Guerra dos Sete Anos
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Guerra dos Sete Anos | |||
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Data | 17 de maio de 1756 – 15 de fevereiro de 1763 (6 anos, 8 meses, 4 semanas e 1 dia) | ||
Local | Europa, África, Índia, América do Norte, Filipinas | ||
Desfecho | Vitória da Coalizão Anglo-Prussiana | ||
Mudanças territoriais | Status quo ante bellum na Europa. Transferência de possessões coloniais entre a Grã-Bretanha, França, Espanha e Portugal.
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Beligerantes | |||
Comandantes | |||
Baixas | |||
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868 000 – 1 400 000 mortos (combatentes e civis)[5] |
A Guerra dos Sete Anos foi uma série de conflitos internacionais que ocorreram entre 1756 e 1763, durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Monarquia de Habsburgo e seus aliados (Saxônia, Império Russo, Império Sueco e Espanha), de um lado, e a Inglaterra, Portugal, o Reino da Prússia e Reino de Hanôver, de outro. Vários fatores desencadearam a guerra: a preocupação das potências europeias com o crescente prestígio e poderio de Frederico II, o Grande, Rei da Prússia; as disputas entre a Monarquia de Habsburgo e o Reino da Prússia pela posse da Silésia, província oriental alemã, que passara ao domínio prussiano em 1742 durante a Guerra de Sucessão Austríaca; e a disputa entre a Grã-Bretanha e a França pelo controle comercial e marítimo das colônias das Índias e da América do Norte. Também foi motivada pela disputa por territórios situados na África, Ásia e América do Norte.
A fase norte-americana foi denominada Guerra Franco-Indígena (ou Guerra Francesa e Indígena), da qual participaram a Inglaterra e suas colônias norte-americanas contra a França e seus aliados algonquinos. A fase asiática iniciou o domínio britânico nas Índias.
Foi o primeiro conflito a ter carácter mundial, e o seu resultado é muitas vezes apontado como o ponto fulcral que deu origem à inauguração da era moderna. A Guerra foi precedida por uma reformulação do sistema de alianças entre as principais potências europeias, a chamada Revolução Diplomática de 1756, e caracterizou-se pelas sucessivas derrotas francesas na Alemanha (Rossbach), no Canadá (queda de Québec e Montreal) e na Índia. O conflito terminou com a vitória da Grã-Bretanha e seus aliados.
Principais batalhas[editar | editar código-fonte]
As principais batalhas em território europeu foram:
- Batalha de Minorca (20 de maio de 1756)
- Batalha de Lobositz (1 de outubro de 1756)
- Batalha de Reichenberg (21 de abril de 1757)
- Batalha de Praga (22 de maio de 1757)
- Batalha de Kolin (18 de junho de 1757)
- Batalha de Hastenbeck (26 de julho de 1757)
- Batalha de Gross-Jägersdorf (30 de agosto de 1757)
- Batalha de Moys (7 de setembro de 1757)
- Batalha de Rossbach (5 de novembro de 1757)
- Batalha de Breslau (22 de novembro de 1757)
- Batalha de Leuthen (5 de dezembro de 1757)
- Batalha de Krefeld (23 de junho de 1758)
- Batalha de Zorndorf (25 de agosto de 1758)
- Batalha de Hochkirch (14 de outubro de 1758)
- Batalha de Bergen (13 de abril de 1759)
- Batalha de Kay (23 de julho de 1759)
- Batalha de Minden (1 de agosto de 1759)
- Batalha de Kunersdorf (12 de agosto de 1759)
- Batalha de Hoyerswerda
- Batalha de Maxen (21 de novembro de 1759)
- Batalha de Meissen (4 de dezembro de 1759)
- Batalha de Landshut (23 de junho de 1759)
- Batalha de Warburg (1 de agosto de 1759)
- Batalha de Liegnitz (15 de agosto de 1760)
- Batalha de Torgau (3 de novembro de 1760)
- Batalha de Villinghausen (1761)
- Batalha de Burkersdorf (21 de julho de 1761)
- Batalha de Lutterberg
- Batalha de Freiberg
Motivos da guerra[editar | editar código-fonte]
A guerra deu continuidade a disputas não apaziguadas pelo Tratado de Aquisgrão (1748) e tinha relação com a rivalidade colonial e econômica anglo-francesa, e com a luta pela supremacia nos Estados Alemães entre a Monarquia de Habsburgo e o Reino da Prússia. A guerra prosseguiu na América do Norte, com a expedição de Braddock, que entre 1695 e 1755 comandou as forças britânicas contra os franceses e indígenas.[6] Cada facção estava insatisfeita com seus antigos aliados. A Inglaterra tomou a iniciativa quando capturou trezentos navios franceses sem declarar guerra, e em seguida, com o Acordo de Westminster (1756), pelo qual estabelece uma aliança militar com Frederico II da Prússia para defender Hanôver de um possível ataque francês.
A França, por sua vez, com os dois tratados de Versalhes (1756 e 1757) obteve a promessa de aliança de Maria Teresa de Áustria e de seu ministro Kaunitz. Maria Teresa também se aliou com Isabel da Rússia.
Desenrolar da guerra[editar | editar código-fonte]
Ao longo dos sete anos, 1756-1763, as grandes potências europeias levam a guerra às suas possessões em todo o mundo. Enquanto nas colônias americanas e da Índia os sucessos pertencem aos Ingleses, e apesar da tentativa do Pacto de Família com os Bourbons da Espanha, na Europa, numa fase inicial, a aliança franco-austríaca é bem sucedida, contando com a ajuda dos príncipes alsacianos, da Suécia e do Império Russo.
A guerra na Europa teve início no verão de 1756, quando Frederico II da Prússia resolveu, preventivamente, atacar o Eleitorado da Saxônia, estado do Sacro Império Romano-Germânico aliado da Áustria de Maria Teresa, e ocupar a capital, Dresda. Em poucas semanas, ele logrou capturar a totalidade do exército saxônico (18 mil homens) em Pirna. Adiantava-se, assim, ao iminente ataque preparado contra o Reino da Prússia pela coalizão formada pela Monarquia de Habsburgo, Império Russo, Suécia, Eleitorado da Saxônia e França.
Embora tivesse o melhor exército da Europa, a situação estratégica da Prússia era preocupante. A Prússia, como um todo, estava ameaçada ao norte pela Suécia (que dispunha de um exército pequeno) e pela Áustria ao sul. A oeste, um punhado de príncipes alemães, fiéis a Maria Teresa, formara um exército contrário a Frederico e que viria a operar na Saxônia. A noroeste, o Hanôver, apoiado por tropas britânicas, oferecia uma ilusória proteção aos prussianos. A leste, a neutra Polônia era uma nação permeável às tropas russas que, em um primeiro momento, estavam interessadas em ocupar a Prússia Oriental.
Durante o ano de 1756, as tropas prussianas conquistaram uma série de vitórias. Frederico II invadiu a Boêmia e, em 6 de maio de 1757, bateu os austríacos na disputada Batalha de Praga. Mas no dia 18 de junho, Frederico acabou sendo derrotado pelo marechal austríaco Daun em Kolin, o que o obrigou a abandonar a Boêmia. A Prússia, a partir de então, foi obrigada a enfrentar uma guerra defensiva em três frentes: a Suécia atacou a Pomerânia; as tropas russas invadiram a região oriental do território prussiano, obtendo uma importante vitória; a França penetrou na Prússia ocidental e os austríacos marcharam sobre a Silésia.
Apesar da inferioridade do exército de Frederico ante as tropas inimigas, o rei obteve duas grandes vitórias em 1757: em 5 de novembro infligiu uma esmagadora derrota a um exército franco-germânico em Rossbach e, em 5 de dezembro, esmagou os austríacos em Leuthen, na Silésia, salvando a Prússia de uma invasão.
Frederico foi muito pressionado em 1758, mas derrotou, em Zorndorf, as tropas russas, que ameaçavam Berlim, e fez com que recuassem para Landsberg e Königsberg. Ferdinando de Brunsvique protegeu seu flanco ocidental com um exército anglo-hanoveriano. Na Batalha de Hochkirch, no entanto, o inesperado ataque dos austríacos obrigou o rei prussiano a recuar até Dresda. Em agosto de 1759, Frederico sofreria a sua mais terrível derrota, em Kunersdorf, ao atacar uma força austro-russa reunida a leste do rio Oder. Apenas o desentendimento entre as tropas austríacas e russas e a logística podem explicar a salvação de Berlim naquele ano.
Em situação precária, o rei recuperou sua capacidade ofensiva graças a um novo tratado com a Inglaterra, que lhe forneceu a ajuda financeira necessária ao prosseguimento da guerra. Em 1760, as tropas prussianas iniciaram seu avanço em direção à Silésia, onde venceram os russos e os austríacos. As forças militares do monarca prussiano, embora prodigiosas, começavam a mostrar sinais de esgotamento. Nesse mesmo ano seria travado o último grande combate de Frederico II: a Batalha de Torgau, em que prussianos e austríacos sofreram pesadas baixas.
Ocorreu então o que é chamado pelos historiadores austríacos de o milagre da Casa de Brandemburgo: com a morte da czarina Isabel, em 1762, subiu ao trono russo seu sobrinho, Pedro III, que nutria grande admiração por Frederico e pela Prússia. Rompeu-se assim a coalizão antiprussiana. O novo czar não apenas reverteu sua política e assinou um armistício com Frederico II (deixando o rei livre da frente oriental), como também atuou como mediador entre prussianos e suecos. Pôs seu exército à disposição do rei e se juntou aos prussianos para expulsar os austríacos da Silésia. Pedro III foi assassinado meses depois de subir ao trono, mas sua viúva e sucessora, Catarina II da Rússia, manteve a paz com a Prússia.
Sem o apoio do exército russo, os austríacos foram derrotados em Burkersdorf e Freiberg.
Operações nas colônias[editar | editar código-fonte]
Paralelamente aos conflitos nos campos de batalha da região central da Europa, os combates travados entre a Inglaterra e a França pela posse das colônias da América do Norte e das Índias estenderam-se às Índias Ocidentais, oeste da África, Mediterrâneo, Canadá e Caribe.
A ocupação da ilha de Minorca, então possessão inglesa, pelos franceses, em 1756, provocou o bloqueio inglês às costas da França em Toulon e Brest, o que deixou indefeso o Canadá francês diante dos ataques lançados pelos ingleses às colônias ao sul do rio São Lourenço.
Em julho de 1757, o primeiro-ministro Pitt, o Velho, subiu ao poder na Inglaterra e conduziu a guerra com habilidade e vigor. Enquanto a França via-se limitada pelos seus compromissos continentais, a Grã-Bretanha tomava o controle do Atlântico e isolava as forças francesas na América do Norte. Precisando de reforços, Louisbourg caiu em 1758. O ano de 1759 foi de vitórias britânicas - Wolfe capturou a cidade de Québec, Ferdinando derrotou o exército francês em Minden e Hawke destruiu a frota francesa na baía de Quiberon. Com a tomada de Montreal, em 1760, depois das vitórias navais britânicas da baía de Quiberon e Grandes Lagos, todas as possessões francesas no Canadá passaram às mãos dos ingleses, que conquistaram ainda alguns portos do Mediterrâneo.
Na Índia, Robert Clive havia conseguido o controle de Bengala em Plassey. Os franceses se renderam nas Índias em 1761. O almirante Boscawen atacou com sucesso as Índias Ocidentais francesas. Em 1761, a Espanha entrou na guerra e Pitt renunciou. A França assinara com a Espanha o chamado Pacto de Família, o que provocou a invasão de Cuba pela Inglaterra e a ocupação de Manila, nas Índias Ocidentais. Até o ano de 1763, os britânicos controlavam a Havana espanhola e todas as ilhas francesas, com exceção de Santo Domingo.
Em meados do século XVIII, o relacionamento saudável entre a Inglaterra e as Treze Colônias foi modificado devido a dois fatores paralelos:
- A ocorrência da Revolução Industrial.
- A vitória das Treze Colônias na Guerra dos Sete Anos.
A paz[editar | editar código-fonte]
Todos estavam dispostos a um acordo de paz. No cômputo global do conflito, a Inglaterra e o Reino da Prússia foram os grandes vitoriosos.
Em 1762, o Tratado de São Petersburgo devolveu a Pomerânia ao Reino da Prússia, antigo território Germânico, tomado pelos Suecos na Guerra dos Trinta Anos. Pelo Tratado de Paris, firmado em 1763, franceses, austríacos e ingleses assinaram a paz. No acordo firmado, os ingleses ganham o Canadá e parte da Louisiana, Flórida (que foi cedida pela Espanha), algumas ilhas das Antilhas (São Vicente e Granadinas, Tobago, Granada, São Luís), e feitorias costeiras do Senegal, na África, além de ter de reconhecer todas as conquistas inglesas nas Índias Ocidentais. A favor da Espanha, para compensá-la dos prejuízos advindos da guerra, a França cedeu o resto da Louisiana e Nova Orleans. Os franceses também perderam toda a influência na Índia.
Finalmente, em 15 de fevereiro de 1763, foi firmada a paz definitiva em Hubertusburgo. Pelo Tratado de Hubertsburg, a Áustria renunciou definitivamente à Silésia e a cedeu à Prússia, enquanto a Polônia era dividida pela primeira vez, ocupada pelo Reino da Prússia, Império Russo e Monarquia de Habsburgo.
A Prússia se afirma como concorrente da Áustria na liderança dos estados alemães, lançando as bases do futuro Império Alemão. As importantes vitórias inglesas sobre a França, solidificadas no Tratado de Paris, lançam as bases do futuro Império Colonial Britânico.
No Brasil, houve repercussão dessa luta. Portugal não aderiu ao Pacto de Família, o que motivou o ataque dos espanhóis do rio da Prata ao sul do Brasil. O Tratado de Santo Ildefonso, assinado em 1777, encerrou o conflito: a Espanha tomou posse da Colônia do Sacramento e de grande parte do atual território do Rio Grande do Sul, enquanto Portugal recuperava a ilha de Santa Catarina.[7]
A Guerra dos Sete Anos foi um dos elementos que desencadeou a Guerra Mojeña que fez com que o Rio Guaporé servisse de fronteira entre a Bolívia, ao sul, e o Estado brasileiro de Rondônia, ao norte[8].
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
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- ↑ Speelman, P.J. (2012). Danley, M.H.; Speelman, P.J., eds. The Seven Years’ War: Global Views. Brill. ISBN 978-90-04-23408-6.
- ↑ ab c Clodfelter, M. (2017). Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492-2015 (4ª ed.). Jefferson, North Carolina: McFarland. ISBN 978-0786474707.
- ↑ ab Speelman 2012, p. 524.
- ↑ "Statistics of Wars, Oppressions and Atrocities of the Eighteenth Century: Seven Years War". Página acessada em 19 de junho de 2017.
- ↑ «A Batalha de Monongahela». World Digital Library. 1755. Consultado em 4 de agosto de 2013
- ↑ Dias, Manuel Augusto [Portugal na Guerra dos Sete Anos] no Jornal A Voz de Ermesinde, edição de 30-03-2012
- ↑ Guerra nas missões de Mojos: uma análise do conflito luso-espanhol pela posse da antiga missão jesuítica de Santa Rosa de Mojos no rio Guaporé (1760-1764), acesso em 14 de fevereiro de 2017.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
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