O programa de saúde em questão foi uma das primeiras campanhas
antitabagismo da história. Hitler era obcecado com a ideia de uma “raça
superior” ariana e via o fumo como uma ameaça para a saúde do povo
alemão. Ele sempre se gabou de ter parado de fumar em 1919 e apareceu em
folhetos antitabagismo advertindo que “cada alemão é responsável
perante todo o povo por todos os seus atos e omissões, e não tem o
direito de danificar seu corpo com drogas”.
Cientistas nazistas foram incentivados a pesquisar os perigos do
tabagismo e, em 1939, Franz Muller produziu o primeiro estudo
epidemiológico ligando cigarros ao câncer. Em 1943, pesquisadores
alemães haviam mostrado conclusivamente que fumar causava câncer de
pulmão. Infelizmente, esses estudos foram esquecidos no caos que seguiu a
guerra e levou mais uma década até pesquisadores norte-americanos
começarem a chegar às mesmas conclusões. Ainda assim, a campanha
antitabagismo nazista salvou a vida de milhares de mulheres (que foram
mais alvejadas pelas propagandas do que os homens, muitas vezes com
“força policial”).
9. Genghis Khan introduziu leis e liberdade religiosa
Genghis Khan correu toda a Eurásia destruindo impérios antigos e matando
um número estimado de 40 milhões de pessoas. Mas ele não era apenas um
ditador maníaco – ele tinha a intenção de construir uma nação mongol, e
tomou certas decisões importantes em direção a esse objetivo.
Em 1208, ele capturou um escriba chamado Tatar-Tonga, que adaptou o
alfabeto Uygur para criar o primeiro alfabeto do idioma mongol. Genghis
também criou um código legal e o aplicou em todo o seu império.
Surpreendentemente, Genghis insistiu em que essas leis deveriam
aplicar-se a ele também, bem a como seus súditos. Em um mundo onde
monarcas e outros governantes se consideravam acima da lei, este foi um
passo à frente incrível (seus herdeiros quase imediatamente desistiram
dessa ideia, no entanto).
Genghis ainda tornou seu irmão adotivo juiz supremo e encorajou-o a
manter um registro de todas as decisões legais. Por fim, concedeu
liberdade religiosa a todos dentro de seu império e ofereceu isenção
fiscal a locais de culto. Ele era conhecido por ser muito espiritual,
rezando antes de campanhas e discutindo religião e filosofia com
estudiosos como o taoísta Qiu Chuji.
8. Ashurnasirpal deu a maior festa da história para seu povo
Ashurnasirpal II foi um poderoso rei assírio que governou de 883-859 aC.
Ele também amava esfolar rebeldes vivos. Em um exemplo, ele
orgulhosamente se gabou de que ter esfolado muitos nobres que se haviam
rebelado contra ele, colocando suas peles sobre uma pilha de cadáveres. O
rei também era conhecido por queimar seus inimigos vivos, arrancar seus
olhos, ou deixá-los no deserto para morrer de sede. Mesmo para os
padrões da época, isso era um pouco excessivo.
Mas Ashurnasirpal não era apenas um psicopata esfolador. Ele também
podia ser bastante generoso com seus súditos. Entre outras coisas, o
ditador deu possivelmente a maior festa do mundo antigo. O festival
tinha como objetivo comemorar a criação de uma nova cidade chamada
Kalhu. De acordo com inscrições assírias, cerca de 69.574 pessoas foram
convidadas a partir de todo o império e além.
Durante 10 dias, Ashurnasirpal deu-lhes comida, bebida, banho, antes
de enviá-los de volta para suas terras em “paz e alegria”. Até mesmo o
menu sobreviveu, listando 1.000 bois, 14.000 ovelhas especialmente
importadas, 10.000 peixes, 10.000 ovos e 500 gazelas. Curiosamente,
estudiosos notaram que Ashurnasirpal não tinha qualquer necessidade
política para fazer o festival. Nenhum outro governante assírio fez
coisa semelhante. O monstruoso rei provavelmente só queria mostrar sua
nova cidade e dar uma grande festa.
7. Gaddafi iniciou o maior projeto de irrigação do mundo
Muammar Gaddafi tomou o poder em um golpe de estado em 1969. A Líbia
tornou-se um pesadelo, onde os inimigos do seu regime eram regularmente
presos e assassinados. Mesmo fugir para o exterior não ajudava, já que
Gaddafi tornou-se conhecido por enviar assassinos atrás de dissidentes
líbios exilados. Ele também era um entusiasta do terrorismo. Mais
notoriamente, agentes líbios foram responsabilizados pelo bombardeio do
voo 103 da Pan Am, que explodiu sobre Lockerbie, na Escócia, matando 270
pessoas.
Gaddafi foi destronado em 2011, deixando um país devastado pela
guerra civil. Mas ele não só fez mal para o povo da Líbia. Sob a sua
liderança, os líbios ganharam ensino gratuito, saúde e eletricidade,
além de habitação e transporte subsidiados. Por outro lado, a Líbia era
um país de seis milhões de pessoas e US$ 32 bilhões em receitas de
petróleo anuais, mas ainda ostentava 30% de desemprego e pobreza
generalizada. Com esse contexto, os programas sociais de Gaddafi parecem
menos como a generosidade do governo e mais como o mínimo necessário a
ser feito em uma nação onde a elite engolfava bilhões de dólares.
Mas Gaddafi pode gabar-se de pelo menos um projeto verdadeiramente
impressionante. A Líbia é um dos países mais secos do mundo, dependente
de chuvas esparsas ao longo da costa, aquíferos subterrâneos e projetos
de dessalinização caros. Quando Gaddafi chegou ao poder em 1969, muitos
aquíferos costeiros tinham sido poluídos por água do mar. A cidade de
Benghazi estava praticamente sem água potável. Então, o ditador
desenvolveu o Great Man-Made River Project (algo como “grande projeto de
rio feito pelo homem”), um plano extremamente ambicioso para bombear
água de aquíferos gigantes do sul isolado para o norte populoso do país.
As duas primeiras fases do projeto foram concluídas nos anos 90,
trazendo um suprimento confiável de água fresca a 70% da população da
Líbia. Isso exigiu uma rede de 1.300 poços e 5.000 quilômetros de tubos.
O sistema é capaz de bombear cinco milhões de metros cúbicos de água
por dia e os aquíferos são grandes o suficiente para fornecer água para
os próximos 1.000 anos.
Havia também planos de expandir o sistema e criar grandes fazendas em
áreas previamente improdutivas. No entanto, a obra diminuiu de tamanho
na década de 90, devido às sanções impostas após o atentado de
Lockerbie, e parou completamente durante a guerra civil de 2011, quando
bombardeios da OTAN destruíram uma fábrica chave (um lembrete de que o
Ocidente gosta de se meter em tudo, mas às vezes atrapalha mais do que
ajuda).
6. Fidel Castro revolucionou a saúde e a educação de Cuba
Depois de tomar o poder em 1959, Fidel Castro transformou Cuba em uma
ditadura de partido único, forçando dezenas de milhares de cubanos ao
exílio, executando vários dissidentes e jogando muitos outros na prisão.
Seu governo é considerado um dos piores violadores dos direitos humanos
que já existiu.
Tão deplorável quanto o governo de Castro foi, ele pode gabar-se de
alguns progressos genuínos. Por exemplo, os EUA e Cuba têm expectativas
de vida mais ou menos iguais, apesar do gasto americano ser 20 vezes
maior per capita em cuidados de saúde. Isto pode ser atribuído ao
sistema de saúde nacional de grande sucesso posto em prática por Castro,
apesar do fato de que metade dos médicos de Cuba fugiram do país
imediatamente depois que ele assumiu o poder.
Em 1959, quase um quarto da população adulta de Cuba era analfabeta.
Hoje, o analfabetismo adulto é quase inexistente. Ainda, depois da
revolução, o regime de Castro deu terreno a agricultores sem-terra,
criou novas habitações para substituir favelas, e introduziu um sistema
de educação universal.
Castro também fez um excelente trabalho na preparação para furacões.
Cada bloco em Cuba tem um capitão responsável em ajudar com evacuações
(que são obrigatórias), enquanto ônibus e caminhões públicos levam as
pessoas para abrigos designados. Os resultados falam por si: quando o
furacão Gustav atingiu Cuba, nem uma única pessoa morreu. O mesmo
furacão, em seguida, matou 26 pessoas no estado americano da Louisiana, o
que fez o diplomata norte-americano Wayne Smith concluir que “há muito
que os Estados Unidos podem aprender com sistema de resposta a furacões
de Cuba”.
5. Napoleão foi o pioneiro na criação do código legal francês
Napoleão Bonaparte carregou a França através de alguns dos mais
sangrentos conflitos da Europa. Estima-se que dois milhões de pessoas
morreram como resultado direto de suas guerras, enquanto outro milhão de
civis foram provavelmente vítimas indiretas de suas campanhas. A luta
foi particularmente brutal na Espanha, onde as forças de Napoleão
levaram a cabo execuções generalizadas de suspeitos guerrilheiros.
Apesar de toda sua brutalidade, no entanto, Napoleão era pelo menos
um semi-fã de princípios iluminados. Por exemplo, ele promoveu o sistema
de leis conhecido como Código Napoleônico, agora considerado um dos
documentos mais influentes na história do mundo.
O Código enraizou o princípio de que todos os cidadãos do sexo
masculino deveriam ser considerados iguais, sem privilégios de classe
hereditários, e delineou os direitos e deveres dos cidadãos na
sociedade. Também estabeleceu liberdade religiosa e garantiu que o
governo respeitasse a propriedade privada. Variações do código foram
adotadas pela maioria dos países da Europa e América do Sul, além de ser
uma grande influência para reformadores na Ásia também.
No entanto, o Código tinha grandes falhas, como a determinação de que
as mulheres não deveriam compartilhar dos mesmos direitos, mas sim
deveriam ser consideradas subordinadas a seus maridos.
4. Augusto Pinochet influencia a economia do Chile do hoje
Durante o reinado do ditador chileno Augusto Pinochet, mais de 3.000
pessoas foram permanentemente “desaparecidas”. O seu regime também
prendeu dezenas de milhares e brutalmente torturou pelo menos 28.000 dos
seus “inimigos”. Entre os torturados estão a atual presidente do Chile,
Michelle Bachelet, e sua mãe.
Sob o governo do presidente socialista Salvador Allende, os salários
no Chile cresceram e muitos setores da economia do país foram
nacionalizados. No entanto, em 1972, a economia tinha começado a
estagnar e a inflação atingiu 500% em seu pico. Em 1973, Pinochet, que
era comandante-em-chefe do exército, chegou ao poder em um sangrento
golpe apoiado pela CIA, que resultou na morte de Allende. Ele logo
recrutou uma equipe de economistas da Universidade de Chicago para
restaurar a estabilidade econômica do país. Os americanos propuseram uma
política neoliberal, incluindo a remoção de barreiras comerciais e
regulação estatal de comércio, bem como impostos e um programa de
privatização.
O que aconteceu em seguida é sujeito a debate. Se Pinochet fez uma
coisa boa com a economia do Chile ou não é algo bastante questionável.
Não há dúvidas de que suas ações reverberam até hoje, no entanto.
Algumas pessoas têm chamado o período de “Milagre Econômico Chileno”,
já que a inflação caiu de 375% em 1975 para 9,9% em 1982. O PIB do
Chile cresceu 8% em 1977 e 1979 e alcançou 10% em 1989. No entanto,
outros salientam que o PIB na verdade caiu 16% em 1982 e 1983, como
parte de uma crise econômica que praticamente eliminou o setor
financeiro do país. O crescimento econômico que ocorreu na maior parte
beneficiou somente a classe alta, aumentando muito a disparidade de
renda.
As reformas econômicas de Pinochet acabaram por resultar em
crescimento econômico global e em grande parte permanecem até agora.
Enquanto isso, os 20% dos chilenos mais ricos ainda ganham 14 vezes mais
do que os 20% mais pobres.
3. Zia-ul-Haq supervisionou uma economia em expansão
Sob o regime islâmico linha-dura de Muhammad Zia-ul-Haq, a perseguição
estatal era normal no Paquistão, com mulheres, dissidentes políticos e
minorias particularmente propensos a ser alvos. Um exemplo notável foi o
seu tratamento da seita Ahmadiya – o culto foi criminalizado e seus
seguidores muitas vezes foram condenados à morte por violar leis de
blasfêmia.
Mas Zia-ul-Haq também supervisionou um período de crescimento
econômico sustentado. Durante seu tempo no governo, entre 1977 e 1988, o
crescimento do PIB foi em média de 6% ao ano, o rendimento agrícola
aumentou 4% ao ano, e a fabricação registou um crescimento de 9% ao ano.
Parte disso foi devido à liberalização da economia, o que incentivou o
crescimento do setor privado. Várias indústrias públicas também foram
desnacionalizadas (os bancos foram uma notável exceção). Ele também
encorajou o livre comércio.
Zia-ul-Haq morreu em um acidente de avião em 1988.
2. Rafael Trujillo conquistou estabilidade e prosperidade
Rafael Trujillo subiu ao poder em 1930 e governou a República Dominicana
com mão de ferro até ser assassinado em 1961. Como todos nesta lista,
foi um dos piores seres humanos que o mundo já viu. Suas forças
torturaram e assassinaram qualquer um que se opunha a ele, jogando os
corpos aos tubarões.
Em 1937, ele ordenou o assassinato de cerca de 20.000 haitianos
vivendo na República Dominicana. Seus capangas se espalharam através das
fronteiras, exigindo que os camponeses dissessem a palavra espanhola
“perejil”. Qualquer pessoa considerada como tendo um sotaque do Haiti
era imediatamente morta.
Sem surpresa, Trujillo não era popular. Apesar disso, a República
Dominicana viu um certo aumento no padrão de vida durante o seu reinado.
Houve melhorias em saneamento e seu regime construiu hospitais,
estradas e escolas. Claro, Trujillo e seus comparsas desviaram uma parte
significativa do orçamento de obras públicas por meio de propinas e
peculato. Mas Trujillo pagou toda a dívida do país, manteve a moeda
estável e construiu e melhorou aeroportos e edifícios públicos, trazendo
um certo grau de prosperidade do qual o país não dispunha
anteriormente.
1. Periander foi um governante sábio e cruel
Periander foi um tirano da cidade grega de Corinto em cerca de 627-587
aC. De acordo com Heródoto, quando Periander assumiu o trono, ele enviou
um mensageiro a um outro tirano grego pedindo conselhos. O tirano levou
o mensageiro para um passeio em um campo de trigo, enquanto cortava
todas as plantas mais altas. Periander entendeu a mensagem e assassinou
ou exilou todos os cidadãos mais talentosos de Corinto, que poderiam um
dia desafiar seu governo.
Sua crueldade chegou a chocar seus companheiros gregos. Por exemplo,
quando navios de Corinto ancoraram na ilha de Samos com os filhos de 300
cidadãos importantes que seriam castrados e vendidos como escravos, os
samianos ficaram tão horrorizados que disseram aos meninos para se
refugiarem no templo de Artemis, impedindo os soldados coríntios de
recuperá-los.
É dito também que Periander matou a própria esposa, chutando-a quando
ela estava grávida. Depois, sentiu remorso e queimou vivas as
concubinas que ele culpava pela briga.
Parece que Periander foi apenas um enorme babaca, mas, aparentemente,
ele também fez muito para melhorar a cidade que governou. O tirano
forjou alianças com estados gregos e não gregos e melhorou o comércio
com o Mediterrâneo ocidental. Ainda negociou a paz entre Atenas e
Mitilene e estabeleceu colônias na península balcânica. Por fim,
patrocinou a construção de uma passagem através do istmo de Corinto, a
fim de reduzir o tempo gasto em transporte dos navios.
Poetas foram convidados a sua corte e o estilo arquitetônico dórico
foi estabelecido durante o seu reinado. Após sua morte, ele se tornou
conhecido como um dos Sete Sábios da Grécia, e foi creditado com a
escrita de uma coleção de cerca de 2.000 versos. [
Listverse]