segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O “Stille Nacht” (“Noite Feliz”) nasceu numa capelinha esquecida como a gruta de Belém



O “Stille Nacht” (“Noite Feliz”) nasceu numa capelinha esquecida como a gruta de Belém

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Em 24 de dezembro de 1818, a canção “Stille Nacht” (“Noite Feliz”) foi ouvida pela primeira vez na aldeia de Oberndorf (Áustria). Foi na Missa de Galo na minúscula capelinha de São Nicolau. 

Estavam presentes o pároco Pe José Mohr, o músico e compositor Franz Xaver Gruber com seu violão, e o pequeno coro da esquecida aldeia. No fim de cada estrofe, o coro repetia os dois últimos versos. 

Naquela véspera de Natal nasceu a música que passou a ser como um hino oficial do Natal no mundo todo. Hoje se canta nas capelas dos Andes e no Tibete, ou nas grandes catedrais da Europa. 

Há muitas histórias sobre a origem dessa canção. Entretanto, a verdadeira é simples e risonha como a canção ela própria.

O Pe. Joseph Mohr, jovem sacerdote, compôs a letra em 1816. Ele estava encarregado da igreja rural de Mariapfarr, Áustria. Seu avô morava perto e é fácil imaginar que ele criou o texto enquanto caminhava para visitar seu ancião parente. 

Nenhum evento particular inspirou o Pe. José para escrever a poética canção do nascimento de Jesus. 

Em 1817 ele foi transferido para Oberndorf. 

Na véspera do Natal de 1818 o Pe. José visitou seu amigo, o professor de música Franz Gruber, que morava num apartamentinho acima da escolinha da vizinha aldeia de Arnsdorf. Mostrou-lhe o poema e pediu-lhe uma melodia para a Missa de Galo daquela noite.

Quando aqueles dois homens acompanhados pelo coro cantavam por vez primeira em pé diante do altarzinho da capela de São Nicolau, o Stille Nacht! Heiligen Nacht! não faziam idéia da repercussão que o fato teria no mundo. 

Karl Mauracher, mestre construtor e reparador de órgãos viajou várias vezes a Oberndorf para consertar o órgão.

Numa das viagens obteve a partitura e a levou para sua terra. Foi assim, também despretensiosamente, que começou a difusão.

De início, nem tinha nome e era chamada de “canção folclórica tirolesa”.

Duas famílias que viajavam cantando canções populares do vale de Ziller incorporaram a peça a seu repertório e a entoaram em dezembro de 1832 em Leipzig num concerto de música folclórica.

A partir de então a difusão progrediu como mancha de azeite.

Por fim, a família Rainer cantou o Stille Nach na presença do imperador da Áustria Francisco I e do czar da Rússia Alexandre I.

A canção natalina passou a ser a preferida do rei Frederico Guilherme IV da Prússia. 

O Pe. José morreu pobremente na cidadinha de Wagrain, nos Alpes, como pároco. Ele doou todos os seus bens para a educação das crianças.

O inspetor escolar de São Johann, num relatório ao bispo, descreve o Pe. José como um amigo dos fiéis, sempre perto dos pobres e um pai protetor.

Seu nome foi esquecido por todos até ser recuperado posteriormente.

A família de Franz Xaver Gruber conservou alguns dos humildes móveis do músico e o violão daquela noite abençoada, hoje peça histórica.

O túmulo de Franz é decorado com uma árvore de Natal todos os meses de dezembro. 

A imagem dos dois co-autores está nos vitralzinhos da capelinha de São Nicolau.

Assim é a riqueza insondável da Igreja: faz nascer no coração dos humildes e despretensiosos frutos de graça, perfeição e beleza que os gênios naturalmente mais dotados do mundo jamais conseguem superar.

Essa é a causa sobrenatural do insondável mistério que faz da Civilização Cristã a obra prima por excelência sobre a face da Terra e o bem supremo dos homens logo abaixo, e só abaixo, da Igreja Católica, Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, única Igreja verdadeira.

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