Cruz cristã
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A cruz cristã é o mais conhecido símbolo religioso do cristianismo. É a representação do instrumento da crucificação de Jesus Cristo, e está relacionada ao crucifixo (cruz que inclui uma representação do corpo de Jesus) e à família mais ampla dos símbolos em forma de cruzes.
A cruz representou em diversas sociedades a interseção do plano material e do transcendental em seus eixos perpendiculares.[1] Por exemplo, era insígnia de Serápis no Egito.[1] Ao ser apropriado pelo cristianismo, este símbolo enriqueceu e sintetizou a história da salvação e paixão de Jesus, significando também a possibilidade de ressurreição.[1]
História
Símbolos pré-cristãos
O símbolo com o formato da cruz, representado em sua forma mais simples através do cruzamento de duas linhas em ângulos retos, antecede em muitos séculos, tanto no Ocidente quanto no Oriente, a introdução do cristianismo; data a um período muito remoto na história da civilização. Supõe-se que seria usado não apenas por seu valor ornamental, mas também com significados religiosos.[2]
Já se tentou associar a este uso difundido do símbolo, em particular na forma da suástica, uma importância etnográfica; ela poderia ter representado o aparato usado para se fazer o fogo e, como tal, ser um símbolo do fogo sagrado[3] ou como um símbolo do Sol,[4] indicando sua rotação diária. Também foi interpretado como uma representação mística do relâmpago ou do deus das tempestades, e até mesmo como o emblema do panteão ariano e da antiga civilização ariana.
Outro símbolo que foi associado à cruz é a cruz ansata (ankh or crux ansata) dos antigos egípcios, que frequentemente aparecem como um sinal simbólico nas mãos da deusa Sacmis, e como um símbolo hieroglífico para a vida ou os vivos.[5] Em períodos subsequentes os cristãos egípcios (coptas), atraídos por sua forma e, talvez, por seu simbolismo, o adotaram como emblema da cruz.[6]
Na Era do Bronze encontrava-se em diversas partes da Europa uma representação mais precisa da cruz, tal como concebida pela arte cristã, e foi neste formato que ela acabou por ser mais amplamente difundida. Esta caracterização mais precisa coincide com uma mudança geral correspondente nos costumes e crenças; a cruz passou a ser associada a diferentes objetos, como fivelas, cinturões, e encontrada em fragmentos de terracota, e no fundo de recipientes usados para beber. Já se especulou que tal uso do símbolo não seria apenas ornamental, mas também um sinal de consagração, especialmente no caso de objetos pertencentes a enterros. No cemitério proto-etrusco de Golasecca, cada tumba contém um vaso com uma cruz entalhada. Cruzes legítimas, de maior ou menor design artístico, foram encontradas em Tirinte, Micenas, Creta, e numa fivela de Vulcos.
Ver também
- Anticristianismo
- Cristianismo
- Crucificação
- Cruz de São Pedro (Cruz invertida)
- Jesus
- INRI
- Simbologia bíblica
- Crucifixo
Referências
- ↑ ab c «A MORTE E O MORRER EM JUIZ DE FORA: Transformações nos costumes fúnebres, 1851-1890» (PDF). Universidade Federal de Juiz de Fora. 2007. 82 páginas. Consultado em 15 de outubro de 2011.
A cruz, como um símbolo, teve seu significado associado a questões de natureza transcendental, em diferentes sociedades. Exercendo variadas funções (síntese, medida, ponte, pólo do mundo, entre outros), a cruz exerce um papel mediador entre o mundo terrestre imanente e o mundo supratemporal transcendente, através de seus dois eixos cruzados. Dessa forma, o simbolismo da cruz foi apropriado pelo cristianismo, enriquecendo e condensando nessa imagem a história da salvação e a paixão do Salvador, significando também a possibilidade da ressurreição. [...] entre os Christão é signal veneral, porque nella padeceu Jesus Christo. Era também insígnia do ídolo Serapis, do Egypto.
- ↑ "Diversos objetos, que datam de períodos muito anteriores ao período cristão, foram encontrados com sinais em formas de cruz, de diferentes formatos, em quase todas as partes do Velho Mundo. Índia, Síria, Pérsia, Egito, em todos foram encontrados inúmeros exemplos . . . O uso da cruz como símbolo religioso em tempos pré-cristãos e entre povos não-cristãos pode provavelmente ser tido como universal, e em muitos casos estava ligado com alguma forma de culto à natureza." - Encyclopaedia Britannica (1946), Vol. 6, p. 753.
- ↑ Emile Burnouf, La science des religions
- ↑ Bertrand, La religion des Gaulois, p. 159. A Companion Bible diz: "Estas cruzes eram usadas como símbolos do Deus-Sol babilônio, [uma cruz dentro de um círculo], e foram vistas pela primeira vez numa moeda de Júlio César, 100-44 a.C., e depois numa moeda cunhada pelo seu herdeiro Augusto, em 20 a.C. Nas moedas de Constantino I o símbolo mais frequente é ☧; mas o mesmo símbolo é usado sem o círculo que o envolve, e com os quatro braços de dimensões iguais; e este símbolo era especificamente venerado como a 'Roda Solar'. Deve-se lembrar que Constantino era um devoto do Deus-Sol, e não entraria para a 'Igreja' até um quarto de século depois da lenda de sua visão da cruz nos céus." (Appendix No. 162)
- ↑ "A cruz na forma da 'Crux Ansata' . . . era carregada nas mãos dos sacerdotes egípcios e reis pontífices como o símbolo de sua autoridade como sacerdotes do Deus Sol, e era chamada de 'o Símbolo da Vida'." (The Worship of the Dead (London, 1904), de J. Garnier, p. 226.
- ↑ Gayet, "Les monuments coptes du Musée de Boulaq" in "Mémoires de le mission française du Caire", VIII, fasc. III, 1889, p. 18, pl. XXXI–XXXII & LXX–LXXI.
Ligações externas
- "Archæology of the Cross and Crucifix" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
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