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Por Martim Silva
Diretor-Executivo
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8 de Junho de 2016 |
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O milagre tem 108 dias e 155 mil minutos. E aconteceu em São José
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Bom dia, (Marcelo
promulgou as 35 horas, mas deixou avisos. E vetou pela primeira vez um
diploma da geringonça, o das barrigas de aluguer. Mas já lá vamos)
A 20 de fevereiro, David Cameron terminava uma ronda negocial com os
parceiros europeus e voltava ao Reino Unido para marcar o referendo do
“brexit” para o dia 23 de junho. O mundo evocava o nome do intelectual
italiano Umberto Eco, falecido na noite anterior. A portuguesa Leonor
Teles arrebatava o Urso de Ouro para curtas metragens no Festival de
Berlim. O Benfica ganhava em Paços de Ferreira e mantinha-se na
perseguição ao Sporting na liderança do campeonato. O ministro da
Cultura João Soares atirava-se ao diretor do CCB António Lamas, que
queria ver fora do cargo. Isto foi o que lemos e ouvimos a 20
de fevereiro. Mas o que não lemos e não ouvimos foi sobre o milagre. O
milagre que então começava não estava nas notícias. S.,
de 37 anos, dava entrada no Hospital de São José , em Lisboa, pelas
onze da noite, com uma hemorragia cerebral. S. estava grávida de 15
semanas. Entrou em morte cerebral. Os médicos, em acordo com o pai e a
família da mãe da criança, decidiram prolongar a vida de S. e tentar
levar a gestação da criança até às 32 semanas de gravidez, algo que
nunca tinha acontecido. A mãe permaneceu ligada à
máquina, com o coração a bater, e alimentada por via endovenosa. E o
bebé milagre foi crescendo. 15 semanas depois, nasceu. O
milagre começou a 20 de fevereiro e consumou-se ontem, em forma de
cesariana. Passaram quatro meses. 108 dias. 2592 horas. 155 mil minutos.
Às 32 semanas de gravidez, a equipa de médicos que acompanhou S. e a
sua criança ao longo deste tempo conseguiu o milagre nunca antes
atingido em Portugal. Nasceu um menino, de 2,350 kilogramas.
Nunca em Portugal se tinha conseguido nada assim. Uma equipa de heróis.
Um milagre da medicina. E (também) uma terrível tragédia. Aqui pode ler o que o Expresso, o Público e o DN já escreveram sobre o assunto. (Não sei quem vai ser condecorado pelo Presidente da República no 10 de Junho. Mas a partir de ontem sei quem merecia lá estar) EURO 2016 (se não gosta de futebol nem um bocadinho salte este capítulo e retome o Curto abaixo)
É já daqui a dois dias, em França, que se inicia o campeonato da Europa
de futebol. Aqui no Expresso, em conjunto com a SIC e a Visão, temos
montada uma operação especial para lhe fazer chegar tudo o que interessa
sobre o Euro, com particular destaque para a seleção nacional (a
Mariana Cabral já está em França, em Marcoussis, e vai contar o que vê e
lê e ouve por lá). Por cá, o Pedro Candeias está ao leme do euro2016.expresso.pt. E há muito para ler: -Os números à volta da segurança e do receio de atentados terroristas impressionam. A França vive um momento intenso, pelo início do Euro mas também pelos riscos que uma tal competição pode trazer. -João Mário, ainda muito novo, é já um dos maiores craques e esperança nacional para o Euro. Fomos entrevistá-lo. E descobrimos que quando era miúdo era assim para o gordinho… -Todos os dias, o Adriano Nobre desencanta uma história do baú. Esta é sobre as convocatórias mais estranhas e polémicas que já tivemos em Portugal. -A poucos dias do início da competição, os 23 já estão finalmente reunidos e lá se conseguiu fazer a foto oficial da seleção. E Marcelo Rebelo de Sousa já tem uma camisola oficial (com direito a nome e tudo). -Daniel Cruzeiro lembra o Euro 96 e as cabeleiras de Cadete e Poborsky. -E até o Ricardo Costa aproveita o Euro para encolher a barriguinha e fazer uma perninha neste relvado, com a crónica “Esquecer o Brasil, Lembrar Portugal”.
-Outra “velha glória” que escreve no site do Euro é o Jorge Araújo
(consta que tinha mesmo talento com a bola quando era novo), que vai
deixando umas histórias por aqui. -No site também pode fazer também a sua escolha do onze ideal nacional, e ver quais são os nomes preferidos dos internautas. Eu já fiz a minha seleção…
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OUTRAS NOTÍCIAS Cá dentro, -Marcando uma clara diferença em relação ao que estávamos habituados, Marcelo Rebelo de Sousa resolveu em tempo recorde o
que fazer em relação às três polémicas leis que esta terça-feira
aterraram em Belém para análise (promulgação, veto ou envio para o TC). Sem esgotar o prazo, longe disso, Marcelo decidiu aprovar a lei que reduz o horário de trabalho na Função Pública novamente para as 35 horas semanais (mas ainda com a ameaça de envio do diploma para o TC se este acarretar aumento de custos). Claro que sem demora o Governo já veio garantir que o diploma não vai mesmo aumentar os custos para o Estado. Ao mesmo tempo, o Presidente vetou o diploma das chamadas barrigas de aluguer, e promulgou o alargamento da lei da Procriação Medicamente Assistida.
Agora cabe ao Parlamento alterar o diploma chumbado, ou confirmá-lo por
maioria absoluta dos deputados (o que obrigaria o Presidente a deixá-lo
passar). -As negociações com Bruxelas para a capitalização da Caixa Geral de Depósitos ainda parecem longe do fim, reconheceu o ministro das Finanças, Mário Centeno. -A ida de Paulo Portas para a Mota-Engil continua, naturalmente, a causar ondas de choque. No Expresso Diário o Ricardo Costa explica
como a opção, sendo inteiramente legítima, mina qualquer possibilidade
de um regresso de Portas à política (à semelhança do que aconteceu a
Luís Amado quando foi para o Banif e se colou à Guiné-Equatorial).
Aqui mostramos como a empresa de construção e os partidos de poder em Portugal são assim uma espécie de BFF (Best Friends Forever). -O Governo, que hoje reúne o Conselho de Ministros no Convento da Arrábida, está a estudar a possibilidade dos Politécnicos poderem conferir o grau de doutoramento. -Imperdível é a entrevista que a Ângela Silva e o Filipe Santos Costa fizeram a Vasco Pulido Valente,
a propósito de um novo livro de crónicas suas que vai ser lançado. Esse
era o propósito mas na verdade a entrevista foi muito, muito mais que
isso. Ácido como sempre, lúcido como nunca, um retrato cru e muitas
vezes cruel da nossa situação e sobre os nossos protagonistas. -As magníficas reportagens do Pedro Coelho na SIC sobre a queda do Banif têm uma versão escrita. E podem ser lidas no Expresso. -Muito interessante é esta entrevista que a Alexandra Simões de Abreu fez a Alexandra Leitão, a mediática secretária de Estado da Educação,
e que tem dado a cara, e assumido a maternidade, da ideia de rever os
contratos de associação com os colégios. Ficamos a saber o seu percurso,
como pensa, como chegou ao governo e como tem uma relação à prova de
bala com o ministro. -Carvalhão Gil, o espião do SIS que foi detido em Roma, já está em Portugal e foi ouvido pelas autoridades judiciais no caso em que é suspeito de vender segredos de Estado aos russos.
-Depois do Diário Económico ter acabado com a edição em papel, do
Jornal de Negócios ter mudado a direção, de Bárbara Reis anunciar a
demissão do Público, agora é a vez das mudanças chegarem ao DN, com o diretor, André Macedo, a anunciar que deixa o cargo até ao final de julho. -Depois da recente polémica, não é que José Cid volta à carga? Numa entrevista à CMTV pediu desculpa aos transmontanos e criticou Tony Carreira. -E José Avillez soma e segue e o seu restaurante Belcanto é já o 78º melhor do mundo. Lá fora, -Hillary Clinton
já parece ter atingido a aguardada meta (2383) do número de delegados
necessários para poder ser escolhida na convenção democrata de julho
como candidata do partido às presidenciais norte-americanas de novembro.
Do lado de cá do Atlântico,
olha-se para o anunciado duelo Hillary-Trump como o combate dos
mal-amados. E é bem verdade que se fizermos apenas um ligeiro esforço de
memória percebemos que estamos a quilómetros da expectativa que há oito
anos Obama criava. De qualquer forma, este momento é histórico, já que ficamos um passo mais perto de termos a primeira mulher presidente dos EUA. -O Banco Mundial reviu em baixa as previsões de crescimento para a economia mundial. Mais uma notícia a lançar dúvidas sobre a economia do planeta nos próximos anos. -Uma primeira edição de O Capital, de Karl Marx,
vai a leilão. E o seu valor pode atingir os 150 mil euros. Ou seja,
pode representar uma grande mais-valia para quem se desfizer do
exemplar. -Moby acaba de lançar gratuitamente na internet quatro horas de música para os seus fãs. Música, diz o próprio, para fazer yoga e meditar. -E as Spice Girls anunciam uma tournée para assinalar os vinte anos de sucesso. E nós que estávamos quase a conseguir esquecer que elas alguma vez existiram. FRASES "Nas Europeias houve mais de 500 socialistas que quiseram lixar o Seguro e votaram Marinho e Pinto", Manuel dos Santos, socialista que vai substituir Elisa Ferreira no Parlamento Europeu, ao i "Não passo droga. Não tenho mulheres a atacar. Ganho dinheiro de forma legal", Chef Olivier, em entrevista à Sábado "Acreditamos em vós como acreditamos em Portugal", Marcelo Rebelo de Sousa, para a seleção nacional, citado pelo Público "O PS tem hoje uma atitude mais cética em relação à Europa", Mariana Mortágua, deputada do BE, no DN O QUE EU ANDO A LER Sugestão de leitura é o novo romance do escritor suíço Joel Dicker, que há três anos fez furor (e vendeu milhões) com o policial “A Verdade sobre o Caso Harry Quebert”.
Agora, em “O Livro dos Baltimore”,
Dicker volta à carga e conta a história de Marcus Goldman e dos seus
amigos e família, o “gangue de Baltimore”, numa narrativa envolvente,
cheia de avanços e recuos no tempo, até se desvendar finalmente “o
Drama” (assim mesmo, em maiuscúla). A escrita de Dicker agarra e o livro
lê-se sem parar. Já depois de “O Livro dos Baltimore”, tenho
andado às voltas com a biografia de uma das mais fascinantes,
independentes e lúcidas personalidades da vida portuguesa, António Barreto. O livro é de Maria de Fátima Bonifácio e prometo aqui voltar a ele num próximo Curto.
E agora que Hillary Clinton
já está mesmo confirmada como próxima candidata dos Democratas à Casa
Branca, também conto falar aqui num destes dias de alguns dos episódios
mais marcantes da sua vida relatados na sua biografia. Por hoje é tudo, mais logo temos seleção. No Estádio da Luz, contra a Estónia, no último ensaio antes da partida para França. E já com Cristiano Ronaldo em campo. Tenha um grande dia (que já sabemos que vai ser muito quente).
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