Amélia Rey Colaço
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Amélia Rey Colaço | |
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Amélia Rey Colaço, 1919 | |
Nascimento | 2 de março de 1898 Lisboa |
Nacionalidade | portuguesa |
Morte | 8 de julho de 1990 (92 anos) Lisboa |
Ocupação | encenadora e atriz |
Atividade | 1917-1990 |
Cônjuge | Robles Monteiro (1920) |
Amélia Rey Colaço ComC (Lisboa, 2 de março de 1898 — Lisboa, Lapa, 8 de julho de 1990) foi uma encenadora e atriz portuguesa.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Amélia Rey Colaço nasceu 2 de Março de 1898 em Lisboa.[1]
Considerada a mais proeminente figura do teatro português do século XX, foi criada num meio socialmente privilegiado, tendo no seio familiar o primeiro contacto com as artes — o pai, Alexandre Rey Colaço, era pianista, compositor e professor dos príncipes D. Luís Filipe de Bragança e D. Manuel de Bragança (futuro rei D. Manuel II de Portugal), e a avó, Madame Kirsinger, tinha um salão literário e musical em Berlim.
Acrescente-se que a sua genealogia «cruza ramos de diversas nacionalidades. A sua mãe, Alice Lafourcade Schmidt, nascida no Chile em 1865, tinha mãe francesa e pai alemão. Crescera em Berlim com a sua mãe e o padrasto, Carl Kissinger, negociante de instrumentos musicais. A avó materna de Amélia Rey Colaço, que ficou conhecida no meio berlinense como Madame Kirsinger, pela organização de um salão onde reunia figuras promissoras do meio artístico, sobretudo o musical, viria a ter um papel significativo no percurso da neta. O pai de Amélia, Alexandre Rey Colaço, nascido em Tânger em 1854, tinha, por sua vez, mãe portuguesa (de uma família de diplomatas naquela cidade) e pai francês. Ficou órfão cedo, e a formação como pianista, iniciada no Conservatório de Madrid, foi continuada em Paris e Berlim, graças ao mecenato do Conde de Daupiás, que conhecera numa passagem por Lisboa. Foi precisamente em Berlim, no salão de Madame Kirsinger, que Alexandre Rey Colaço conheceu Alice, filha da anfitriã, com quem viria a casar.»[2]
Em dezembro de 1911 Amélia partiu com a sua irmã Maria para Berlim, para casa da avó materna, com o objetivo de estudarem música. Também aqui encontrou um ambiente cultural estimulante, nas constantes tertúlias em casa da sua avó, frequentadas por vários artistas da capital alemã. Seriam os espetáculos de Max Reinhardt com o Deutsches Theater, que seguiu atentamente na sua estadia em Berlim, que atraíram Amélia para a carreira de atriz. No regresso a Portugal iniciou aulas de teatro com Augusto Rosa[3].
Corria o ano de 1917 quando se estreou no então Teatro República (hoje Teatro São Luiz), na peça Marinela de Benito Pérez Galdós. Para fazer a personagem, uma rude vagabunda, aprendeu, durante meses, a andar descalça e a usar farrapos, no interior do jardim do seu palacete.
Casou-se em Dezembro de 1920 com o ator beirão Robles Monteiro. No ano seguinte os dois concorrem ao concurso de concessão do Teatro Nacional D. Maria II, fundando para o efeito uma companhia de teatro própria: a Companhia Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Nascia assim a mais duradoura companhia teatral de sempre da Europa, que conheceu 53 anos de duração ( (foi oficialmente extinta em 1988), 46 dos quais sediada no Teatro Nacional D. Maria II. Em dezembro de 1964 um incêndio destruiu o Teatro D. Maria II, pelo que a Companhia se mudou para o Teatro Avenida, por sua vez consumido por um incêndio em 1967.
Talentosa, culta e empreendedora, Amélia Rey Colaço atuou em vários planos na direção da companhia — estruturou um grupo coeso e exigente, empenhou-se na dignificação social do ator, conquistando para ele um estatuto de superioridade, à medida que organizava um reportório ambicioso, à revelia da censura. Chamou pintores prestigiados para colaborarem na cenografia, casos de Raul Lino, Almada Negreiros ou Eduardo Malta. Contratou nomes que eram ídolos do público de então, como Palmira Bastos, Nascimento Fernandes, Alves da Cunha, Lucília Simões, Estêvão Amarante, Maria Matos ou Vasco Santana.
Fazendo escola, revelou uma inteira geração de novos atores, como Raul de Carvalho, Álvaro Benamor, Maria Lalande, Assis Pacheco, João Villaret, Augusto de Figueiredo, Paiva Raposo, Eunice Muñoz, Carmen Dolores, Maria Barroso, João Perry, Madalena Sotto, Helena Félix, Rogério Paulo, José de Castro, Lourdes Norberto, Varela Silva, Ruy de Carvalho, Filipe La Féria ou João Mota. Alternando entre obras clássicas e modernas, abriu como nunca as portas à dramaturgia portuguesa, representando obras de António Ferreira, José Régio, Alfredo Cortez, Virgínia Vitorino, Carlos Selvagem, Romeu Correia, Bernardo Santareno, Luís de Sttau Monteiro, entre outros.
Com ousadia, revelou autores como Jean Cocteau, Jean Anouilh, Lorca, Brecht, Valle Ínclan, Alejandro Casona, Eugene O'Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Pirandello, Eduardo De Filippo, Max Frisch, Ionesco, Dürrenmatt e Edward Albee.
Acarinhada ao longo da sua carreira, cultivou a admiração de Oliveira Salazar e antigos monarcas, tendo sido amiga da rainha D. Amélia de Orleães.
Em princípios de 1974, Amélia Rey Colaço regressa ao São Luiz, de onde partira. Pouco depois dá-se o 25 de Abril e, percebendo que a vão encarar como um símbolo do Estado Novo, suspende a companhia e sai de cena, assumindo a injustiça com discrição. Deixava para trás espectáculos antológicos, como Castro, Salomé, Outono em Flor, Romeu e Julieta, O Processo de Jesus, Topaze, A Visita da Velha Senhora ou Tango. O último grande papel vem, contudo, a desempenhá-lo aos oitenta e sete anos, na figura de D. Catarina na peça El-Rei D. Sebastião, de José Régio.
Em 1988, aquando da extinção oficial da companhia, Amélia Rey Colaço vê-se forçada a leiloar o recheio da casa do Dafundo, cedida pela marquesa Olga do Cadaval, e a abandoná-la.
Amélia Rey Colaço morreu a 8 de Julho de 1990 em Lisboa,[1] junto da sua filha, Mariana Rey Monteiro, também já falecida.
Televisão[editar | editar código-fonte]
- 1965 - Não Acordem o Menino Jesus - RTP[5]
- 1982 - Gente Fina É Outra Coisa - RTP
Condecorações[1][6][editar | editar código-fonte]
Ordens honoríficas portuguesas:
- Comendadora da Ordem da Instrução Pública de Portugal (17 de Março de 1933)
- Comendadora da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal (2 de Novembro de 1961)
- Comendadora da Ordem Militar de Cristo de Portugal (13 de Dezembro de 1967)
- Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal (30 de Agosto de 1978)
Ordens estrangeiras:
- Dama da Ordem das Artes e das Letras de França (? de ? de 19??)[1]
Referências
- ↑ ab c d «Ficha de Pessoa: Amélia Rey Colaço». Indica estreia no Teatro D. Amélia. CETbase - Centro de Estudos de Teatro. 11 de Fevereiro de 2014. ISSN 0874-9663. Consultado em 1 de junho de 2014. Cópia arquivada em 1 de junho de 2014
- ↑ Leal, Joana d'Eça. «Da vida pelo teatro: a atriz e empresária Amélia Rey Colaço, 219-237». Historiae, Rio Grande, 8 (2), 2017
- ↑ Instituto Camões
- ↑ (PDF) http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/1917/N615/N615_master/N615.pdf Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ https://www.rtp.pt/programa/tv/p36583
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Amélia Rey Colaço". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 1 de junho de 2014
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Biografia de Amélia Rey Colaço no Sítio oficial do Instituto Camões
- Ficha de Pessoa : Amélia Rey Colaço no Centro de Estudos de Teatro & Tiago Certal
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