segunda-feira, 4 de setembro de 2017

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Martim Silva
MARTIM SILVA
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Coreia, a rentrée, a seleção. E Balsemão
4 de Setembro de 2017
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Simulacro mísseis Coreia do Sul
Bom dia,
Com o mundo de olhos em bico e Portugal cheio de despiques políticos, este é o seu Expresso Curto deste início de segunda-feira, 4 de setembro. Boa leitura.

Hoje estou a regressar de férias. E começo esta newsletter precisamente pelas rentrées partidárias. Ontem foi dia forte. O PSD encerrou a Universidade de Verão de Castelo de Vide (depois de já ter realizado o Pontal) com a intervenção de Passos CoelhoUma vez mais a demonstrar que qualquer possibilidade de acordos/consensos/entendimentos/diálogo com António Costa e com o PS é nesta altura algo do domínio meramente teórico.

Mais perto de Lisboa, no Seixal, Jerónimo de Sousa encerrou a habitual Festa do Avante comunista. Com os também habituais avisos aos socialistas…

É o pontapé de saída para o novo ano político, que tem pela frente aguns pratos fortes, como as eleições autárquicas que são a 1 de outubro e a aprovação do Orçamento do Estado, documento que o Governo tem de ter pronto até 15 de outubro. Aqui o que interessa é sobretudo o processo negocial dentro da geringonça, entre Governo, PCP e Bloco. Sobre este aspecto, Marques Mendes avançou ontem a possibilidade de o PCP se abster na votação do Parlamento (o que não coloca em causa a aprovação do documento).

Com a campanha das autárquicas a aquecer, António Costa esteve em Coimbra, onde acusou a universidade de verão laranja de não passar de um encontro de “maledicência”. No mesmo comício, o candidato socialista prometeu a criação de um aeroporto comercial em Coimbra(promessa que vale nota oito em dez para demagogia eleitoralista).
Ainda em matéria autárquica, Manuel Pizarro deu uma entrevista ao Observador (na rubrica Carpool Autárquicas, provavelmente a melhor ideia na cobertura mediática destas eleições).


COREIA DO NORTE
“Veremos”disse Donald Trump aos repórteres quando questionado sobre a possibilidade de um ataque militar dos Estados Unidos à Coreia do Norte, que ontem provocou novo sobressalto planetário ao lançar uma Bomba H (sobre este aspecto tem mesmo de ler o muito completo artigo do NYT que explica o que é uma bomba de hidrogénio, como funciona e como se distingue de uma bomba nuclear tradicional).

Apesar de muitos peritos duvidarem de mais este anúncio norte-coreano, este pode significar mais um avanço do programa nuclear do regime de Kim Jong-un. É que primeiro duvidava-se da capacidade do mais tresloucado regime do planeta lançar misseis com eficácia. Depois, da capacidade de eles serem dotados de ogivas com potencial de destruição. Só que essas provas (negativas) parecem estar a ser superadas, uma a uma.

Hoje mesmo vai reunir-se o Conselho de Segurança das Nações Unidas, precisamente com este ponto na agenda.
Volta a falar-se no aumento de sanções ao regime de Kim Jong-un. E aqui o país decisivo é mesmo a China, o único aliado dos norte-coreanos e de quem estes dependem fortemente.

Também a Coreia do Sul já respondeu esta segunda-feira à iniciativa do vizinho, com o lançamento de mísseis balísticos e a simulação de um ataque às infraestruturas nucleares da Coreia do Norte.

Na imprensa de hoje, vale a pena ler a análise da crise feita pelo Carlos Gaspar, no Público.
Aqui pode ver a crise explicada em 2.59 minutos.
aqui lembra-se que este foi o sexto ensaio nuclear feito pelo regime norte-coreano (o último tinha sido precisamente em Setembro do ano passado).
 
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro,

Jornal de Negócios conta que na Operação Marquês o Ministério Público não compra a tese de Henrique Granadeiro, que justifica o dinheiro transferido do GES com a compra de 30% da sociedade que detém a Herdade do Vale do Rico Homem.

Com o impasse a manter-se na AutoEuropa, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, revelou ter-se encontrado com o CEO da Volkswagen, mostrando-se convicto que a marca alemã vai continuar a apostar na fábrica portuguesa (que tem um peso decisivo na economia nacional).

O sistema partilhado de bicicletas arranca este mês em Lisboa.

Dois meses depois, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, regressa hoje a Tancos.

A intervenção do ex-presidente Cavaco na universidade de verão continua a ser falada. Passos defendeu Cavaco. Marques Mendes disse que o antigo chefe de Estado tinha razão nas críticas ao actual governo mas que exagerou nas referências feitas ao seu sucessor.

Já aqui falei várias vezes hoje de Marques Mendes. Mas o homem estava imparável ontem na SIC. E também revelou que já está escolhido pelo Governo o nome para liderar o Serviço de Informações da República Portuguesa, que o maior partido da oposição foi informado e que o nome deve ser conhecido hoje mesmo.
Recorde-se que José Júlio Pereira Gomes tinha sido o nome escolhido para suceder a Júlio Pereira (a semelhança dos dois nomes é mera coincidência), mas acabou por recuar depois da polémica em torno da sua atuação em Timor Leste em 1999.


Lá fora,
Quem está em campanha eleitoral é a Alemanha. Ontem foi dia de debate televisivo entre Merkel e Schulz, com a líder dos conservadores a ser considerada, pelos espectadores, como a vencedora de um confronto em que o candidato do SPD precisava de superiorizar-se para encurtar distâncias para Angela Merkel.

A costa leste dos Estados Unidos está a ser fustigada por fortes incêndios, com o mayor de Los Angeles a falar mesmo no maior incêndio de sempre na cidade norte-americana.

Os líderes de quatro forças da oposição angolana (UNITA, Casa-Ce, FNLA e PRS) consideram ilegais as eleições no país e pedem a recontagem dos votos. No escrutínio, o MPLA foi o mais votado, com um resultado acima dos 60%, o que garante a presidência do país (e a sucessão de José Eduardo dos Santos) a João Lourenço.
 
Selecção
DESPORTO
Ontem foi dia de seleção nacional. A equipa de Fernando Santos e Ronaldo foi a Budapeste vencer por um a zero numa partida difícil e atribulada (agressão a Pepe, lesão de Coentrão, sofrer até ao fim) mas que permite a Portugal manter-se na cola da Suíça na luta pela qualificação direta para o Mundial da Rússia, que se disputa no próximo ano. Já só faltam duas partidas na fase de qualificação: ir a Andorra (Fernando Santos chamou a atenção para as dificuldades – viagem de três horas de autocarro e relvado sintético) e receber a Suíça. Nos restantes jogos de ontem destaque para o empate do Luxemburgo em França, algo que não acontecia há cem anos.
Se quiser saber mais (e com maestria de escrita) leia a crónica do Pedro Candeias na nossa Tribuna.

Imagine nadar quase dois quilómetros. Agora imagine pedalar quase cem. Acha pouco? Agora imagine correr vinte. A seguir imagine o que será fazer isto tudo seguido. Pois, a prova existe e chama-se Ironman. Ontem realizou-se a primeira edição do Ironman em Portugal e a vencedora da prova feminina foi Vanessa Fernandes. Grande regresso!

Foi este fim-de-semana o Red Bull Air Race, nas margens do Douro, entre Porto e Gaia, com a vitória de um piloto checo e muito espectáculo à mistura. A organização (e os media) falam em recordes de assistência com mais de 850 mil pessoas a assistirem ao evento (sou só eu a achar o número “levemente” exagerado?).

A janela de transferências no futebol já encerrou, mas as polémicas envolvendo o Sporting continuam. Enquanto Adrien ainda não sabe se pode jogar pelo Leicester (hoje poderá ter a resposta), o West Ham ameaça processar Nuno Saraiva (ainda a transferência falhada de William para o clube londrino).


O QUE ANDO A LER
Depois de semanas em volta do extraordinário épico ‘Guerra e Paz’, enredado entre as guerras de Napoleão à Rússia e os amores e desamores de Pedro Bezukov, Nicolai, Pétia, Natacha, Maria, Sónia, Helena e outros personagens da obra de Tólstoi, nos últimos dias dediquei-me à biografia de Francisco Pinto Balsemão, da autoria de Joaquim Vieira (antigo membro da direção deste jornal).
Não é propriamente o mais simples dos exercícios escrever sobre um livro quando se trata da obra biográfica de alguém que é há uma década o patrão deste que vos escreve. Mas eu sou grande fã de biografias e saúdo o crescimento sustentado deste tipo de obras nos últimos anos em Portugal. Para mais tratando-se de personagens centrais da nossa vida pública das últimas décadas. Por isso, e apesar de reconhecer a dificuldade do exercício, prefiro arriscar e escrever algumas notas sobre as mais de 400 páginas já lidas (ainda não terminei a obra).
Começemos pelo menos bom.
O livro exagera, parece-me, nalguns pontos da vida pessoal e íntima do fundador do PSD, como o processo judicial de reconhecimento da parentalidade. Mas, valha a verdade, também as biografias de figuras como Mitterrand, Kennedy, Churchill, Juan Carlos, Trump ou Mário Soares (só para citar algumas que me lembro) estão carregadas de episódios privados picantes. São histórias de homens, não são histórias de santos.
Além disso, uma falha evidente na obra, e assumida, resultado do facto de muitos dos mais próximos de Balsemão, para além do próprio (que revelou estar a escrever as suas próprias memórias), não terem colaborado na biografia.
Ainda assim, com recurso a muitas entrevistas a colaboradores, colegas de partido e amigos de Balsemão, o autor esmiúça o percurso do homem que se tornou o maior patrão dos media em Portugal. Para quem, como eu, é aficionado de leituras políticas, os capítulos detalhados sobre a participação na Ala Liberal, a direção do Diário Popular, a fundação do Expresso, o nascimento do PSD, a colaboração com Sá Carneiro e a construção da AD, ou ainda a muito conturbada vida como líder do PSD (a pressão dos críticos sobre Passos é brincadeira de crianças ao pé do que Balsemão sofreu) e primeiro-ministro da Aliança Democrática entre a morte de Sá Carneiro e 1983, são bem interessantes.
E, claro está, toda a atribulada relação com Marcelo Rebelo de Sousa, atual Presidente da República. que Balsemão levou para o Expresso mal acabara de sair da Faculdade de Direito, a quem entregou o jornal quando foi para o Governo, e que chamou para o Governo precisamente por entender que o melhor era tê-lo por perto para evitar os problemas que lhe dava a partir do semanário (o que acabou por não ser verdade).
As tropelias de Marcelo são quase infinitas (muitas delas já conhecidas) e não resisto a destacar algumas que aparecem no livro, como a primeira vez que entrou no Expresso e ameaçou enforcar-se com o fio da persiana caso não fosse contratado, a forma como se dirigia a Francisco Balsemão (como quando lhe disse ‘é hoje que te dou um beijo na boca’, quando o diretor do jornal estava com um cliente que queria colocar um anúncio). Até ao hilariante episódio da reunião no gabinete de Balsemão em São Bento, quando chamou Marcelo (então seu ministro) e Augusto Carvalho (diretor interino do Expresso) para desancar este pela forma como o jornal o tratava a si e ao seu governo (ao que o diretor respondeu que essa era a forma como se esperava que o jornal se comportasse). De repente Balsemão recebe um telefonema, sai da sala e então Marcelo vira-se para o diretor do jornal e atira: “ó augustinho você não diga ao Balsemão que sou eu que lhe passo a informação toda!”.

Sobre este assunto, deixo aqui os links de três artigos lidos na nossa imprensa. Este no Público, este no Diário de Notícias e, finalmente, estarecensão escrita pela Rosa Pedroso Lima e publicada na última edição do Expresso.
Tenha um grande dia e uma semana ainda melhor.
 
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