Os direitos humanos voltaram às primeiras páginas esta semana, à boleia de dois importantes eventos, mas por razões diferentes. Se na quinta-feira, dia de estreia do Mundial de futebol na Rússia, o Parlamento Europeu pediu à União Europeia para emitir uma declaração a condenar as violações dos direitos humanos naquele país e as tentativas de as encobrir através do campeonato, dois dias antes, após a cimeira que juntou em Singapura os Presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte, foi precisamente a não referência, no comunicado final, às recorrentes violações dos direitos humanos pelo regime de Pyongyang que causou estranheza.
São estes os dois primeiros temas da nossa já habitual proposta de (re)leitura de fim de semana, tendo como como base, como sempre, os trabalhos publicados no Expresso Diário durante a semana.
Parlamento Europeu quer que Mundial sirva para “condenar as violações dos direitos humanos na Rússia”
São dez os países da União Europeia que estão na Rússia a lutar pelo título de campeões mundiais de futebol. Bruxelas diz que apoia todos e está a torcer para que um deles volte a casa com as faixas ao peito, mas nenhum comissário irá a qualquer estádio russo assistir a um jogo. A Comissão Europeia não esclareceu se vai seguir o exemplo do Parlamento Europeu e aproveitar o torneio para falar de violações de direitos humanos por parte de Moscovo.
Direitos humanos: o suspiro de alívio de Kim Jong-un
Depois dos apertos de mãos e sorrisos abertos no final de uma cimeira que o mundo em geral apontou de histórica, “Kim Jong-un deve ter suspirado de alívio no avião de regresso a casa. Afinal, o Presidente dos EUA não está a pensar pressioná-lo de todo para deixar de martirizar o seu povo.” Assim reagiu Phil Robertson, vice-diretor da Human Rights Watch para a Ásia, quando lhe pedimos um comentário à total ausência de referências à questão da recorrente violação dos direitos humanos no documento que saiu da conferência entre os líderes norte-coreano e americano.
Pensionistas chegam a esperar mais de um ano pela reforma
O relatório anual do Provedor de Justiça elenca vários problemas que têm ocorrido na atribuição das pensões e outras prestações sociais. Os tempos de espera são um deles e “comprometem gravemente a eficácia dos direitos sociais dos cidadãos”, alerta Maria Lúcia Amaral. No relatório que entregou na terça-feira na Assembleia da República, a provedora socorre-se de dois indicadores expressivos: este tipo de queixas não só representou 27% de todas as reclamações recebidas como registou um crescimento expressivo face a 2016 (foram mais 37%).
Uma foto, quatro leituras
A imagem de Donald Trump, sentado, de braços cruzados e com o seu ar amuado, a fitar Angela Merkel durante a mais recente cimeira do G7, realizada no Canadá, já tem lugar reservado no álbum dos melhores instantâneos do ano. A foto correu mundo, tornou-se viral, e o Expresso pediu a três conhecedores de fotografia e a um diplomata veterano familiarizado com os meandros deste tipo de encontros que a comentassem.
A máquina do tempo: Pedrógão um ano depois
Foi há um ano que um “inferno” varreu Pedrógão Grande, uma região sobre a qual já se mostrou tanto e está quase tudo por mostrar. O Expresso passou um ano nos concelhos afetados pelos incêndios de 17 de junho e entregou câmaras de filmar a crianças diretamente afetadas pela tragédia, dando-lhes total liberdade para filmar o que quisessem. O documentário e reportagem multimédia que fizemos inclui ainda testemunhos de feridos graves que quebram o silêncio da maneira possível. Um ano depois, mostramos os vivos sem esquecer os 66 que o país perdeu.
O que é ser pobre? Quantos pobres há? Somos mesmo menos pobres? E ter trabalho chega para não ser pobre?
O retrato da parte do país que vive com menos de 454 euros mensais é o tema da rubrica 2:59 desta semana. Jornalismo de dados em dois minutos e 59 segundos. Para explicar o mundo
Rafael Nadal, por Bruno Vieira Amaral
Após o 11.º triunfo de Rafael Nadal na terra batida de Roland Garros, Roger Federer comentou que “a todos os jogadores do circuito mundial não lhes resta senão fazer-lhe reverência. Só sobram palavras superlativas”. Igualmente rendido à classe do tenista espanhol, o escritor Bruno Vieira Amaral diz que ele “tornou Roland Garros o seu campo de treinos, a coutada onde recebe anualmente os aspirantes e lhes aplica corretivos impiedosos que eles são obrigados a aceitar com o prazer masoquista do discípulo perante o mestre”.
Boas leituras.
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