E agora, Putin? As opções da Rússia face à reconquista ucraniana
Soldados de Moscovo estão a ser forçados a recuar.
O Exército ucraniano reconquistou quase 6.000 km2 de território controlado pelas forças russas na Ucrânia. Caso sejam consolidados, estes ganhos serão os maiores para a Ucrânia desde a retirada das forças russas dos arredores de Kiev no final de março.
O Presidente russo ainda não se pronunciou sobre a reconquista ucraniana no leste e no sul do país, mas, de acordo com a agência Reuters, Putin está a ser pressionado internamente para reforçar a ofensiva.
Quais são as suas opções?
Estabilizar, reagrupar, atacar
Os analistas de guerra russos e ocidentais concordam que, do ponto de vista de Moscovo, as tropas russas precisam “urgentemente” de estabilizar as linhas da frente, impedindo o avanço das forças ucranianas, de se reagrupar e, se possível, de lançar uma contraofensiva.
Ainda assim, lançam dúvidas sobre a capacidade dos russos para o fazer, dado o número de soldados mortos na guerra e dada a quantidade de material militar que foi destruído.
Mobilização de homens
Putin poderá virar-se para a força militar de reserva, que conta com cerca de dois milhões de homens, mas a sua mobilização deverá levar tempo. Na terça-feira, o Kremlin fez saber que não está a ser discutida uma mobilização nacional “neste momento”.
De acordo com os especialistas ouvidos pela Reuters, optar por esta estratégia significaria que o Kremlin teria que alterar a sua versão oficial sobre a guerra na Ucrânia, deixando de a classificar como uma “operação militar especial” cujos objetivos eram limitados.
Além disso, a Rússia poderia ver-se obrigada a admitir que a guerra não está a correr bem para o seu lado.
A chegada do inverno
Segundo a Reuters, duas fontes russas ligadas ao Kremlin terão informado que Vladimir Putin poderá estar a jogar com o inverno e os preços da energia a seu favor. O Presidente russo estará esperançoso de que a subida dos preços da energia e possíveis falhas de energia neste inverno influenciarão a Europa a persuadir a Ucrânia a aceitar uma trégua sob os termos de Moscovo.
Recorde-se que a União Europeia acabou com as importações de carvão russo e aprovou a proibição parcial das importações de petróleo. A Rússia, por sua vez, cortou drasticamente as exportações de gás para a Europa e deixou claro que poderá cortar totalmente o fornecimento.
Mais mísseis
No fim de semana, a Rússia atingiu com mísseis várias infraestruturas de energia ucranianas, causando apagões em várias regiões do leste. Para além da eletricidade, também o fornecimento de água e as telecomunicações foram afetadas.
A ofensiva foi elogiada por alguns nacionalistas russos, que apoiam que Moscovo use mísseis cruzeiro para incapacitar infraestruturas ucranianas de forma permanente.
Os mesmos nacionalistas também pedem que Moscovo ataque o que chamam de centros de "tomada de decisão" em Kiev e noutros lugares do país.
Acabar com o acordo dos cereais
Vladimir Putin já fez saber que considera o acordo de exportação de cereais da Ucrânia “injusto” para a Rússia e para os países mais pobres. Esta semana, o Presidente russo deverá reunir com Erdogan para discutir uma possível revisão do acordo e poderá mesmo suspendê-lo, cancelá-lo ou rejeitar a sua renovação em novembro.
Chegar a um acordo de paz
O Kremlin diz que ditará a Kiev os termos de qualquer acordo de paz “quando chegar o momento”. Já o Presidente ucraniano garante que usará a força para libertar o país, incluindo a Crimeia, região que a Rússia anexou em 2014.
Partir para uma guerra nuclear
Funcionários do Governo russo desvalorizaram as alegações ocidentais de que Moscovo está a ponderar utilizar armas nucleares na Ucrânia, mas essa possibilidade continua a preocupar o Ocidente.
Em março, a Rússia admitiu usar armas nucleares se a sua existência for ameaçada.
Tony Brenton, antigo embaixador britânico na Rússia, avisou que se Putin se sentir encurralado poderá recorrer às armas nucleares, sobretudo se enfrentar uma derrota humilhante.
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