ONU assinala dia e hora simbólicos às 9h00 de hoje.

Já somos 8 mil milhões de pessoas na Terra
Já somos 8 mil milhões de pessoas na Terra© Rafiq Maqbool / AP

A população mundial ultrapassa hoje, 15 de novembro, a marca simbólica de 8 mil milhões, segundo a ONU.

O marco é simbólico para chamar a atenção para um planeta em transformação e para a adaptação necessária às consequências do aquecimento global e para questões em torno do consumo dos recursos da Terra.

Este crescimento sem precedentes deve-se ao aumento gradual da longevidade humana, consequência das melhorias na saúde pública, nutrição, higiene pessoal e da medicina. É também o resultado de níveis elevados e persistentes de fecundidade em alguns países.

Embora a população mundial tenha levado 12 anos para passar de 7 para 8 mil milhões, levará aproximadamente 15 anos – até 2037 – para chegar a 9 mil milhões, um sinal de que a taxa de crescimento geral da população global está a diminuir.

Ritmo de crescimento da população a diminuir

Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) estima que a meio de novembro seremos 8 mil milhões de pessoas a viver na Terra (sete das quais estão na realidade fora do planeta), mais do triplo dos 2,5 mil milhões de seres humanos em 1950.

Mas a taxa de crescimento da população mundial caiu drasticamente desde o auge da década de 1960. Esse crescimento caiu de 2,1% entre 1962 e 1965 para menos de 1% em 2020 e pode cair ainda mais para cerca de 0,5% em 2050.

Crescimento global da população concentra-se nos países mais pobres do mundo

A ONU sublinha que por norma os países com mais altos níveis de fertilidade são também os com mais baixo rendimento ´per capita´, a maioria na África subsariana, o que quer dizer que o crescimento global da população se vem concentrando nos países mais pobres do mundo, o que pode impedir a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) os maiores contribuintes para o crescimento a cada mil milhões desde 2010 são a Ásia e África, o que voltará a acontecer com os próximos mil milhões, em 2037, com a Europa a contribuir negativamente.

Para o aumento foi a Índia o maior contribuinte, com 177 milhões de pessoas, ultrapassando a China, com 73 milhões. A contribuição da China, que ainda é o mais populoso (quase alcançado pela Índia) deve ser negativa nos próximos mil milhões.

Na página oficial na internet a ONU refere que o crescimento populacional aumenta os impactos no ambiente e que o aumento dos rendimentos ´per capita´ é o "principal motor de padrões insustentáveis de produção e consumo".

9,7 mil milhões em 2050

Dado o número de pessoas em idade fértil e o aumento da esperança de vida, a população continuará a crescer, com cerca de 8,5 mil milhões em 2030, 9,7 mil milhões em 2050, antes de um “pico” de 10,4 mil milhões na década de 2080 e estagnação até ao final do século, segundo projeções da ONU.

Fecundidade em baixa

Em 2021, a taxa média de fecundidade era de 2,3 filhos por mulher, acima dos cerca de 5 em 1950, segundo a ONU, que prevê 2,1 em 2050.

Cada vez mais velhos

Um fator chave no crescimento populacional é a expectativa média de vida, que está a aumentar: 72,8 anos em 2019, nove anos a mais do que em 1990. E a ONU prevê 77,2 anos em 2050.

Aliado à queda da fecundidade, a proporção de pessoas com mais de 65 anos deve passar de 10% em 2022 para 16% em 2050.

Um envelhecimento que tem efeitos no mercado de trabalho, nos regimes de pensões, nos cuidados aos idosos.

Diversidade demográfica sem precedentes

Mais da metade do crescimento populacional até 2050 virá de apenas 8 países, segundo a ONU: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia.

A média de idades também ilustra essa diversidade: 41,7 anos na Europa contra 17,6 anos na África Subsaariana.

Índia vai ultrapassar a China

Outra mudança de tendências: os dois países mais populosos, China e Índia, vão trocar de lugar no pódio a partir de 2023, segundo a ONU.

A população da China e os seus 1,42 mil milhões de habitantes em 2022 começarão a diminuir, caindo para 1,3 mil milhões em 2050. E apenas 800 milhões até o final do século.

A população da Índia de 1,41 mil milhões em 2022, continuará a crescer, com a previsão de 1,66 mil milhões em 2050.

Em 2050, a Índia deverá ser, portanto, o país mais populoso à frente da China. No terceiro lugar do pódio, estarão ainda os Estados Unidos, mas empatados com a Nigéria, com 375 milhões de habitantes.