A cidade tem, a partir de hoje, mais um espaço cultural digno de ser visitado: o Palácio do Bolhão. Oficialmente inaugurado, no Dia Mundial do Teatro, o palácio ganha nova vida após nove anos de obras e um investimento de 2,8 milhões de euros para acolher a Academia Contemporânea do Espetáculo (ACE).
O Palácio do Bolhão, que inclui um auditório construído nas traseiras do edifício principal, foi reconstruído com investimento comunitário e contributos da Câmara do Porto, do Ministério da Educação, da Secretaria de Estado da Cultura e de mecenas anónimos e empresariais. "Este é, sob qualquer prisma um excelente exemplo. O exemplo de que a responsabilidade do exercício de cargos públicos nos deve obrigar a não descontinuar projetos estruturantes apenas porque mudou o ciclo político ou apenas porque sim. Sempre que o Porto conseguiu fazê-lo, envolvendo-se em projetos capazes de gerar consensos apartidários e transversais a mandatos e protagonistas, a obra nasceu e vingou", afirmou o presidente da Câmara, acrescentando: "Com este maravilhoso a cidade não só reivindica uma maior ancoragem da cultura e das artes na dinâmica social do seu centro histórico como também a inscrição de uma instituição de ensino nas novas dinâmicas que vemos surgir".
Já o diretor da ACE, António Capelo, deixou um desabafo: "Esta luta custou-nos mais de duas décadas e foi tão dura que às tantas chegamos a acreditar na lenda da maldição do Teatro do Bolhão". Referia-se ao facto do espaço - um Monumento de Interesse Público, localizado na Rua Formosa, bem no centro da cidade - ter sido submetido a uma empreitada "longa" e "difícil" que o retira do "abandono" e do "esquecimento".
A noite foi de festa. Depois da inauguração, António Capelo e mais uma dúzia de atores subiram ao palco para interpretar "Édipo", numa encenação de Kuniaki Ida. Além desta peça, que permanece em cena até 4 de abril, a programação do Palácio do Bolhão segue de 8 de abril a 17 de maio com "A Revolução Dos que Não Sabem Dizer Nós". "Começar a Acabar", de Samuel Beckett, cuja encenação é de João Lagarto, apresenta-se de 15 a 25 de maio, e "Almas Mortas" completa esse mês, estendendo-se até 14 de junho. "Território" de Joana Providência (8 a 10 de julho) e "Maisin Marlène" de António Júlio (15 de julho a 2 de agosto) completam o primeiro semestre da vida do Palácio do Bolhão.
O serviço educativo do Palácio do Bolhão começa as suas visitas guiadas a 18 de abril aos sábados de manhã. A partir de 19 de setembro, as viagens aos salões, escadarias e recantos, passam a contar com dramatizações. Já no âmbito do acolhimento, este espaço receberá, de 14 a 21 de junho, o Festival Internacional de Expressão Ibérica (FITEI) e em setembro é a "Fundacion Siglo de Oro", do Ministério da Cultura espanhol.
À associação cultural Turbina caberá levar música ao Palácio do Bolhão, assumindo a produção de uma festa mensal, na qual os concertos, as performances musicais, os djs, entre outros, serão os atores principais. Para dia 2 de abril está prevista a apresentação de "Motor", segundo trabalho de originais de Peixe, guitarrista dos Ornatos Violeta.