sábado, 7 de novembro de 2020

ANA DE GONTA COLAÇO - ESCULTORA - NASCEU EM 1903 - 7 DE NOVEMBRO DE 2020

 

Ana de Gonta Colaço

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Ana de Gonta Colaço
Nome completoAna Raymunda de Gonta Colaço
Outros nomesAninhas
Nascimento7 de novembro de 1903
LisboaReino de Portugal Portugal
Morte25 de dezembro de 1954 (51 anos)
LisboaPortugal Portugal
NacionalidadePortugal Portuguesa

Ana de Gonta Colaço (Lisboa7 de novembro de 1903 - Lisboa25 de dezembro de 1954) foi uma escultora e artista plástica portuguesa. Era filha da poetisa e recitalista Branca de Gonta Colaço e do pintor e ceramista Jorge Rey Colaço, prima da actriz e encenadora Amélia Rey Colaço e da pintora e ilustradora Alice Rey Colaço, e neta pelo lado materno da poetisa inglesa Ann Charlotte Syder e do político e escritor português Tomás Ribeiro.

Biografia

Registada e baptizada como Ana Raymunda de Gonta Colaço, Ana de Gonta Colaço nasceu na manhã de 7 de novembro de 1903, em casa, na Rua de Santo António dos Capuchos, n°84, 2° andar, Lisboa, filha da poetisa Branca Gonta Colaço e do artista plástico Jorge Rey Colaço. Conhecida como Aninhas, era a terceira filha do casal, tendo nascido apenas um ano após o falecimento da sua irmã, ainda recém nascida. Este facto, levou a que a sua mãe registasse vigorosamente todos os feitos e proezas da sua tão desejada e amada filha, durante os seus primeiros anos de vida, no livro em forma de diário que escreveu, de 1904 até 1924, com o título "Aninhas".[1]

Criada no seio de uma das famílias mais ligadas à actividade intelectual da época em Portugal, a sua infância foi bastante privilegiada e enriquecida, sobretudo no que toca à sua educação, sendo ensinada e acompanhada em casa por diferentes tutores, especialistas em diversas matérias e disciplinas, desde línguas, literaturamúsica e até equitação, chegando mesmo a competir com a sua irmã mais nova, Maria Christina, em torneios nacionais. A sua infância ficou ainda marcada por várias mudanças de residência na zona de Lisboa e de Oeiras, e pela constante presença de figuras proeminentes da alta sociedade e do mundo artístico e cultural, assim como de elementos da família real portuguesa que visitavam a sua habitação, nomeadamente a Rainha D. Amélia, sendo conhecidos e relatados pelos vários periódicos de então os inúmeros saraus e jantares que Branca de Gonta Colaço organizava todos os Domingos em sua casa.[1]

Apenas em 1920, com 17 anos de idade, Ana de Gonta Colaço começou a desenvolver o seu talento nas artes visuais, nomeadamente no ramo da escultura, após ter experimentado e criado umas pequenas obras em casa, sendo fortemente inspirada pelo seu pai que lhe comprava barro da Fábrica de Sacavém. Visto que à época, a escultura no feminino raramente proporcionava independência financeira ou era considerada uma boa ocupação para uma mulher, foi graças ao apoio dos seus pais que Ana começou a ter aulas com os escultores Costa Motta, sobrinho, e José Isidoro Neto, e iniciou a sua carreira.[2] Durante esse mesmo período, Ana abraçou o feminismo, passando a usar o cabelo curto, à la garçonne, e a vestir-se com fatos de corte masculino e gravata, assumindo-se ainda publicamente como lésbica numa sociedade ainda muito conservadora.

No dia 5 de abril de 1923, Ana de Gonta Colaço exibiu a sua primeira obra de nome "Onda", uma estátua de dimensões pequenas, em gesso, que ilustra um nu feminino deitado sobre a espuma duma onda, em estilo naturalista, com influências de Rodin e Camille Claudel, na XX Exposição da Sociedade Nacional das Belas Artes, em Lisboa, recebendo uma Menção Honrosa. A imprensa registou o momento, divergindo drasticamente na sua opinião, ora elogiando o potencial da jovem artista, ora atacando a sua condição de mulher e artista.

Um ano depois, em 1924, Ana de Gonta Colaço realizou a sua primeira exposição a solo no Salão Bobone, em Lisboa, e apesar das duras críticas que recebeu em vários artigos escritos, tais como do jornalista Norberto de Araújo, do Diário de Lisboa, que referiu que "A escultura não pode ser nunca a arte de uma mulher.", a inauguração da exposição esteve repleta de várias personalidades do mundo das artes, cultura, política e até do activismo feminista português, como os pintores Jorge BarradasEduarda LapaRoque Gameiro, a artista plástica Milly Possoz e o escultor António Teixeira Lopes, as escritoras e poetisas Virgínia VitorinoOlga Morais Sarmento e Oliva Guerra, ou ainda a actriz e sua prima Amélia Rey Colaço.

Em 1929, tal como o seu pai fizera, Aninhas, nome pelo qual também assinava os seus trabalhos, partiu para Paris e ingressou na Academia Julian, após visitar várias escolas de artes, tornando-se pupila de Paul Landowski e de Alfred-Alphonse Bottiau.

Sete meses depois, foi admitida a exibir no Salon d'Automne, com a sua obra "Pele Vermelha", a qual marcava uma nova estética no seu trabalho, deixando para trás o Naturalismo e rumando em direcção ao Modernismo.

Durante a década de 30, Ana permaneceu intermitentemente entre ParisLisboa e Tânger, onde também tinha família, até 1938.

Durante uma das suas estadias em Portugal, em 1930, foi convidada a exibir na Exposição da Obra Feminina Antiga e Moderna, realizada nas instalações do jornal O Século, em Lisboa, pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, e em 1932, criou o Salão dos Artistas Criadores, juntamente com a escultora Maria José Dias da Câmara e a pintora Maria Adelaide de Lima Cruz, com a qual mantinha uma relação amorosa e partilhava um atelier em Lisboa.[3]

Em 1939, de regresso a Lisboa, e após alguma polémica, por ter vindo a público a sua relação com a cantora Corina Freire, uma das suas obras, "Ouvindo o Sermão", foi recusada pelo júri da XXXVI Exposição de Pintura, Escultura, Arquitetura, Desenho e Gravura da Sociedade Nacional de Belas Artes. Quando entrevistada sobre o acontecimento, Ana respondeu "Em arte, o modernismo não existe em Portugal. Ninguém sabe o que isso é.". Mesmo assim, nesse mesmo ano, foi convidada por Cottinelli Telmo a participar na Exposição do Mundo Português, apresentando a sua obra "D. Jaime", um baixo relevo baseado numa personagem literária de Thomaz Ribeiro, seu avô, exposta no Jardim dos Poetas, em Belém, Lisboa.

Após a morte de sua mãe, em 1945, Ana de Gonta Colaço começou a apresentar sinais de saúde debil e fixou-se na Casa das Matinas em Parada de GontaTondela, na Beira Alta, onde realizou as suas últimas obras e escreveu textos interventivos sobre a condição da mulher na sociedade portuguesa. A sua última obra, uma monumental escultura de Nossa Senhora da Assunção, foi uma encomenda pela paróquia de Aguiar da Beira, e apresentava uma notória influência do estilo do seu antigo professor Paul Landowski, inserido no movimento artístico do Modernismo.[4]

No total, Ana de Gonta Colaço realizou 36 obras, 13 retratos escultóricos (8 homens e 5 mulheres) e 23 esculturas de diferentes estilos e temáticas. Somente quando o seu reconhecimento no estrangeiro se tornou conhecido em Portugal, a imprensa mudou o seu discurso sobre a mulher artista, passando a elogiar o seu trabalho.[5]

Ana de Gonta Colaço faleceu no dia 25 de dezembro de 1954, em casa da sua irmã mais nova Maria Christina de Gonta Colaço de Aguiar, na Rua da Esperança, n°53, em Lisboa, com 51 anos de idade.

Lista de Referências

  1.  Ana de Gonta Colaço: (1903-1954)
  2.  «ANA DE GONTA COLAÇO»FABULÁSTICAS. 7 de janeiro de 2016
  3.  Ferreira, Emília. «Maria Adelaide Lima Cruz»Unive

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