terça-feira, 19 de maio de 2015

observador - macroscópio - 18 de maio de 2015

Macroscópio – Uma noite de festa não é uma noite de bárbaros‏

Macroscópio – Uma noite de festa não é uma noite de bárbaros

Para: antoniofonseca40@sapo.pt
 


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
 
Esta devia ter sido uma noite de festa para os benfiquistas. Não foi. Pelo menos não foi como devia ter sido, apesar de a esmagadora maioria dos que foram a Guimarães ou convergiram para o Marquês de Pombal apenas teram cantado, saltado e brindado. Infelizmente – para os benfiquistas, para todos os que passaram o dia a ver as imagens de violência, também para PSP devido ao comportamento de um seu agente – foi um dia para esquecer. Tudo isto depois de, no que toca a preocupantes sinais de violência, termos vivido uma semana para esquecer.
 
Começo por isso este Macroscópio por um texto que é – não exagero – brutal: o que hoje de manhã Pedro Santos Guerreiro escreveu no Expresso: O filho do pai e o filho da mãe. Primeiro a síntese do que aconteceu na festa do Benfica – “Adeptos do Benfica vandalizaram e agrediram em Guimarães. Claques ou gangues ou bêbados ou lá o que foi destruíram garrafas, destruíram o Marquês e destruíram a festa do Benfica, precipitando uma carga policial que levou a eito no centro de Lisboa.” – depois “o caso do pai açoitado em Guimarães”. Mesmo supondo – o que é difícil de supor, convenhamos, que “a besta quadrada até foi o agredido”, o que vimos não permite muitas hesitações: “a reação do agente policial é injustificável, pela desproporção, pela gratuitidade da violência e pela cegueira de sovar um pai à frente do filho. Foi tão escabroso que há um polícia que acode imediatamente ao miúdo, afastando-o e tapando-lhe a visão. E foi tão evidente que o operador de câmara da CMTV, inteligente, cedo percebe que a “notícia” não é o homem que está a apanhar, é o miúdo que está a ver – para quem ele desvia a câmara.” O autor pede, por isso, a expulsão do agente da força policial.
 
Eu não fui tão longe no texto que escrevi para o Observador - Há coisas que me cansam. Mesmo. – mas não deixo de sublinhar que “a forma como a PSP está a reagir é a pior de todas. Primeiro, porque anda à procura de uma desculpa (a alegada “cuspidela”). Depois, porque o inquérito já aberto devia ter sido acompanhado pela imediata suspensão do agente envolvido. Era o mínimo, mas sobre isso nada sabemos.” O ponto central desse meu artigo é, no entanto, outro, pois ele debruça-se sobretudo sobre os casos de violência que fomos conhecendo ao longo da semana passada, do bullying da Figueira da Foz ao assassinato de um adolescente em Salvaterra de Magos, passando pelo comportamento dos adeptos do Benfica. Defendo a ideia de que toleramos demasiadas vezes o que não devíamos tolerar, até aceitamos como normais comportamentos condenáveis, pelo que estamos de alguma forma a colher os frutos do que semeámos: “Uma sociedade decente é uma sociedade com regras, uma sociedade onde se ensina às crianças e aos jovens quais os limites e onde moram as virtudes. Isto não é moralismo, é realismo, é humanismo. E se deve começar na casa de cada um, tem de prolongar-se no espaço público e nas instituições do Estado. Mas às vezes parece que não somos uma sociedade decente.”
 
Seguindo por outros caminhos para chegar a conclusões semelhantes, Henrique Raposo, no Expresso, em O seu filho não é bom (link para assinantes) recorda episódios da infância precisamente para reforçar a ideia de que o bullying não é coisa nova, que “A natureza humana não precisa de “companhias” para encontrar a perversão e a humilhação dos mais fracos”. É um raciocínio que o leva a concluir: “bondade é uma construção moral e racional que nada deve à natureza humana. Nós, por natureza, não somos bons. Por outras palavras, devíamos passar menos tempo a educar os filhos dos outros ou a desenvolver teorias abstratas sobre a infância ou juventude; devíamos, isso sim, olhar com mais dureza para os maus selvagens que temos dentro de casa. Lamento, meu caro amigo, mas o seu filho não é especial, o seu filho não é bom por natureza. Ou melhor, será bom se você compreender que criar um ser humano decente é o trabalho mais difícil que alguma vez terá entre mãos.”
 
A perspectiva de Graça Franco, na Rádio Renascença, é algo diferente. Em O "bullying", a directora da emissora do Patriarcado de Lisboa, depois de recordar o que se passou com as praxes – “O que fizemos para acabar com a cultura praxista de humilhação gratuita, que começa no secundário (quando não no básico) e se prolonga ostensivamente pela universidade, à vista de nós todos, culminando nessa coisa absurda que se chama autoridade dos veteranos ou poder dos "dux"? Uns eternos imberbes que se arrastam pelas universidades.” – e a inacção política no que toca a legislar sobre bullying, acaba também a lembrar as circunstâncias sociais de um destes casos: “A mãe de uma das agressoras desabafa que "educou sozinha dois filhos, a trabalhar diariamente 16 horas, sem folgas nem férias". Querem ainda acusá-la de não ter conseguido mais? Ouviram bem a sua história? Será preciso gritar. Querem ainda acusá-la de não ter conseguido mais? Não se trata de negar o direito ao trabalho das mulheres, mas de garantir o seu direito ao mais básico descanso. Alguém duvidará que esta mulher sempre quis ter mais tempo para dedicar aos filhos e nunca terá visto a sua escravatura laboral como sinal de uma falsa emancipação?
 
Julgo que haverá já neste conjunto de textos matéria suficiente para reflexão sobre estes acontecimentos, pelo que, rapidamente, vos deixo algumas sugestões soltas de leitura:
  • Silvia Goméz Ríos, filha de uma família assassinada pela ETA, escreveu no El Mundo uma carta aberta a Iñake Rekarte, o etarra responsável pelo atentado e que hoje se apresenta como arrependido: 'Ni con tres vidas que vivieras cumplirías tu condena'. É um documento que mostra a profundidade das feridas abertas na sociedade espanhola pelos terroristas bascos. Pequeno extrato: “Tienes una vida completa: has tenido hijos, supongo que habrás plantado un árbol, ahora has escrito un libro y, además, has matado a cuatro personas y herido a muchas más, destrozando así la vida de demasiadas familias... Serás un ex etarra, pero siempre serás un asesino. Y aun así, yo no te deseo ningún mal. Espero que vivas todo lo que puedas en compañía de tus seres queridos. Tú, Iñaki, que puedes disfrutar de esta segunda oportunidad que, como bien dices, te ha dado la vida. Pero, por favor, sólo te pido que nos evites el tener que verte y oírte más... pues duele demasiado.”
  • Boris Johnson, o aguerrido Mayor de Londres, faz um apelo fortíssimo no Telegraph de hoje: We must save Palmyra or the maniacs will raze civilisation. Em causa está, naturalmente, a jóia arqueológica no deserto sírio que o Estado Islâmico promete arrasar caso conquiste a região. Como escreve, “We have lost so much already: Nimrud and Hatra have gone; large parts of Aleppo have been wrecked. If we don’t make a stand now, in the face of this barbarism, when will we stick up for our common human heritage? What about the Umayyad mosque in Damascus – is that to be condemned for having gorgeous figurative Byzantine mosaics? Must we prepare ourselves for the loss of Leptis Magna?” E se “Palmyra embodies the great ideas we owe to the Greeks and the Romans: openness, generosity to other cultures – and above all the ideal of religious and intellectual freedom and tolerance. That is worth fighting for.” Como? Nem que seja ajudando o exército sírio com ataques aéreos visando as tropas do EI.
  • Uma leitura mais longa, mas muito a propósito já que o Observador completa amanhã um ano de existência, é a de um ensaio na New York Review of Books – Digital Journalism: How Good Is It? É um texto que comenta nada menos que seis livros recentes sobre jornalismo no tempo da Internet e que merece leitura atenta. Eis como termina este que é apenas o primeiro de uma série de três artigos: “And so it goes for the first generation of digital sites as a whole. They helped lead journalism out of the kingdom of traditional print and broadcasting into the liberating land of the Internet, only to become stranded. Meanwhile, a new generation of high-profile ventures has emerged. Have they made it to the promised land of true digital innovation? To find out, I set off on the second leg of my tour, beginning with a visit to the most-talked-about site of them all, BuzzFeed.”
 
E por aqui me fico por hoje. O primeiro Macroscópio foi escrito a 19 de Maio de 2014. Estamos a 18 de Maio de 2015 e é difícil imaginar o caminho que já percorremos. Com todos os nossos leitores, claro está.
 
Amanhã estarei de regresso, em dia de festa. Desejo-vos, como sempre, bom descanso e boas leituras.
 
 
Mais pessoas vã=================

antónio fonseca


OBVIOUS MAGAZINE - 18 DE MAIO DE 2015

OBVIOUS - Escolhas do editor‏

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18-05-2015
 
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verdades inconvenientes das mentes brilhantes e raras

por Profeta do Arauto em 18/05/15  

O planeta Terra esta prestes a conhecer mais uma cabeça daquelas que vieram ao mundo não para pensar; mas apenas auxiliar e ao mesmo tempo desmascarar aquelas que quando tornam-se pensantes, entendem que dão o melhor de si para o meio o qual estão inseridas; porém, lamentavelmente não revolucionam nem os seus próprios hábitos e costumes. Tais cabeças que são uma à cada um bilhão, não pensam por si, sobretudo, pensam sobre e para a Humanidade. Estas são mentes brilhantes, raras e indisponíveis para as ditas normais do planeta.

Louvemos!

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o poder da generosidade

por Sílvia Marques em 18/05/15  

Este artigo ressalta a importância da generosidade como aprimoramento pessoal.

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pelo direito de não (só)rir

por Ana Josefina Tellechea em 18/05/15  

Sem motivo ou qualquer explicação, você acorda tão feliz que fica difícil até organizar as ideias. Tudo parece mais bonito, as cores mais vivas, os cheiros mais gostosos. A única coisa que vem à cabeça é o sentimento de gratidão por ser tão afortunado. Quem nunca se sentiu assim?

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o retrofuturismo sci-fi de jakub rozalski

por João Roc em 18/05/15  

“Resumindo, o ato criador não é executado pelo artista sozinho; o público estabelece o contato entre a obra de arte e o mundo exterior, decifrando e interpretando suas qualidades intrínsecas e, desta forma, acrescenta sua contribuição ao ato criador. Isto se torna ainda mais óbvio quando a posteridade dá o seu veredicto final e, às vezes, reabilita artistas esquecidos.”
DUCHAMP

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as falácias constituindo empecilhos à eficácia do ativismo digital

por Ana Clara Ribeiro em 18/05/15  

“Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”... Pleonasmo? Pode até ser, mas é justamente por descartar a lógica contida nessa sentença que muitas discussões têm se enfraquecido – nesse exato momento, por exemplo, alguém pode estar lendo essa frase e achando que “discussão” é sinônimo de “briga” ou “embate”. Nem sempre algo significa somente aquilo que a percepção individual consegue enxergar – e quando ignoramos isso, na sede e pressa para twittar ou retwittar a respeito de um ponto de vista publicado por alguém, corremos o risco de prestar um desserviço à causa discutida.

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a gourmetização da rua augusta

por Maíra F. Guimarães em 18/05/15  

O ar underground não desapareceu por inteiro do Baixo Augusta, mas já é possível encontrar inúmeras obras anunciando prédios de luxo, fechamento de tradicionais casas noturnas e muitos estabelecimentos gourmets com preços elevados.

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a esperança retratada pela poesia - análise de um poema de carlos drummond de andrade

por Gilmar Luís Silva Júnior em 18/05/15  

O clima após a Segunda Guerra Mundial fomentou visões díspares acerca do futuro. Havia a apocalíptica, de que o mundo jamais se recuperaria de tal atrocidade; a medrosa, de que a humanidade não mais ingressaria em tal acinte por medo de destruir a si mesma; e a esperançosa, de que os erros seriam aprendidos e uma nova gestão mundial seria alçada. Drummond, no poema em questão, refugia-se na última acepção.

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uma argentina brasileira

por Ana Josefina Tellechea em 18/05/15  

Pode parecer meio egocêntrico, mas não é esta a intenção. Essa que vai ler é talvez uma boa parte da história da minha vida e de uma angustiante falta de noção de pertencimento, não porque não queira ou porque me demore a entender uma cultura tão diversa ou até mesmo porque seja incapaz de desfazer-me de raízes. Mas porque a burocracia - aquela que conhecemos como "burrocracia" - brasileira ceifa as milhares de oportunidades que poderia haver para estrangeiros no Brasil.

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nove crenças absurdas e uma quase certeza

por Dante Donatelli em 18/05/15  

Esta é uma pequena lista de crenças da nossa civilização e que hoje parecem ridículos, patéticas, assim como hoje cremos em coisas que com o tempo, quem sabe, um dia parecerão inacreditavelmente imbecis. 1- A Terra é plana. Por séculos e séculos se acreditou nesta tese, e em alguns momentos se afirmou que nos cantos ficavam o inferno. 2- O Sol é menor que a terra, e estamos no centro [...]

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amar se aprende amando

por Veruska Queiroz em 18/05/15  

"É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta. Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência."(Artur da Távola)

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cake - o lado doce da depressão

por Diego Ribeiro em 18/05/15  

O longa gera num público uma sensação de impotência e compaixão, fazendo cada um torcer pela recuperação da protagonista mas também levando-nos a compreender que cada dor é solitária e deve ser vívida sem subterfúgios.

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poesia para o nordeste e seu bom forró...

por Domie Lennon em 18/05/15  

Uma letra de música reflete as tristezas que enfrentaram os nordestinos de esperança seca. Essa mesma letra, quando tocada, me fez querer dançar e transbordou aquilo que carrego em meu sangue... O ritmo de um forró bem tocado e extremamente marcado pela cultura nordestina brasileira me pegou em cheio. Eu dedico essa homenagem, à minha tribo querida.

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antónio fonseca



PERIGO ISLÂMICO - 18 DE MAIO DE 2015

Perigo Islâmico‏

Perigo Islâmico

 
 
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Perigo Islâmico


Posted: 18 May 2015 07:16 PM PDT
Por Jahanara Begum

"Allah Amader Kandte Dao!" Alá, por favor, Deixa-nos chorar em paz! - Jahanara Begum  

Por favor, Alá, deixa-nos sozinhas para podermos chorar em paz. Por trás do véu, longe do olhar público, queremos chorar até não podermos mais. Este é o único direito que  tu nos deste, por todo o mundo islâmico, onde as tuas leis são seguidos à risca.  O mundo está a passar por tantas mudanças, com tantas evoluções com o passar dos anos; ano após ano, novas descobertas são feitas tanto na ciência como nas filosofias no resto do mundo, melhorando em cima de ideias e crenças antigas. Mas nós estamos amarradas para sempre às tuas rígidas e imutáveis leis, Alá. Nunca houve alguém que tivesse vindo em favor da nossa emancipação.

A nossa sociedade é única. Homens tais como Raja Ram Mohun Roy ou Swami Vivekananda  não nascem na nossa sociedade. Nenhum Sharat Chandra avança na nossa sociedade, e escreve sobre o volume de lágrimas que corre nos nossos olhos. Muçulmanos educados tais como Badruddin Tyebji, Hamid Dalwai e outros tais como eles escreveram sobre as medidas que visam parar com a matança de vacas, mas falharam ao não dizer uma única palavra simpatética em nossos favor, mulheres muçulmanas.

Abdut Jabbar consegue escrever um volume enorme sobre os eunucos - e sobre os castrados das diferentes sociedades muçulmanas - mas não tem nada a dizer em nosso favor. Pelo menos Syed Mustafa Siraj foi honesto quando disse que os Hindus podem escrever sem medo sobre as injustiças e as imperfeições do seu sistema social, mas nós, muçulmanos, temos medo de criticar os defeitos da sociedade islâmica.

Nargis Sattar começou a escrever alguns artigos relativos às leis matrimoniais islâmicas e nós ficamos esperançosas. Mas essa esperança foi, mais uma vez, retirado de nós. Mais de 100 advogadas exigiram a emancipação das mulheres nas estradas de Lahore no Paquistão islâmico. Os "heróicos" polícias Paquistaneses atacaram as mulheres advogadas com paus e cassetetes.

Uma mulher que fazia parte do partido ADMK da Índia levantou o assunto da emancipação das mulheres Indianas muçulmanas no parlamento nacional, mas todos os membros progressistas do parlamento permaneceram calados em torno do assunto visto que ninguém queria ofender os mullahs fundamentalistas e perder os voto muçulmano.

Ó Alá! Os líderes políticos e os seus apoiantes que estão nesta terra são peculiares. Eles são tal como os eunucos que viviam entre as inumeráveis, belas e jovens mulheres dos haréns. Toda a luxúria, paixão e desejo sexual que tomava conta deles não lhes valia de nada visto que eles eram eunucos e, desde logo, totalmente desamparados. Os nossos líderes políticos são tais como esses eunucos.

Estes líderes usam palavras de alta sonoridade e nobres tais como "liberdade", "anti-discriminação", "secularismo" e muitas outras palavras bonitas, mas eles não têm os meios de colocar em práctica uma única destas palavra no dia-a-dia da nossa sociedade muçulmana. Devido a isto, o choro e o lamento das mulheres muçulmanas avança; e duma era para a outra.

As lágrimas são simbolizadas pelas águas que cobrem três quartos do planeta. Que existência horrível, desumana e ilógica que nós temos. Deixando para trás as suas centenas de concubinas, o octogenário sheik da Arábia vem para a Índia para se "casar" com uma adolescente muçulmana. O evento foi notificado em todos os jornais mas, note-se, nenhum líder político chega a registar um protesto. Nenhum mullah ou maulvi declara "jihad" ou guerra santa a tais ocorrências. Pelo contrário, o mullah preside tais "casamentos mutah" que têm a duração de apenas um curto período de tempo.

Que existência insuportável é para nós viver entre as co-esposas. Inúmeras crianças, ambiente pouco saudável, pobreza e falta de educação transformam as nossas vidas sociais em algo digno de chacota. Até as cabras e as vacas têm melhores vidas que nós.

As lutas frequentes entre as co-esposas, o puxar de cabelo uma da outra é tão degradante! E, queira Deus que não, se o miyan ou o marido se envolve na discussão, nós somos então espancadas como um animal até não podermos mais. E depois do espancamento, para tornar as coisas ainda mais degradantes, o miyan leva a outra esposa para o quarto e fecha a porta na nossa cara.

Se por acaso há o mais leve defeito na atenção da esposa às necessidades físicas do miyan ou do marido, então aí ela. Ela passa a sofrer continuamente uma incerteza viva, e uma ansiedade intensa. A palavra "talaq" ou divórcio pode-se abater sobre ela a qualquer momento. A mais pequena falta de atenção pode provocar um divórcio e tudo encontra-se nas mãos do marido muçulmano. Basta que a palavra "talaq" seja dita três vezes para que o mundo sob os pés da mulher muçulmana seja agitado. A consequência? Mão-de-obra barata ou prostituição.

As crianças sofrem com a falta de amor materno, com a falta dum sentido imenso de insegurança e com a presença dum ambiente pouco saudável. Se a criança conseguir sobreviver, então a sociedade é sobrecarregada com mais pedintes e mais criminosos. Claro que isto também acontece noutras sociedades, mas ocorre em número menor e, mais importante ainda, nas outras sociedades tais eventos não têm a permissão para ocorrer em nome da sua "religião", embora na nossa sociedade os mullahs preguem tal tratamento a nós mulheres em nome do "islão".

O lema entre nós é "reproduzam-se e lucrem" - apoderem-se da terra através da maior taxa de natalidade. E nós, as mulheres muçulmanas casadas, temos que carregar todo o peso de toda a operação. É por isso que nunca encontramos uma mulher muçulmana que não esteja a cuidar dum bebé ou não esteja grávida. Eles estão sempre com uma criança, e elas morrem jovens.

Nós observamos a vida das mulheres Hindus que vivem perto de nós. Que sentido de pureza,  que segurança e que confiança que rodeia as suas vidas. Onde está a esperança da castidade e de pureza nas nossas vidas?

Se o homem muçulmano se arrepende de se ter divorciado da sua esposa, se por acaso isso chegar a acontecer, ele não pode fazer nada em relação a isso. Alá, as tuas leis da "shariat" impedem o re-casamento com o ex-marido.

Por esta altura, o mullah entra em acção e faz com que a mulher se "case" com outro homem, e ela tem que consumar o "casamento" durante 3 dias e 3 noites, e então, e só então, ela pode voltar a ser "pura e virgem". Se por acaso o novo marido se divorcia da mulher tal como era suposto, só o antigo e arrependido marido se pode casar com ela.

Por outro lado, se a noiva se revela uma boa esposa, o novo marido pode não quer o divórcio, e é então que os problemas entre os dois homens começam. Têm início lutas que em muitos casos acabam em assassinatos.

Assim é a nossa vida, Alá! A quem iremos nós recorrer com as nossas queixas e com as nossas tristezas? Se nós nos revoltarmos, seremos agredidas fisicamente e punidas segundo as leis que tu nos deixaste, Alá. Se nós nos queixarmos, seremos acusadas de hipócritas, ou "munafiq". Em todas as outras religiões, o respeito é conferido de acordo com a castidade, com o auto-controle e com a pureza. Mas isto não acontece na tua religião, Alá. O único privilégio que nós temos é o de chorar.

Existem muitos muçulmanos "educados" que estão cientes disto, mas eles não protestam porque também eles estão determinados a divertirem-se à nossa custa. Esses muçulmanos que estão realmente emancipados, abandonam-nos e não se querem preocupar com os nossos problemas. Foi connosco em mente que Kazi Abdul Oclud disse a dada altura que, durante os últimos 1400 anos, o islão foi incapaz de acender a mais pequena vela como forma de erradicar as trevas da civilização humana.

Abu Syed Ayub passou todo o seu tempo a cantar canções Tagore, casou-se com a mulher Hindu Gouri Dutta e viveu uma vida livre e saudável como qualquer outro Hindu. Mohamnled Ali Karim Chagla fez mesmo. O Vice-Presidente Hidayetullah, líderes políticos tais como Sikandar Bakht, Dr. Jeelany, Syed Mujtaba Ali também fizeram o mesmo. De facto, todas as pessoas da nossa sociedade que ascenderam e passaram a ter uma vida civilizada longe das nossas misérias, dores e problemas, moveram-se mais próximas da sociedade dos Hindus (...).

Só nós, as abandonadas, é que ficamos para trás dentro da prisão sombria controlada pelos mullahs e pelos maulvis. Nós nada mais fazemos que chorar uma dor eterna. Nenhum escritor ou repórter escreve uma história sobre nós ou tenta entender a profundeza da nossa tristeza. O Governo Indiano deu-nos o direito de voto mas negou-nos uma vida matrimonial saudável e pacífica ao perpetuar o "Código de Casamento Pessoal Muçulmano". O "Projecto de Lei do Código Hindu" emancipou as mulheres Hindus mas nós ainda somos vítimas de prácticas poligamicas, e nenhum remédio foi avançado como forma de impedir os divórcios frívolos que existem dentro da nossa sociedade islâmica.

Em relação a isto, no passado, nós costumávamos confiar nos Marxistas. As mulheres muçulmanas do Tazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão encontraram a sua liberdade na Rússia Soviética. Nenhum sheik da Arábia as pode comprar e estas mulheres não passam as suas vidas entre crianças inumeráveis, gravidezes sem fim e lutas degradantes com as co-esposas. Elas vivem vidas com sentido e os mullahs não têm controle sobre elas.

Mas aqui, nas nossas terras, até os Marxistas estão sob o controle dos mullahs. Um Marxista como Mansur Habibullahfoi para Meca, tornou-se num ‘Haji’ só para agradar os mullahs. E toda a gente sabe que na sua vida pessoal, Habibullah não se preocupa com a sua religião. A sua vida é como a vida dum Hindu lógico.

E devido a isto, Alá, nós estávamos a dizer que tu não deste a mais pequena oportunidade de termos uma pequena paz, uma pequena felicidade. A tua falta de preocupação por nós é eterna. Durante a Idade Média, era frequente os nawabs e os sultões terem milhares de mulheres nos seus haréns. A maior parte dos nossos dias de então eram passados a chorar. Algumas passavam os seus dias planeando conspirações, outras em libertinagem e outras passavam o seu tempo levando a cabo prácticas perversas. Nós éramos o combustível para a luxuria destes sultões. Lutas sem fim ocorreram entre irmãos, entre pai e filho, e mesmo entre os próprios devido a nós mulheres.

Certamente que a carruagem da civilização tem, lentamente, atravessado muitos caminhos. Mudanças radicais ocorreram noutras sociedade e noutros países. Até a queima da ‘suttee’, uma terrível práctica Hindu, foi erradicada devido ao progresso social. O casamento de homens muito velhos com noivas muito novas que eram comum ocorrer entre alguns Hindus, seguindo o sistema ‘Kaulinya’, foi abolido com o passar do tempo.

Muitos costumes e práticas sociais maus desapareceram nas outras sociedades. Até nas nossas sociedades islâmicas algumas boas mudanças têm ocorrido, mas elas têm sido sempre em benefício dos homens muçulmanos.

Existe uma pequena povoação perto de Basra no Iraque, que era bem conhecida por fornecer eunucos para os haréns dos nawabs. Quase 60% dos jovens rapazes que eram castrados lá, morriam. Esta carnificina hoje em dia acabou. Existem muitos muçulmanos tais como Idi Amin que têm numerosas esposas mas que já não têm eunucos para olharem por elas.

Mas para nós [mulheres muçulmanas] nada mudou. Os homens da nossa sociedade não têm preocupação alguma pelas mulheres.

Ao conferir alguns direitos de posse, eles pensa que foi feito muito em favor de nós mulheres muçulmanas. De que valem estes direitos de propriedade se os nossos casamentos encontram-se marcados por uma longa linha de divórcios e re-casamentos? A lei muçulmana tem, por outro lado, ajudado a que ocorra uma maior perseguição às mulheres muçulmanas. Se a mulher muçulmana dá entrada a um processo em favor das suas posses e dos seus direitos de pensão, então o tribunal muçulmano move-se muito devagar. Durante esse tempo, o marido pode voltar a casar sem que a lei islâmica lhe cause algum tipo de impedimento.

A lei local que ajuda as mulheres de todas as outras comunidades sob condições semelhantes não são de uso algum para nós mulheres muçulmanas porque é suposto nós seguirmos as leis do islão e nada mais. Foi Abdul Rauf quem escreveu no jornal Bengali ‘Jugaantar’a descrever as tristezas das mulheres muçulmanas por todo o país, mas, ai de nós, não houve reacção. Apareceram algumas cartas a dar o seu apoio ao artigo e nada mais.

Mas os nossos líderes muçulmanos são muito sensíveis quando as questões centram-se nos seus interesses próprios. Muzaffar Hussain escreveu a partir do norte da Índia que o filme Hindi‘Talaq, talaq, talaq’ foi renomeado para ‘Nikaah’sob aconselhamento dos mullahs porque estes disseram que ao afirmarem o nome do filme às suas esposas, os maridos muçulmanos estariam a pronunciar as três palavras mágicas que iriam colocar imediatamente um ponto final no casamento.

Estes homens são curiosos porque têm medo de pronunciar a palavra "talaq" mas nada fazem para erradicar os divórcios frívolos. Um grande número de mulheres muçulmanas leva uma vida desamparada e miserável devido a abominável práctica do "talaq", mas os "piedosos" muçulmanos não se preocupam com isto.

Os soldados islâmicos do Paquistão de Yahya Khan violaram centenas de milhares de mulheres do Bangladesh e mais de 200,000 mulheres engravidaram. Mais tarde, um grande número destas mulheres enlouqueceu, e enquanto o mundo islâmico manteve um silêncio total, só Mujibur Rahman as tentou ajudar.

O Irão de Khomeini está, actualmente, a matar centenas de mulheres devido ao facto delas não darem o seu apoio ao seu regime. Consequentemente, e em nome do islão, estas mulheres estão a ser chacinadas. Vishnu Upadhyay já escreveu sobre o incidente no jornal ‘Aaj Kal’, mas ninguém disse uma única palavra; o mundo islâmico continua em silêncio.

Em qualquer outra sociedade, se a mulher é violada. os jornais causam um tumulto geral, gerando uma corrente de protestos dentro da comunidade. O islão significa paz. Observar em silêncio a perseguição de mulheres talvez seja esta paz. Tal falta de preocupação para com as as mulheres tem impedido a melhoria das nossas condições.

Nenhum bênção ou demonstração de benevolência dos teus anjos foi conferida a nós e como tal, Alá, estamos-te a revelar uma vez mais a nossa tristeza. Tu és o dono deste mundo e do universo. É a ti que estamos a dirigir as nossas queixas. Tu tens-nos negado uma vida feliz.

Se por acaso nós somos uma das muitas mulheres dum muçulmano rico, então passamos os nossos dias com ciúmes, rivalidades e gravidezes sem fim. Se, por outro lado, nós pertencemos a um marido pobre, então existe o trabalho forçado durante o dia todo, e uma gravidez a seguir a outra. Onde quer que nós andemos, a espada do "Talaq"ou divórcio paira sobre as nossa cabeças. A incerteza e a insegurança das nossas vidas não só nos afecta a nós, como também afecta as nossas crianças. Elas não tê escolha senão levar uma vida de pedinte ou de crime.

Já viste [ó Alá] as multidões de mulheres muçulmanas e dos seus numerosos filhos a vaguear pela estação de Howrah em Calcutá. Podemos saber que elas são muçulmanas pela presença próxima dos mullahs barbudos. A única preocupação destes mullahs é garantir que estas mulheres continuem a ser muçulmanas. Eles não estão preocupados com a sua saúde, com o seu bem-estar, com a sua segurança, e nem nutrem por elas algum sentido de preocupação humana.

E devido a isto, as mulheres muçulmanas não têm nada por que esperar mas existem muitas lágrimas para derramar, e muito choro que não tem remédio. E por isto, nós falamos a ti, ó Alá, que tu só nos deste um único privilégio e ele é o de chorar. Por isso, deixa-nos chorar em paz e deixa-nos em paz.


http://bit.ly/1L0kC1b


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