“Não basta que todos sejam iguais perante a lei.
É preciso que a lei seja igual perante todos.”
Salvador Allende
Faço
parte dos 54 milhões de brasileiros e brasileiras de todas as classes
sociais, que confiam na competência e honestidade da presidenta Dilma
Rousseff.
No
Congresso Nacional, há 513 deputados federais e 81 senadores que
recebem salário mensal de R$33,7 mil e, além disso, ajuda de custo,
auxílio moradia e verba de gabinete para até 25 funcionários.
Se
os políticos que têm interesse no impeachment da presidenta Dilma
representassem o povo, proporiam a redução do próprio salário e
cortariam os próprios privilégios.
De
acordo com o art. 52 da Constituição Federal de 1988, é competência do
Senado, dentre outras, processar e julgar o presidente e o
vice-presidente da República nos crimes de responsabilidade. Dilma não
cometeu nenhum crime de responsabilidade que justifique a proposta de
impeachment.
Nos
tempos de FHC (1995 a 2002), havia várias suspeitas de corrupção
envolvendo o ex-presidente, mas o Congresso não propôs impeachment.
Quanto
à Petrobras, em 1996, o jornalista Paulo Francis denunciou a corrupção
na estatal durante programa de TV GloboNews, mas FHC não instaurou CPI e
o Congresso não propôs impeachment do presidente por omissão.
Em
2000, José Eduardo Andrade Vieira, ex-ministro de FHC e ex-senador,
denunciou o uso de caixa 2 na campanha de eleição presidencial de FHC em
1994, mas o Congresso não propôs impeachment do presidente.
Se
o Congresso não propôs impeachment para FHC com base em denúncias, não
tem moral para propor impeachment para Dilma que combate a corrupção,
doa a quem doer.
A
partir de 2003, foi intensificado o combate à corrupção por meio de
ações da Controladoria Geral da União (CGU), CPIs, operações da Polícia
Federal e julgamentos no STF.
Pela
primeira vez na história do Brasil, além de políticos, empresários e
funcionários de alto escalão foram presos por prática de corrupção.
Entre
2003 e 2014, por meio da Controladoria Geral da União, criada no
governo Lula e que continua a atuar no governo Dilma, 5.067 funcionários
públicos federais foram punidos, com exoneração do cargo, sendo 3.409
por ato de corrupção.
Nunca
se combateu tanto a corrupção no Brasil quanto nos governos do PT e
isso incomoda os políticos acostumados com a impunidade que vigorava
antes de 2003.
Muitos
políticos do Congresso alegam que o problema é a corrupção na
Petrobras, mas esse não é o verdadeiro motivo pois os criminosos
delatores citaram políticos não apenas do PT, mas também do PSDB, PMDB,
PP e PSB.
Por
exemplo, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) e todos os políticos
do PSDB que votarão a favor do impeachment da Dilma têm seus respectivos
partidos citados, pelos delatores, como participantes de esquemas de
corrupção na Petrobras.
Então,
se votarem a favor do impeachment de Dilma, terão de votar também a
favor da cassação do mandato dos políticos do PSDB e PMDB citados pelos
criminosos delatores. Somente após o julgamento pelo STF se saberá os
nomes dos políticos que lesaram a Petrobras e o valor desviado.
A
corrupção no Brasil começou no século 16 e continuou nos séculos
seguintes, inclusive na ditadura militar (1964-1985), mas a mídia
isenta, democrática e apartidária, principalmente a TV Globo e a Veja,
não mostrava.
A
corrupção na Petrobras não é o maior escândalo de corrupção na história
do Brasil, pois, antes de 2003, houve escândalos maiores que não foram
investigados pois não houve CPI.
A
verdade que a TV Globo e Veja escondem da população é que os políticos
do Congresso que são a favor do impeachment da presidenta Dilma é porque
são contra:
–
a reforma política com financiamento público transparente, pois,
atualmente, as eleições são financiadas por ricos empresários e
banqueiros interessados na continuidade do atual sistema político que
favorece a corrupção entre empresas e diferentes partidos políticos;
–
a reforma tributária, pois seus financiadores – os ricos empresários e
banqueiros – querem que continue tudo como está, ou seja, os ricos cada
vez mais ricos, os pobres continuarem pobres e a classe média reclamando
dos impostos;
–
a regulamentação da mídia, pois querem continuar sendo proprietários de
emissoras de tevê e rádio, o que contribui para serem eleitos e
reeleitos durante décadas.
O
povo não quer impeachment, porque sabe que o problema do Brasil não é a
presidenta Dilma. O que o povo quer é a solução para seus problemas nas
áreas de educação, saúde, habitação e transporte.
Os
maiores problemas do Brasil são corrupção política e sonegação fiscal
que não se resolverão com impeachment, muito pelo contrário.
O
Brasil perde com a corrupção política mas muito mais com a sonegação
fiscal. Em 2013, perdeu R$415 bilhões e em 2014, R$500 bilhões com a
sonegação de impostos. Os maiores sonegadores são os ricos que não pagam
todos os impostos, apesar de terem plenas condições de cumprir seu
dever como cidadãos do Brasil.
As
vítimas da corrupção política e sonegação fiscal são os pobres e a
classe média, que precisam de mais investimentos públicos nas áreas
essenciais para terem melhor qualidade de vida.
Quantas creches, escolas, universidades e hospitais poderiam ter sido construídos no último biênio com R$915 bilhões?
A
corrupção política e a sonegação fiscal são responsáveis pelos
problemas cotidianos enfrentados pelos pobres e classe média nas áreas
de educação, saúde, habitação, transporte e segurança.
A reforma política, reforma tributária e regulamentação da mídia são as soluções para os dois grandes problemas do Brasil.
Se
os políticos interessados no impeachment amassem nossa bandeira,
apoiariam as reformas fundamentais para avançarmos na justiça social,
condição para a paz.
Tais
políticos são inimigos da pátria, pois, além de defender o impeachment,
são contra as reformas propostas pela presidenta Dilma que representam a
solução para os maiores problemas do Brasil.
Espero
que o Brasil ganhe esse jogo político contra o impeachment para o bem
de todos os brasileiros, especialmente dos pobres e da classe média.
Viva o Brasil! Viva a justiça! Viva a democracia! Fica, Dilma
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ANTÓNIO FONSECA