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Translação da Santa Casa de Loreto. Pintura anônima do século XVII, México |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs
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Numa conferência promovida pelo Centro Cultural
“Amici del Timone”
de Staggia Senese, Itália, sobre “A santa Casa. História da incrível
translação angélica da Casa de Maria de Nazareth a Loreto”, se
desenvolveu ainda mais um tema que interroga à engenharia.
Com
efeito, na cidade de Loreto, região Marche, há séculos se encontra a
Santa Casa, onde nasceu Nossa Senhora e onde Ela recebeu o Anúncio da
Encarnação pela voz do Arcanjo São Gabriel.
Porém, o fato se deu
em Nazaré, Terra Santa. E ali se encontram os fundamentos da mesma
Santa Casa. Esses, comparados com as dimensões e características Casa de
Loreto coincidem perfeitamente. E as afinidades e concordâncias não
acabam por ali.
Como é que a Santa Casa se descolou, por assim
dizer, da sapata e foi aparecer íntegra a perto de 3.000 quilômetros de
distância e ali permanece até hoje, também íntegra?
A este assunto temos dedicado dois extensos posts do nosso blog:
– A transladação da Santa Casa de Nossa Senhora desde Nazaré até Loreto. Comprovações científicas surpreendentes.
– A Santa Casa de Loreto: descobertas científicas de causar pasmo.
– E também: Confirmação da autenticidade da Santa Casa de Loreto
A
translação aconteceu no século XIII, segundo provas históricas. Mas,
como ela pode ter sido feita considerando a pobreza dos recursos
tecnológicos da época?
Ela é atribuída a uma ação angélica
reconhecida oficialmente por Papas e defendida por santos. Mas, essas
autorizadas aprovações não visam explicar o procedimento material que
transportou um objeto do tamanho de uma casa de um continente a outro no
período máximo de uma noite.
Entretanto, essa translação está
confirmada com provas históricas, documentais e arqueológicas. A ciência
mais uma vez confirma a Igreja para pasmo de muitos.
O professor
Giorgio Nicolini que consagrou sua vida de estudo e investigação ao
caso, falou em dito Congresso. Com argumentos das referidas ciências,
ele considera demonstrada a veradicidade histórica do miraculoso
traslado.
Segundo ele expôs na conferência, existem muitos
documentos e testemunhos oculares do traslado, inexplicável à luz das
ciências e técnicas humanas.
O professor Nicolini estabeleceu uma cronologia da mudança de local.
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Santa Casa, percurso de Nazareth até Loreto |
1. No dia 9 de maio de 1291 a Santa Casa se encontrava ainda em Nazareth.
2.
Na noite entre 9 e 10 de maio de 1291 ela percorreu aproximadamente
3.000 quilômetros e chegou a Tersatto, na região da Dalmácia, onde hoje
fica a cidade de Fiume.
Naquela ocasião, o senhor feudal de
Tersatto, Nicolò Frangipane, enviou pessoalmente uma delegação a
Nazareth, para constatar se em verdade a Santa Casa tivesse desaparecido
de seu lugar original.
Os emissários não só constataram a
desaparição, mas encontraram a sapata sobre a qual a Casa havia sido
construída e de onde as paredes tinham sido tiradas em bloco.
Esses
fundamentos estão em Nazareth e em torno deles foi construída a
basílica da Anunciação. Em Loreto se encontra a Casa desprovida de
baseamento e apoiada diretamente no chão.
3.
Na noite entre os dias 9 e 10 de dezembro de 1294, a Santa Casa
desapareceu de Tersatto e pousou “em diversos lugares” da Itália. Ela
ficou durante nove meses numa colina sobre o porto de Ancona, que por
isso mesmo passou a ser denominada “Posatora”, do latim “posat et ora”.
No
local foi edificada uma igreja como lembrança do fato segundo registrou
na época um sacerdote que assina don Matteo, provavelmente testemunha
ocular.
Também duas lápides comemoram o fato. Uma é da mesma
época do evento, e está escrita em latim vulgar antigo. A outra está
escrita em vernáculo, é do século XVI e é uma cópia da mais velha.
A
lápide mais antiga de Posatora já falava de “Nossa Senhora de Loreto”
ficando claro que a inscrição foi feita após a partida do local.
4.
Em 1295, após nove meses em Posatora a Santa Casa foi trasladada a uma
floresta que pertencia a uma mulher de nome Loreta, na proximidade da
cidade de Recanati. De ali provém o nome Loreto.
5.
Entre 1295 e 1296, após permanecer oito meses nesse local, a Santa Casa
foi transportada milagrosamente até uma roça que pertencia a dois
irmãos da família Antici, sobre o Monte Prodo.
6.
Em 1296, após quatro meses na dita roça, a Santa Casa partiu e foi
pousar num sendeiro público que ligava Recanati e Ancona, sobre o Monte
Prodo, onde ainda se encontra.
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A Santa Casa em Loreto, estado atual do interior da casa de Nossa Senhora. |
Muitíssimos
outros elementos atestam a veracidade histórica do traslado
inexplicável. Três igrejas foram construídas em Ancona – duas ainda
existentes – lembrando que testemunhas oculares viram chegar a Santa
Casa “voando” a Ancona e a parada em Posatora.
Acresce que em
Forìo, na Ilha de Ischia, os pescadores da ilha que comerciavam com
Ancona voltaram narrando dos fatos que tinham se dado em 1295.
O
relato moveu os habitantes da cidade a erigir uma Basílica consagrada a
“Santa Maria di Loreto”. Eles também viram com seus próprios olhos a
Santa Casa em Ancona.
O culto das milagrosas translações foi
aprovado por diversos bispos da região. As aprovações dos Papas foram
sendo renovadas durante séculos até a instituição da Festa da Translação
no dia 10 de dezembro de todo ano, definitivamente estabelecida por
Urbano VIII em 1624.
A translação foi reconhecida por diversos
Sumos Pontífices, entre os quais Paulo II, Júlio II, Leão X, Pio IX,
Leão XIII e Pio XI. Os respectivos documentos em que os Papas reconhecem
o fato como sobrenatural além de seu valor religioso têm reconhecido o
valor de documento pela ciência histórica.
O professor Nicolini
apontou a mentalidade materialista, ora agnóstica e ateia, ora
protestante envolvida em papel Bíblia, que pretende desacreditar a
autenticidade da Santa Casa venerada em Loreto.
Em certo sentido,
essa oposição estimulou um aprofundamento dos estudos que demonstraram
ser originária da Terra Santa. Provam isso a composição química da massa
com que foi construída a casa, sua forma e muitos pormenores
arquitetônicos.
Contra a translação angélica, forjou-se até a
novela de que uma fantasiosa família principesca de Epiro chamada
“Angeli” teria desmontado a Casa e a teria transportado tijolo por
tijolo a pedido dos Cruzados que estavam vendo o avanço destrutor dos
muçulmanos.
Tal família teria depois reconstruído a casa em
Loreto. Nas condições de transporte do século XIII tal operação teria
sido uma façanha mais miraculosa de que a translação angélica.
As
pedras e tijolos estão unidos com uma massa cuja composição
físico-química só se encontra na Palestina. E precisamente na região de
Nazareth, inexistindo em qualquer parte de Marche e ou de qualquer outro
lugar da Itália.
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Vidro no chão permite observar que os muros sem alicerces estão ainda apoiados na terra e parte no vácuo |
Acresce
que se se a Casa foi desmontada e restaurada em diversos locais por mão
humana – como pretende a imaginosa objeção – não se entende como teria
sido possível conservar as exatas proporções geométricas da casa de
Nazareth cujos fundamentos hoje batem perfeitamente com os muros de
Loreto.
Tampouco teria sido possível que ninguém percebesse que a
Casa estava sendo desmontada e depois reconstruída, e ainda no breve
lapso de uma noite no centro do santuário de Nazareth e depois na
Itália.
Mais inexplicável ainda é o fato de a Santa Casa ter sido
finalmente depositada cortando uma velha estrada de terra. Nessa
estrada a passagem dos animais e das charretes abriu naturalmente
valetas no centro da estrada, elevou as margens que, por sua vez geraram
canaletas em ambos os lados.
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Vidro no pavimento da Santa Casa de Loreto permite ver que ela não tem sapata |
Dessa
maneira, os muros sem alicerces estão ainda apoiados na terra e parte
no vácuo. Isso hoje pode ser verificado pelos peregrinos através de um
vidro no chão.
Acresce que a Prefeitura de Recanati já naquela
época havia proibido construir casas nas estradas públicas e ordenou
demolir todos os prédios que fossem feitos em violação da norma.
Como é que então poderia ter sido refeita uma casa cortando a estrada sem que ninguém percebesse?
Outra
grade dificuldade provém da ausência de meios naquela época para
transportar uma casa inteira, ainda que desmontada tijolo por tijolo e
Pedro por pedra. Tratar-se-ia de algumas toneladas.
O transporte por terra teria sido ímprobo pela demora e pela quantidade de charretes, animais e homens necessários.
Por mar, embora mais factível, teria sido também demorado e sujeito a perdas pelas tempestades.
Mais
complicado ainda seria cortar os muros em partes e leva-las sem
desmanchar numa viagem de 3.000 quilômetros e depois recolá-las sem
deixar sinais dos pontos de junção.
Esses fatores materiais, explicou o prof. Nicolini, postulam a impossibilidade de um transporte com os meios técnicos da época.
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Uma das capelas da basílica da Santa Casa, em Loreto |
Também é errada e falsa a interpretação do documento em que se baseia a teoria descartada.
O
Prof. Andrea Nicolotti, da Universidade de Estudos Históricos de Turim,
após aprofundado exame, concluiu ser uma “falsidade histórica” a
interpretação do
“Chartularium Culisanense” de onde se pretende tirar a ideia de um transporte por obra de homem.
Na
única linha desse documento que fala da Santa Casa está escrito
textualmente: “As Santas Pedras tiradas da Santa Casa de Nossa Senhora a
Virgem Madre de Deus”.
Fica evidente que o documento não fala de toda uma Casa, mas só de algumas pedras de uma casa cuja localização não é mencionada.
Acontece
que Nossa Senhora residiu em outras casas. Por exemplo, os Evangelhos
mencionam a casa de São João, depois da crucificação de Jesus: “Depois
disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a
levou para a sua casa” (João, 19, 27).
E também a casa de Éfeso,
hoje na Turquia, onde é visitada por inúmeros romeiros, onde Nossa
Senhora se refugiou com São João para fugir da perseguição da Sinagoga.
Por isso é razoável concluir que dito documento – se for verdadeiro – não se refere nem mesmo à Casa de Nazareth.
Da
longa e detalhada demonstração do professor Nicolini se deduz que é
muito mais razoável supor a translação angélica resultante de uma obra
maravilhosa de Deus, para quem nada é impossível e que tem operado
milagres bem maiores do que esse.
Uma translação operada por mãos
humanas deveria ser considerada um evento ainda mais milagroso do que a
efetivada por obra dos anjos.