Foi eleito para o Congresso dos EUA e é agora acusado de mentir no currículo
Dúvidas foram levantadas pelo jornal New York Times.
Um congressista Republicano eleito nas intercalares de novembro é acusado de ter mentido amplamente no seu currículo, segundo o jornal New York Times, levando o seu oponente a exigir a sua renúncia antes mesmo de tomar posse.
Eleito pelo 3.º distrito do estado norte-americano de nova Iorque, George Santos reagiu através de um comunicado do seu advogado, Joseph Murray, dizendo que "não estava surpreendido por ter inimigos no New York Times a tentar difamá-lo".
Nessa investigação, o jornal revela que George Santos, filho de imigrantes brasileiros nascido em Queens, em Nova Iorque, e candidato abertamente homossexual, poderá ter mentido em vários pontos que referiu no seu currículo, como a obtenção de um diploma em finanças no Baruch College, em Nova Iorque em 2010, e passagens pelo Citigroup Bank ou Goldman Sachs Investment Bank.
Porta-vozes destas três entidades garantiram ao New York Times que não encontraram qualquer registo do novo eleito, que deverá tomar posse no início de janeiro.
O Baruch College confirmou à agência France Press (AFP) que não encontrou nos seus arquivos nenhum aluno chamado George Santos por volta do ano de 2010.
O diário nova-iorquino põe ainda em dúvida o funcionamento de uma associação de proteção animal, a 'Friends of United Animals', criada pelo ex-candidato, e considera ainda que a sua empresa de consultoria financeira, a "Devolder Organization", "é uma espécie de mistério".
Na declaração de contas à Câmara dos Representantes, apresentada em setembro, George Santos garantiu que a empresa lhe pagou um salário de 750 mil dólares e dividendos entre um milhão e cinco milhões de dólares (940 mil e 4,7 milhões de euros).
Mas, observa o NYT, o formulário não incluía "qualquer informação sobre clientes que possam ter contribuído para tais despojos, uma aparente violação da exigência de divulgar qualquer compensação acima de 5.000 dólares (4.710 mil euros) de uma única fonte".
"A verdade é que Santos mentiu totalmente aos eleitores (...) e não merece representar Long Island e Queens", reagiu o seu adversário democrata, Robert Zimmerman, derrotado nas eleições intercalares de 08 de novembro.
Zimmerman pediu a sua renúncia e uma “investigação imediata do Comité de Ética da Câmara dos Representantes, da Comissão Eleitoral Federal e do procurador”.
O perfil de George Santos
Em entrevista à Lusa a poucos dias de ser eleito, George Santos afirmou que foi atrás "de uma educação boa" que os Estados Unidos lhe proporcionaram, avaliando que conseguiu construir "uma carreira respeitável" no ramo financeiro, procurando agora dedicar-se ao serviço publico.
Um fiel apoiante do ex-Presidente Donald Trump, George Santos posicionou-se como tudo menos um candidato republicano convencional: jovem (34 anos), descendente de imigrantes nascido no seio de "uma família pobre" no bairro de Queens e homossexual.
Contudo, rejeitou rótulos, porque não "fariam diminuir os impostos dos eleitores".
O estado de Nova Iorque, considerado pró-democrata, viu vários dos seus assentos na Câmara dos Representantes mudarem para o lado Republicano, contribuindo para a sua estreita maioria na câmara baixa de Washington. Os democratas mantiveram a maioria no Senado.
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