Bom dia,
Era uma vez um menino chamado Donald que nasceu em Nova Iorque. A mãe, de origem escocesa, veio para os EUA nos anos 30 do século passado e tornou-se cidadã americana. O pai, nascido no Bronx, era filho de imigrantes alemães. O menino cresceu,
enriqueceu, enriqueceu mais ainda, quase faliu, aproveitou para não pagar impostos, voltou a enriquecer. Fez um enorme prédio com o seu nome numa das principais avenidas da cidade. Apesar disso, mudou-se para Washington e vive agora numa bonita vivenda branca, uma das poucas casas que a sua fortuna não pode comprar. É de lá que tem dado as suas ordens.
A mais polémica, sobre a imigração, está a causar o caos.
O decreto que suspende durante 90 dias a entrada de cidadãos de sete países ‘suspeitos’ aos olhos de Trump –
Líbia, Iémen, Somália, Irão, Iraque e Síria – e proíbe por 120 dias a entrada de refugiados (no caso da Síria sem qualquer prazo temporal) teve ondas de choque por todo o mundo. Basta uma visita rápida a qualquer
site de informação para encontrar em grande destaque o decreto de Trump. O Público
compilou as principais reações dos líderes internacionais à decisão.
Uma das personagens incontornáveis na história deste decreto é Stephen Bannon, estratega chefe de Trump na Casa Branca, como
conta o Vox. É o mesmo Bannon a quem Trump deu um lugar no núcleo duro dos conselheiros de segurança da Casa Branca – o National Security Council – onde têm assento os responsáveis de topo das forças armadas e dos serviços secretos. Uma, mais uma, decisão a alimentar
forte polémica.
Até
Barack Obama, uma semana depois de sair da Casa Branca, criticou publicamente a decisão e apelou aos americanos para se manifestarem. Também no
Partido Republicano há reações adversos. Igualmente contra está o
pessoal diplomático e estava também a
procuradora-geral que entretanto
foi demitida. Claro que, para a administração Trump, o caos nos aeroportos não passam de meros
problemas técnicos e/ou culpa dos dos protestos.
Está confuso com os efeitos deste decreto? É perfeitamente normal. Afinal, as próprias autoridades competentes para as aplicar foram apanhadas de surpresa e não sabiam muito bem como fazê-lo. O The New York Times preparou um
guia para o ajudar a perceber.
Também as
relações entre os velhos aliados EUA e Reino Unido estão a ser perturbadas. Mesmo depois de Theresa May ter sido o primeiro chefe de Estado a visitar novo inquilino da Casa Branca. Há uma
petição com quase 1,5 milhões de assinaturas na correr para cancelar a visita de Trump a terras de Sua Majestade agendada para este ano. Até Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros, foi apanhado na enxurrada. Johnson disse que os cidadãos britânicos estavam excluídos das limitações impostas pelo decreto presidencial mas foi
desmentido pela embaixada dos EUA em Londres.
Nicholas Kristof, duas vezes prémio Pulitzer e influente colunista do The New York Times, cujo pai veio da Europa no final da Segunda Guerra Mundial, aproveitou para apresentar a Donald Trump a
história da sua família.
As empresas tentam adaptar-se como podem mas gerir o incerto e o imprevisível é tarefa sempre difícil. No final da semana passada, o Financial Times contava como muitas empresas estão a contratar
especialistas em comunicação e advogados para tentar sobreviver. Já a revista britânica The Economist fazia capa com a
ameaça que paira sobre as empresas multinacionais que vivem das cadeias de produção espalhadas pelo Mundo. Com o título –
“In retreat – Global companies in the era of proteccionism” (Em retirada – As empresas globais na era do protecionismo) – avisava que as multinacionais já “estavam em retirada bem antes da revolta populista de 2016”, mas que agora a situação será ainda mais grave e “o impacto no comércio global será profundo”. E há também
empresas que optam para confrontar ou, pelo menos, tentar aliviar os efeitos que as medidas do novo presidente dos EUA podem causar. E há vários exemplos, como se pode ler no
Eco. Por cá, a
Fundação Champalimaud já anunciou que está disponível para receber todos os cientistas que não possam regressar aos EUA.
Se acha que o mundo de Trump é estranho, nada como ler o
memorando para acabar com o Daesh assinado no final da semana passada.
O mundo pode ficar descansado porque a administração Trump vai derrotar o Daesh. Como? “Dentro de 30 dias, um esboço preliminar do Plano para derrotar o Daesh deve ser submetido ao Presidente pelo secretário da Defesa”.
Hoje é dia de
nomeação do juiz do Supremo dos EUA que irá substituir o conservador Antonin Scalia um ano depois da sua morte. A escolha vai ser para desempatar o sentido do voto dos juízes órgão de topo do sistema judicial americano. O Fivethirtyeight, do mago dos números Nate Silver, faz as contas aos
cenários possíveis. Espera-se uma nova potencial polémica quando for conhecido o nome hoje ao final do dia nos EUA.
Sem comentários:
Enviar um comentário