Um fenómeno chamado Ronaldo. O nosso melhor jogador de futebol de sempre. O português mais popular. Um homem que está sempre nas notícias. Pelas melhores razões. E pelas piores. E é sobre a nossa ação nelas e reação a elas que começo por escrever-vos, neste newsletter sobre o semanário Expresso, que está hoje nas bancas das ruas e
nas bancas digitais. Sim, esta semana saímos sexta feira, por ser feriado, 5 de outubro.
Quando, em dezembro de 2016, o
Expresso noticiou que Cristiano Ronaldo estava a ser investigado pelo fisco espanhol por não declarar mais de 60 milhões de euros, sentimos na pele das caixas de email, dos telefones e das redes sociais o que é pôr um ídolo em causa. Fomos sovados. Como nos atrevíamos a pô-lo em causa?
A resposta era (e é) simples: são factos. Ninguém está imunizado, notícias são notícias, mesmo quando sabemos que as notícias serão impopulares, que começaremos por ser desmentidos e até que nascerão mil teorias da conspiração a favor e contra os factos. Continuámos a noticiar nos meses seguintes, num trabalho conjunto do consórcio internacional de jornalistas de investigação EIC, a que o Expresso pertence. Dois anos e meio depois, em julho deste ano, Ronaldo chegou a acordo com o fisco espanhol, declarou-se culpado de evasão fiscal e pagou 19 milhões.
Ronaldo está de novo nas notícias, agora por causa de um escândalo muito mais grave: uma
investigação nos Estados Unidos por acusação de violação. As reações são de novo extremadas, gerando simpatias e antipatias, e até argumentações chocantes contra uma mulher que “estava a pedi-las”. Por mais que se vista ou dispa, nenhuma mulher “está a pedi-las”, se diz não, é não. É revoltante ainda ter de dizer o que devia ser evidente.
Ronaldo está inocente até prova em contrário, mas não está imune à investigação judicial e à investigação jornalística, desta vez realizada pela Der Spiegel, parceira do Expresso no consórcio internacional. Na edição de hoje do semanário, o Expresso falou com peritos americanos sobre o caso judicial, sobre um crime que só prescreve ao fim de 20 anos. Na crónica do convidado, o escritor Bruno Vieira do Amaral escreve com ironia fina sobre o assunto: “Os especialistas não têm dúvidas de que esta variante de Oportunismo pode causar danos severos ao paciente e que para a maleita só há um remédio eficaz, mas que não se encontra à venda em farmácias: chama-se Verdade e é muito difícil de encontrar.”
(Parêntesis: o
Governo português quer agravar crimes sexuais para evitar a suspensão da prisão. Ou seja, para que
mais condenações resultem em prisão efetiva. Em marcha está uma proposta de alteração ao Código Penal. Mas a medida é polémica dentro do grupo parlamentar do PS. Publicamos também um
Duelo sobre a pergunta: É preciso mudar o Código Penal e aumentar as penas de crimes sexuais?).
De Ronaldo passamos para
Azeredo Lopes, com o desenvolvimento do caso que explodiu esta quinta feira, quando o Expresso noticiou que o “
investigador da PJM garante que Azeredo Lopes soube do encobrimento. Ministro desmente”. Hoje, contamos muitos mais detalhes deste processo, incluindo que o
investigador falou com o chefe de gabinete do ministro depois de saber que estava a ser investigado pela PJ. Porque a PJ começou a investigar há um ano, ou seja, há mais tempo do que se sabia. “
Estamos dispostos a ir presos pelo país”: a PJM tinha informações de que a venda das armas estava iminente e temia que fossem usadas num atentado terrorista. Os ministros Azeredo Lopes e Eduardo Cabrita subscreveram já este ano uma
menção honrosa aos três GNR envolvidos na encenação de Tancos. E
Azeredo Lopes está mais frágil do que nunca. Sobre o furto, saiba que
há cinco suspeitos sob vigilância.
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