sábado, 2 de maio de 2015

OBVIOUS MAGAZINE - 29 DE ABRIL DE 2015

OBVIOUS - Escolhas do editor‏

OBVIOUS - Escolhas do editor

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29-04-2015
 
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pare de viver em fatias, por favor

por Bernardo P. Küster em Apr 29, 2015 10:10 am   share on Twitter Like pare de viver em fatias, por favor on Facebook Google Plus One Button

É ali no Facebook que escolhemos parecer cool, decidimos omitir os medos, optamos por publicitar o “estar bem”, selecionamos ocultar os erros. Propagandeamos nossas convicções políticas, selecionamos o que curtimos, curtimos o que até nem gostamos, denunciamos algo que nos cativa de certa forma, expomos quem não conhecemos, e pronunciamos tudo isso corajosamente somente através do perfil que nós criamos para nós mesmos. (E se alguém fosse criar um perfil seu, como seria?)

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relendo a autobiografia de pete townshend, pai de tommy, pai de quadrophenia, pai do the who

por Luiz Antonio Mello em Apr 29, 2015 09:50 am   share on Twitter Like relendo a autobiografia de pete townshend, pai de tommy, pai de quadrophenia, pai do the who on Facebook Google Plus One Button

Publiquei uma resenha precipitada enfiando o cacete no livro e em alguns momentos afirmei que Pete Townshend se mostrou dissimulado, sinuoso e escorregadio ao descrever vários temas e situações. Publicamente, volto atrás.

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livre: a transformação de cheryl strayed na rainha da pct

por Natali Maia Marques em Apr 29, 2015 09:40 am   share on Twitter Like livre: a transformação de cheryl  strayed na rainha da pct on Facebook Google Plus One Button

Leia "Livre: A jornada de uma mulher em busca do recomeço", e transforme-se também, na Rainha da trilha, na escritora. No que for. Cheryl Strayed demonstra o processo da noção de ressignificação da própria história.

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a vida rimada no balanço do cordel

por Alexandre Veloso em Apr 29, 2015 09:40 am   share on Twitter Like a vida rimada no balanço do cordel on Facebook Google Plus One Button

Em linhas curtas, com poucas palavras, em sextas ou quadras, o poeta colocava sua arte ao seu dispor, transformando a vida nordestina num caso de amor. Com sabedoria e muita astúcia estórias vão para o folhetim, em versos e rima escritas no papel, impresso uma xilogravura tá feito o cordel.

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você vai envelhecer

por Felipe Azevedo em Apr 29, 2015 09:40 am   share on Twitter Like você vai envelhecer on Facebook Google Plus One Button

um breve ensaio sobre como o tempo passa, e de como a gente passa no tempo

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a genialidade linguística nas canções de adoniran barbosa

por Marcos Martins em Apr 29, 2015 09:40 am   share on Twitter Like a genialidade linguística nas canções de adoniran barbosa on Facebook Google Plus One Button

A linguagem da poesia de Adoniran é caracterizada por um vocabulário com muita informalidade, mas não é uma informalidade qualquer, é uma variação linguística sociocultural marcada pelo regionalismo, linguajar popular e pelas gírias. Muitas vezes sem nenhum prestígio social, porém é este modo errôneo, inculto e popular de ser que configurou a maneira de estar... certa e agradar a todos! Foi com essa característica que Adoniran Barbosa manifestou sua arte, quebrando paradigmas e preconceitos linguísticos.

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tradição e doutrina

por Mariana Staudt em Apr 29, 2015 09:20 am   share on Twitter Like tradição e doutrina on Facebook Google Plus One Button

O orientalismo é conhecido por seu estilo leve, formas marcantes e inovações conceituais. Que tal uma verdadeira viagem por nações como Japão, China, Índia e Cingapura, lembradas por seus traços e formas estonteantes, para conhecer um pouco sobre a cultura do design e da arquitetura que rege os países do outro lado do meridiano de Greenwich?

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se até nietzsche chorou!

por Nubia Soares em Apr 29, 2015 09:20 am   share on Twitter Like se até nietzsche chorou! on Facebook Google Plus One Button

Nietzsche, cujo nome eu nunca imaginei escrever em letra cursiva e sem travar, cujos livros desencorajam a leitura já pela complexidade de seus títulos, aparece no filme como um homem quase comum, de carne e osso, cheio de angústias, assombros e imerso na mais completa e aterrorizante solidão.

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artistas da própria felicidade

por Gabriela Richinitti em Apr 29, 2015 09:00 am   share on Twitter Like artistas da própria felicidade on Facebook Google Plus One Button

A normalidade é apenas a repetição de qualquer coisa ao longo de muito tempo. Precisamos dar licença artística à criação da nossa própria história para que sejamos felizes em uma sociedade que nos impõe tantos padrões.

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como escrever bem?

por Gustavo Galli em Apr 29, 2015 09:00 am   share on Twitter Like como escrever bem? on Facebook Google Plus One Button

Muitos querem, poucos sabem e muitos acham que sabem. Sem mais delongas: o que é necessário para se escrever bem, afinal?

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a 'geraÇÃo t' e seus estranhos valores

por Eduardo Lima Cabral em Apr 29, 2015 09:00 am   share on Twitter Like a 'geraÇÃo t' e seus estranhos valores on Facebook Google Plus One Button

Que mané geração X, Y, ou Z, e isso de nada tem a ver com idade. Atualmente nós vivemos a geração 'T', aquela dos teóricos, intermediados por tecnologias e sonhos conectados em wi-fi, 3G, 4G, séries e um mundo paralelo de ideias que, infelizmente, se alimentam da realidade e tentam digerir a frustração de que a prática é ruim e a estática e cômoda teoria é a parte boa da vida: que vida?

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mas de onde vem tanta ansiedade?

por Bruno Braz em Apr 29, 2015 09:00 am   share on Twitter Like mas de onde vem tanta ansiedade? on Facebook Google Plus One Button

As consequências culturais, científicas e econômicas da mentalidade que gera ansiedade nem sempre são fáceis de enxergar — ou aceitar. O fato é que a ansiedade tem crescido em proporções epidêmicas, mas por quê?

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quando as pessoas começam a fazer análise

por Cristina Parga em Apr 29, 2015 09:00 am   share on Twitter Like quando as pessoas começam a fazer análise on Facebook Google Plus One Button

Não, este não é um texto antianálise. Sou adepta e cresci muito no divã. Comecei esse texto porque, de uns tempos pra cá, fui me deparando com um fenômeno singular: amigos/conhecidos que começaram a fazer análise e sumiram, ou que pareciam não ouvir nada que não tivesse relação com sua busca pessoal, que não estavam ali – imersos nos seus projetos, vitórias, realizações pessoais. Como se a lógica de consumo, descarte e investimento também devesse ser aplicada às relações pessoais, em nome de um ego fortalecido contra os perigos do mundo e dos Outros. É esse o objetivo de deitar no divã – ou essa é só uma breve fase de encantamento por si próprio, pelo próprio desejo, uma cegueira temporária para as necessidades e descobertas que o Outro oferece? 
Como uma boa psicanalista (que não sou, atenção) não tenho respostas para dar aqui – tenho perguntas.

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e por falar em saudade

por Natany Pinheiro em Apr 29, 2015 08:50 am   share on Twitter Like e por falar em saudade on Facebook Google Plus One Button

Só quem já virou a esquina e deu de cara com a saudade sabe a dor que é não ter a coragem de correr atrás da reconciliação. 
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as minas do graffiti: potencialidade e transgressão

por Maria Gabriela de Queiroz em Apr 28, 2015 05:50 am   share on Twitter Like as minas do graffiti: potencialidade e transgressão on Facebook Google Plus One Button

O Graffiti é a prova viva, crua e colorida de que a rua, o espaço aberto e público são instrumentos de expressão artística e crítica social. Apesar disso, pouco se fala sobre a presença da mulher na arte de rua. Com o intuito de possibilitar reflexões que contemplam arte e gênero, exponho aqui, algumas das artistas grafiteiras reconhecidas no mundo da arte.

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as releituras do abaporu de tarsila do amaral

por Mara Paulina Arruda em Apr 28, 2015 05:50 am   share on Twitter Like as releituras do abaporu de tarsila do amaral on Facebook Google Plus One Button

As releituras do Abaporu no Brasil. A importância da obra de Tarsila do Amaral para a Arte brasileira.

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cândido portinari ou até que ponto pode ir a dedicação de alguém?

por Mara Paulina Arruda em Apr 28, 2015 05:40 am   share on Twitter Like cândido portinari ou até que ponto pode ir a dedicação de alguém? on Facebook Google Plus One Button

Um breve relato sobre Cândido Portinari e sua obra, artista que retratou em pinturas o seu engajamento social.

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vivendo no feio

por Dante Donatelli em Apr 28, 2015 05:40 am   share on Twitter Like vivendo no feio on Facebook Google Plus One Button

O que é a cidade de São Paulo? Um aglomerado feio e desforme que junta as pessoas mas não estimula nada de prazeroso esteticamente quando se ocupa as suas ruas ou se pretende contemplar sua arquitetura, a mim não é uma cidade, é um punhado de obras, ruas, avenidas e tudo o mais reunidos para fazer crer que moramos em uma cidade, mas na verdade, habitamos o terrível reino do feio.

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sobre a anedonia

por Larissa Caramel em Apr 28, 2015 05:40 am   share on Twitter Like sobre a anedonia on Facebook Google Plus One Button

Anedonia - s. f. (an- + grego hedonê, -ês, prazer, alegria, desejo + -ia):
Perda ou ausência da capacidade para ter prazer.

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a vida devolve em dobro – as coisas boas e as coisas ruins

por Valter Geronimo Camilo Junior em Apr 28, 2015 05:40 am   share on Twitter Like a vida devolve em dobro – as coisas boas e as coisas ruins on Facebook Google Plus One Button

O troco errado na padaria, que você fingiu que não via, sorriu de lado, saiu de fininho, cantando igual passarinho.

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a fotografia etnogrÁfica de pierre fatumbi verger

por João Roc em Apr 28, 2015 05:40 am   share on Twitter Like a fotografia etnogrÁfica de pierre fatumbi verger on Facebook Google Plus One Button

O século XX veio consolidar a fotografia não apenas como uma das artes mais fundamentais do imaginário humano, capaz de eternizar e congelar o que chamamos de tempo e o que os poetas chamam de paisagens interiores. Este período também veio mostrar que técnicas poderiam ser empregadas para a documentação histórica, para o registro. E alguns espíritos indomáveis - uniram às significâncias artísticas da linguagem fotográfica para documentar sua época - um povo, e unir ocultamente nações – entre eles – um dos maiores fotógrafos de todos os tempos, o mestre francês - ou do mundo - Pierre Edouard Léopold Verger.

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fotojornalismo: reinventar ou decretar seu fim?

por Julio Benck em Apr 28, 2015 05:40 am   share on Twitter Like fotojornalismo: reinventar ou decretar seu fim? on Facebook Google Plus One Button

Assim como o jornalismo investigativo, o fotojornalismo encontra-se sem estímulo e as expectativas para os profissionais do ramo estão cada vez mais baixas. Será que há solução? 
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envergonhe-se!

por Ahas em Apr 28, 2015 05:30 am   share on Twitter Like envergonhe-se! on Facebook Google Plus One Button

A vergonha na cara está em falta em tempos de exposição

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mensagem visualizada, e não respondida

por Carlos Mion em Apr 28, 2015 05:30 am   share on Twitter Like mensagem visualizada, e não respondida on Facebook Google Plus One Button

O sofrimento parece ter expandido seu horizonte. Hoje em dia, qualquer motivação para não dar resposta a uma mensagem recebida parece não ser suficiente como desculpa, afinal de contas, vamos dormir respondendo mensagens no celular e acordamos fazendo o mesmo. Por que não nos respondem então? Talvez apenas, e simplesmente, não queiram fazer isso para você. 
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vida adulta: o que não nos contaram

por Jenifer Severo em Apr 27, 2015 06:00 am   share on Twitter Like vida adulta: o que não nos contaram  on Facebook Google Plus One Button

A ideia que se tem é que os adultos são seres superiores, de inteligência inatingível e respostas pra tudo; que são bem-resolvidos, dirigem, frequentam restaurantes descolados, são experts em cuidar da casa e das finanças, têm controle emocional e o principal: são bem sucedidos na maioria das coisas que se propoem a fazer. Pelo menos era isso o que eu pensava aos quinze anos – e isso é uma falácia que só a descobrimos como tal quando nos tornamos adultos e nos pegamos perdidos, duvidando de muitas coisas e insatisfeitos com a profissão que escolhemos aos dezoito.

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ANTÓNIO FONSECA

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 29 DE ABRIL DE 2015

Macroscópio – Uma selecção especial. É é tudo português.‏

Macroscópio – Uma selecção especial. É é tudo português.

Para: antoniofonseca40@sapo.pt
 


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


 
Tem o Macroscópio andado muito por águas internacionais, pelo que hoje voltamos a casa pa ra referir uma mão cheia de textos que, mesmo retomando temas que, por regra, já aqui tratámos, merecem uma referência. Vou organizá-los por temas.
 
O primeiro tema é o das propostas do grupo de economistas mobilizado pelo PS. Tem havido bastante luta política, troca de tiros entre a maioria e o principal partido da oposição, mas ainda vamos no começo da análise mais detalhada de todas as propostas do documento “Uma década para Portugal”. Por isso mesmo os textos ainda são sobretudo sobre as circunstâncias do PS e a forma como a maioria reagiu. Eis alguns deles:
  • No Diário Económico, João Cardoso Rosas, um politólogo próximo do PS mas muito distante da direcção de António Costa, defeniu assim A sorte do PS : “A sorte do PS nas próximas eleições está antes de mai s dependente da evolução da situação política na Europa. Se a Grécia entrar em incumprimento já em Maio e os efeitos sociais desse facto se fizerem sentir rapidamente, o eleitorado português tenderá a ser mais cauteloso e a optar pela coligação de direita. Se os efeitos da falência da Grécia não forem tão visíveis para já, então o PS e o programa agora apresentado terão a sua janela de oportunidade nas próximas eleições.”
  • No mesmo Diário Económico, Bruno Faria Lopes, em O legado de Soares nas propostas do PS, explicou como estas propostas reaproximam os socialistas da sua matriz mais centrista, realista e europeísta, distanciando-os de r etóricas mais radicais. Para tal recorda a forma como Mário Soares tratou, como primeiro-ministro, as duas outras vezes que o FMI esteve em Portugal: “Soares foi sempre um primeiro-ministro em tempo de aperto e austeridade; Soares teve sempre a ambição de colocar Portugal na União Europeia. Quem se surpreende com as propostas económicas avalizadas pela actual liderança socialista – a ausência da reestruturação da dívida, a flexibilização do despedimento individual, as privatizações, a não afronta ao Tratado Orçamental, a baixa da TSU, etc. etc. – por não serem suficientemente de esquerda e “anti-esta-Europa” está a esquecer-se da identidade do partido.”
  • Aqui no Observador André Azevedo Alves considerou, em O cenário do PS: entre Centeno e Varoufakis, que o partido ainda hesita: “A tragédia grega em curso terá ajudado a silenciar as “varoufakisses”, mas é ainda assim cedo para formar uma opinião definitiva. António Costa já veio avisar que o relatório enquadrará mas não determinará o programa do PS e não há razões para acreditar que os entusiasmos syrizistas tenham desaparecido por completo do partido. Em qualquer caso, pelo menos de momento o cenário de radicalização irresponsável do PS parece afastado.”
  • Entrando na discussão dos últimos dois dias, André Veríssimo, no Jornal de Negócios, defendeu que era bom fazermos mais Pela credibilidade dos programas eleitorais. Talvez não entregando os documentos já conhecidos à UTAO ou ao CSP, pois estes ainda não são programas eleitorais, mas que seria bom estarmos melhor informados sobre o seu realismo: “A avaliação por uma entidade credível e independente funcionaria como um travão a propostas irrealistas, reforçando o compromisso dos partidos com a sustentabilidade orçamental e económica das medidas, no médio a longo prazo. Algo em que, sentencia o passado recente, o país falhou. O exame seria também um instrumento ao dispor dos cidadãos na reflexão sobre a quem dar o voto. Um maior rigor e responsabilidade na apresentação de propostas podia até, quem sabe, atenuar a má imagem que a maioria dos portugueses tem da política e dos políticos.”
  • Finalmente Joaquim Aguiar, no Jornal de Negócios, em A eterna repetição do mesmo, escreveu que, “Avaliadas as propostas apresentadas, elas são - como não podiam deixar de ser - variantes triviais dentro do programa de ajustamento que está em execução. E quando se admite que este "plano para a década" tem como finalidade gerir as clivagens internas neste partido singular, reconhece-se que é no interior do Partido Socialista que está o primeiro problema na resposta à crise.
 
As celebrações do 41º aniversário do 25 de Abril e do 40º aniversário das primeiras eleições livres suscitaram duas reflexões importantes a dois colaboradores do Observador. Não são comentários aos discursos ou ao anúncio da coligação PSD/PP, mas um esforço de ir além da espuma dos dias.
  • Em Reductio ad salazarum, Alexandre Homem Cristo, que nasceu muitos anos depois do 25 de Abril, defendeu que este “não tem dono” e que é demagógico e cansativo estar sempre a considerar, por exemplo, que “as propostas da direita são censuráveis na medida em que, se Salazar fosse vivo, as defenderia”. É por isso que condena um país “refém de cabeças políticas que se sustentam do seu passado”. E que “Soares, Alegre, Vasco Lourenço e tantos nos partidos à esquerda exigem que o bicho-papão do Estado Novo permaneça vivo e fazem do momento revolucionário currículo ou cadastro (convertido, respectivamente, em legitimidade ou ilegitimidade política). Dito de outro modo, transformam o reductio ad salazarum num pilar de acção política.”
  • Já Rui Ramos invoca um grande clássico da historiografia portuguesa, da autoria de José Mattoso, para emIdentificação de um país: as eleições de 1975 recordar como o mapa eleitoral desses anos era, em boa medida, um espelho fiel de dois países que há séculos formavam, e formam, uma mesma nação, Portugal. Como ele escreve, &ld quo;O mapa eleitoral de 1975 parecia o eco inesperado de um livro: Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, publicado por Orlando Ribeiro em 1945. O Portugal da direita e da esquerda era o Portugal das montanhas e das planícies, do Atlântico e do Mediterrâneo, com tipos distintos de povoamento, de propriedade rural e de cultura agrícola. Mas faltava ainda dar outro passo na compreensão do voto de 1975. Coube, dez anos depois, ao historiador José Mattoso, com Identificação de um País. Ensaio sobre as origens de Portugal, 1096-1325, agora reeditado pela Temas e Debates.” Isto porque porque “O que Mattoso demonstra (…) é que a divisão eleitoral de 1975 não correspondia apenas às ideologias contemporâneas, mas a áreas historicamente diferenciadas, com diverso s níveis de prática religiosa, de sistemas de parentesco, de tecnologias agrícolas, e de características fonéticas e lexicais.”
 
Salto de tema e regresso a Piketty, que já foi tema do Macroscópio esta semana (na segunda-feira). Apenas para duas notas:
  • João César das Neves fez, no Diário de Notícias, em A fama de Piketty , o elogio do académico e a forma simplista como a sua obra de sucesso tem sido lida (um leitura que o próprio, de resto, tem estimulado). Pequeno extracto: “Aquilo que sabem todos os que compraram e não leram o pesado volume é que o capitalismo gera inevitável desigualdade crescente. E isso está lá escrito, mas na parte especula tiva e não científica da monografia, enquanto os dados fornecidos manifestam um panorama bastante mais emaranhado e ambíguo. O autor, como analista respeitável que é, já o admitiu num recente texto, “About Capital in the Twenty-First Century”, publicado na mais famosa revista de economia, American Economic Review: Papers & Proceedings 2015. Aí relativiza muitas das extrapolações e vulgarizações dos seus defensores, repondo a seriedade e equilíbrio numa questão que é demasiado importante para ser tratada com ligeireza.”
  • Já Maria João Marques, aqui no Observador, em Os magos, compara os que têm tendência para encontrar explicações mirabolantes para cert os denómenos naturais (até dá um exemplo relacionado com o terramoto no Nepal), para depois criticar a forma como este economista é vista em alguns sectores da opinião pública, algo com origem em velhos hábitos culturais e políticos: “Por cá a crença em magos é fulgurante. Temos as versões domésticas: Cavaco Silva ou o tentado ‘professor de Coimbra, meu Deus’. Temos as versões estrangeiradas: António Borges e, por estes dias, Mário Centeno (...). E temos as versões estrangeiras, as que causam maior euforia. Os melhores exemplos são Paul Krugman e Thomas Piketty.”
 
Deixei para o fim alguns textos soltos, mas sobre temas importantes.
 
Apesar de, aparentemente, a lei iníqua sobre a cobertura das campanhas eleitorais já ter sido deixada cair por todos os partidos, não é demais sublinhar a falta de cultura democrática que a simples existência dessa proposta revelou. É esse um dos pontos de João Miguel Tavares em Estranha estupidez , editado ontem no Público. Mas ele chama a atenção para um ponto que passou muito despercebido no debate público: “é uma nódoa que os próprios meios de comunicação não combatem com o músculo necessário. É certo que o coro de indignação foi unânime e que a ameaça de não dar notícias sobre as eleições resultou. Mas essa é a ameaça errada. O que os media deveriam ter feito era anunciar a sua desobediência conjunta e lutar por ela nos tribunais eu ropeus, se preciso fosse. A primeira obrigação de um jornal é informar os leitores e não obedecer a leis iníquas. Para alguma coisa o direito de resistência está inscrito na Constituição.
 
Bem, para ser rigoroso, nem toda a comunicação social. Num texto que eu próprio escrevi para o Observador logo na sexta-feira em que foi conhecido o projecto, Explicar devagarinho, para os deputados entenderem, recordei que este órgão de informação se estreou com o único debate da última campanha das europeias, “desafiando o black-out provocado pelas decisões da CNE”, e que não o fizéramos por acaso: “fizemo-lo por fidelidade aos princípios essenciais da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão”. Depois porque acrescenteu não ter dúvidas “que qualquer condenação de algum órgão de informação com base naquelas normas infames não deixaria de terminar numa sucessão de humilhantes condenações do Estado português no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
 
Arménio Rego e Miguel Pina e Cunha, respectivamente professores na Universidade de Aveiro e na Nova School of Business and Economics, escreveram também no Público sobre Do que necessitamos num candidato presidencial . É um texto em que relembram as qualidades políticas e humanas de Lincoln, o marcante Presidente dos Estados Unidos, ante s de acabarem de uma forma quase desconsolada: “Os tempos são outros, mas há algo de intemporal na boa liderança. Citando novamente Brooks: “Uma pessoa com a cara de Lincoln não sobreviveria à era da TV. Uma pessoa com a sua capacidade de introspeção não sobreviveria ao ambiente de campanha de promoção da marca pessoal, 24/7. Mas precisamos de alguém com uma porção dos seus dons – que seja filosoficamente fundamentado, emocionalmente maduro e táticamente astuto. Bem, pelo menos podemos procurar a maior aproximação possível.”
 
Termino com duas referência à anunciada greve dos pilotos da TAP. Primeiro, para citar Francisco Ferreira da Silva, do Diário Económico, quando ele escreve que Nunca tantos perderam tanto por tão poucos . Depois para vos recomendar Henrique Monteiro, no Expresso (para assinantes): Um país de loucos (e alguns deviam ser internados). É bem verdade.
 
Bom descanso, boas leituras, e até amanhã. 

(para quem não conhecia, a fotografia que ilustra este Macroscópio foi tirada em Lisboa, em 1948, e mostra uma vista a partir do Castelo de São Jorge. O jovem fotógrafo chamava-se Stanley Kubrick e estava a fazer uma reportagem para a revista Life. Achei que uma imagem de Lisboa vista por um olhar estrangeiro ficava bem numa selecção onde todos os textos são, desta vez, portugueses...)
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ANTÓNIO FONSECA

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