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Por Ana Pimentel, Jornalista
Mark Zuckerberg esteve durante 10 horas no Congresso norte-americano: cinco horas no Senado e cinco horas na Câmara dos Representantes. As longas (muitooo longaaaas) audições ficaram para a História da comunidade tecnológica (para a minha e do Manuel Pestana Machado também) — nunca um presidente de uma empresa privada esteve tanto tempo a ser questionado pelos representantes da democracia norte-americana. E nunca um sorriso de 63,2 mil milhões de dólares valeu tantos memes.
No final, ficaram as aulas sobre como funcionam os negócios da Internet, as dezenas de vezes que Zuckerberg disse que ia pedir à sua equipa para lhe dar mais detalhes sobre determinado assunto e as outras dezenas em que se socorreu da inteligência artificial para encontrar soluções para as muitas falhas do Facebook. No final, as peguntas sem resposta continuaram sem resposta, as dúvidas continuaram a existir e ninguém percebeu muito bem como será a tal regulação que toda a gente acha que é necessária. Nisso, todos concordam, até Zuckerberg: é preciso regular. Mas ninguém, muito menos Zuckerberg, propôs medidas concretas que balizassem a esfera pública, privada e a comercial.
Toda a gente está bem intencionada, já sabemos. Ficámos todos muito mais descansados depois de ouvirmos os senhores do poder a sublinharem o quão urgente é regular as redes sociais e o uso que fazem dos nossos dados. Óptimo! Mas planos em concreto ninguém ouviu nada de ninguém. Datas também não demos por nenhuma. Compromissos tão pouco. No final, vamos lá ver: ninguém se comprometeu rigorosamente com nada. E passados 14 anos, se calhar já estava na altura, Zuckerberg. Até porque depois de tantos milhões, polémicas e pedidos de desculpa, receio que não haja outra alternativa.
Eu dispenso as polémicas, pedidos de desculpa também gostava de evitar, obrigada. Agora, se quiserem mandar vir os milhões, mandem. Nada contra. Mas poupem-me a 10 horas de Congresso, por favor.
Tenham uma ótima semana. Até terça!
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