sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

OBSERVADOR - DESPORTO - 24 DE JANEIRO DE 2020

Desporto

Por Bruno Roseiro, Editor de Desporto
GettyImages-1194254435-scaled.jpg
“É o fim da linha.
É o fim da linha para a incompetência, para o trabalho silencioso, para a inexistente falta de estratégia desportiva, financeira e comunicacional.”
A derrota do Sporting numa meia-final da Taça da Liga frente ao Sp. Braga marcada pelo descontrolo emocional que levou à expulsão de três jogadores (o que motivou muitas críticas à arbitragem por parte dos responsáveis do clube) colocou a nu uma realidade que já antes era difícil de contornar: a meio da temporada, os leões estão fora de todas as provas nacionais – os 19 pontos para o topo e os 12 para o segundo lugar resumem o Campeonato à luta pelo terceiro lugar que é hoje do Famalicão – e jogam apenas a Liga Europa. Mais: estão a três derrotas de igualarem o pior registo a esse nível, numa época apenas comparável à mais negativa de sempre (2012/13).
Frederico Varandas e os administradores da SAD não passam ao lado do atual contexto mas apontam baterias ao que falta até ao fecho do mercado. Sporar, avançado do Slovan Bratislava, foi confirmado pelo Sporting por seis milhões de euros, ficando depois a saber-se pelos eslovacos que o acordo envolve ainda mais de um milhão em cláusulas por objetivos e 10% de uma futura transferência. De Bruno Fernandes, nada de novo: Jorge Mendes já garantiu que o internacional vai sair agora ou no verão mas as negociações com o Manchester United estão difíceis apesar de Silas, técnico verde e branco, ter assumido que é complicado dizer “não vás” ao jogador perante uma oportunidade de ir para a Premier League. Em Braga, o médio mostrou também o seu lado lunar.
Existem erros evidentes, como a construção do plantel, a planificação de uma temporada que já leva três técnicos ou a herança de uma formação que já não é o que um dia foi. Existem problemas complexos, como a guerra aberta com as claques (nomeadamente a Juventude Leonina, que num comunicado iniciado com a frase supracitada anunciou que se irá juntar a uma manifestação em Alvalade a 9 de fevereiro, dia do encontro com o Portimonense) ou a reestruturação financeira. Ainda assim, o maior dos dilemas é aquela veia autofágica que, mais do que estar latente no presente, marcou o passado e condiciona o futuro. As movimentações para uma Assembleia Geral são mais do que muitas. Pelo meio ainda há o julgamento do caso de Alcochete. A ideia que passa torna-se clara: o Sporting voltou a acantonar-se num enorme barril de pólvora que pode rebentar a qualquer momento. E a colocação das claques numa caixa de segurança só servirá para evitar mais multas como as que irão surgir do dérbi.
Alheios a mais um período de crise do rival, Sp. Braga e FC Porto disputam este sábado (19h45) o título de campeão de inverno na final da Taça da Liga no Municipal de Braga. Naquele que é um reencontro das duas equipas depois do triunfo dos minhotos no Dragão para o Campeonato, que terminou com os adeptos azuis e brancos a mostrarem lenços brancos e a protestarem com a equipa, Rúben Amorim quer dar continuidade ao início de sonho no banco dos arsenalistas mostrando que os treinadores não se medem aos Níveis, enquanto Sérgio Conceição tentará lutar contra um jejum de títulos na competição não só na carreira mas também no próprio currículo dos dragões (e de Pinto da Costa, que nunca ganhou a prova no 13.º ano da sua existência). Nas meias, o Sp. Braga venceu o Sporting com um golo do inevitável Paulinho ao minuto 90, enquanto o FC Porto ganhou ao V. Guimarães com uma reviravolta que só não acabou empatada por um golo anulado pelo VAR nos descontos.
No domingo, regressa o Campeonato. E regressa com um arranque de segunda volta que tem o Benfica numa pole position que Luís Filipe Vieira quer fazer ver aos adeptos que ainda não assegura nada em concreto mas que continua a apresentar números históricos – após o triunfo no dérbi frente ao Sporting em Alvaladedecidido por Rafa que saltou do banco para bisar, os encarnados garantiram o prolongamento de uma série que já vai nas 17 vitórias consecutivas fora para a Primeira Liga e que valeu também a melhor primeira volta de sempre numa prova com 18 equipas (16 triunfos e uma derrota), com muito mérito de Bruno Lage à mistura. Segue-se o P. Ferreira de Pepa (domingo, 17h30), antes do Sporting-Marítimo (segunda-feira, 21h) e do FC Porto-Gil Vicente (terça-feira, 20h15) numa jornada que termina apenas na quarta-feira com o Moreirense-Sp. Braga (20h15).
No futebol internacional, Ronaldo e João Félix continuam a viver momentos opostos em termos individuais mas também coletivos: o capitão da Seleção Nacional decidiu com um bis a receção da Juventus ao Parma que deu ao campeão italiano pela primeira vez uma vantagem de quatro pontos na Serie A aproveitando mais um deslize do Inter e marcou depois um dos golos no triunfo para a Taça frente à Roma de Paulo Fonseca – e começa-se a falar da barreira dos 757 golos oficiais de Pelé, que se encontra “apenas” a 38 golos de distância. Já o jovem avançado teve dois encontros discretos pelo Atl. Madrid, que não só voltou a perder na Liga com o Eibar como foi eliminado pelo modesto Cultural do terceiro escalão na Taça do Rei – e até Diogo Simeone já é colocado em causa. Pelo meio, Haaland confirmou os créditos e teve uma estreia de sonho pelo B. Dortmund frente ao Augsburgo no regresso da Bundesliga, saindo do banco para fazer a reviravolta com um hat-trick em apenas 23 minutos, e o Liverpool deu mais dois passos de gigante rumo ao título com os triunfos diante de Manchester United e Wolverhampton.
Agora, anote na agenda os principais destaques no futebol durante a semana: esta sexta-feira, B. Dortmund-Colónia (19h30), Nice-Rennes (19h45) e Brescia-AC Milan (19h45); no sábado, Eintracht Frankfurt-RB Leipzig (14h30), Southampton-Tottenham (15h), Valencia-Barcelona (15h), Marselha-Angers (16h30) e Bayern-Schalke 04 (17h30); no domingo, Atl. Madrid-Leganés (11h), Inter-Cagliari (11h30), Nantes-Bordéus (16h), Roma-Lazio (17h), Nápoles-Juventus (19h45), Valladolid-Real Madrid (20h) e Lille-PSG (20h); na terça-feira, Aston Villa-Leicester (19h45) e AC Milan-Torino (19h45); na quarta-feira, West Ham-Liverpool (19h45), Manchester City-Manchester United (19h45), Inter-Fiorentina (19h45) e Marselha-Estrasburgo (20h05); na quinta-feira, Nice-Lyon (19h55).
História, mais história, a história final – que ainda pode ser melhorada. Depois de eliminar a França na primeira fase do Europeu de andebol, Portugal entrou na main round a golear a anfitriã Suécia em Malmö e, apesar das derrotas com Islândia e Eslovénia que impediram a chegada às meias-finais, alcançou o melhor lugar de sempre na competição com uma goleada à HungriaNinguém esperava uma campanha assim, incluindo a própria organização. Ninguém a não ser o grupo de trabalho, entre jogadores, técnicos e restante staff. Segue-se o jogo de apuramento do quinto e sexto lugares diante da Alemanha (sábado, 15h) e o torneio de pré-qualificação olímpica, mais tarde, que poderá valer uma inédita presença nos Jogos de Tóquio, em 2020. “É difícil, praticamente impossível, mas é como o que conseguimos aqui. Ninguém acreditava…”, comentou o selecionador Paulo Pereira.
No Open da Austrália, João Sousa acabou por não conseguir repetir o brilharete de 2019 (terceira ronda no quadro de singulares, inéditas meias-finais em pares) e perdeu na primeira eliminatória com o argentino Federico Delbonis em três sets num jogo onde foi visível a preparação com limitações depois da fratura de stress no pé esquerdo e da entorse no pé direito. Na véspera da estreia, Rui Machado, coordenador técnico e capitão da Seleção na Taça Davis, já tinha abordado essa condicionante, numa entrevista ao “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador onde falou dos favoritos Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer (que passaram sem grandes dificuldades as rondas iniciais), do problema do fumo em Melbourne que já afetou alguns jogadores, do estado do ténis português, das mudanças na Taça Davis e das suas preferências pessoais na modalidade.
Demorou mas foi: Zion Williamson, apontado como a principal next big thing da NBA desde LeBron James, fez a estreia depois de uma lesão no joelho que o afastou da fase inicial da temporada. O jogador, que dava nas vistas antes de ser escolhido pelos New Orleans Pelicans no draft e que chegou a ter Barack Obama na bancada a assistir a um jogo de basquetebol universitário polémico por ter ficado com a sapatilha desintegrada durante o encontro (o que valeu uma queda da Nike em bolsa de 1,7% logo no dia seguinte), esteve em campo pouco mais de 18 minutos, marcou 22 pontos entre os quais os quatro triplos tentados e, apesar da derrota frente ao San Antonio Spurs, confirmou numa impressão inicial que pode mesmo ser uma grande estrela na competição assim os joelhos aguentem os quase 130 quilos num corpo com menos de dois metros que o faz andar e correr de forma peculiar.
Nota ainda para o jogo desta noite (19h) entre Portugal e Bélgica em ténis de mesa, que se realiza em Gondomar: depois do triunfo frente à Ucrânia, a Seleção está apenas a uma vitória de garantir novamente presença nos Jogos Olímpicos, depois do quinto lugar em Londres (2012) e da nona posição no Rio de Janeiro (2016).
Por fim, mais uma morte a lamentar no Dakar: numa altura em que Paulo Gonçalves já chegou a Esposende para uma última e sentida homenagem ao piloto falecido no passado dia 12, o piloto holandês Edwin Straver, que estava em estado crítico após uma queda na penúltima etapa, não resistiu aos ferimentos e morreu esta sexta-feira.

EU, A TV E UM COMANDO

O JOGO EM PALAVRAS

PÓDIO

  1. 1

    Portugal goleia Hungria e atinge feito histórico

    Após derrotas com Islândia e Eslovénia, Portugal goleou Hungria e garantiu apuramento para jogo do quinto e sexto lugares do Europeu, naquele que é o melhor resultado de sempre do andebol nacional.
  2. 2

    Haaland, a next big thing do futebol na Europa

    Foi cobiçado por Manchester United e Juventus, preferiu assinar pelo B. Dortmund, quer ser campeão pelo Leeds, teve estreia de sonho na Bundesliga: Haaland saiu do banco e fez hat-trick em 23 minutos.
  3. 3

    Zion e o primeiro verso do poema mais aguardado

    Finalmente, mais de três meses depois da lesão, estreou-se aquele que é considerado o futuro da NBA. Zion Williamson entrou tímido, ganhou confiança, fez 17 pontos seguidos e justificou o entusiasmo.

O TEMA

FotografiaDESPORTO

6 explicações para a nuvem que paira em Alvalade

Seis meses após goleada sofrida na Supertaça, Sporting está fora das provas nacionais. Os males conjunturais da equipa (que começam na sua construção) que representa um clube com males estruturais.

TERCEIRO TEMPO

MAIS SOBRE DESPORTO
Mais pessoas vão gostar da newsletter Desporto. Partilhe:
no Facebook no Twitter por e

Sem comentários:

Enviar um comentário

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue