Primeira travessia aérea do Atlântico Sul
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil.
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil.
Índice
História[editar | editar código-fonte]
A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 7:00h (hora GMT) de 30 de março de 1922[1], empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador. Este último havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época[1].
A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, embora tenha sido notado, por ambos, um excessivo consumo de combustível.
No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Lá se demoraram até 17 de abril para reparos no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento, no dia 18[1]. O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo voo de 1.700 quilômetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento, com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho[2].
Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria, a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou no dia 6 de maio. Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e revisado, a 11 de maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na região[2].
Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz. Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de junho de 1922 amarou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.
Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras onde amerisaram, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.
Embora a viagem tenha consumido setenta e nove dias, o tempo de voo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8.383 quilômetros. A viagem serviu de inspiração para os raides posteriores de Sarmento de Beires, João Ribeiro de Barros e de Charles Lindbergh, todas em 1927.
A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 7:00h (hora GMT) de 30 de março de 1922[1], empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador. Este último havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época[1].
A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, embora tenha sido notado, por ambos, um excessivo consumo de combustível.
No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Lá se demoraram até 17 de abril para reparos no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento, no dia 18[1]. O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo voo de 1.700 quilômetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento, com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho[2].
Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria, a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou no dia 6 de maio. Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e revisado, a 11 de maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na região[2].
Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz. Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de junho de 1922 amarou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.
Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras onde amerisaram, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.
Embora a viagem tenha consumido setenta e nove dias, o tempo de voo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8.383 quilômetros. A viagem serviu de inspiração para os raides posteriores de Sarmento de Beires, João Ribeiro de Barros e de Charles Lindbergh, todas em 1927.
Características do Santa Cruz[editar | editar código-fonte]
- Material: madeira, revestida em tela
- Comprimento: 10,92 metros
- Envergadura: 14,05 metros
- Altura: 3,70 metros
- Peso vazio: 1800 quilogramas
- Peso equipado: 2500 quilogramas
- Velocidade de cruzeiro: 115 quilômetros/hora
- Material: madeira, revestida em tela
- Comprimento: 10,92 metros
- Envergadura: 14,05 metros
- Altura: 3,70 metros
- Peso vazio: 1800 quilogramas
- Peso equipado: 2500 quilogramas
- Velocidade de cruzeiro: 115 quilômetros/hora
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Revista Tecnologia e Defesa, nº 11, ano 2, 1984.
- PINTO, Rui Miguel da Costa,”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009
- PINTO, Rui Miguel da Costa, Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009
- PINTO, Rui Miguel da Costa,Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo, Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009
- Revista Tecnologia e Defesa, nº 11, ano 2, 1984.
- PINTO, Rui Miguel da Costa,”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009
- PINTO, Rui Miguel da Costa, Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009
- PINTO, Rui Miguel da Costa,Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo, Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009
Referências
Ver também[editar | editar código-fonte]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Carlos Viegas Gago Coutinho
Carlos Viegas Gago Coutinho
Nascimento 17 de fevereiro de 1869
São Brás de Alportel
Morte 18 de fevereiro de 1959 (90 anos)
Lisboa
Nacionalidade Português
Ocupação Oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, Geógrafo , Historiador, Navegador
Assinatura
Carlos Viegas Gago Coutinho GCTE • GCC • ComA • GOA • GCA • GCSE • GCIC (Lisboa, 17 de fevereiro de 1869 — Lisboa, 18 de fevereiro de 1959) foi um geógrafo cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesa, navegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efetuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia em 1922.[1][2]
Carlos Viegas Gago Coutinho | |
---|---|
Nascimento | 17 de fevereiro de 1869 São Brás de Alportel |
Morte | 18 de fevereiro de 1959 (90 anos) Lisboa |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, Geógrafo , Historiador, Navegador |
Assinatura | |
Carlos Viegas Gago Coutinho GCTE • GCC • ComA • GOA • GCA • GCSE • GCIC (Lisboa, 17 de fevereiro de 1869 — Lisboa, 18 de fevereiro de 1959) foi um geógrafo cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesa, navegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efetuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia em 1922.[1][2]
Índice
Biografia[editar | editar código-fonte]
Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em São Brás de Alportel, mas foi registado em Belém, Lisboa, em 17 de fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho e de sua mulher e prima em segundo grau Fortunata Maria Coutinho.[3]
De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, tendo terminado o curso da Escola Naval em 1888.
Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, aquando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de Niassa (1900), Congo (1901), Zambézia (1904-1905), Barotze (1912-1914), São Tomé e Príncipe (1916), estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire.
No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de horizonte artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho".[4] Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.
A 11 de Março de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis, tendo sido elevado a Grande-Oficial da mesma Ordem a 19 de Outubro de 1920.[5]
Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife), bem como no regresso a Portugal.[6]
Gago Coutinho e Sacadura Cabral regressaram a Portugal a bordo da Barca Foz do Douro, de Joaquim Costa Carvalho ("A minha viagem na Barca Foz do Douro, do Brasil a Portugal" Editora Maritímo-Colonial,Lda., Lisboa).
Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido promovido a contra-almirante e condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português, tendo sido agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 21 de Abril de 1922 e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada a 1 de Maio do mesmo ano, 35.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense a 2 de Junho de 1922,[7] e elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis a 18 de Outubro de 1926,[5] além de ter recebido várias outras condecorações estrangeiras. Retirou-se da vida militar em 1939. A 28 de Janeiro de 1943 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial e a 28 de Junho de 1947 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.[5]
Em 1954 a TAP convidou-o para um voo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.
A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, "O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" e a sua versão de "Os Lusíadas". Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos". Conhece-se colaboração da sua autoria na revista Boletim Fotográfico[8] (1900-1914), na Gazeta das colónias[9] (1924-1926) e na edição mensal do Diário de Lisboa[10] (1933).
Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros.
Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi responsável por uma das secções.
Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em São Brás de Alportel, mas foi registado em Belém, Lisboa, em 17 de fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho e de sua mulher e prima em segundo grau Fortunata Maria Coutinho.[3]
De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, tendo terminado o curso da Escola Naval em 1888.
Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, aquando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de Niassa (1900), Congo (1901), Zambézia (1904-1905), Barotze (1912-1914), São Tomé e Príncipe (1916), estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire.
No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de horizonte artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho".[4] Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.
A 11 de Março de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis, tendo sido elevado a Grande-Oficial da mesma Ordem a 19 de Outubro de 1920.[5]
Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife), bem como no regresso a Portugal.[6]
Gago Coutinho e Sacadura Cabral regressaram a Portugal a bordo da Barca Foz do Douro, de Joaquim Costa Carvalho ("A minha viagem na Barca Foz do Douro, do Brasil a Portugal" Editora Maritímo-Colonial,Lda., Lisboa).
Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido promovido a contra-almirante e condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português, tendo sido agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 21 de Abril de 1922 e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada a 1 de Maio do mesmo ano, 35.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense a 2 de Junho de 1922,[7] e elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis a 18 de Outubro de 1926,[5] além de ter recebido várias outras condecorações estrangeiras. Retirou-se da vida militar em 1939. A 28 de Janeiro de 1943 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial e a 28 de Junho de 1947 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.[5]
Em 1954 a TAP convidou-o para um voo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.
A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, "O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" e a sua versão de "Os Lusíadas". Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos". Conhece-se colaboração da sua autoria na revista Boletim Fotográfico[8] (1900-1914), na Gazeta das colónias[9] (1924-1926) e na edição mensal do Diário de Lisboa[10] (1933).
Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros.
Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi responsável por uma das secções.
Notas
- ↑ Sacadura Cabral, site www.vidaslusofonas.pt
- ↑ Sobre a recente biografia de Gago Coutinho leia-se RTP: Biografia de Gago Coutinho.
- ↑ Gago Coutinho (1869 - 1959), site do Instituto Camões
- ↑ Foi utilizado, por exemplo, na viagem de circum-navegação do LZ 127 Graf Zeppelin.
- ↑ ab c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Viegas Gago Coutinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de abril de 2015
- ↑ Pinheiro Corrêa. Gago Coutinho, precursor da navegação aérea. Edição do Centenário (1869 - 1969) Porto, 1969
- ↑ http://www.ginasiofigueirense.com/media/socios_honorarios2.pdf
- ↑ João Oliveira (31 de Janeiro de 2012). «Ficha histórica: Boletim photographico (1900-1914)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Julho de 2014
- ↑ Pedro Mesquita (12 de Junho de 2014). «Ficha histórica: Gazeta das colonias: semanário de propaganda e defesa das colonias (1924-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de Outubro de 2014
- ↑ Diário de Lisboa : edição mensal (1933) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
- ↑ Decreto-Lei n.º 41636, de 22 de Maio de 1958, que promove ao posto de almirante o vice-almirante Carlos Viegas Gago Coutinho.
- ↑ Sacadura Cabral, site www.vidaslusofonas.pt
- ↑ Sobre a recente biografia de Gago Coutinho leia-se RTP: Biografia de Gago Coutinho.
- ↑ Gago Coutinho (1869 - 1959), site do Instituto Camões
- ↑ Foi utilizado, por exemplo, na viagem de circum-navegação do LZ 127 Graf Zeppelin.
- ↑ ab c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Viegas Gago Coutinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de abril de 2015
- ↑ Pinheiro Corrêa. Gago Coutinho, precursor da navegação aérea. Edição do Centenário (1869 - 1969) Porto, 1969
- ↑ http://www.ginasiofigueirense.com/media/socios_honorarios2.pdf
- ↑ João Oliveira (31 de Janeiro de 2012). «Ficha histórica: Boletim photographico (1900-1914)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Julho de 2014
- ↑ Pedro Mesquita (12 de Junho de 2014). «Ficha histórica: Gazeta das colonias: semanário de propaganda e defesa das colonias (1924-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de Outubro de 2014
- ↑ Diário de Lisboa : edição mensal (1933) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
- ↑ Decreto-Lei n.º 41636, de 22 de Maio de 1958, que promove ao posto de almirante o vice-almirante Carlos Viegas Gago Coutinho.
Homenagens[editar | editar código-fonte]
Entre outras homenagens, vários lugares homenageiam Gago Coutinho:
- Uma rua em Recife, no bairro do Pina.
- Uma rua em Curitiba, no bairro Bacacheri, próximo ao Cindacta II
- Uma rua no Rio de Janeiro, próxima ao Parque Guinle
- Uma rua em São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil
- Uma rua em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
- Uma rua em Londrina, Paraná, Brasil
- Uma rua em São Paulo, São Paulo, Brasil
- Uma rua no bairro Jardim Chapadão, em Campinas, São Paulo, Brasil.
- Uma rua em Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
- Avenida Gago Coutinho, em Montemor-o-Novo, Portugal
- Praça onde localiza-se o Aeroporto Internacional de Salvador, Salvador, Bahia, Brasil
- Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, Portugal
- Uma avenida em Santo André, na Grande São Paulo
- Uma rua em Guarulhos, na Grande São Paulo
- O edifício da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, no Algarve, Portugal, tem sede na rua Rua Gago Coutinho, n.º1
- Uma rua em Cuiabá, Mato Grosso, próximo a Av. CPA
- Uma rua em Praia Grande, no bairro campo da aviação
- Uma praça em Santos, próxima ao Ferry Boat, na Ponta da Praia
- Uma rua no Montijo, Portugal
- Uma rua em Vendas Novas, Portugal
- Uma rua em Olhão, Portugal
- Uma Rua e Travessa em Nisa, Portugal
- Uma escola secundária em Alverca do Ribatejo, Portugal
- Uma rua perto do Aeroporto Internacional de Mavalane, cidade de Maputo, Moçambique
- Uma Rua em Buriti Sereno, Aparecida de Goiânia, Goiás, Brasil
- Nome do aeródromo que pertence ao Condomínio Fly-in em Jaboticatubas, Minas Gerais, Brasil
- Uma Rua em Barretos, São Paulo
- Uma rua em Las Palmas de Gran Canaria, Ilhas Canárias
- Nome na Galeria de Nomes Históricos da Loja Maçônica "Refúgio do Guaporé"/Vilhena/Rondônia/Brasil
- Foram impressas uma série de notas de 100$00 (com Artur de Sacadura Freire Cabral), 500$00 e 1.000$00 de Moçambique e uma nota de 20$00 Chapa 9 de Portugal com a sua imagem.
- Uma rua em Bairro de Fátima, na cidade de Serra, Espírito Santo[1]
- Uma escola em Praia Grande na Cidade Ocean em São Paulo.
- CS-TTB, A319 da TAP AIR PORTUGAL, aquando da sua entrega à companhia portuguesa em Dezembro de 1997, foi baptizado com o nome do ilustre historiador.
- Uma rua no Bairro do Paraíso, Portugal
Entre outras homenagens, vários lugares homenageiam Gago Coutinho:
- Uma rua em Recife, no bairro do Pina.
- Uma rua em Curitiba, no bairro Bacacheri, próximo ao Cindacta II
- Uma rua no Rio de Janeiro, próxima ao Parque Guinle
- Uma rua em São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil
- Uma rua em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
- Uma rua em Londrina, Paraná, Brasil
- Uma rua em São Paulo, São Paulo, Brasil
- Uma rua no bairro Jardim Chapadão, em Campinas, São Paulo, Brasil.
- Uma rua em Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
- Avenida Gago Coutinho, em Montemor-o-Novo, Portugal
- Praça onde localiza-se o Aeroporto Internacional de Salvador, Salvador, Bahia, Brasil
- Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, Portugal
- Uma avenida em Santo André, na Grande São Paulo
- Uma rua em Guarulhos, na Grande São Paulo
- O edifício da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, no Algarve, Portugal, tem sede na rua Rua Gago Coutinho, n.º1
- Uma rua em Cuiabá, Mato Grosso, próximo a Av. CPA
- Uma rua em Praia Grande, no bairro campo da aviação
- Uma praça em Santos, próxima ao Ferry Boat, na Ponta da Praia
- Uma rua no Montijo, Portugal
- Uma rua em Vendas Novas, Portugal
- Uma rua em Olhão, Portugal
- Uma Rua e Travessa em Nisa, Portugal
- Uma escola secundária em Alverca do Ribatejo, Portugal
- Uma rua perto do Aeroporto Internacional de Mavalane, cidade de Maputo, Moçambique
- Uma Rua em Buriti Sereno, Aparecida de Goiânia, Goiás, Brasil
- Nome do aeródromo que pertence ao Condomínio Fly-in em Jaboticatubas, Minas Gerais, Brasil
- Uma Rua em Barretos, São Paulo
- Uma rua em Las Palmas de Gran Canaria, Ilhas Canárias
- Nome na Galeria de Nomes Históricos da Loja Maçônica "Refúgio do Guaporé"/Vilhena/Rondônia/Brasil
- Foram impressas uma série de notas de 100$00 (com Artur de Sacadura Freire Cabral), 500$00 e 1.000$00 de Moçambique e uma nota de 20$00 Chapa 9 de Portugal com a sua imagem.
- Uma rua em Bairro de Fátima, na cidade de Serra, Espírito Santo[1]
- Uma escola em Praia Grande na Cidade Ocean em São Paulo.
- CS-TTB, A319 da TAP AIR PORTUGAL, aquando da sua entrega à companhia portuguesa em Dezembro de 1997, foi baptizado com o nome do ilustre historiador.
- Uma rua no Bairro do Paraíso, Portugal
Monografias[editar | editar código-fonte]
Entre muitas outras obras dispersas por periódicos, é autor das seguintes monografias:
- A náutica dos descobrimentos. Os descobrimentos marítimos vistos por um navegador. Colectânea de artigos, conferências e trabalhos inéditos do Almirante Gago Coutinho, Org. e pref. do Comandante Moura Braz, 2 vols., Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1951-1952.
- Ainda Gaspar Corte-Real, 35 p., Lisboa, 1950.
- Influencia que as primitivas viagens portuguesas a América do Norte tiveram sobre o descobrimento das "Terras de Santa Cruz", 26 p, Lisboa, 1937.
- Descobrimento do Brasil: Conferências. Liceu Literário, 1955
Entre muitas outras obras dispersas por periódicos, é autor das seguintes monografias:
- A náutica dos descobrimentos. Os descobrimentos marítimos vistos por um navegador. Colectânea de artigos, conferências e trabalhos inéditos do Almirante Gago Coutinho, Org. e pref. do Comandante Moura Braz, 2 vols., Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1951-1952.
- Ainda Gaspar Corte-Real, 35 p., Lisboa, 1950.
- Influencia que as primitivas viagens portuguesas a América do Norte tiveram sobre o descobrimento das "Terras de Santa Cruz", 26 p, Lisboa, 1937.
- Descobrimento do Brasil: Conferências. Liceu Literário, 1955
Ver também[editar | editar código-fonte]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- CORREIA, Pinheiro, Gago Coutinho, Precursor da Navegação Aérea, Lisboa, edição de autor, 1965
- MOTA, Avelino Teixeira da (org.), Obras Completas de Gago Coutinho. Obras Técnicas, Científicas e Históricas (1893-1915), vols. I (1893-1915) e II (1917-1921), Lisboa, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1972-75
- PINTO, Rui Miguel da Costa. ”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009.
- PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009.
- PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo (Brasil), Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009.
- PINTO,Rui Miguel da Costa - Gago Coutinho - O Último Grande Aventureiro Português.Eranus.Lisboa. 2014
- CORREIA, Pinheiro, Gago Coutinho, Precursor da Navegação Aérea, Lisboa, edição de autor, 1965
- MOTA, Avelino Teixeira da (org.), Obras Completas de Gago Coutinho. Obras Técnicas, Científicas e Históricas (1893-1915), vols. I (1893-1915) e II (1917-1921), Lisboa, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1972-75
- PINTO, Rui Miguel da Costa. ”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009.
- PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009.
- PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo (Brasil), Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009.
- PINTO,Rui Miguel da Costa - Gago Coutinho - O Último Grande Aventureiro Português.Eranus.Lisboa. 2014
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Instituto Camões
- Instituto de Investigação Científica Tropical
- http://www.historyanthropologytimor.org/wp-content/uploads/2012/06/07-PINTO_R.pdf
- Presidente da República na Sessão Solene de Homenagem ao Almirante Gago Coutinho
- Obras de Gago Coutinho (em português)
- Biografia e Autobiografia de Carlos Viegas Gago Coutinho CITI .Pt (cultura, historia, personalidades) Consulta, fev de 2014
- A VIAGEM DE SACADURA CABRAL E GAGO COUTINHO - EDUARDO BUENO
- Instituto Camões
- Instituto de Investigação Científica Tropical
- http://www.historyanthropologytimor.org/wp-content/uploads/2012/06/07-PINTO_R.pdf
- Presidente da República na Sessão Solene de Homenagem ao Almirante Gago Coutinho
- Obras de Gago Coutinho (em português)
- Biografia e Autobiografia de Carlos Viegas Gago Coutinho CITI .Pt (cultura, historia, personalidades) Consulta, fev de 2014
- A VIAGEM DE SACADURA CABRAL E GAGO COUTINHO - EDUARDO BUENO
Sacadura Cabral
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Artur de Sacadura Freire Cabral | |
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Nome completo | Artur de Sacadura Freire Cabral |
Nascimento | 23 de maio de 1881 Celorico da Beira, São Pedro |
Morte | 15 de novembro de 1924 (43 anos) Mar do Norte |
Nacionalidade | português |
Progenitores | Mãe: Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos Pai: Artur de Sacadura Freire Cabral |
Ocupação | aviador |
Artur de Sacadura Freire Cabral, mais conhecido por Sacadura Cabral GCTE • ComA • MOBS (Celorico da Beira, São Pedro, 23 de maio de 1881 — Mar do Norte, 15 de novembro de 1924) foi um aviador e oficial da Marinha Portuguesa.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral (Celorico da Beira, São Pedro, 16 de outubro de 1855 — Lisboa, 19 de março de 1901) e de sua mulher (casados em Seia) Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos (Viseu, Sé Ocidental, 11 de julho de 1861 - Lisboa, 3 de abril de 1913).[1] Frequentou o Colégio Militar.[2] Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique.
Serviu nas colónias no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, director dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa.
Unanimemente considerado um aviador distintíssimo pelas suas qualidades de coragem e inteligência, notabilizou-se a nível mundial, ultrapassando as insuficiências técnicas e materiais que na época se faziam sentir. Quando conheceu, em África, Gago Coutinho, incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial. Juntos inventaram um "corretor de rumos" para compensar o desvio causado pelo vento. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis, notabilizando-se especialmente em 1922, ao efectuar com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.[3]
Navegou durante dois anos nas costas de Moçambique até que, em 1905, foi deliberado pelo governo que se procedesse a um levantamento hidrográfico rigoroso da baía de Lourenço Marques (hoje Maputo), em preparação da modernização do seu porto. Sacadura Cabral foi um dos oficiais escolhidos para este trabalho e, em colaboração com o seu camarada guarda-marinha, Bon de Sousa, fez uma carta hidrográfica do rio Espírito Santo e de trechos dos rios Tembe, Umbeluzi e Matola. Em 1906 e 1907 trabalhou como topógrafo na rectificação da fronteira entre o Transvaal e Lourenço Marques, serviço que foi feito em concorrência com os agrimensores ingleses do Transvaal.
Em 1907 chegou a Moçambique uma missão geodésica de que era chefe Gago Coutinho. No desempenho de missões geodésicas e geográficas, trabalharam juntos desde 1907 a 1910. Sacadura Cabral revelou nestes trabalhos as suas capacidades como geógrafo e astrónomo, bem como organizador.
Em 1911 concorreu aos serviços de Agrimensura de Angola, tendo sido nomeado para o lugar de subdirector destes serviços. Em Angola desempenhou vários serviços neste cargo, entre os quais observações astronómicas no Observatório de Angola e o reconhecimento da fronteira da Lunda. Em 1912 participou, com Gago Coutinho, na missão do Barotze, a fim de se delimitarem as fronteiras leste de Angola, o que foi feito em mais de 800 quilómetros. Sacadura Cabral regressou à metrópole em 1915.
Entretanto o Aero Club de Portugal procurava fazer propaganda da aviação e conseguiu que o governo abrisse um concurso para que os oficiais do exército e da marinha fossem enviados a várias escolas estrangeiras de aviação para nelas obterem o brevet de piloto aviador militar.
Sacadura Cabral foi para a França e deu entrada na Escola Militar de Chartres. Em 11 de novembro de 1915 realizou o seu primeiro voo como passageiro e, a 16 de janeiro de 1916 fez o seu primeiro voo como piloto. Em março fez as provas de brevet com aprovação. Ainda em França seguiu para a Escola de Aviação Marítima de Saint Raphael, onde se especializou em hidroaviões. Frequentou ainda várias escolas de aperfeiçoamento e esteve na Escola de Buc, pilotando aviões Blériot e Caudron G.3.
Terminada a sua aprendizagem em França, regressou a Portugal em agosto de 1916. Nesta altura estava a ser organizada a Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha e Sacadura Cabral foi aí incorporado como piloto instrutor. Entretanto, tendo o governo resolvido enviar para Moçambique uma esquadrilha de aviação para cooperar com o exército, na região do lago Niassa na defesa deste território em relação aos ataques alemães, Sacadura Cabral foi encarregado de adquirir em França o material necessário. Esta foi a primeira unidade de aviação constituída em Portugal.
Em seguida Sacadura Cabral foi encarregado de organizar a aviação marítima em Portugal, tendo sido nomeado, em 1918, director dos Serviços da Aeronáutica Naval e, a seguir, comandante da Esquadrilha Aérea da Base Naval de Lisboa. Em 1919 foi nomeado para fazer parte da Comissão encarregada de dar parecer sobre a melhor forma de pôr em prática um plano de navegação aérea. Nesse ano, a 11 de março, foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis.[4]
Demonstrou, nesse mesmo ano, a viabilidade de vir a ser tentada a viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro, tendo sido nomeado para proceder aos estudos necessários para a sua efectivação. Foi então à Grã-Bretanha e Irlanda e à França, a fim de escolher o melhor material para equipar a Aviação Marítima, e propor o tipo de aparelho em que poderia vir a ser tentada a viagem Portugal-Brasil. Enquanto esteve nestes dois países desempenhou as funções de adido aeronáutico. Em 1920 fez parte da Comissão Mista de Aeronáutica.
Em 1921 realizou, com Gago Coutinho e Ortins de Bettencourt, a viagem Lisboa-Madeira, para experiência dos métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho para navegação aérea que, em 1922, vieram a ser comprovados durante a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.
Sacadura Cabral e Gago Coutinho regressaram a Portugal a bordo da Barca Foz do Douro, de Costa Carvalho ("A minha viagem na Barca Foz do Douro, do Brasil a Portugal" Editora Maritímo-Colonial,Lda., Lisboa).
Nesse ano, a 1 de maio, tornou-se o 347.º Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito[4] e a 2 de junho o 36.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense.[5]
Em 1923 elaborou um projecto de viagem aérea de circum-navegação, que não conseguiu realizar por falta de meios materiais. Em 1924, convencido de que o Governo não correspondia ao esforço por ele levado a cabo para a eficiência da Aviação Marítima, apresentou o seu pedido de demissão de oficial da Marinha, pedido que foi indeferido. Ainda em 1924, foi nomeado para estudar uma proposta feita ao governo para o estabelecimento de carreiras aéreas com fins comerciais. Morreu a 15 de novembro de 1924, quando pilotava um Fokker 4146 de Amesterdão para Lisboa, um dos cinco aviões que haviam sido adquiridos por subscrição pública, e que seriam utilizados no seu projecto da viagem aérea à Índia, uma vez fracassado o seu projecto de circum-navegação.
Atividade científica[editar | editar código-fonte]
Juntamente com Gago Coutinho estudou um novo aparelho com o qual se viria a conseguir uma navegação estimada, e que viria a auxiliar e a completar a navegação astronómica por intermédio do sextante modificado por Gago Coutinho. Inicialmente este aparelho foi chamado "Plaqué de Abatimento" e mais tarde "Corrector de Rumos – Coutinho-Sacadura".
Este aparelho foi experimentado na primeira viagem aérea Lisboa-Madeira realizada em 1921. Tendo obtido os melhores resultados na sua utilização, este aparelho foi apresentado ao Congresso Internacional de Navegação Aérea, realizado em Paris de 15 a 25 de novembro de 1921, onde teve boa aceitação. A memória descritiva do "Corrector" foi publicada nos Anais do Club Militar Naval.
A preparação para a primeira travessia aérea do Atlântico Sul é da iniciativa de Sacadura Cabral, que expôs o projecto a Gago Coutinho, o que motivou que este acelerasse a adaptação do sextante clássico de navegação marítima à navegação aérea. A travessia iniciou-se em 30 de março de 1922, em Belém no hidroavião "Lusitânia". A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para São Vicente, em Cabo Verde. Daqui partiram para os Penedos de São Pedro, com problemas de consumo de combustível. Ao amarar, uma vaga arrancou um dos flutuadores do "Lusitânia", o que provocou o afundamento do avião. Os aviadores foram recolhidos pelo navio "República". O "Lusitânia" acabara de realizar uma etapa de mais de onze horas sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que mais uma vez veio provar a precisão do sextante modificado, pois os Penedos de São Pedro e São Paulo podem considerar-se um ponto insignificante na enorme vastidão atlântica.
O governo enviou um outro hidroavião Fairey 16, cujo motor veio a avariar no percurso entre os Penedos de São Pedro e São Paulo e a ilha de Fernando de Noronha. Foi pedido um novo Fairey ao governo português, que foi enviado no "Carvalho Araújo". Três dias depois partiram para o troço final, chegando à baía de Guanabara e terminando a viagem no Rio de Janeiro a 17 de junho, depois várias escalas.
Esta viagem aérea constituiu um marco importante na aviação mundial, pois veio comprovar a eficácia do sextante aperfeiçoado por Gago Coutinho, com a ajuda de Sacadura Cabral, que permitia a navegação aérea astronómica com uma precisão nunca antes conseguida.
Faleceu num desastre de aviação algures no Mar do Norte, em 1924, quando voava em direcção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou. O cadáver nunca foi encontrado.
O comandante de 43 anos deslocara-se a Amesterdão com cinco colegas da Marinha a fim de levantarem três dos cinco hidroaviões da Fokker comprados por Portugal, através de subscrição pública, para proporcionar uma volta ao mundo aos dois heróis da travessia do Atlântico em 1922. Como todos os companheiros, Artur Sacadura Freire Cabral e o cabo artilheiro mecânico José Pinto Correia saíram de Amesterdão no sábado, dia 15, mas não chegaram à cidade da Normandia nem à da Bretanha, nem jamais ali pousarão.
Acerca da sua morte escreveu um poeta:[quem?] "Encontrou a sepultura em pleno mar / Que a terra, donde andava foragido, / Era pequena demais para o sepultar."
Família[editar | editar código-fonte]
Artur de Sacadura Cabral morreu solteiro e sem descendência conhecida. É tio da economista Helena Sacadura Cabral e tio-avô dos políticos Miguel Portas e Paulo Portas.
Referências
- ↑ "Freires Corte-Reais - Subsídios Genealógicos", Armando Freire Cabral de Sacadura Falcão, Estudos de Castelo Branco, 1ª Edição, Castelo Branco, 1964, p. 91.
- ↑ Meninos da Luz – Quem é Quem II. Lisboa: Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar. 2008. ISBN 989-8024-00-3
- ↑ Gago Coutinho e Sacadura Cabral
- ↑ ab «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Artur de Sacadura Freire Cabral". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de abril de 2015
- ↑ http://www.ginasiofigueirense.com/media/socios_honorarios2.pdf
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Bernard Marck, Héros et héroïnes de l'aviation, Planeta, 2007, ISBN 978-8408073512
- Bernard Marck, Héros et héroïnes de l'aviation, Arthaud, 2007, ISBN 978-2700300710
- José Pedro Pinheiro Corrêa, Sacadura Cabral: homem e aviador, 1964, 320p.
- História geral da aeronáutica brasileira: De 1921 às vésperas da criação do Ministério da Aeronáutica, Volume 1, Editora Itatiaia, 1988.
- Edgar Pereira da Costa Cardoso, História da Força Aérea portuguesa, Volume 2, 1984.
- Eduardo Bueno (2 de janeiro de 20019). A viagem de Sacadura Cabral e Gago Coutinho (vídeo). Youtube. Consultado em 22 de abril de 2019 Verifique data em:
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