Filomena Martins
Diretora AdjuntaQuinta-feira, 12 março 2020
Diretora AdjuntaQuinta-feira, 12 março 2020
Enquanto dormia…
… Donald Trump anunciou finalmente as suas medidas de combate ao coronavírus: suspendeu as viagens da Europa para os EUA durante 30 dias. Mas tinha de ser Trump e abrir uma excepção: por isso a proibição não é válida para quem viajar do Reino Unido. Da América veio também a decisão imediata da NBA de suspender toda a competição sem data de regresso mal foi conhecido um caso positivo de um basquetebolista. Mas se por todo o mundo as regras se apertam para travar a dispersão de um vírus que já contagiou famosos como o actor Tom Hanks e a mulher e vários jogadores de futebol, entre eles um colega de Cristiano Ronaldo na Juventus — o que fez com que o jogador português decidisse continuar na Madeira a aguardar a evolução da situação antes de regressar a Itália –, em Portugal houve como que um travão a posições mais drásticas. O Governo decidiu não encerrar para já todas as escolas do país, mesmo sabendo que o número de infectados subiu nas últimas 24 horas: os números, contudo, só os revelará nas próximas horas.
Só para desviar do tema por uns minutos, nota para três casos importantes do dia de ontem. Assim, pode ler ainda tudo o que correu mal no negócio Cofina/Media Capital; como o processo da invasão da Academia de Alcochete se parece ter desfeito depois de o Ministério Público afirmar que não há provas que liguem Bruno de Carvalho ao crime; ou ainda o que foi dito nas quatro horas de alegações finais da defesa de Zeinal Bava na Operação Marquês, em que o ex-gestor da PT se mostrou disponível para devolver 6,7 milhões de euros.
E para que não diga que não lhe falo de desporto, ficam os resultados dos jogos da Liga dos Campeões: o Atlético de Madrid eliminou o campeão em título Liverpool e Neymar ajudou o PSG a dar a cambalhota e virar o jogo frente ao Dortmund. Espanhóis e franceses são as primeiras equipas apuradas para os quartos-de-final da prova.
EUA sem viagens da Europa, NBA suspensa, Ronaldo em casa, Itália só com supermercados e farmácias abertos. E Portugal?
Apesar de o Governo ter decidido seguir as indicações do Conselho Nacional de Saúde Pública e só encerrar pontualmente algumas escolas e não todas elas, antecipando as férias da Páscoa, elas não páram de fechar por todo o país (é só ver a lista). Também continuam a ser encerrados outros locais públicos. E a ser cancelados eventos. E a surgir notícias de que o avanço do surto de coronavírus será inevitável nos próximos dias: para já só se sabe que o número de contágios já é superior ao revelado ontem pela DGS (41), ainda que só daqui a pouco sejam conhecidos os novos números oficiais, porque é assim que o Ministério da Saúde decidiu comunicar: de 24h em 24 horas. Antes de a decisão ser ratificada na reunião desta manhã do Conselho de Ministros (que pode ou não tomar outras medidas), surgiram as primeiras críticas: o ex-ministro Adalberto Campos Fernandes não poupou a gestão desta crise sanitária e escreveu no Facebook que “a janela de oportunidade estreita-se cada vez mais“.
- Curiosamente, as críticas da ministra e da Diretora Geral de Saúde foram noutro sentido: Marta Temido lamentou que as pessoas em vez de terem ficado em casa em isolamento tenham aproveitado o bom tempo e enchido as praias (algo que também deixou os especialistas apreensivos); e Graças Freitas não gostou que a escola das suas netas de 3 anos tivesse fechado sem decisão da DGS, obrigando a filha (que é médica) a ficar de quarentena.
- O caso que inspira mais cuidados no nosso país é o de uma aluna de Santa Maria da Feira, que está em estado grave. O pai de uma colega tinha alertado para o risco há duas semanas, mas a escola não fechou, levando à actual situação, conta a Maria Martinho.
- Duas pessoas internadas há vários dias no Santa Maria diagnosticadas com pneumonia testaram afinal positivo para o Covid-19. A descoberta obrigou a fechar 3 enfermarias, testar suspeitos e recusar transferências no maior hospital do país, explicam a Rita Porto e a Inês Ameixa.
- Já em Lousada e Felgueiras, os autarcas falam à Catarina Peixoto de “discriminação” e de alunos “coagidos” a não irem a aulas do Ensino Superior.
- A decisão portuguesa surgiu mesmo em sentido contrário ao que aconteceu em vários países, a começar por Itália, que apertou ainda mais as restrições no país: fechou todo o comércio, excepto farmácias e serviços essenciais, obrigou os italianos a preencher um documento para poderem sair à rua e até um centro de exposições transformou em hospital improvisado.
- A forma como o vírus está a alastrar pelo mundo levou a Organização Mundial de Saúde a declarar que estamos definitivamente perante uma pandemia. A palavra não era usada desde 2010 e é preciso saber o que muda e com que objectivo, como diz o João Francisco Gomes.
- Mas há muito que o coronavírus está a mudar as nossas vidas e a obrigar a uma série de mudança de hábitos. Um dos principais conselhos é não mexer no rosto: a Marta Leite Ferreira tem 6 truques para o evitar depois de ver o Luíz Vaz Fernandes se filmar durante uma hora levando a mão à cara 28 vezes.
A Rádio Observador teve três especialistas no Resposta Pronta e o habitual Explicador Coronavírus
- Filinto Lima, Presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, criticou o não encerramento total das escolas, como era esperado, dizendo que “o ambiente é de angústia e desconfiança”.
- O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, defendeu que Organização Mundial de Saúde deu um sinal de alerta ao classificar o surto de coronavírus como pandemia: é uma “mensagem para reforçar as medidas” a implementar pelos países.
- Já o diretor da unidade de microbiologia médica do Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa, Celso Cunha, avisou que pode haver mudanças na assistência aos doentes: “Podemos caminhar para uma fase em que os hospitais já não tenham capacidade para acolher todos”.
- No habitual Explicador Coronavírus diário, procurámos respostas para a pergunta “Quão preocupado devo estar?” E ainda deixámos conselhos para quem tem de ficar em quarentena.
O Observador vai continuar a acompanhar toda a crise do coronavírus ao longo do dia, ao minuto, em liveblog (já aberto) e na Rádio Observador. E todos os nossos (muitos) artigos sobre o tema serão de acesso livre.
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As escolas acabarão por fechar, o que levanta muitas questões educativas ainda por resolver. Nomeadamente esta: como minimizar o impacto na aprendizagem dos alunos? A resposta não é evidente.
Os grandes clássicos pedem para ser traduzidos, porque só assim podem verdadeiramente influenciar a nossa linguagem e, indirectamente, a nossa maneira de pensar, abrindo-lhe novas possibilidades.
As políticas macroeconómicas prescritas para mitigar os custos do coronavírus incidem especialmente ao nível fiscal, uma vez que no lado “monetário” a margem de manobra é reduzida.
O neo-totalitarismo é uma realidade global, uma multinacional sem centro, sem comando identificável, uma web enigmática, como é a Web, onde nenhum conteúdo na realidade se sabe onde está.
Faz todo o sentido a ação da União Europeia. Mas será que a União vai agir para nos proteger? E se agir, e se agir corretamente, será que os Estados conseguem aceitar?
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