Faixa de Gaza
قطاع غزة Qiṭāʿ Ġazzah Faixa de Gaza | |
Gentílico: gazita ou gazeu[1] | |
Mapa da Faixa de Gaza mostrando as áreas urbanas, campos de refugiados e pontos de travessia na fronteira. | |
Cidade mais populosa | Gaza |
Língua oficial | árabe |
Governo | Autoridade Nacional |
- Presidente | Aziz Duwaik |
- Primeiro-ministro | Ismail Haniya |
Área | |
- Total | 365 km² |
População | |
- Estimativa para 2014 | 1 816 379 hab. |
- Densidade | 5046 hab./km² |
PIB (base PPC) | Estimativa de 2014 |
- Total | US$ 1,35 bilhão* |
- Per capita | US$ 6 100 |
Fuso horário | (UTC+2) |
- Verão (DST) | (UTC+3) |
Cód. Internet | .ps |
Cód. telef. | +970 |
Faixa de Gaza (em árabe: قطاع غزة Qiṭāʿ Ġazzah, IPA: [qɪˈtˤɑːʕ ˈɣazza]) é um território palestino[2][3][4][5] composto por uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, que faz fronteira com o Egito no sudoeste (11 km) e com Israel no leste e no norte (51 km). O território tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados.[6]
A população da Faixa de Gaza é de cerca de 1,7 milhão de pessoas.[7] Apesar da maior parte da população ter nascido na Faixa de Gaza, uma grande porcentagem se identifica como refugiados palestinos,[8] que fugiram para Gaza durante o êxodo palestino que ocorreu após a Guerra árabe-israelense de 1948. A população é predominantemente muçulmana sunita. Com uma taxa de crescimento anual de cerca de 3,2%, a Faixa de Gaza tem a sétima maior taxa de crescimento demográfico do mundo,[7] além de ser um dos territórios mais densamente povoados do planeta. A área sofre uma escassez crônica de água e praticamente não tem indústrias.[9] A infraestrutura é precária, e quase nada foi refeito após os bombardeios israelenses de 2008-2009.[10] A designação Faixa de Gaza deriva do nome da sua principal cidade, Gaza, cuja existência remonta à Antiguidade.
A Faixa de Gaza adquiriu suas fronteiras atuais com o fim dos combates da guerra de 1948, confirmado pelo Acordo de Armistício entre Israel e Egito em 24 de fevereiro de 1949.[11] O Artigo V do Acordo declarou que a linha de demarcação não era para se tornar uma fronteira internacional. Primeiramente, a Faixa de Gaza foi oficialmente administrada por um governo completamente palestino estabelecido pela Liga Árabe em setembro de 1948. A partir da dissolução desse governo em 1959, a Faixa de Gaza tornou-se uma área diretamente administrada por um governador militar egípcio até 1967.
Israel anexou e ocupou a Faixa de Gaza durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em conformidade com os Acordos de Oslo, assinados em 1993, a Autoridade Palestina se tornou o órgão administrativo que governa os centros populacionais palestinos. Israel manteve o controle do espaço aéreo, das águas territoriais e das fronteiras, além da fronteira com o Egito. Em 2005, o governo israelense retirou-se do território ocupado .[12] Desde julho de 2007, depois das eleições parlamentares palestinas de 2006 e da Batalha de Gaza, o Hamas tem controlado de facto a administração da área. Após a desocupação militar e a retirada dos assentamentos de colonos judeus do território palestino, Israel bombardeou a Faixa de Gaza em 2008, 2012 e 2014. Esses ataques resultaram em milhares de mortos, sobretudo entre a população civil, além produzirem severos danos à infraestrutura local.
História
Controle otomano, britânico e israelense
Durante centenas de anos, o Império Otomano dominou Gaza, até que o território - junto com o restante da Palestina - passou para o controle dos britânicos, no final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Durante a primeira Guerra árabe-israelense, que conduziu à criação do Estado de Israel, Gaza absorveu um quarto das centenas de milhares dos refugiados palestinos expulsos das áreas que hoje fazem parte de Israel.[9][13]
Israel ocupou a Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Desde então, promoveu o assentamento de centenas de milhares de judeus nos territórios ocupados. Em agosto de 2005, no entanto, o governo israelense, liderado por Ariel Sharon ordenou remoção de toda presença permanente de Israel no território palestino de Gaza e de quatro colônias no norte da Cisjordânia.[12]
Principais conflitos
2008 e 2012
Em 27 de dezembro de 2008,[14] caças israelenses F-16 lançaram uma série de ataques aéreos contra alvos em Gaza após o colapso de uma trégua temporária entre Israel e o Hamas.[15] As Forças de Defesa de Israel disseram que o ministro da Defesa, Ehud Barak, a instruiu a se preparar para uma operação de seis meses antes do seu início, utilizando planejamento de longo prazo e de inteligência.[16] Vários lugares que estavam sendo usados como depósitos de armas foram atingidos: delegacias de polícia, escolas, hospitais, mesquitas, armazéns da ONU, vários edifícios do governo do Hamas e outras construções.[17] Israel disse que o ataque foi uma resposta aos ataques de foguetes do Hamas ao sul de Israel, que totalizavam mais de 3.000 até 2008 e que se intensificaram durante as semanas que antecederam a operação. Equipes médicas palestinas afirmaram que pelo menos 434 palestinos foram mortos e cerca de 2.800 ficaram feridos, sendo muitos civis e um número desconhecido de membros do Hamas, nos primeiros cinco dias de ataques israelenses em Gaza. A FDI negou que a maioria dos mortos fossem civis, fornecendo evidências de que o Hamas deliberadamente escondia suas armas e combatentes em "mesquitas, pátios de escolas e casas de civis" para deter um ataque e explorar as regras de combate de Israel.[18] O governo israelense começou uma invasão terrestre da Faixa de Gaza em 3 de janeiro de 2009 e rejeitou muitos pedidos de cessar-fogo, até os dois lados declararem um cessar-fogo unilateral.[19][20]
Cerca de 1.100 e 1.400[21] palestinos e treze israelenses foram mortos durante os 22 dias de conflito.[22] Depois de Israel declarar o cessar-fogo, o Hamas prometeu continuar a batalha se as forças israelenses não deixassem a Faixa de Gaza.[23]
O conflito danificou ou destruiu dezenas de milhares de casas,[24] 15 dos 27 hospitais de Gaza e 43 de suas 110 unidades de cuidados primários de saúde,[25] 800 poços de água,[26] 186 estufas[27] e quase todos as suas 10 mil fazendas familiares;[28] deixando 50.000 desabrigados,[29] 400.000 a 500.000 sem água corrente,[29][30] um milhão sem eletricidade[30] e resultando em grave escassez de alimentos.[31] Em fevereiro de 2009, a disponibilidade de alimentos voltou aos níveis pré-guerra, mas houve falta de produtos frescos devido aos danos sofridos pelo setor agrícola.[32]
Em 14 de novembro de 2012 as hostilidades recomeçaram com o lançamento de centenas de mísseis pelo Hamas contra o sul de Israel durante quatro dias consecutivos[33] e com o início da "Operação Coluna de Nuvem", como resposta do governo israelense.[34]
2014
Uma escalada de violência israelense ocorreu após a morte de três adolescentes israelenses na Cisjordânia no final de junho de 2014. Como “vingança”, um jovem palestino foi queimado vivo em Jerusalém. Logo após a descoberta dos corpos dos três jovens, Israel iniciou uma ofensiva contra o Hamas. Aviões de guerra passaram a bombardear Gaza destruindo casas e instituições e foram realizadas execuções extrajudiciais. Os ataques israelenses causaram a morte de 1.100 palestinos.
Em 23 de julho de 2014, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou que os ataques do Exército israelense contra Gaza poderiam constituir crimes de guerra. "Os exemplos que acabo de mencionar [ataques israelenses contra civis indefesos] mostram que a lei humanitária internacional foi violada até um alcance que poderiam constituir crimes de guerra", afirmou. Navi falou perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que na mesma data realizou uma sessão especial sobre a incursão israelense. Navi destacou que civis e suas casas não devem ser alvos militares, argumento que já havia sido usado pela ONG humanitária Human Rights Watch, e qualificou como "inaceitável" o lançamento de foguetes de áreas densamente povoadas, como presumivelmente faz o grupo islamita Hamas, "no entanto, a lei internacional é clara: as ações de uma parte não absolvem à outra de sua responsabilidade de respeitar suas obrigações sob a lei internacional". A alta comissária fez um especial alerta sobre a morte de crianças nestes ataques. Navy reiterou a todas as partes do conflito "Israel, Hamas e outros grupos armados palestinos" que apliquem a lei internacional e deixem de ter como alvo os civis. Ela lembrou que desde 12 de junho Israel deteve mais de 1.200 palestinos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, e que muitos deles foram postos em detenção administrativa, ou seja, estão presos sem qualquer acusação. "Na Cisjordânia, Israel continua expandindo assentamentos, demolindo casas palestinas, usando excessivamente a força, abusando de forma contínua e violando constantemente os direitos humanos da população", informou a alta representante.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou em 23 de julho de 2014 uma resolução que condena Israel por sua ofensiva militar contra Gaza e também cria uma comissão própria para investigar crimes e violações do direito internacional na empreitada. Entre os 47 países-membros do conselho, a resolução foi aprovada por 29 votos favoráveis — todos os países latino-americanos, incluindo o Brasil, apoiaram a proposta — e 17 abstenções (Alemanha, Itália, França e Reino Unido permaneceram neutros). Os Estados Unidos foram os únicos a se opor à proposta, assinalando que o conteúdo do documento é "destrutivo" e que em nada contribui para o fim das hostilidades. Em termos gerais, o documento pede que Israel detenha imediatamente sua operação na Faixa de Gaza, especialmente os ataques contra os civis. Além disso, reivindica a suspensão do bloqueio contra Gaza, para que seja possível a entrada segura de ajuda humanitária e comércio de bens no território. Sobre a comissão investigadora, o documento destaca que terá personalidade independente e internacional, e que deve viajar de forma urgente aos territórios palestinos para realizar sua investigação. Suas indagações deverão cobrir o período desde o dia 13 de junho, além de incluir a identificação dos responsáveis dos crimes e recomendar medidas para que sejam julgados por seus atos. "Tudo isto com o propósito de evitar e pôr fim à impunidade, e garantir que os responsáveis prestem contas", indica a resolução.[35][36]
Geografia
A Faixa de Gaza está localizada no Oriente Médio (31° 25′ N, 34° 20′ L). Tem 51 quilômetros de fronteiras com Israel e uma fronteira de 11 km com o Egito, perto da cidade de Rafah. Khan Yunis está localizada a 7 km a nordeste de Rafah e várias cidades ao redor de Deir el-Balah estão localizadas ao longo da costa entre ela e a Cidade de Gaza. Beit Lahia e Beit Hanoun estão localizadas ao norte e ao nordeste da Cidade de Gaza, respectivamente. O complexo de assentamentos israelenses de Gush Katif costumava existir nas dunas adjacentes a Rafah e Khan Yunis, ao longo da margem sudoeste dos 40 quilômetros da costa mediterrânica do território. A praia de Al Deira é um local popular para os surfistas.[37]
O território palestino tem um clima árido, com invernos suaves e secos e verões quentes e sujeitos à seca. O terreno é plano ou levemente ondulado, com dunas próximas à costa. O ponto mais alto é 'Awdah (Joz Abu 'Auda), a 105 metros acima do nível do mar. Os recursos naturais incluem terras cultiváveis (cerca de um terço da tira é irrigada) e, recentemente, descobriu-se reservas de gás natural na área. Entre os problemas ambientais estão a desertificação; salinização da água doce; tratamento de esgoto precário; doenças transmitidas pela água; degradação do solo e o esgotamento e contaminação dos recursos hídricos subterrâneos. A Faixa de Gaza é largamente dependente da água de Wadi Gaza, que também serve como um recurso para Israel.[38]
Demografia
A população da Faixa de Gaza é de 1.428.757 habitantes (dados de julho de 2006). Cerca de 60% da população é composta por refugiados chegados nas duas vagas geradas pelas guerras de 1948-1949 e de 1967;[39] os restantes são populações nativas.[40] Quase toda a população habita as cidades, das quais se destacam Gaza, Khan Yunis, Rafah e Dayr al-Balah. Outras cidades menores são Beit Hanoun, Abasan al-Kabera, Jabaliya, Beit Lahiya, sendo que são poucas as fazendas, devido à falta de espaço. Por causa disso, praticamente todos os alimentos consumidos na região são importados de outros locais.
A Faixa de Gaza tem uma das populações mais jovens do planeta, com 48,1% da população enquadrada na estrutura etária entre os 0 e os 14 anos. A taxa de crescimento anual da população é de 3.71% e a esperança média de vida é de 71,97 anos.
A maioria dos habitantes da Faixa de Gaza são muçulmanos sunitas, com uma minoria cristã.[41] A língua predominante no território é o árabe, seguida do hebraico - antigamente muito falado, hoje tende a não ser aprendido pelos jovens (falar hebraico em Gaza não é bem visto); o inglês é compreendido por alguns habitantes,sendo crescente a sua aprendizagem.
Religião
O islamismo é a religião de 99,8% da população, que segue o ramo sunita do islã. Os outros 0,2% são adeptos do cristianismo, população que tende a diminuir. Nem todas as pessoas são muito religiosas, mas ultimamente Gaza como um todo está se tornando mais influenciada pela religião. Depois que o Hamas venceu as eleições de 2006, assumindo efetivamente o poder em 2007, havia prometido não impor a religião aos habitantes de Gaza, mas vem forçando a adoção de preceitos religiosos pelos cidadãos. Advogadas, por exemplo, passaram a ser obrigadas a usar o hijab nos tribunais, para cobrir os cabelos.[42] Cabeleireiros do sexo masculino são proibidos de cortar os cabelos de mulheres,[43]
O número de cristãos na Faixa de Gaza é estimado entre 2.500 e 5.000, muitos deles idosos. A grande maioria é greco-ortodoxa, e há cerca de 300 católicos (rito latino).[44] Em 1894, havia 196.500 cristãos árabes na Palestina (incluindo o atual Estado de Israel). De 13% da população, eles passaram a menos de 2% hoje.[45][46]
Política, administração e fronteiras
Controle da Autoridade Palestina
Os Acordos de Oslo definiram a Autoridade Palestina como a autoridade administrativa da Faixa de Gaza (exceto dos assentamentos israelenses e de áreas militares) em 1994. Depois da retirada israelense em 12 de setembro de 2005, a Autoridade Palestina tinha autoridade administrativa completa na Faixa de Gaza.[47]
Controle do Hamas (2007-presente)
Em 2006, o partido Hamas venceu as eleições parlamentares palestinas. Desde junho de 2007, o partido assumiu efetivamente o controle da Faixa de Gaza, após confronto armado com o Fatah.[48] O espaço aéreo e o acesso marítimo à Faixa de Gaza são atualmente controlados pelo Estado de Israel, que também ocupou militarmente o território entre junho de 1967 e agosto de 2005.
Distritos | Hamas | Fatah | Votos válidos | ||
---|---|---|---|---|---|
Gaza Norte | 35 781 | 46,95 % | 31 559 | 41,41% | 76 212 |
Gaza | 74 816 | 56,70 % | 48 328 | 36,64 % | 131 894 |
Deir el Balah | 26 550 | 43,87 % | 28 681 | 47,39 % | 60 518 |
Khan Younis | 35 070 | 43,96 % | 38 384 | 48,11 % | 79 786 |
Rafah | 20 785 | 40,39 % | 27 395 | 53,23 % | 51 461 |
Total | 193 002 | 48,27 % | 174 347 | 43,60 % | 399 871 |
Fronteiras
O território da Faixa de Gaza é cercado por muralhas, tanto do lado egípcio quanto israelense. Em 2010, Israel anunciou a construção de uma barreira de mais de 100 quilômetros, ao longo da fronteira com o Egito, bloqueando metade da linha de separação entre os dois países.[50] "Esta é uma decisão estratégica para garantir o caráter judaico e democrático do Estado de Israel", declarou o premiê israelense, Benjamin Netanyahu.
Desde 2009, o governo egípcio também está construindo uma barreira subterrânea de aço, que deverá ter 11 km de extensão e chegar a uma profundidade de 18 metros, visando impedir que túneis clandestinos possam romper o isolamento da Faixa de Gaza. A fronteira entre o Egito e Israel tem 255 quilômetros, e as duas cercas previstas vão cobrir quase a metade dessa extensão.[51] As Nações Unidas estimam que até 80% do que é importado pela Faixa - desde xampú até automóveis - chega por meio dos túneis.[52]
Bloqueio militar
O bloqueio à Faixa de Gaza continuou após a Operação Chumbo Fundido, embora Israel permitisse ajuda humanitária médica em quantidades limitada. A Cruz Vermelha afirmou que o bloqueio prejudicou a economia e provocou uma escassez de medicamentos e equipamentos básicos, como analgésicos e filmes de raio-x.[53]
O diretor do Shin Bet (Agência de Segurança de Israel), Yuval Diskin, não se opôs a flexibilização das restrições comerciais, mas disse que os túneis de contrabando para a Península do Sinai e um porto aberto na Faixa de Gaza colocariam em perigo a segurança nacional. De acordo com Diskin, o Hamas e a Jihad Islâmica tinham contrabandeado mais de "5.000 foguetes com um alcance de até 40 quilômetros." Alguns dos foguetes poderiam chegar até os subúrbios da área metropolitana de Tel Aviv.[54] Mark Regev, porta-voz do gabinete do primeiro-ministro israelense, descreveu as ações de Israel como "sanções", não um bloqueio, mas um consultor jurídico para Gaza da UNRWA, chamou o bloqueio de "uma ação que descumpre a lei internacional".[55]
Em julho de 2010, primeiro-ministro britânico, David Cameron, criticou o bloqueio israelense, dizendo que "bens humanitários e de pessoas devem fluir em ambas as direções. Gaza não pode e não deve ser autorizada a permanecer como um campo de prisioneiros."[56] Em resposta, o porta-voz da embaixada israelense em Londres, disse: "O povo de Gaza são os presos da organização terrorista Hamas. A situação em Gaza é o resultado direto do governo e das prioridades do Hamas."
As Forças de Defesa de Israel (FDI) controlam rigorosamente as viagens dentro da área dos pontos de passagem entre Israel e a Faixa de Gaza e fechou a sua fronteira com Gaza. O ambiente de segurança dentro de Gaza e ao longo de suas fronteiras, incluindo a sua fronteira com o Egito e seu litoral, é perigoso e instável.[57]
Enfrentando a crescente pressão internacional, Egito e Israel diminuíram as restrições na fronteira em junho de 2010, quando a passagem de Rafah do Egito para Gaza foi parcialmente aberta pelo governo egípcio. O Ministério das Relações Exteriores do país disse que a travessia permaneceria aberta principalmente para as pessoas, mas não para o abastecimento.[58] Israel anunciou que iria permitir a passagem de bens civis, mas não de armas e itens que poderiam ser usados para fins ambíguos.[59]
Em janeiro e fevereiro de 2011, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) realizou uma avaliação dos efeitos das medidas para aliviar as restrições de acesso.[60] Eles concluíram que apenas a flexibilização não resultaria em uma melhora significativa na subsistência da população do território.[60] Eles descobriram que a "natureza fundamental das restrições remanescentes" e os efeitos de três anos de rigoroso bloqueio impediram uma melhora significativa nos meios de subsistência e apelaram para Israel abolir completamente o bloqueio, incluindo a remoção de restrições à importação de materiais de construção e às exportações de bens e de acabar com a proibição geral sobre o movimento de pessoas entre Gaza e a Cisjordânia através de Israel, com o objetivo de cumprir com o que eles descreveram como obrigações humanitárias internacionais e de direitos humanos.[60]
Economia
A economia de Gaza se deteriorou desde o fim da Segunda Intifada, devido tanto a densidade populacional de Gaza quanto as restrições de segurança impostas ao território. A política de cerco de Israel, ampliada após o Hamas ter chegado ao poder em 2007, levou a altos níveis de pobreza e desemprego, além de um colapso quase total do setor privado, que era fortemente dependente de mercados de exportação. A população é em grande parte dependente de ajuda humanitária, principalmente de agências da Organização das Nações Unidas (ONU).[61]
No entanto, uma flexibilização da política de cerco imposta por Israel em 2010 resultou em uma melhora de alguns indicadores econômicos, mas exportações regulares provenientes da Faixa de Gaza ainda estão proibidas.[61] De acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), a economia da Faixa de Gaza melhorou em 2011, com um queda no desemprego e um aumento do PIB. O tenente-coronel Kobi Gertzvolf, da FDI, afirma que novos shoppings abriram e que a indústria local está se desenvolvendo. O tenente-coronel Gertzvolf afirma que o crescimento econômico tem levado à construção de hotéis e um aumento na importação de carros.[62] O desenvolvimento em larga escala tem sido possível graças à livre circulação das mercadorias em Gaza através do cruzamento de Kerem Shalom e de túneis clandestinos construídos na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito. A taxa atual de caminhões que entram em Gaza através de Kerem Shalom é de 250 por dia. Este número varia dependendo do nível de interferência das mercadorias trazidas do Egito para Gaza através de túneis. O aumento na atividade de construção levou a uma escassez de trabalhadores da construção civil. Para compensar o déficit, os jovens do território estão sendo enviados para estudar e trabalhar na Turquia.[63]
Infraestrutura
A Faixa de Gaza tem uma pequena e pobre rede de estradas e uma simples rede ferroviária ligando o norte ao sul do território palestino. Esta, no entanto, encontrava-se abandonada nos últimos anos.
O Aeroporto Internacional de Gaza (posteriormente renomeado Aeroporto Internacional Yasser Arafat) foi inaugurado a 24 de novembro de 1998, mas suas atividades foram encerradas em outubro de 2000 por ordem do governo de Israel. Em 2001, a pista do aeroporto foi destruída pelas Forças de Defesa de Israel, inviabilizando seu funcionamento.[64] A Faixa de Gaza possui um heliporto.
Ver também
- Plano de retirada unilateral de Israel
- Bloqueio da Faixa de Gaza
- Cúpula de Ferro
- Plano de partição da Palestina
- História de Israel
- Analogia Israel-Apartheid
- História da Palestina
- História do Egito
- Cisjordânia
- Conflito israelo-palestino
Referências
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