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RICARDO COSTA
DIRETOR DE INFORMAÇÃO DA SIC
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Hoje é bom dia para fazer trocadilhos com filmes. Fiquei com esta frase célebre de Bogart no Casablanca, mas ainda hesitei com o Paris/Texas. Trocadilhos e metáforas vão bem com excessos e, já sabíamos - e agora ainda sabemos melhor -, Donald Trump é um homem de excessos e decisões bruscas.
É verdade que, para quem anda a deitar por terra muito do que prometeu na campanha, desta vez ninguém o pode acusar de enganar os seus eleitores. Trump prometeu exatamente isto na campanha eleitoral. Que o aquecimento global era uma invenção chinesa, que a economia americana era prejudicada e que os acordos de Paris eram para rasgar. Assim seja.
A decisão dividiu a Casa Branca, com Rex Tillerson frontalmente contra, acompanhado de Ivanka Trump e do seu influente marido. Foram derrotados, a favor da ala dirigida pelo tenebroso mas eficaz Steve Bannon. As ondas de choque na política americana são tantas que este Expresso Curto nem se atreve a tentar elencar. É melhor acompanhar o tema ao longo dia.
O mais importante a reter decorre diretamente da declaração do Presidente americano, que anunciou que abandonava o acordo, mas que ia tentar negociar de imediato um novo. Ora, esta ideia chocou de imediato com um pequeno problema: é preciso que alguém queira negociar um novo acordo com Trump, já para não falar do tempo que isso levaria, além da incrível complexidade técnica de um texto que teve o apoio de mais de 190 países e do qual só “saltaram fora” a Síria, a Nicarágua e… os EUA!
A resposta dos parceiros europeus do G-7 foi brutal e imediata. Numa declaração conjunta, Alemanha, Itália e França disseram que, pura e simplesmente, não há nada para negociar. Nein, Rien! Capisce?
É claro que os leitores mais atentos estarão a perguntar, então e o Reino Unido? Pois, isso mesmo, pelos vistos o governo de Londres não quis assinar um texto conjunto com Roma, Paris e Berlim. A posição dúbia de Theresa May, que só condenou a posição de Trump, três horas depois e de forma pouco determinada, está a provocar fortes críticas a poucos dias das eleições.
Sem May a discursar, Macron aproveitou para fazer uma declaração histórica. Foi a primeira vez que um Presidente Francês fez uma declaração em inglês no Eliseu. E usou uma magnífica frase: Let’s Make Planet Earth Great Again. E outra, que entra depressa nos ouvidos e na cabeça: não há plano B porque não há planeta B.
Pois, não há B nem C nem D. Há outras notícias, valha-nos isso. |
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OUTRAS NOTÍCIAS O violento ataque num casino e resort de Manila, Filipinas, fez 36 mortos e 50 feridos. Mas a polícia descartou qualquer hipótese de se tratar de terrorismo. Aparentemente, as mortes foram por asfixia provocada por fumos de um violento incêndio e não por balas ou engenhos explosivos.
Nas primeiras horas, tudo apontou para um ataque terrorista, mas afinal terá sido um ato isolado, de alguém tresloucado, que acabou por morrer no local, depois de provocar o caos e o pânico e deixar um terrível rasto de mortos e feridos.
Da noite, ficou também a notícia da quase colisão de um avião com um drone, quando estava a aterrar no Porto. O avião quase colidiu com um drone a 450 metros de altitude, obrigando a tripulação a realizar várias manobras.
O incidente ocorreu cerca das 16:40, no momento em que o Boeing 737-800, com capacidade para cerca de 160 passageiros, da companhia TVF (grupo Air France/KLM), estava na aproximação final para aterrar, quando um drone se aproximou e o avião teve de efetuar diversas manobras para evitar a colisão.
As revelações sobre o novo chefe das secretas continuam a embaraçar o PS e colocam o governo sob pressão. A polémica começou quando Ana Gomes – Ex-Embaixadora em Jacarta – relembrou episódios pouco dignos que ocorreram nos momentos mais tensos na crise de Timor, em que Júlio Pereira Gomes quis abandonar – e abandonou - o território.
Os factos foram confirmados de forma espetacular pelo Luciano Alvarez no Público – “o novo chefe das secretas está a mentir” -, um dos jornalistas que estava em Timor na altura. O PS e Bloco não disfarçam o incómodo. Depois de lerem o artigo do Luciano, não dá para não ficar incomodado.
A história é antiga, mas não tão antiga que não possa ser recordada, reabrindo uma ferida num processo de independência que correu bem no final, mas que teve momentos negros e profundas divisões entre diplomatas portugueses.
O caso aqueceu esta semana, depois da publicação de dois artigos, no DN e no PÚBLICO, referindo pormenores sobre a saída intempestiva da comitiva portuguesa de Timor-Leste a 9 de Setembro de 1999, por decisão do embaixador.
Simplex da Justiça concluído: regulação do poder paternal feito online, é a manchete do DN. A partir de hoje, e sempre que haja acordo entre os pais separados, todos os pormenores podem ser definidos por via eletrónica.
Um aparente erro judicial faz as manchetes do Correio da Manhã e do Jornal de Notícias, com um “gang” de Braga, suspeito de ter assassinado um empresário, a poder sair da cadeia por se estar a atingir o limite da prisão preventiva.
No CM: Máfia de Braga solta terror, depoimentos anulados, há risco de gang sair da cadeia por milite de prisão preventiva
No JN: Erro judicial liberta suspeitos de rapto e homicídio; interrogatórios considerados nulos, Bourbon e “Bruxo da Areosa” acusados de dissolver em ácido empresário de Braga
Esta sexta-feira será anunciada a próxima “capital verde da Europa”. Na corrida está Lisboa, ao lado de Oslo, Tallin, Gante e Lati. A capital portuguesa é a única cidade do sul entre as finalistas. O Expresso entrevistou Fernando Medina na véspera da decisão.
Na economia, destaque para manchete do Jornal de Negócios, onde se diz que o BES mau está em liquidação com um buraco de 5,6 mil milhões! A rubrica das provisões para processos judiciais levou a este aumento do passivo.
Há uma deputada do PS com interesses em hotéis ligada à polémica proposta socialista sobre o alojamento local. O jornal Económico conta que Hortense Martins tem uma participação numa empresa hoteleira e coordenou o grupo de trabalho sobre Turismo…
No desporto, começa a contagem decrescente para final da Champions, amanhã à noite em Cardiff, onde o Real Madrid vai tentar defender o título contra uma extraordinária Juventus.
Fora do campo, os adeptos entraram naquela altura em que todos os jogadores se vendem e compram por uma fortuna e em que, finalmente, o clube de que são adeptos, se vai reforçar até aos dentes.
Depois, bem, depois, nem sempre é assim, mas enquanto o pau vai e vem, sempre dá para sonhar, entre negócios reais, outros mirabolantes e muitas notícias e rumores embrulhados no mesmo pacote, naquilo a que se chama o Mercado de Verão.
A verdade é que o Benfica vendeu muito bem Ederson – segundo guarda-redes mais caro de sempre – e parece que se prepara para entregar Nelson Semedo ao Barcelona por um valor astronómico. É o que diz a Bola.
No Record, é Nelson Semedo que muda de Alvalade para o Newcastle e no Jogo a notícia é confirmada e traz na volta Fábio Coentrão para Alvalade, com o Real Madrid a pagar parte de leão (é um trocadilho) do salário do lateral.
Como sportinguista, gosto bastante desta época em que não há jogos, só entradas e saídas, e jogadores que fazem cenas espetaculares no YouTube e no PES, mas que depois, bem, depois… vamos mas é falar do aquecimento global. O que é o futebol ao pé dessa calamidade? Adiante.
FRASES “Não há plano B porque não há planeta B”. Emmanuel Macron
“Centeno beneficia de um primeiro-ministro que dá total cobertura”. António Nogueira Leite, no Jornal Económico
“É difícil deixar o Benfica”. Jonas, em entrevista ao Record
O QUE EU ANDO A LER É lançado esta noite, na Livraria Ler Devagar, em Lisboa, o mais recente romance de José Eduardo Agualusa, “A sociedade dos sonhadores involuntários”, publicado agora na Quetzal, para onde o autor se mudou.
O livro chegou-me às mãos há alguns dias e ainda vou nas primeiras páginas, mas o lançamento promete, com a conversa que Patrícia Reis vai moderar entre o autor e o ativista angolano Luaty Beirão, que está em Lisboa.
O romance é dedicado a “todos os jovens sonhadores angolanos”, de que o próprio Jose´Eduardo Agualusa nunca deixou de fazer parte, mantendo sempre uma corajosa, constante e desassombrada intervenção na sociedade angolana, a par da sua excecional obra literária.
No ano passado, um dos seus últimos livros (e um dos que mais gosto) – Teoria Geral do Esquecimento (editado na Dom Quixote) – foi falado em todo o mundo porque esteve na restrita lista dos finalistas do prestigiado Man Booker Prize.
O prémio acabou por ser entregue à coreana Han Kang, com A Vegetariana, que já recomendei noutro Expresso Curto, mas os holofotes não largaram, justamente, a obra de Agualusa, a partir de hoje com mais um motivo de atenção.
Hoje mesmo, também é lançado, na Feira do Livro de Lisboa, o livro que reúne as melhores crónicas de Luís Pedro Nunes, publicadas no Expresso, com o título “Suficientemente bom, Desprezivelmente mau” (Porto Editora).
Genericamente, o livro apresenta-se como sendo do “tipo que fala no Eixo do Mal, escreve no Expresso e faz o Inimigo Público” e é apresentado ao fim da tarde pelo Daniel Oliveira, um tipo que também falo Eixo, escreve no Expresso e faz mais uma data de coisas.
No meio dos livros, há muitas coisas para ler. Já sabe, é estar atento ao Expresso Online e guardar um pouco de tempo para o que o Expresso Diário lhe traz ao fim da tarde.
Amanhã, a coisa muda de figura, há Expresso nas bancas, com muita coisa para ler. Há tempo para tudo, enquanto o mar não sobe… |
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