Perdi
a conta às notícias que dei sobre a Uber no último ano e meio. Das
polémicas internacionais à nacional, das manifestações às reações, dos
taxistas aos comissários europeus. Dos recordes que já ficaram nas ruas.
Dos emails mais (ou menos) furiosos que recebi. Dos explicadores que
escrevi para pôr um ponto de ordem no caos que se tornou a atualidade. E
num futuro próximo, não tenho grandes dúvidas: alguém vai ter de
investigar a fundo o fenómeno criado por Travis Kalanick.
Afinal,
sejamos francos. Quando o assunto é Uber (ou outras soluções do
género), falamos de uma coisa relativamente simples – de uma aplicação
móvel que junta motoristas privados a pessoas que querem deslocar-se
dentro das cidades. Junta-se uma componente de geolocalização e um
pagamento eletrónico e voilà! – temos uma app que vale
62,5 mil milhões de dólares. (Se pensou que a Uber era a última
Coca-Cola do deserto que é a inovação tecnológica, é melhor pensar duas
vezes.)
Entre
tanta coisa lida e escrita sobre a empresa de Kalanick, há algo que
ainda não me tinha passado pela cabeça – que uma empresa que tem o mundo
e as autoridades à perna tivesse um sistema de segurança tão permeável
que permitiu que três jovens portugueses – Filipe, Vítor e Fábio –
entrassem nele, detetassem 15 falhas de segurança e cobrassem 16.000
euros a Kalanick para resolvê-las. Sim. São
hackers, são “bonzinhos”, são portugueses e contaram ao Flávio Nunes e à Elsa Araújo Rodrigues como tudo aconteceu.
É uma história de ler e salivar por mais.
No
final, garantem: não preveem dar descanso à Uber. E ainda bem. A
avaliar pela vontade do Governo, no final do verão há regulamentação
nacional que permita que soluções como a Uber ou a Cabify circulem em
Portugal dentro do que a lei prevê. Até lá, sou eu que não prevejo
descanso nas notícias. E desconfio que Kalanick também não.
Quanto
a nós, encontramo-nos na próxima terça-feira. É provável que ainda
esteja a recuperar de todos os concertos que quero ver no NOS Alive,
enquanto me preparo para o round 2, no Super Bock Super Rock.
Vemo-nos por lá? Se não conseguirmos, não se preocupem – o Observador
vai acompanhar tudo ao minuto. Não vos vai escapar nada.