Zelensky dirige-se aos russos: "Não querem saber das vossas vidas"
O presidente da Ucrânia deixou várias garantias aos soldados russos que se queiram render na Ucrânia.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, dirigiu-se este sábado aos cidadãos da Rússia e, em russo, afirmou que a “mobilização criminosa” anunciada pelo presidente Vladimir Putin é uma prova de que “os comandantes russos não querem saber" das suas vidas.
No seu habitual discurso à nação, no dia que marca o sétimo mês desde a invasão russa da Ucrânia, o chefe de Estado ucraniano frisou que “as autoridades russas estão bem cientes de que estão a enviar os seus cidadãos para a morte”, uma vez que “não há outras opções”.
“Os comandantes russos não querem saber das vidas - apenas precisam de repor os espaços vazios deixados pelos mortos, feridos, aqueles que fugiram ou os soldados russos que foram capturados”, acrescentou. “O vosso governo não se importa com quem irá ocupar estes lugares”.
Para Zelensky, “neste momento está a ser decidido” se a vida dos russos “vai acabar ou não” e alerta: “é melhor não aceitar uma carta de recrutamento do que morrer numa terra estrangeira como um criminoso de guerra”.
O presidente ucraniano “garantiu” que todos os soldados russos que se rendam “serão tratados de forma civilizada” e que “ninguém saberá das circunstâncias da rendição”. Por último, “se tiverem medo de regressar à Rússia e não quiserem uma troca, encontraremos também uma forma de o assegurar”.
A posição de Zelensky surge no mesmo dia em que Putin assinou emendas ao Código Penal que preveem até 10 anos de prisão para os militares que se rendam ou se recusem a combater em período de mobilização.
Na quarta-feira, no primeiro discurso à nação desde a invasão da Ucrânia, Vladimir Putin anunciou a “mobilização parcial” e garantiu que "apenas os cidadãos que se encontram atualmente na reserva e, sobretudo, aqueles que serviram nas Forças Armadas, têm certas especialidades militares e experiência relevante, serão sujeitos a alistamento".
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que cerca de 5.900 civis morreram e oito mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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