D. José Ornelas critica as “poderosas atitudes manipuladoras e populistas”
12 out, 2020 - 23:29 • Redação
O presidente da Conferência Episcopal enaltece, no entanto, os que estão a fazer “esforços incríveis, em condições dramáticas” no combate à Covid-19 e pede que não se deixem os mais débeis para trás.
D. José Ornelas, bispo de Setúbal e presidente da Conferência Episcopal, recordou esta segunda-feira o exemplo de Francisco e Jacinta, que morreram durante uma pandemia há 100 anos, alertando para “as nefastas consequências” da Covid-19 que afetam todo o mundo na atualidade.
“Os dois irmãozinhos, Francisco e Jacinta, acabaram mesmo por ser vítimas dessa terrível epidemia. A atual contenção da presença dos peregrinos no santuário, nesta peregrinação de outubro é também sinal claro das limitações e condicionalismos que atingem o mundo inteiro, com as nefastas consequências que todos conhecemos e que atinge sobretudo os mais frágeis”, disse D. José Ornelas.
Na homilia da peregrinação aniversária de outubro, o Bispo refere que “é bom ter sempre presente esse contexto histórico – das origens de Fátima em 1917 e de hoje – para entender a atualidade que traz para os nossos dias a Virgem Maria neste lugar e na condição em que vivemos.”
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D. José Ornelas aproveita a sua presença no Santuário para deixar uma palavra aos que estão na linha da frente do combate à Covid-19.
“Pensemos, como exemplo, naqueles e naquelas que estão a fazer esforços incríveis, em condições dramáticas, para socorrer as pessoas atingidas pela pandemia, nos hospitais, nos lares, nas casas onde se vive em solidão, nos campos de refugiados sem condições, na busca soluções para todos e não apenas para alguns. Estas pessoas são expressão concreta da Mãe Maria, da Mãe Igreja, da Mãe humanidade e do carinho de Deus que nunca a abandona”.
Acrescenta o Bispo que “essas são as atitudes que permitem assumir o peso da superação das crises, sem sucumbir nem ao desânimo nem à indiferença, mas contribuindo ativamente para superar as dificuldades com que nos debatemos.”
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No entanto, nem tudo está a ser positivo nesta altura de crise mundial. D. José Ornelas critica as “muitas e poderosas atitudes manipuladoras e populistas, sem remorso de usar o sofrimento e o desconcerto social, para daí tirar dividendos políticos e económicos” que “deixam sempre para trás os mais frágeis da humanidade”.
Por isso, fica o apelo: “Não permitamos que os mais débeis fiquem esquecidos nas suas dificuldades”.
“Cresçamos na solidariedade, na criatividade, na busca de caminhos novos para um mundo novo, com os muitos problemas e oportunidades que temos diante. Se assim fizermos, guiados pelo Espírito do Senhor e imitando as atitudes da Mãe-Maria, sairemos desta crise com mais vida e possibilidade de enfrentar os desafios que o futuro nos apresenta”, acrescentou.
Esta época de pandemia levou a restrições no recinto de Fátima, com a entrada limitada a seis mil peregrinos.
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