Países bálticos respondem com cautela à mobilização russa
Os três países bálticos -- Estónia, Letónia e Lituânia --, todos eles com fronteira com a Rússia, responderam hoje com cautela ao anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, de uma mobilização parcial de reservistas para a guerra com a Ucrânia.
O vice-chefe da Defesa da Estónia, general Veiko-Vello Palm, declarou que a mobilização parcial da Rússia "não representa uma ameaça militar direta" ao seu país, embora tenha avançado que Talin está a preparar seu próprio pacote de medidas de resposta, sem, porém, especificar.
Num comunicado, o Ministério da Defesa da Letónia afirmou que, mesmo com a mobilização parcial da Rússia, o nível de ameaça militar ao país "continua baixo".
"Putin não pode aceitar o fracasso do seu plano de ocupação na Ucrânia e na frente de combate. Por isso, está disposto a escalar a situação com ameaças convencionais e com chantagem nuclear e outros elementos", lê-se no comunicado, assinado pelo ministro Artis Pabriks.
Pabriks lembrou que a Letónia está a realizar os exercícios militares anuais em todo o país, que começaram a 05 deste mês e se prolongam até 09 de outubro, pelo que asa forças armadas letãs estão no estado de "alta prontidão".
A Lituânia, por sua vez, respondeu às ameaças de Putin elevando o nível de alerta da Força de Reação Rápida lituana, disse o ministro da Defesa, Arvydas Anusauskas.
"Como a mobilização militar russa também ocorrerá na região de Kaliningrado, ou seja, nossos vizinhos, a Lituânia não pode apenas ficar a assistir", disse Anusauskas.
A mobilização parcial russa também levantou alguma preocupação de que um grande número de russos possa tentar cruzar as fronteiras dos países bálticos, diretamente ou através da Bielorrússia, para tentar contornar a ordem de Putin.
A este propósito, as autoridades dos três países disseram que, "provavelmente, não serão bem-vindos" que serão "rejeitados", lembrando, também, a atual proibição de cidadãos russos cruzarem as fronteiras do Báltico com vistos de turismo e por outras razões não essenciais.
"A Letónia não irá autorizar a aprovação de vistos humanitários, nem de qualquer outro género aos cidadãos russos que fogem para evitar serem incorporados. Também não irá modificar as restrições aos cidadãos russos com vistos Schengen a partir de 19 de setembro", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros letão, Edgars Rinkevics, na rede social Twitter.
Noutro comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros lituano admitiu, por seu lado, a possibilidade de aceitar no país os que pretendam sair da Rússia para evitar serem mobilizados, mas frisou que a Lituânia "não tem o objetivos nem a capacidade de expedir vistos por razões humanitárias a todos os russos que o solicitarem".
O portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros estoniano escreve que a Estónia limitou o número de vistos para russos desde 18 de agosto.
No discurso que hoje de manhã proferiu ao país, em que anunciou uma mobilização parcial dos reservistas, o Presidente russo também fez uma ameaça nuclear velada aos inimigos russos do Ocidente.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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