sábado, 4 de junho de 2022

DIA INTERNACIONAL DAS CRIANÇAS INOCENTES VÍTIMAS DE AGRESSÃO - 4 DE JUNHO DE 2022

 

Síndrome de Estocolmo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo

Síndrome de Estocolmo ou síndroma de Estocolomo (Stockholmssyndromet em sueco) é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor.[1] De um ponto de vista psicanalítico, pessoas que possam ter desenvolvido ao longo de experiências na infância com seus familiares ou cuidadores, algum traço de caráter sádico ou masoquista implícito em sua personalidade, podem em certas circunstâncias de abuso desenvolver sentimentos de afeto e apego, dirigidos a agressores, sequestradores, ou qualquer perfil que se encaixe no quadro geral correspondente a síndrome de Estocolmo. Há também a possibilidade, amplamente considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam "amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes envolvidos.[2]

De uma forma geral, estes processos psíquicos inconscientes e sua relação entre vítima/agressor, podem perfeitamente ser entendidos em uma ampla gama de contextos onde a situação de agressor e abusado se repete. Inclusive no caso de mulheres que sofrem agressão por parte dos cônjuges e mesmo muitas vezes tendo recursos legais e apoio familiar para abandonar o agressor, ainda persistem em conviver sob a atmosfera de medo.

A síndrome de estocolmo é uma "doença contestada" devido à dúvida sobre a legitimidade da condição.[2] Também descreve as reações de algumas vítimas de abuso além do contexto de sequestros ou tomada de reféns. Ações e atitudes semelhantes às que sofrem da síndrome de estocolmo também foram encontradas em vítimas de abuso sexual, tráfico humano, terror e opressão política e religiosa.[3]

Nome

Essa síndrome recebe seu nome em referência ao famoso assalto de Norrmalmstorg[4] do Kreditbanken em NorrmalmstorgEstocolmo que durou de 23 a 28 de agosto de 1973. Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus raptores mesmo depois dos seis dias de prisão física terem terminado e mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante o assalto, e se referiu à síndrome durante uma reportagem. Ele foi então adotado por muitos psicólogos no mundo todo.

Explicação

A síndrome é relacionada à captura da noiva e tópicos semelhantes na antropologia cultural.

A princípio, as vítimas passam a se identificar emocionalmente com os sequestradores por meio de retaliação e/ou violência. Pequenos gestos gentis por parte dos raptores são frequentemente amplificados porque o refém não consegue ter uma visão clara da realidade e do perigo em tais circunstâncias. Por esse motivo, as tentativas de libertação são tidas como ameaça. É importante notar que os sintomas são consequência de um stress físico e emocional extremo. O complexo e dúbio comportamento de afetividade e ódio simultâneo junto aos raptores é considerado uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas.

É importante observar que o processo da síndrome ocorre sem que a vítima tenha consciência disso. A mente fabrica uma estratégia ilusória para proteger a psique da vítima. A identificação afetiva e emocional com o sequestrador acontece para proporcionar afastamento emocional da realidade perigosa e violenta a qual a pessoa está sendo submetida. Entretanto, a vítima não se torna totalmente alheia à sua própria situação, parte de sua mente conserva-se alerta ao perigo e é isso que faz com que a maioria das vítimas tente escapar do sequestrador em algum momento, mesmo em casos de cativeiro prolongado.

Não são todas as vítimas que desenvolvem traumas após o fim da situação.

História

O caso mais famoso e mais característico do quadro da doença é o de Patty Hearst, que desenvolveu a síndrome em 1974, após ser sequestrada durante um assalto a banco realizado pelo grupo de extrema-esquerda (o Exército Simbionês de Libertação). Depois de libertada do cativeiro, Patty juntou-se aos seus raptores, indo viver com eles e sendo cúmplice em assalto a bancos.[2]

A síndrome pode se desenvolver em vítimas de sequestro, em cenários de guerra, sobreviventes de campos de concentração, pessoas que são submetidas a prisão domiciliar por familiares e também em vítimas de abusos pessoais, como pessoas submetidas a violência doméstica e familiar. É comum também no caso de violência doméstica e familiar em que a vítima é agredida pelo cônjuge e continua a amá-lo e defendê-lo como se as agressões fossem normais.[5]

Ver também

Referências

  1.  «Crime que originou "Síndrome de Estocolmo" completa 40 anos | EXAME»exame.abril.com.br. Consultado em 7 de agosto de 2017
  2. ↑ Ir para:a b c Adorjan, Michael; Christensen, Tony; Kelly, Benjamin; Pawluch, Dorothy (2012). «Stockholm Syndrome As Vernacular Resource». The Sociological Quarterly53 (3): 454–74. ISSN 0038-0253JSTOR 41679728doi:10.1111/j.1533-8525.2012.01241.x
  3.  deFabrique, N.; Romano, S.; Vecchi, G.; Hasselt, Vincent Van (1 de janeiro de 2007). «Understanding Stockholm Syndrome»FBI Law Enforcement Bulletin76: 10–15
  4.  Sherwood, Jody (5 de maio de 2006). «'Stockholm Syndrome' robber turned away by police»The Local (em inglês). Consultado em 25 de abril de 2013. Arquivado do original em 31 de julho de 2013
  5.  See What You Made Me Do: Power, Control and Domestic Abuse, chapter 2, "The Underground", por Jess Hill; publicado em 24 de junho de 2019 pela Black Inc.

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