quinta-feira, 12 de julho de 2018

EDRO SANTOS GUERREIRO
DIRETOR
 
Trump só veio para lutar
12 de Julho de 2018
FacebookTwitter
 
 
“Faz todos os dias algo que te assuste”. A frase é frequentemente (e erroneamente) atribuída a Eleanor Roosevelt, mulher do 32º Presidente norte-americano. Se a leu, o 45º Presidente parece tê-la subvertido: faz todos os dias algo que assuste os outros. As expressões vêm dos Estados Unidos: Donald Trump simulou ontem “a loucura” na cimeira a NATO e chega amanhã a um país “em pandemónio”.

“Não foi propriamente um começo diplomático”escreve o New York Times (NYT). Poucos minutos depois de chegar ontem a um pequeno-almoço com o secretário-geral da NATO, Trump acusou a Alemanha de “estar cativa” da Rússia, por causa da dependência energética, apanhando de surpresa Jens Stoltenberg. “É suposto protegermos a Alemanha”, disse Trump a Stoltenberg (citado pelo Washington Post), “mas eles vão buscar a sua energia à Rússia. Explique isso. E isso não pode ser explicado. Você sabe isso.” Mais tarde, Trump esreveria no Twitter: "De que serve a NATO, se a Alemanha paga à Rússia mil milhões de dólares por gás e energia?". E chamaria de “deliquentes” a aliados da NATO. A frase está no Vox, que escreve a frase do título deste Curto: "Trump só veio para lutar"

Sobretudo, o 45º Presidente levou a sua mensagem (que não é nova) de que os Estados Unidos pagam de mais e os de demais aliados pagam de menos. “O Presidente norte-americano não tem parado de queixar-se que é injusto que os Estados Unidos gastem 3,5% do PIB, enquanto a Alemanha gasta 1,24%”, escreve o Expresso Diário. “E se aos jornalistas se limitou a dizer que o encontro bilateral "foi um sucesso tremendo", no Twitter exigiu: "têm de pagar 2% do PIB IMEDIATAMENTE, e não em 2025".” Assim mesmo, em maiúsculas. Como quem grita.

Hoje, ao segundo dia, a NATO discute guerra do Afeganistão e possível entrada de novos membros.

Para o The Guardian, esta será a cimeira da NATO “mais divisiva” da sua história. E é o Washington Post que escreve que Trump apenas reavivou a “teoria do louco” na política internacional, já usada muitas vezes. Mas “há método na sua loucura”, disse no mês passado Boris Johnson, que se demitiu do governo de Theresa May esta semana. O político que disputa a lista de penteados famosos com Trump é um dos seus admiradores recentes em Inglaterra (o The Guardian arrola vários). A admiração parece ser mútua: Trump quer encontrar-se com “o seu amigo” Boris. Talvez haja agenda.

Começa amanhã a visita oficial de Trump ao Reino Unido – o tal país que vive o seu próprio “pandemónio nacional”, como escreve Rebecca Mead na New Yorker, referindo-se à crise do governo de Theresa May: Inglaterra precisa da ajuda de Trump para um acordo comercial com os Estados Unidos. A falta de “química pessoal” entre ambos é notória, mas a Theresa May resta “engolir o seu orgulho e seguir em frente”, escreve o NYT, que espera “psicodramas e protestos” nas várias paragens de Trump pelo reino da rainha Isabel II, que o receberá no Palácio de Windsor no final de sexta-feira.

Antes disso, Trump estará num jantar oficial com May na quinta, rumando ambos na sexta-feira para Chequers, a casa de campo da primeira-ministra, para reuniões bilaterais. O presidente dos Estados Unidos evitará o centro de Londres, onde são esperadas manifestações e para onde foi já destacado um contingente policial de grande envergadura. Nos céus pairará um balão gigante de Trump como “um bebé zangado com um ego frágil e mãos pequenas”, descrevem os protestantes citados pela BBC. O balão pode ser visto neste vídeo na Fortune.

(Hoje, o Reino Unido publicará o aguardado Livro Branco sobre o que pretende que sejam as suas relações futuras com a União Europeia. Foi a conclusão deste documento que aprofundou as divisões no governo britânico, que levaram à atual crise, que tem no seu coração os adeptos da linha dura do Brexit, como explica o Quartz.

E tudo isto acontece numa altura em que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a Europa (e a China e o México) recrudesce, incitando a represálias do lado de cá do Atlântico. O Financial Times dá a receita, apontando para tarifas a produtos exportados pelos EUA: “Quer prejudicar Donald Trump? Boicote a manteiga de amendoim”.

Na próxima semana, Trump estará com Vladimir Putin. É uma semana e peras para Trump e para aqueles que ele todos os dias assusta. Talvez a cimeira da NATO deva acabar entoando a mesma música dos Oasis que ontem os ingleses cantaram no estádio depois da derrota nas meias-finais do Mundial de futebol contra a Croácia: “Don’t look back in anger”.

Não olhe para trás com raiva.
Não olhe para a frente com raiva.
 
publicidade
Publicidade
OUTRAS NOTÍCIAS
A proposta de descentralização era para ser uma coisa grande e acabou por não ser grande coisa. O primeiro revoltado foi Rui Moreira, mas o impacto prossegue. Agora é o PCP, que considera o acordo de descentralização: “É uma afronta ao poder local”. Jaime Toga afirmou, no Porto, que o pacote de descentralização acordado entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios é um passo em falso e “não acabará com as assimetrias regionais ou contribuirá para a coesão territorial”. O Governo respondeu: a descentralização “não é presente e muito menos é envenenada”, disse o secretário Estado das Autarquias Locais.

Um eventual acordo para uma nova “geringonça” deve incluir política externa e europeia, afirma Augusto Santos Silva em entrevista ao Público e à Renascença: “Se nós – como eu espero – caminharmos para a renovação da atual solução política, ela exigirá certamente um nível de comprometimento nessa solução que será superior àquele que se verifica neste mandato.” Ou seja? “Temos todas as condições para fazer um acordo que signifique um avanço no que diz respeito a políticas estruturais que o país precisa no domínio do território, ambiente, transição energética, política económica e também na política externa e europeia.” É quase como quem diz: as novas linhas vermelhas são agora do PS… e são contra-natura para o BE e PCP.

PSD propõe limites ao alojamento local apenas em áreas com 20% ou mais de estabelecimentos.

Câmara de Lisboa admite constrangimentos na recolha de lixo na cidade.

Área Metropolitana do Porto apresentou um concurso para explorar eletricidade em baixa tensão.

As demissões dos chefes de equipa de medicina interna e de cirurgia geral do Hospital de São José não foram aceites pelo governorevela o Expresso Diário. Os 16 especialistas em causa denunciaram uma “situação de emergência” e defenderam a existência de “um plano de catástrofe”.

“Concentração de motards no Algarve podia ser palco de banho de sangue”, titula o Jornal de Notícias, que escreve que estaria iminente um novo ataque protagonizado pelos Hells Angels, o que levou a Polícia Judiciária a deter, ontem, 56 indivíduos ligados ao grupo motard.

Tribunal Constitucional rejeita recurso de Armando VaraArmando Vara vai reclamar da decisão do Constitucional. O processo Face Oculta segue a sua via…

Sabe quantos portugueses já viajaram para estudar na Europa através do programa ErasmusO 2:59 explica.

Observatório de Emprego Científico revela que foram contratados 626 doutorados desde janeiro de 2017.

Na Tailândia, a gruta da tragédia pode transformar-se em lugar de romaria… com todos os perigos que isso levanta. As fotografias dos meninos (e do seu treinador) salvos depois do resgate dramático a que todo o mundo assistiu estão hoje nos jornais. Segundo fuzileiros americanos citados no The Guardian, a missão esteve “perto do desastre”.

Pelo menos 199 pessoas morreram nas inundações e aluimentos de terras no oeste do Japão, anunciou o porta-voz do Governo japonês, citado no Observador.

Os protestos na Nicarágua já provocaram pelo menos 351 mortos, segundo um relatório preliminar da Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos. Há 261 desaparecidos e 2.100 pessoas sofreram ferimentos. As manifestações e confrontos violentos duram há três meses. Começaram por ser contra as mudanças na segurança social e contribuições fiscais, já fizeram mais de 350 mortos e transformaram-se em protestos contra o abuso de poder e corrupção do presidente Daniel Ortega (e a mulher e vice-Presidente, Rosario Murillo), que está no poder desde 2007, após um primeiro mandato que durou de 1979 a 1990. António Guterres está "muito preocupado" com a situação e apoia a mediação dos bispos para uma saída pacífica para a crise no país.

They're going home”. Inglaterra afastada do Mundial pela sensação Croácia, que vai à final com França.

He wants to come home”. Bruno de Carvalho candidata-se à presidêndia do Sporting… massa Comissão de Fiscalização decide a sua suspensão de na próxima semana: e o ex-presidente não poderá recandidatar-se. Está tudo na Tribuna Expresso.

Foi encontrada a cor mais antiga do mundo. É a cor dos flamingos.


FRASES
“O Brexit de Boris Johnson nunca foi um sonho. Era pura fantasia.” Martin Kettleno The Guardian.

“Hoje, é claro que o ‘Brexit’ enfraquece a Europa e não robustece ou sequer melhora o Reino Unido. Foi um erro. Um erro que teve por base pessoas que não olham a meios para atingir fins e que conseguem convencer os eleitores de que vão a caminho do paraíso, quando os conduzem para becos sem saída.” Henrique Monteirono Expresso Diário.

“Algumas pessoas começaram agora a perceber os custos das decisões orçamentais tomadas nos últimos dois anos. Até o Governo já tem de explicar que, afinal, não há dinheiro para tudo.”Helena Garridono Observador.


O QUE EU ANDO A LER
Três sugestões. O El Pais publicou esta madrugadao dossiê “Os papéis secretos de Felipe González”, a partir dos arquivos do ex-presidente do governo espanhol, agora revelados. “Nos seus cadernos havia de tudo: o cansaço do poder, as disputas do partido e as quezílias com os ministros”.

Começa hoje em Lisboa a 12ª edição do NOS Alive, com (mais) um cartaz de luxo. “Dos imponentes cabeças de cartaz às grandes promessas e revelações, difícil será escolher”, escreve a Blitz. O Expresso Diário aponta-lhe o caminho, ou melhor, os vários caminhos no festival de música que dura até sábado.

Também em Lisboa, na Gulbenkian, ópera junta jovens reclusos, músicos e cantores profissionais. O espetáculo "Só Zerlina ou Così san tutte?" funde ópera, 'rap' e teatro e estará em cena hoje a amanhã, inserido na programação Jardim de Verão da Fundação.

Tenha um excelente dia.
 

Gostou do Expresso Curto de hoje?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue