Diretório (Revolução Francesa)
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O Diretório foi o regime político adotado pela Primeira República Francesa entre 26 de outubro de 1795 (no calendário revolucionário, 4 de termidor do ano IV) e o golpe de Estado do 18 de brumário do ano VIII (9 de novembro de 1799). Foi assim chamado porque o poder executivo era exercido por cinco membros, denominados Diretores.
De inspiração burguesa, o Diretório foi instaurado por republicanos moderados, após a Reação Termidoriana, como é chamado o terceiro período (27 de julho de 1794 a 25 de outubro de 1795) da Convenção Nacional [1] A Reação Termidoriana foi, de fato, um golpe de Estado engendrado pela alta burguesia financeira e marca o fim da participação popular no processo revolucionário iniciado em 1789.
O governo do Diretório, autoritário é fundamentado numa aliança com o exército (restabelecido, após vitórias realizadas em campanhas externas), foi o responsável por elaborar a nova Constituição, a Constituição do ano III (1795), que protegeria os interesses da próspera burguesia comercial de duas grandes ameaças: a república democrática jacobina e o Antigo Regime, com suas instituições feudais que tantos empecilhos criavam para a expansão dos negócios.[2]
O Diretório foi marcado pelo restabelecimento do sufrágio censitário, que elegia as duas câmaras legislativas - o Conselho dos Quinhentos e o Conselho dos Anciãos. Os membros do Diretório (Diretores) eram eleitos por cinco anos. Anualmente ocorria a renovação de um terço do corpo legislativo e a substituição de um diretor.
Durante seus quatro anos de existência, o regime enfrentou levantes e complôs dos realistas, mas também dos jacobinos, tais como a chamada Conjuração dos Iguais, de 1796, um movimento de jacobinos e radicais igualitaristas que propunha a "comunidade dos bens e do trabalho" e que pretendia estabelecer a igualdade efetiva entre os homens - o que, segundo seu líder, Babeuf, só poderia ser alcançado mediante a abolição da propriedade privada. A conjuração foi duramente esmagada pelo Diretório, que decretou a pena de morte para todos os participantes do movimento, inclusive Babeuf, que foi enforcado.
O período do Diretório, frequentemente considerado pela historiografia como um curto período de transição, é também uma época de agitação militar, quando a França enfrentou a Áustria na campanha da Itália e depois, novamente, quando foi formada a Segunda Coalizão. Uma outra empresa audaciosa realizada na época foi a campanha do Egito, que muito contribuiu para a celebridade de Napoleão Bonaparte, um jovem e talentoso oficial do exército que viria a se tornar uma das principais figuras da história da França.
O Diretório também criou um denso aparato de administração, além de instrumentos econômicos que permanecerão durante os regimes seguintes. Culturalmente, o período é marcado pela recuperação da popularidade da religião, a despeito das medidas tomadas pelo regime, que tentava criar, sem grande sucesso, uma cultura republicana.
Mas a insatisfação com o Diretório não se limitava a determinados grupos. As eleições anuais também mostravam a desaprovação geral em relação ao executivo. Este, para defender o regime, muitas vezes recorreu a golpes de Estado, tais como o do 18 brumario do ano V (4 de setembro de 1797), contra a maioria realista recentemente eleita. Gradativamente, o Diretório perdia apoio, e muitos já propunham rever a Constituição do ano III. Em 1799, um dos revisionistas, Sieyès, torna-se Diretor, vindo posteriormente a fomentar o golpe de Estado do 18 brumário (no calendário gregoriano, 9 de novembro de 1799), que colocaria um fim no regime do Diretório - e segundo alguns historiadores, um fim na própria Revolução Francesa [3]- abrindo caminho para a formação do Consulado, cuja personalidade central seria Napoleão Bonaparte.
Referências
- ↑ (em francês) La Convention - La réaction thermidorienne du juillet 1794 - novembre 1795 (Thermidor an II - Brumaire an IV)
- ↑ Church, Clive H. "The Social Basis of the French Central Bureaucracy under the Directory 1795-1799," Past & Present No. 36 (April, 1967)
- ↑ Brown, Howard G. Ending the French Revolution: Violence, Justice, and Repression from the Terror to Napoleon. University of Virginia Press, 2007, p. 2
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