Incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris
Incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris
Notre-Dame durante o Incêndio.
Hora 18h50 (hora local) UTC+2
Duração Cerca de 15 horas[1]
Data 15 de abril de 2019
Local Catedral de Notre-Dame de Paris, Paris, França
Causa Alegada queda de andaime[2]
Mortes 0[3]
Lesões não fatais 3; um bombeiro e dois policiais[4][3]
O incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris foi um incêndio violento que se deflagrou na Catedral de Notre-Dame de Paris em 15 de abril de 2019. Teve início ao fim da tarde no telhado do edifício, e causou danos consideráveis.[3][5] A agulha da catedral e o telhado colapsaram, e o interior e alguns dos artefactos que albergava foram gravemente danificados.[6][7]
Incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris | |
---|---|
Notre-Dame durante o Incêndio. | |
Hora | 18h50 (hora local) UTC+2 |
Duração | Cerca de 15 horas[1] |
Data | 15 de abril de 2019 |
Local | Catedral de Notre-Dame de Paris, Paris, França |
Causa | Alegada queda de andaime[2] |
Mortes | 0[3] |
Lesões não fatais | 3; um bombeiro e dois policiais[4][3] |
O incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris foi um incêndio violento que se deflagrou na Catedral de Notre-Dame de Paris em 15 de abril de 2019. Teve início ao fim da tarde no telhado do edifício, e causou danos consideráveis.[3][5] A agulha da catedral e o telhado colapsaram, e o interior e alguns dos artefactos que albergava foram gravemente danificados.[6][7]
Índice
Antecedentes[editar | editar código-fonte]
A catedral de Notre-Dame de Paris data do século XII, compondo-se de uma mistura de cantaria nas estruturas de suporte, e madeira nos telhados principais e na sua agulha icónica. Em 2018, um apelo emergencial declarou que a catedral necessitava de manutenção e restauro.[8] Quando foram levantadas as preocupações sobre o estado da catedral, o arquitecto director dos monumentos históricos franceses, Philippe Villeneuve, declarou a 27 de Julho de 2017 que "a maior culpada é a poluição".[9]
Quando o incêndio ocorreu, o edifício estava com obras de renovação. Tinham sido colocados andaimes em torno dos telhados, e várias estátuas de pedra e bronze tinham sido removidas do local, em preparação para as obras de restauro.[10] Pelo menos dezasseis estátuas de bronze e outras obras de arte foram retiradas do edifício durante as obras de restauro, sendo assim poupadas ao incêndio.[11][10]
A catedral de Notre-Dame de Paris data do século XII, compondo-se de uma mistura de cantaria nas estruturas de suporte, e madeira nos telhados principais e na sua agulha icónica. Em 2018, um apelo emergencial declarou que a catedral necessitava de manutenção e restauro.[8] Quando foram levantadas as preocupações sobre o estado da catedral, o arquitecto director dos monumentos históricos franceses, Philippe Villeneuve, declarou a 27 de Julho de 2017 que "a maior culpada é a poluição".[9]
Quando o incêndio ocorreu, o edifício estava com obras de renovação. Tinham sido colocados andaimes em torno dos telhados, e várias estátuas de pedra e bronze tinham sido removidas do local, em preparação para as obras de restauro.[10] Pelo menos dezasseis estátuas de bronze e outras obras de arte foram retiradas do edifício durante as obras de restauro, sendo assim poupadas ao incêndio.[11][10]
Incêndio[editar | editar código-fonte]
As causas do incêndio ainda não estão determinadas, presumindo-se que o fogo possa estar relacionado com as obras de restauro em curso no edifício.[12]
Estima-se que o fogo tenha deflagrado às 18:50, hora de Paris,[13] no sótão da catedral,[14] perto da hora em que o edifício fechava aos turistas. Uma missa estava programada para essa hora, entre as 18:15 e as 19:00.[15] De acordo com quem se encontrava no local, as portas da catedral foram abruptamente fechadas à sua saída, e fumo branco começou a sair dos telhados.
O fumo branco tornou-se negro, indicando que um fogo de grandes dimensões estava ocorrendo no interior da catedral.[16] A polícia e outros serviços de emergência rapidamente evacuaram a Île de la Cité, onde se situa a catedral, e fecharam os acessos da cidade à ilha.[16][17][12] Numerosas pessoas juntaram-se em ambas as margens do rio Sena e em edifícios próximos para assistir ao evento.[16]
Quatrocentos bombeiros foram mobilizados para o combate às chamas.[18] Segundo os bombeiros, o combate às chamas por meios aéreos não era possível, pois poderia causar o colapso integral da estrutura do edifício.[16][19] As equipas de emergência fizeram o possível por salvar a arte e artefactos religiosos guardados na catedral, enquanto tinha lugar o combate às chamas.[20]
As chamas engoliram a parte superior do edifício, incluindo as duas torres sineiras e a agulha central.[21] Às 21:30 o incêndio ainda não havia sido controlado pelos bombeiros.[11]
A altura do edifício não deixou que escadas e mangueiras conseguissem chegar às chamas, impedindo um combate ao fogo eficaz.[22] Dois bombeiros conseguiram subir ao segundo andar de uma das torres levando consigo mangueiras, numa tentativa de conter o incêndio, não conseguindo evitar o colapso total do telhado da nave da catedral, pouco depois das 20h00 locais. A agulha central colapsou pouco depois, às 20:13.[23]
Segundo o porta-voz da catedral, André Finot, todo o madeirame ardeu. Durante o incêndio declarou: "Tudo está em vias de arder: a obra de carpintaria, que data do século XIX de um lado, e do século XIII do outro, não ficará nada. (...) Está por saber se a abóbada, que protege a catedral, será afectada ou não."[12][19] O porta-voz declarou que toda a estrutura de madeira provavelmente ruirá, e que a abóbada do edifício pode estar também ameaçada.[24] Pouco depois das 20:00, foi confirmada a inexistência de vítimas por responsáveis do ministério do Interior francês.[22]
Segundo o monsenhor Patrick Chauvet, reitor da catedral, a coroa de espinhos e a túnica de São Luís, dois dos artefactos mais valiosos lá albergados, foram salvos das chamas.[25]
Pouco antes das 23:00, o secretário de Estado do ministério do interior, Laurent Nuñez, e o general Jean-Claude Gallet, fizeram um ponto de situação, afirmando que o fogo havia baixado de intensidade, que o incêndio já estava em fase de rescaldo, e que a estrutura da catedral de Notre-Dame se havia "salvado e preservado na sua globalidade". No entanto, há um considerável desgaste da estrutura, e os dois níveis de tecto foram destruídos.[19]
As causas do incêndio ainda não estão determinadas, presumindo-se que o fogo possa estar relacionado com as obras de restauro em curso no edifício.[12]
Estima-se que o fogo tenha deflagrado às 18:50, hora de Paris,[13] no sótão da catedral,[14] perto da hora em que o edifício fechava aos turistas. Uma missa estava programada para essa hora, entre as 18:15 e as 19:00.[15] De acordo com quem se encontrava no local, as portas da catedral foram abruptamente fechadas à sua saída, e fumo branco começou a sair dos telhados.
O fumo branco tornou-se negro, indicando que um fogo de grandes dimensões estava ocorrendo no interior da catedral.[16] A polícia e outros serviços de emergência rapidamente evacuaram a Île de la Cité, onde se situa a catedral, e fecharam os acessos da cidade à ilha.[16][17][12] Numerosas pessoas juntaram-se em ambas as margens do rio Sena e em edifícios próximos para assistir ao evento.[16]
Quatrocentos bombeiros foram mobilizados para o combate às chamas.[18] Segundo os bombeiros, o combate às chamas por meios aéreos não era possível, pois poderia causar o colapso integral da estrutura do edifício.[16][19] As equipas de emergência fizeram o possível por salvar a arte e artefactos religiosos guardados na catedral, enquanto tinha lugar o combate às chamas.[20]
As chamas engoliram a parte superior do edifício, incluindo as duas torres sineiras e a agulha central.[21] Às 21:30 o incêndio ainda não havia sido controlado pelos bombeiros.[11]
A altura do edifício não deixou que escadas e mangueiras conseguissem chegar às chamas, impedindo um combate ao fogo eficaz.[22] Dois bombeiros conseguiram subir ao segundo andar de uma das torres levando consigo mangueiras, numa tentativa de conter o incêndio, não conseguindo evitar o colapso total do telhado da nave da catedral, pouco depois das 20h00 locais. A agulha central colapsou pouco depois, às 20:13.[23]
Segundo o porta-voz da catedral, André Finot, todo o madeirame ardeu. Durante o incêndio declarou: "Tudo está em vias de arder: a obra de carpintaria, que data do século XIX de um lado, e do século XIII do outro, não ficará nada. (...) Está por saber se a abóbada, que protege a catedral, será afectada ou não."[12][19] O porta-voz declarou que toda a estrutura de madeira provavelmente ruirá, e que a abóbada do edifício pode estar também ameaçada.[24] Pouco depois das 20:00, foi confirmada a inexistência de vítimas por responsáveis do ministério do Interior francês.[22]
Segundo o monsenhor Patrick Chauvet, reitor da catedral, a coroa de espinhos e a túnica de São Luís, dois dos artefactos mais valiosos lá albergados, foram salvos das chamas.[25]
Pouco antes das 23:00, o secretário de Estado do ministério do interior, Laurent Nuñez, e o general Jean-Claude Gallet, fizeram um ponto de situação, afirmando que o fogo havia baixado de intensidade, que o incêndio já estava em fase de rescaldo, e que a estrutura da catedral de Notre-Dame se havia "salvado e preservado na sua globalidade". No entanto, há um considerável desgaste da estrutura, e os dois níveis de tecto foram destruídos.[19]
Progressão[editar | editar código-fonte]
Consequências[editar | editar código-fonte]
Reações[editar | editar código-fonte]
O presidente francês Emmanuel Macron adiou uma comunicação televisiva sobre medidas planeadas em resposta ao movimento dos coletes amarelos, programada para segunda-feira, após o início do incêndio na catedral de Notre-Dame de Paris.[26]
A presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, descreveu o incêndio como um "fogo terrível", pedindo aos cidadãos que respeitassem as medidas de segurança.[27][12] Milionários e empresas francesas ofereceram ajuda financeira para a reconstrução do local, após pedido do presidente Emmanuel Macron. Até 16 de abril de 2019, as doações passavam de 590 milhões de euros.[28]
O presidente francês Emmanuel Macron adiou uma comunicação televisiva sobre medidas planeadas em resposta ao movimento dos coletes amarelos, programada para segunda-feira, após o início do incêndio na catedral de Notre-Dame de Paris.[26]
A presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, descreveu o incêndio como um "fogo terrível", pedindo aos cidadãos que respeitassem as medidas de segurança.[27][12] Milionários e empresas francesas ofereceram ajuda financeira para a reconstrução do local, após pedido do presidente Emmanuel Macron. Até 16 de abril de 2019, as doações passavam de 590 milhões de euros.[28]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «Notre-Dame fire: Millions pledged to rebuild cathedral». BBC. 16 de abril de 2019. Consultado em 16 de abril de 2019
- ↑ «Incêndio de Notre-Dame extinto após 15 horas. Por que razão foi tão difícil combater as chamas?». TSF. Consultado em 16 de abril de 2019
- ↑ ab c El-Bawab, Nadine (15 de abril de 2019). «Paris' Notre Dame 'saved from total destruction,' French fire official says, after blaze ravages cathedral». CNBC (em inglês). Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «What We Know and Don't Know About the Notre-Dame Fire». The New York Times. 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019. Cópia arquivada em 16 de abril de 2019 Verifique o valor de
|url-access=limitado
(ajuda)
- ↑ «La cathédrale Notre-Dame ravagée par les flammes». Le Monde (em francês). 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «Incêndio atinge a Catedral de Notre-Dame, em Paris». G1. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ EuroNews.net (15 de abril de 2019). «Live updates: Huge fire underway at Notre Dame Cathedral in Paris» (em inglês). 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «Notre-Dame: Cracks in the cathedral». BBC News. 5 de março de 2018. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «Notre Dame Cathedral Is Crumbling. Who Will Help Save It?». Time (em inglês). Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab «Notre-Dame Cathedral spire in Paris collapses, engulfed in flames». CBC News. Thomson Reuters. 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab Observador, Marta Leite Ferreira; Observador, Marta Leite Ferreira. «Catedral de Notre Dame em Paris está a arder. Tecto em "colapso total"». Observador. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab c d «Notre-Dame cathedral on fire in Paris». BBC News. 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «Paris' Notre Dame Cathedral on fire». www.cnbc.com (em inglês)
- ↑ «Important incendie en cours dans la cathédrale Notre-Dame de Paris» (em francês)
- ↑ «Événements pour avril 2019». Notre Dame de Paris. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab c d Nossiter, Adam; Breeden, Aurelien (15 de abril de 2019). «Part of Notre-Dame Cathedral Spire Collapses in Fire». The New York Times. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «La catedral de Notre Dame de París sufre un importante incendio». El País (em espanhol). 15 de abril de 2019. ISSN 1134-6582. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «400 firefighters mobilized for Notre Dame blaze». CNN (em inglês). 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab c «Incendie en cours à Notre-Dame de Paris : la structure de la cathédrale est "sauvée et préservée dans sa globalité"». Europe 1. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ El-Bawab, Nadine (15 de abril de 2019). «Roof collapses at Paris' Notre Dame Cathedral as massive fire rages». CNBC. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «'Significant fire' underway at Notre Dame Cathedral in Paris». www.euronews.com. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab RTP, RTP, Rádio e Televisão de Portugal-. «Catedral Notre Dame de Paris em chamas». www.rtp.pt. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ LCI. «EN DIRECT - Incendie à Notre-Dame de Paris : "Comme tous nos compatriotes, je suis triste ce soir de voir brûler cette part de nous", déclare Emmanuel Macron» (em francês). Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ Hinnant, Lori (15 de abril de 2019). «Catastrophic fire engulfs Notre Dame Cathedral in Paris». AP NEWS. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «Incendie de Notre-Dame de Paris: la couronne d'épines et la tunique de Saint-Louis sauvées des flammes». Le Soir (em francês). 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ Andrew Gray (15 de abril de 2019). «Macron postpones speech after Notre Dame fire». POLITICO. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «Un terrible incendie est en cours à la cathédrale Notre-Dame de Paris. Les @PompiersParis sont en train de tenter de maîtriser les flammes. Nous sommes mobilisés sur place en lien étroit avec le @dioceseParis. J'invite chacune et chacun à respecter le périmètre de sécurité.pic.twitter.com/9X0tGtlgba». @Anne_Hidalgo (em francês)
- ↑ «Doações para reconstruir Catedral de Notre-Dame já chegam R$ 2,6 bilhões». UOL. 16 de abril de 2019. Consultado em 16 de abril de 2019
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- ↑ «Doações para reconstruir Catedral de Notre-Dame já chegam R$ 2,6 bilhões». UOL. 16 de abril de 2019. Consultado em 16 de abril de 2019
Catedral de Notre-Dame de Paris
Nota: "Notre-Dame de Paris" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Notre-Dame de Paris (desambiguação).
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Catedral de Notre-Dame de Paris | |
---|---|
Fachada principal (ocidental) da catedral em 2013 | |
Tipo | catedral |
Estilo dominante | gótico |
Início da construção | 1163 |
Fim da construção | 1345 |
Religião | católica |
Diocese | Paris |
Sacerdote | Michel Aupetit |
Website | www |
Dimensões | |
Outras dimensões | 128 m comp.;[a] 48 m larg.; 45/69 m alt.[b] |
Área | 5 500 m² |
Património | |
Classificação nacional | Monumento histórico #1862 |
Património Mundial | |
Critérios | i, ii, iii |
Data | 1991 |
Referência | 600 en fr es |
Estado de conservação | parcialmente destruída por um incêndio |
Geografia | |
País | França |
Localização | Île de la Cité, Paris |
Coordenadas | |
A Catedral de Notre-Dame de Paris (em francês: Cathédrale Notre-Dame de Paris; em português: "Catedral de Nossa Senhora de Paris") é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Iniciada sua construção no ano de 1163, é dedicada à Virgem Maria e situa-se na Île de la Cité em Paris, rodeada pelas águas do rio Sena.
A catedral surge intimamente ligada à ideia de gótico no seu esplendor, ao efeito claro das necessidades e aspirações da alta sociedade, a uma nova abordagem da catedral como edifício de contacto e ascensão espiritual.
A arquitetura gótica substituiu as paredes grossas das igrejas românicas por colunas altas e arcos capazes de sustentar o peso dos telhados. Como consequência, os edifícios góticos ganharam um aspecto mais leve, e as janelas, mais amplas e altas, foram decoradas com belos vitrais coloridos que filtravam a luz natural, e com isso, criavam um clima de misticismo em seu interior.
Em 15 de abril de 2019 a catedral foi atingida por um violento incêndio causando danos ao teto, pináculo e rosáceas. No dia do acidente, as causas do fogo ainda eram desconhecidas, embora se suspeitasse que tivessem a ver com as obras que estavam em curso.[1][2]
Construção inicial[editar | editar código-fonte]
O local da catedral contava já, antes da construção do edifício, com um sólido historial relativo ao culto religioso. Os celtas teriam aqui celebrado as suas cerimônias onde, mais tarde, os romanos erigiriam um templo de devoção ao deus Júpiter. Também neste local existiria uma das primeiras igrejas do cristianismo de Paris, a Basílica de Saint-Etienne, projetada por Quildeberto I por volta de 528 d.C. Em substituição desta obra surge uma igreja românica que permanecerá até 1163, quando se dá o impulso na construção da catedral.
Já em 1160, e em resultado da ascensão centralizadora de Alemanha, o bispo Maurice de Sully considera a presente igreja pouco digna dos novos valores e manda-a demolir. O gótico inicial, com as suas inovações técnicas que permitem formas até então impossíveis, é a resposta à demanda de um novo conceito de prestígio no domínio citadino. Durante o reinado de Luís VII, e sob o seu apoio (visto o monarca central ter também no século XII um poder crescente), este projecto é abençoado financeiramente por todas as classes sociais com interesse na criação do símbolo do seu novo poder. Assim, e tendo em conta a grandeza do projeto, o programa seguiu velozmente e sem interrupções que pudessem ocorrer por falta de meios econômicos (algo comum, na época, em construções de grande envergadura).
A construção inicia-se em 1163 reflectindo alguns traços condutores da Catedral de Saint Denis, subsistindo ainda dúvidas quando à identidade de quem terá "colocado" a primeira pedra, o Bispo Maurice de Sully ou o Papa Alexandre III. Ao longo do processo (a construção, incluindo modificações, durou até sensivelmente meados do século XIV) foram vários os arquitectos que participaram no projecto, esclarecendo este factor as diferenças estilísticas presentes no edifício.
Em 1182 presta já o coro serviços religiosos e, na transição entre os séculos, está a nave terminada. No início do século XIII arrancam as obras da fachada oeste com as suas duas torres estendendo-se a meados do mesmo século. Os braços do transepto (de orientação norte-sul) são trabalhados de 1250 a 1267 com supervisão de Jean de Chelles e Pierre de Montreuil. Simultaneamente levantam-se outras catedrais ao seu redor num estilo mais avançado do gótico; a Catedral de Chartres, a Catedral de Reims e a Catedral de Amiens.
Cronologia[editar | editar código-fonte]
A catedral foi, nos finais do século XVII, durante o reinado de Luís XIV, palco de alterações substanciais principalmente na zona este, em que túmulos e vitrais foram destruídos para substituir por elementos mais ao gosto do estilo artístico da época, o Barroco.
Em 1793, no decorrer da Revolução francesa e sob o Culto da Razão, mais elementos da catedral foram destruídos e muitos dos seus tesouros roubados, acabando o espaço em si por servir de armazém para alimentos.
Com o florescer da época romântica, outros olhares são lançados à catedral e a filosofia vira-se para o passado, enaltecendo e mistificando numa aura poética e etérea a história de outras épocas e a sua expressão artística. Sob esta nova luz do pensamento é iniciado um programa de restauro da catedral em 1844, liderado pelos arquitectos Eugene Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste-Antoine Lassus, que se estendeu por vinte e três anos.
Em 1871, com a curta ascensão da Comuna de Paris, a catedral torna-se novamente pano de fundo a turbulências sociais, durante as quais se crê ter sido quase incendiada.
Em 1965, em consequência de escavações para a construção de um parque subterrâneo na praça da catedral, foram descobertas catacumbas que revelaram ruínas romanas, da catedral merovíngia do século VI e de habitações medievais.
Já mais próximo da atualidade, em 1991, foi iniciado outro projecto de restauro e manutenção da catedral que, embora previsto para durar dez anos, se prolonga além do prazo.
Em 15 de abril de 2019, a catedral foi atingida por um violento incêndio, que destruiu a espira e a cobertura do templo.[3][4]
A literatura e a fama[editar | editar código-fonte]
Durante o espírito do romantismo, Victor Hugo escreveu, em 1831, o romance “Notre-Dame de Paris”, O Corcunda de Notre-Dame. Situando os acontecimentos na catedral durante a Idade Média, a história trata de Quasimodo que se apaixona por uma cigana de nome Esmeralda. A ilustração poética do monumento abre portas a uma nova vontade de conhecimento da arquitectura do passado e, principalmente, da Catedral de Notre-Dame de Paris.
“ |
1:And the cathedral was not only company for him, it was the universe; nay, more, it was Nature itself. He never dreamed that there were other hedgerows than the stained-glass windows in perpetual bloom; other shade than that of the stone foliage always budding, loaded with birds in the thickets of Saxon capitals; other mountains than the colossal towers of the church; or other oceans than Paris roaring at their feet.
| ” |
— Victor Hugo, Notre-Dame de Paris, 1831.
|
Momentos altos na catedral[editar | editar código-fonte]
- 1314 — Na ponta da ilha, onde hoje é a praça Verte-Galant, o último grão mestre templário, Jacques de Molay, após sete anos na prisão, juntamente com outros templários, foram executados queimados vivos na fogueira. O julgamento ocorreu na praça Paris em frente à catedral. Foram condenados pela igreja católica com ordem direta do Papa Clemente V, influenciado e pressionado pelo rei Filipe IV de França, que acusaram os templários de serem hereges, culpados de adoração ao demónio, homossexualidade, desrespeito à Santa Cruz, sodomia e outros comportamentos de blasfêmia.
- 1431 — Coroação de Henrique VI de Inglaterra durante a Guerra dos Cem Anos.
- 1804 — Coroação a 2 de dezembro de Napoleão Bonaparte a imperador de França e sua mulher Josefina de Beauharnais a imperatriz, na presença do Papa Pio VII
- 1909 — Beatificação de Joana d'Arc.
- 2019 — Obras de restauro e um incêndio de grandes proporções.
Características[editar | editar código-fonte]
Existe ainda nesta catedral uma dualidade de influências estilísticas: por uma lado, reminiscências do românico normando, com a sua forte e compacta unidade, por outro lado, o já inovador aproveitamento das evoluções arquitectónicas do gótico, que incutem ao edifício uma leveza e aparente facilidade na ascensão vertical e no suporte do peso da sua estrutura (sendo o esqueleto de suporte estrutural visível só do exterior).
A planta é demarcada pela formação em cruz romana orientada a ocidente, de eixo longitudinal acentuado, e não é perceptível do exterior do edifício visto os braços do transepto não excederem a largura da fachada. A cruz está "embebida" no edifício, envolta por um duplo deambulatório, ou charola, que circula o coro na cabeceira (a este) e se prolonga paralelamente à nave, dando lugar, assim, a quatro colaterais (ou naves laterais).
A fachada ocidental[editar | editar código-fonte]
Esta é a fachada principal e não só a de maior impacto e monumentalidade como também a de maior popularidade. Uma afinidade na composição e traços gerais pode ser estabelecida com a fachada da Catedral de Saint Denis, uma derivação da fachada do românico-normando.
A fachada apresenta um conjunto proporcional, uma ordem de traçado coerente, de construção racional, reduzindo os seus elementos ao essencial, não tendo, talvez por isso, influenciado outros arquitectos contemporâneos do gótico. Aqui optou-se por uma parede "plástica" que interliga todos os seus elementos e passa a integrar também a escultura em locais pré-definidos, evitando que cresça espontânea e aleatoriamente como acontecia no românico.
A fachada apresenta três níveis horizontais e é ainda dividida em três zonas verticais pelos contrafortes ligeiramente proeminentes que unem em verticalidade os dois pisos inferiores e reforçam os cunhais das duas torres.
Nível inferior[editar | editar código-fonte]
Neste nível são evidentes três portais que surgem em épocas diferentes e que formam um conjunto que passa a ser utilizado na arquitectura a partir dos meados do século XII. São profusamente trabalhados, penetrando na parede por uma sucessão de arcos envolventes em degrau, arquivoltas, destacando-se o portal central ligeiramente em altura dos laterais.
- Portal de Santa Ana
É o portal da direita e vem da época do início da construção da catedral e terá sido no início possivelmente pensado para um dos braços do transepto.
O tímpano, que representa a Virgem Maria com o menino Jesus, transparece ainda uma forte ligação à escultura do românico tardio pela sua frontalidade, rigidez do vestuário e pouca volumetria. Na proximidade da Virgem está um rei ajoelhado, que se crê ser o rei Luís VII e, na frente deste, um bispo, que poderá ser o impulsionador da construção da catedral, o bispo Maurice de Sully. A arquitrave possui dois níveis; a banda superior, de cerca de 1170, tem cenas da vida de Maria e a inferior, do início do século XIII — altura em que o portal deverá ter sido colocado neste local — retrata cenas da vida de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria, facto que terá dado o nome ao portal.
- Portal da Virgem
É o portal da esquerda e, já pensado especificamente para este local, pertence ao século XIII com iconografia referente a Maria.
Na arquitrave, na sua banda inferior, veem-se seis patriarcas do Antigo Testamento e reis sentados a emoldurar um pequeno baldaquino embaixo, que remete simbolicamente à Anunciação. Na banda superior, estão representados a morte e a ascensão de Maria aos céus e os apóstolos, que rodeiam a cena. Cristo, no ponto central, toca o corpo de sua mãe, como que num sinal de sua futura ressurreição. O tímpano trata da coroação de Maria, em que Cristo, sentado, recebe-a e benze-a, enquanto um anjo descende e a coroa. A realçar a festividade da cena estão dois anjos ajoelhados carregando candelabros nas mãos. Nas arquivoltas, anjos, profetas, reis e santos assistem ao acontecimento. Neste portal o volume corporal é mais acentuado e a representação mais realista, em oposição ao abstraccionismo românico.
- Portal do Julgamento
É o portal central e o mais novo do conjunto.
No românico a figura central do portal é Cristo em ascensão aos céus, como parte dos acontecimentos de Pentecostes ou no papel de juiz. Mas, no gótico, já não é o monge que inicia os fiéis no mundo iconográfico do sagrado; a fé e a experiência espiritual são, nesta fase, sobrepostos pela autoridade e lei representadas pelo clero ligado à cidade, o bispo. Deste modo passa o tema do Julgamento a representar o papel principal no portal gótico.
A banda inferior da arquitrave, por estar danificada, foi substituída no século XVIII por uma representação da ressurreição dos mortos. A banda superior representa os "escolhidos" e os "condenados", separados pelo Diabo e pelo arcanjo Miguel com a balança das almas. Os que entram no paraíso levam uma coroa, uma possível alusão à santidade da coroa francesa. O tímpano apresenta Cristo na pose de Julgador revelando as chagas nas palmas das suas mãos. Nas arquivoltas Abraão recebe as almas dos escolhidos e o Diabo as dos pecadores. Concêntricos a Cristo surgem anjos, patriarcas, profetas, dignitários, mártires e virgens santas.
A rematar e a fazer a transição para o nível intermédio está a "Galeria dos Reis", uma banda composta por vinte e oito estátuas de 3,5 metros de altura cada. As estátuas tanto podem ser representações de figuras do Antigo Testamento como monarcas franceses. Durante a revolução francesa foram danificadas pelos revoltosos que pensavam tratar-se dos reis de França. As actuais estátuas foram redesenhadas por Viollet-le-Duc e as originais encontram-se no Museu de Cluny.
Nível intermédio[editar | editar código-fonte]
A dominar o nível intermédio encontra-se a rosácea de 13 metros de diâmetro ao centro encaixada entre os contrafortes e ladeada por janelas gémeas. À sua frente surge a estátua da Virgem Maria com o Menino.
Seguindo o traçado do piso inferior, e contribuindo para a unidade da fachada, corre uma galeria de arcarias rendilhadas a rematar este nível na zona superior.
Nível superior[editar | editar código-fonte]
Aqui erguem-se as duas torres de 69 metros de altura — influência normanda do século XII que acabou por permanecer na arquitectura religiosa europeia. A torre sul acolhe o famoso sino de nome "Emmanuel".
É possível visitar a torre norte de onde, após uma subida de 386 degraus, se pode vislumbrar a cidade de Paris, os pináculos e os gárgulas da catedral que povoaram o romance de Victor Hugo.
A cabeceira[editar | editar código-fonte]
A estrutura de suporte de peso é visível do exterior a ladear todo o edifício, mas na zona da cabeceira a elegância destes elementos resulta numa fluidez visual que só se torna possível depois de 1225, quando as capelas são acrescentadas ao exterior. Nesta altura todo o esplendor técnico do gótico está ao alcance e os arcobotantes, que fluem da zona superior da parede do coro, onde a impulsão da abóbada para o exterior se concentra, prolongam-se até aos contrafortes, não de forma pesada, mas transmitindo leveza e harmonia.
As fachadas do transepto[editar | editar código-fonte]
Após a construção das capelas exteriores torna-se necessário prolongar os braços do transepto. Jean de Chelles inicia ao norte demonstrando já um traçado típico do gótico alto. O frontão trabalhado a coroar o portal, denominado gablete, cresce ao segundo nível e sobrepõe-se à fileira de janelas que surgem num plano recolhido. Do mesmo modo é também a rosácea colocada num nível mais recolhido e ligeiramente sobreposta por uma balaustrada fina. A rematar a fachada surge um frontão com janela circular ladeado de tabernáculos abertos.
O tímpano apresenta um registo em três bandas, típico do gótico, onde se torna possível representar diversos episódios alimentando o gosto pela festividade do relato. Na banda inferior vêem-se cenas de Jesus criança. Também no portal toma lugar a estátua de uma Madona que sobreviveu à Revolução Francesa e que denota o nível avançado da escultura gótica, apresentando uma naturalidade na atitude e rotação corporal.
De um modo geral a decoração em filigrana e o traçado aqui utilizados irão ser adoptados pela arquitectura europeia.
Após a morte de Chelles, Montreuil assume o projecto da fachada do transepto sul seguindo um traçado mais ou menos fiel ao do seu antecessor. A plasticidade dos elementos e o trabalho de filigrana da pedra revelam uma virtuosidade com o material ao mais alto nível, assim como uma clara individualização do trabalho do artista que se começa a destacar do conjunto do movimento artístico geral.
O interior[editar | editar código-fonte]
O gótico permite a ligação da terra ao céu e, no interior de uma catedral do estilo, o crente é impelido à ascensão pela afirmação constante da verticalidade, pela monumentalidade das paredes que parecem erguer-se segundo uma teoria contrária à da gravidade, tornando-as leves, deixando por elas filtrar o colorido dos grandes vitrais numa aura etérea. A utilização de tais elementos arquitectónicos numa catedral deve-se mais a um propósito religioso prático que a aspirações artísticas.
O edifício tem 127 metros de comprimento, 48 metros de largura e 35 metros de altura é rematada em cima por abóbadas e dá o primeiro passo na construção colossal do gótico. As maciças colunas de fuste liso da nave, que acentuam a verticalidade, fazem a divisão em arcadas altas para as alas laterais e suportam uma tribuna (galeria), em que janelas para o exterior são abertas para deixar entrar mais luz. Criando unidade com este elemento surge o clerestório a fazer o remate superior com os seus grandes grupos de janelas de dois lances e óculo.
A rosácea do braço norte do transepto tem 13 metros de diâmetro e um azul forte como cor dominante. A composição baseia-se no número 8 e suas multiplicações e simboliza o Universo, a Terra e os sete planetas. No centro surge a Mãe de Deus rodeada de medalhões com representação de personagens do Antigo Testamento, profetas, reis e altos clérigos.
A rosácea do braço sul do transepto baseia-se do mesmo modo no número 12 e apresenta central a imagem de Cristo como o julgador do mundo. À sua volta, em medalhões, surgem apóstolos e anjos.
Incêndio de 2019[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris
No dia 15 de abril de 2019, às 18:50h horário local, a catedral pegou fogo causando danos na torre e no telhado.[5][6] A extensão do dano foi inicialmente desconhecida como foi a causa do incêndio, embora tenha sido sugerido que ele estava ligado a reforma da catedral.[5][6] Um porta-voz afirmou que todo o marco de madeira provavelmente cairia e que a abóbada do edifício também poderia ser ameaçada.[7]
Sinos[editar | editar código-fonte]
Diferentes sinos compõem o patrimônio histórico da catedral e entre eles, encontram se os denominados: Angelique-Françoise, Antoinette-Charlotte, Hyacinthe-Jeanne, Denise-David (na torre do norte) e o Bourdon Emmanuel (na torre do sul). Já houve mais sinos mas com a Revolução Francesa, muitos foram derretidos para a fabricação de canhões. O principal é o Bourdon Emmanuel e também o mais antigo. Seu badalado só ocorre em eventos de grande importância, como visitas do papa, comemorações e funerais presidenciais. Desde a sua instalação, em 1681, o Bourdon Emmanuel tocou apenas 84 vezes. Os sinos da torre norte, instalados desde 1856, badalam a cada 15 minutos ou em eventos históricos, como no fim da Primeira Guerra Mundial ou na libertação de Paris em 1944. Mais recentemente, tocaram em honra às vítimas do atentado de 11 de setembro. Em 2012 estes sinos foram derretidos e substituídos por nove novos sinos e isto ocorreu porque os mesmo perderam o tom devido ao desgaste do cobre.[8]
Referências
- ↑ «Live updates: Huge fire underway at Notre Dame Cathedral in Paris». EuroNews.net. 15 de abril de 2019. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ «Incêndio atinge a Catedral de Notre-Dame, em Paris». G1. Consultado em 29 de dezembro de 2019
- ↑ «Incêndio atinge a Catedral de Notre-Dame, em Paris». G1. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ EuroNews.net (15 de abril de 2019). «Live updates: Huge fire underway at Notre Dame Cathedral in Paris» (em inglês). Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab Seiger, Theresa. «Fire reported at Paris' Notre Dame cathedral». Atlanta Journal Constitution. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ ab «Paris' Notre Dame Cathedral on fire». CNBC. 15 de abril de 2019
- ↑ Hinnant, Lori (15 de abril de 2019). «Catastrophic fire engulfs Notre Dame Cathedral in Paris». AP NEWS. Consultado em 15 de abril de 2019
- ↑ Notre-Dame reforma sinos em busca de som antigo Gazeta do Povo
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