino Unido o efeito do imposto sobre as janelas foi tirar a luz aos mais pobres e alterar a arquitectura. No novo IMI vamos tirar a luz e as vistas aos remediados. Só os ricos passam a conseguir ter sem problemas casas viradas a Sul, com bons terraços e boas vistas. Para os outros que queiram poupar no IMI, ficam as casas viradas para o frio e escuro Norte e as vistas de cemitérios, lixeiras ou ETAR.”

(Leitura complementar: o texto de João César das Neves no Diário de Notícias, A pergunta decisiva, onde o professor de Economia discute a falta de investimento em Portugal: “A questão decisiva da economia portuguesa é saber por que não cresce o investimento, qual a razão dessa terrível situação? A resposta está precisamente no enviesamento dos debates e temas que ocupam as autoridades. Quem é que, português ou sobretudo estrangeiro, quererá investir num país com esta governação? Os empresários não são estúpidos e sentem bem o clima político. Num mundo globalizado é difícil um país atrair empreendimentos de valor, mesmo quando se empenha nesse sentido. Quando se ignora a questão, dedicando-se a distribuir benesses que ainda não foram produzidas, os investimentos não só não vêm, mas até se perdem os que se tinham.”)


Esta última referência proporciona-me uma boa passagem para um texto que permite ao Macroscópio regressar a um tema que tem sido recorrente nestas newsletters: a da falta de crescimento, ou de ritmos de crescimento muito débeis, em todo o mundo desenvolvido. Faço-o agora para referir um texto de Martin Wolf no Financial Times que tem como ponto de partida um livro que está a ter grande impacto nos Estados Unidos e nos meios académicos: The Rise and Fall of American Growth: The US Standard of Living Since the Civil War, de Robert Gordon. Em An end to facile optimism about the future o influente colunista do Financial Times nota que “The story told by Prof Gordon demolishes both facile optimism about prospects for economic growth and facile pessimism about the end of employment. We are neither in the middle of an era of unprecedented economic advance nor on the brink of an era of exceptional job destruction. This is partly because technological progress is so limited. It is also because so much of our economy is immune to rapid productivity rises.” Ou seja, não estamos perante boas notícias. Daqui que acrescente: “The view that steady and rapid rises in the standard of living must endure is a pious hope. The tendency to believe that some “structural reforms” will fix this is, similarly, an act of faith. It is essential for policy to promote invention and innovation, so far as it can. But we must not assume an easy return to the long-lost era of dynamism. Meanwhile, the maldistribution of the gains from what growth we have is a growing challenge. These are harsh times.”

Esta falta de crescimento, a quebra das expectativas relativas à evolução do nível de vida e a percepção de que as vantagens da globalização estão mal distribuídas tem contribuído, e muito, para o crescimento de diferentes populismos dos dois lados do Atlântico. No El Español, o politólogo Christian Demuth escreve precisamente sobre este tema em Receta para aprender del éxito del populismo en Europa. Há uma passagem, relativamente à forma como hoje se faz política, aparentemente sem qualquer emoção e com demasiados “esquemas”, passagem essa que me pareceu especialmente interessante: “Leonard Novy, profesor del Instituto para los Medios de Comunicación y la Comunicación Política de Berlín, constata que el día a día de los políticos tradicionales les ha hecho olvidarse de la emoción. “Los partidos tradicionales son víctimas de usar márquetin político, centrándose en crear argumentos buenos para determinados sectores de la población, usando demasiado poco la emoción en política”, apunta Novy a este periódico. Con él coincide Demuth, quien está convencido de que los partidos “han de ofrecer ofertas emocionales y no sólo elaborar documentos con propuestas políticas inteligentes”. Según Novy, los populistas están prácticamente “monopolizando” las emociones en política.”

Termino este bloco de recomendações internacionais como uma chamada de atenção para um magnífico texto do escritor marroquino Tahar Ben Jelloun, Lettre aux Musulmans, a que tive acesso através do Le Site Info. Não é possível sintetizá-lo neste espaço, vale a pena conhecê-lo na íntegra, como verificarão lendo esta passagem: “Si l’Europe nous a accueillis, c’est parce qu’elle avait besoin de notre force de travail. Si la France a décidé le regroupement familial en 1975, c’est pour donner à l’immigration un visage humain. Alors, il faudra nous adapter aux lois et droits de la république. Nous devons renoncer à tous les signes provocants d’appartenance à la religion de Mahomet. Nous n’avons pas besoin de couvrir nos femmes comme des fantômes noirs qui font peur aux enfants dans la rue. Nous n’avons pas le droit d’empêcher un médecin homme d’ausculter une musulmane. Nous n’avons pas le droit de réclamer des piscines rien que pour des femmes. Nous n’avons pas le droit de laisser faire des criminels qui ont décidé que leur vie n’a plus d’importance et qu’ils l’offrent à Daech.”

Palavras importantes e palavras raras. Com elas vos deixo à entrada deste primeiro fim-de-semana de Agosto, com votos de bom descanso, sobretudo se estiverem de férias. Onde, espero, também tenham mais tempo para boas leituras. Até para a semana.

 
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