Caro Gregório Duvivier, criador do portal de humor Porta dos Fundos,
Tomei conhecimento de sua “carta aberta” ao Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer,
publicada na madrugada de ontem, 13 de janeiro, em sua coluna da Folha de São Paulo. Como se já não bastasse a publicação de uma série de vídeos em que você e seus amiguinhos palhaços escracham a Fé católica,
abusando da “liberdade de expressão”, você vem agora humilhar publicamente a Igreja na pessoa de uma eminente autoridade eclesiástica, a qual muito moderadamente julgou apenas ser de “mau gosto” um dos vídeos-lixo que vocês produziram. Gregório, Gregório, como você deveria saber, “péssimo mau
gosto” foi pouco, bem pouco mesmo… Foi o já enjoativo “mamão com açúcar” da Igreja da segunda metade do século XX. Fiquei surpreso, ao ver, no entanto, como esse “pouco”, esse “mamãozinho”, foi suficiente para que você mostrasse os verdadeiros dentes de sua tolerância, não no simpático sorriso do palhaço bonzinho, que você finge ser, mas no ato de fúria, irracional e incoerente, do palhaço de terror que você realmente é.
Gregório (esquerda) e seus amigos palhaços do Porta dos Fundos.
Em primeiro lugar, palhaço, a Igreja Católica, fundada por Cristo há dois mil anos, não julgou “gostos” ao longo da história. Ela julgou doutrinas, ideias, unindo a Fé à razão e a razão à Fé, coisa que, muito provavelmente, você ignora, palhaço, porque nunca teve a oportunidade ou a coragem de estudar, honesta e seriamente, algum livro de apologética tradicional. “Redundo” para que você entenda, palhaço: a Igreja nunca julgou gostos, meras preferências, mas ideias e fatos, e isso por meio de um sistema doutrinário robusto e coerente, que é, hoje, ignorado de uma maneira monstruosamente preconceituosa.
Por isso, palhaço, se você entendesse de ideias e de fatos 0,000000…1% do que você entende de métodos de escárnio, você saberia que nunca esteve, nem está, em boa companhia; em vasta, não nego, até porque é o número que faz a “verdade” e o seu sucesso hoje, palhaço: é o número que, em nossos dias, grita “a verdade não existe”, sem notar a contradição inerente a essa formulação, fazendo “verdade” essa falsidade.
Você, palhaço, aponta, como uma de suas boas companhias, a figura clichê de Galileu Galilei (1564 – 1642). De novo, Galileu! De novo! Ora, Galileu foi um obsessivo, incapaz de provar aquilo que pretendia. Essa é a verdade histórica, que diversos estudiosos já demonstraram, mas que não chega, como seu riso escrachado e “escrachante”, palhaço, às massas. O heliocentrismo só foi científica e definitivamente demonstrado por meio de uma prova ótica, que foi dada apenas em 1741, quase cem anos após a morte de Galileu, prova essa que a Igreja acolheu, seu palhaço. Se você conhecesse um pouco de história, você saberia disso. Você saberia que Galileu não provou nada com o movimento das marés. Você saberia que ele, na verdade, tinha, inclusive, inspirações pouco científicas para seu heliocentrismo, assim como Copérnico o qual, em sua defesa da centralidade do Sol, invocava a autoridade de Hermes Trimegisto! Mais: você saberia que a Igreja, na pessoa de São Roberto Belarmino, mostrou-se aberta a receber as provas do heliocentrismo, de modo que, uma vez provado esse sistema, seria necessário compreender as Escrituras de modo correto, com base nas novas descobertas; você deveria saber que Galileu foi condenado ao silêncio, não por defender o heliocentrismo como hipótese, mas por afirmá-lo como cientificamente certo, sem base para isso, causando perturbações. Naquelas circunstâncias, Galileu que, além disso, poderia ter sido condenado por outras heresias suas, que afetavam, por exemplo, a fé na Eucaristia, foi silenciado, por causa de seu heliocentrismo não demonstrado, por prudência.
Aliás, é muito interessante a menção que você, Palhaço Gregório, ignorante de história, fez ao diálogo fictício entre Salviati, Simplício e – você não o citou – Sagredo. Muito interessante! De fato, Galileu, incapaz de provar o heliocentrismo cientificamente, recorreu ao riso e à ficção no Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo, que foi publicado em 1632, um ano antes de sua segunda condenação. Não é impressionante como a tática não muda, seu palhaço?! Assim como seus vídeos-lixo, Galileu, sem provas, sem argumentos, teve de recorrer ao humor; a diferença é que “a liberdade de expressão”, naquela época, não estava a serviço da tolice e da injustiça.
Você não sabe nada sobre o caso Galileu. Nada. Você é apenas um palhaço que repete clichês. E, se esse livro de Galileu, intelectualmente não convincente, foi um sucesso retumbante, como você diz, tanto pior, e teria sido pior ainda se Galileu não estivesse correto em seu objeto, como a Igreja reconheceu, quando teve provas, de fato, científicas. O sucesso do humor nem sempre é bom, palhaço Gregório, nem sempre; seu sucesso, por exemplo, que serve à veiculação de tolices, é péssimo; o riso e a fantasia que você e seus amiguinhos palhaços criam provocam apenas para vocês e para o público que vocês envenenam o efeito de certeza, ao mesmo tempo em que ofendem a fé de muito católicos, inclusive daqueles que poderiam simplesmente destruí-los com argumentos.
Para sua informação também, Giordano Bruno não foi queimado por acreditar que o universo era infinito em sentido científico; ele não foi um mártir da ciência, exatamente como se tenta apresentar Galileu. Vá estudar um pouco de história, palhaço. Vá estudar: ele, ex sacerdote dominicano, foi condenado por causa do pensamento mágico, de tradição hermética, cabalista e esotérica, que ele cultivava. Não tem nada a ver com ciência, mas com heresia, seu palhaço!
Aliás, Giordano à parte, se você tivesse um pouco de inteligência real e conhecesse um pouco de filosofia, para além de suas chocarrices, você se daria conta de que nem você, palhaço, acredita que o universo seja infinito. Caso contrário, você teria de negar a teoria do Big Bang, pois, por definição, o que tem um começo não é infinito! E isso sem considerar que a física contemporânea demonstra que o universo está se expandindo; ora, se é assim, ele não pode ser infinito, porque o infinito, por definição, não pode se expandir, seu palhaço!
Por fim, a Igreja não absolveu a pessoa de Galileu, que não provou nada. Ela não absolveu Galileu por sua defesa do heliocentrismo. Ela reconheceu os erros de alguns de seus teólogos que, na época, diferentemente de São Roberto Belarmino, foram “incapazes de dissociar, de uma cosmologia milenária, os artigos de fé” e que “julgaram erroneamente que a aceitação da teoria de Copérnico poderia abalar a tradição católica, de modo que era seu dever proibir que ela fosse ensinada”.
Palhaços como você, Gregório, têm é sorte de lidar com uma Igreja que procurou se conciliar com o mundo depois do Concílio Vaticano II (1962 – 1965), que é responsável, em parte, pela crítica leve de Dom Odilo a vocês, mas nem com essa conciliação vocês se satisfizeram! Vocês querem mais! Muito mais! Não podemos nem reclamar do “péssimo mau gosto” do lixo idiotizante que vocês produzem! Depois da liberdade religiosa, do ecumenismo, da colegialidade, vocês querem agora que a Igreja – não o mundo, mas a Igreja, a qual hoje já está separada do Estado moderno – vocês querem que a Igreja aprove o sacerdócio de mulheres, o uso de métodos contraceptivos – que o Estado já permite e já fornece –, o aborto – que o Estado já provê –, a prática homossexual – que o Estado já permite e tende a oficializar –, a eutanásia – que, em processo coerente, está para ser autorizada –, e as pesquisas com células-tronco embrionárias (porque é somente contra essas que a Igreja é contra), hoje já realizadas.
Seu palhaço, não interessa que você julgue de “mau gosto” que a Igreja, hoje reduzida, em termos políticos, a mais uma das forças sociais, seja contra essas ideias. Não interessa. E é incoerente que você esculhambe Dom Odilo e, por extensão, a Igreja, com argumentos historicamente falsos, só porque ele julgou um de seus vídeos de “mau gosto”. Por coerência, palhaço, você deveria respeitar essa “opinião” do Cardeal e não incitar um verdadeiro linchamento moral contra ele. O que fica patente em sua atitude é sua falsa tolerância, seu falso respeito; fica patente que o que você quer mesmo, palhaço, é a completa destruição da Igreja.
Saiba, no entanto, que você, palhaço, não é somente incoerente em sua reação à Dom Odilo. Você está errado na questão de fundo mesmo! Muito errado.
Além de se meter onde não é chamado, você deveria se despir de sua arrogância palhacesca e estudar o mínimo de teologia antes de se posicionar sobre o sacerdócio de mulheres, o mínimo. Seu palhaço, foi Cristo que fundou a Igreja, e a fundou com doze apóstolos, e os fez sacerdotes. Foi assim que Cristo instituiu sua Igreja, foi assim que Ele estabeleceu a Tradição de sacerdotes homens, foi assim que foi por dois mil anos e é assim que deverá ser até o final dos tempos. Mesmo não acreditando na divindade de Cristo, qualquer idiota, que não seja palhaço, pode ser capaz de entender o porquê de a Igreja ter motivos doutrinários para não ordenar mulheres; só os palhaços não entendem, ou fingem que não entendem, porque querem destruí-la por meio da destruição de sua Tradição, que remonta a Cristo.
Você também deveria entender um pouco de filosofia, um pouco de lei natural e saber que a moral católica sobre o aborto, a eutanásia e a sexualidade em geral não está somente baseada na Revelação, na Fé, mas em dados da razão natural. Toda a moral católica está voltada à preservação e à promoção da vida, intelectual, moral e física, dos indivíduos e da sociedade. Por isso, “não mentir”. Por isso, “não matar”. Por isso, “não roubar”. Por isso, “guardar a castidade”, o que implica ter apenas relações sexuais naturais, abertas à vida, caso em que não se enquadra a relação homossexual. Você, palhaço, é um palhaço de terror, em favor da morte e da esterilidade. É um palhaço de terror, que não se importa que seres humanos sejam friamente gerados em laboratórios, fora de uma relação natural de amor, para que suas células sejam manipuladas, para que os usemos e os descartemos, matando-os, e tudo isso para servir à saúde ou à mera estética de um ser humano mais forte. Você, um palhaço de terror, tem o “péssimo mau gosto” de que os fracos – os fetos, os inválidos e os idosos – sejam descartados. Você, palhaço, não respeita a vida, não entende a vida. Você não sabe nada e não ama nada, só a seu umbigo e a seus interesses, o que inclui seu “cascalhinho”, seu palhaço.
Palhaço Gregório, Gregório palhaço, você não sabe nada sobre o que mencionou em sua carta aberta a Dom Odilo: você não sabe teologia, você não sabe filosofia e você não sabe história. Você não se harmoniza sequer com a liberdade que prega, seu palhaço: você, ateu, sequer é coerente e respeita a liberdade da Igreja Católica de estabelecer suas regras internas; você, relativista, sequer foi coerente e respeitou a opinião do Cardeal Dom Odilo, cuja reputação você visou a matar na nova arena da opinião pública, formada pela burrice de palhaços como você, e que tem um grande poder de divulgação, dada nossa sociedade idiotizada.
Gregório, Gregório, milhões podem rir de suas piadas e julgá-lo inteligente por elas; admita, nem que seja para você mesmo, no entanto, que você só faz sucesso na sociedade idiota e relativista (redundância de estilo) em que vivemos; não temos mais mestres, pensadores sérios, como guias, mas palhaços como você, considerado um “formador de opinião”, cujo riso é o riso irracional das hienas (ou dos macacos, seus ancestrais) e que vem, com sua baba e com seus dentes, trazer a morte para a sociedade brasileira: intelectual, moral e física.
Palhaço, fique com a boa companhia dos idiotas, inclusive dos idiotas antigos, como Galileu! E, sem qualquer capacidade de reflexão e de transcendência, se preocupe mesmo com seu “cascalhinho”: quem sabe você leva um pouco dele na gaveta de seu caixão, ao qual você poderá chegar, a se considerar o avanço da loucura de nossos tempos, realimentada por palhaços como você, legalmente “eutanasiado”, já que não foi legalmente abortado.
Boca Bendita
Brasil, 14 de janeiro de 2014