quinta-feira, 25 de novembro de 2021

PARA A CLASSE BANCÁRIA BENEFICIÁRIA DOS SAMS-NORTE - 25 DE NOVEMBRO DE 2021

 

A todos os Bancários e a 
todos os funcionários dos SAMS-Serviços de Assistência Médico-Social 
- seja do Porto, de Coimbra ou de Lisboa


Meus Amigos:


                     Conforme o prometido e, enquanto os responsáveis sindicais do SBN-Porto, SBCI-Lisboa e SBC-Coimbra, não se manifestarem (o que tenho quase a certeza não acontecerá, nos próximos tempos...) e enquanto FOR VIVO e me for possível, virei falar sobre a Fundação dos SAMS - Serviços de Assistência Médico-Social, sempre que ocorrerem passagens sobre datas significativas.

Caros Colegas e Amigos:


Em 25-11-1975 (há 46 anos)  enquanto no País, principalmente na área de Lisboa, se viviam tempos conturbados devido à tentativa de Golpe de Estado que motivou instauração de estado de sítio, os Representantes das Direcções do SBN (Sindicato dos Bancários do Norte), SBC - (Sindicato dos Bancários do Centro) e SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), reuniram-se pela 2ª vez (a 1ª tinha sido efectuada em Outubro, em Coimbra) agora nas instalações do SBN na Praça Humberto Delgado, no Edifício Capitólio, para continuação dos trabalhos necessários para a implementação dos SAMS a partir de Janeiro de 1976.


Como já disse anteriormente (e por várias vezes) os bancários de todo o país, não se encontravam abrangidos pelos Serviços de Assistência que eram prestados a nível nacional pela então Previdência Social, antecessora do SNS actual. Assim os respectivos Sindicatos, a expensas próprias (quer dizer, dos próprios bancários), possuíam uns Serviços Médicos compostos de várias especialidades e mantinham acordos com clínicas, hospitais, médicos, meios auxiliares de diagnóstico, etc., que na medida do possível iam satisfazendo algumas das necessidades dos bancários e seus familiares. 

Em anteriores negociações com a APB - Associação Portuguesa de Bancos, já se havia discutido profusamente o problema e até se chegou a propor a fundação duma Caixa de Previdência idêntica às que funcionavam para a maior parte das actividades profissionais. As dificuldades que se antepunham eram grandes e difíceis de negociar, até que nas negociações do CCTV de 1974 (talvez devido ao 25 de Abril...) foi conseguido um protocolo que ficou assinalado por escrito no CCTV.

Esse protocolo prenunciava que os Sindicatos em conjunto, estabelecessem um Regulamento e Estatutos para implementação duma nova Entidade (que seria gerida pelos Sindicatos) que a partir de Janeiro de 1976 prestassem a toda a Classe Bancária, Serviços de Assistência Médica em moldes idênticos aos que eram prestados a nível nacional, pelo Estado. 

Os Estabelecimentos bancários deveriam comparticipar com uma percentagem sobre os vencimentos dos seus funcionários, que por sua vez também comparticipariam individualmente - como aliás, fazem os outros trabalhadores - mas os Serviços seriam dirigidos apenas pelos Sindicatos ou individualmente na sua zona de jurisdição ou colectivamente em todo o País. 

Seguindo esses pressupostos, em 13 de Setembro de 1975, tomei a iniciativa de telefonar aos Chefes dos Serviços Clínicos de Lisboa e de Coimbra, para chamar a atenção de que deveria ser cumprido o Protocolo do CCTV, com a maior brevidade, para que a Entidade entrasse em vigor em Janeiro de 1976

A minha proposta foi aceite e de imediato ficaram marcadas reuniões de trabalho para Outubro (15) em Coimbra, Novembro (25) no Porto e Dezembro (13) em Lisboa, nas quais sempre compareci, na qualidade de Chefe dos Serviços Clínicos Interino (já que o Manuel Ricardo, se encontrava com baixa por doença) e eu era (de facto) o responsável dos Serviços Clínicos do SBN.






                     Hoje é uma delas (e talvez a mais importante), tanto no que se refere à data Nacional que ocorre (e que já referi anteriormente - sobre o golpe militar -) e, também, pelo facto de em  25 de Novembro de 1975 (durante o dia) se ter realizado no Porto, no 6º andar do Edifício Capitólio, na Praça Humberto Delgado, a penúltima reunião dos representantes das 3 Direcções sindicais (Norte, Centro e Sul e Ilhas) dos Bancários, coadjuvadas pelos seus Juristas e técnicos e, ainda pelos seus Chefes de Serviços Médicos (efectivos ou interinos - que era o meu caso), para se ultimarem e aperfeiçoarem os trâmites necessários para que os SAMS se iniciassem  em Janeiro de 1976.

                     Foi uma reunião bastante produtiva na qual ficaram estabelecidas várias metas que seriam finalmente explanadas devidamente na última reunião que se ia realizar em Dezembro, em Lisboa.

                     Sucedeu que, enquanto se ouviam as notícias provenientes de Lisboa, sobre o golpe militar que estava a decorrer, com a instauração de estado de sítio na cidade; com o Aeroporto, porto de Lisboa; entradas e saídas da cidade rodeados por forças militares, chamei a atenção dos colegas de Lisboa - e em ar de brincadeira - (principalmente para o Dr. Barros - chefe de serviços do SBSI) para o facto de possivelmente não poderem regressar a casa nessa noite, por causa do estado de sítio.

                     Porém, de facto, acabaram por tomarem o avião à noite e chegaram sãos e salvos a suas casas, porque no meio da confusão instalada no aeroporto, encontraram amigos que os puseram a salvo, e tudo acabou por correr bem, para eles.

                    E pronto. Hoje 25 de Novembro, completam-se 46 anos sobre a penúltima reunião para que os SAMS iniciassem a sua actividade ao serviço da Classe bancária em todo o País, a partir de Janeiro de 1976. Entra-se no 47º ano e os responsáveis que têm dirigido os SAMS ao longo dos anos, fazem de conta que não sucedeu nada. 

                    Por quanto tempo irá este silêncio continuar

                    Evidentemente que a minha teimosia não resolve nada, mas prometo que se Deus quiser, em 13 de Dezembro próximo, voltarei a falar no assunto.


Os meus melhores cumprimentos 






ANTÓNIO FONSECA

N O T A S

Trabalhador do Sindicato dos Bancários do Norte, desde 4 de Março de 1962 até 4 de Março de 2002.

Em 13 de Setembro de 1975 deu início aos trabalhos para a fundação dos SAMS, que após reuniões dos 3 Sindicatos (Norte, Sul e Centro) efectuadas em Outubro, Novembro e Dezembro (nas 3 cidades - Coimbra, Porto e Lisboa) entrou a funcionar em Janeiro de 1976 no Porto e em Fevereiro em Coimbra e em Lisboa).

Entretanto deu o nome de SAMS-SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-SOCIAL na reunião de 13 de Dezembro

Dirigiu INTERINAMENTE os SAMS-NORTE até Maio de 1976 por ausência por motivo de doença do Chefe de Serviços Manuel Ricardo. 

Até 1987 foi Chefe de Secretaria dos SAMS e substituiu em todas as ausências os Chefes de Serviços Clínicos e Administrativos MANUEL RICARDO e ANTÓNIO MOURA DE OLIVEIRA. 

Em 1987 foi transferido a seu pedido para o SBN exercendo as funções de Chefe da Secretaria de Apoio à Direcção. 

Finalmente e dado que as Direcções que se sucederam até 2002 (pelo menos) nada fizeram referentemente à minha situação nos SAMS, pedi a Reforma à Caixa de Aposentações com efeito em Março de 2002.



Porta, 25 de Novembro de 2021





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