O acontecimento que se segue dura 4 segundos. Mas alguém o desacelerou e o resultado é genial (e tem política dentro)
24.11.2016 às 14h40
Novo vídeo da banda de rock norte-americana OK Go demorou apenas 4.2 segundos a ser filmado. A música chama-se “The One Moment” e é um exercício genial de matemática, ginástica, coreografia, engenharia, pintura e criatividade. Como se não bastasse, é também um manifesto político
Além do vídeo lançado no Facebook, foi publicada em paralelo uma nota de intenções (e explicações) na página oficial da banda de rock: “The One Moment” é uma celebração e uma oração para aqueles momentos na vida em que nos sentimos mais vivos. Os seres humanos não estão preparados para compreender a sua própria transitoriedade; será sempre profundamente belo, profundamente confuso e profundamente triste que as nossas vidas e o nosso mundo sejam tão fugazes. Temos apenas alguns momentos. Felizmente, entre eles há alguns que realmente importam e é nossa obrigação encontrá-los”. Depois, numa clara alegoria à eleição de Donald Trump, acrescentam em parêntesis: “Quando escrevemos a música não sabíamos que estaríamos num momento tão crítico para a nossa nação e para o mundo. É um daqueles momentos em que tudo muda, quer gostemos ou não, e por isso a música sente-se particularmente relevante”.
Os OK Go assumem de seguida que através dos seus vídeos sempre tiveram a preocupação de inovar e surpreender, mas aqui foram mais longe: “Tentámos representar esta ideia literalmente — tudo foi feito num único momento. Construímos um momento de confusão e caos total e depois revelamos o momento, descobrindo a beleza e a maravilha da estrutura por dentro”.
E como é que tudo foi feito?, pergunta o leitor. Pois… já lá vamos. A banda usou vários disparadores digitais muito precisos para fazer acontecer uma série de coisas em apenas 4 segundos. Os gatilhos estavam sincronizados com braços robóticos de alta velocidade, que puxaram as camaras ao longo do caminho programado. Aparentemente temos a sensação de ver tudo a partir de um só ângulo, mas na verdade foram usadas sete câmaras diferentes para capturar todos os momentos da sequência.
O vídeo começa por nos mostrar os 4.2 segundos em tempo real e depois a banda recorre a um slow motion que dura três minutos e pouco. Quando chegamos ao fim do “momento desacelerado”, Damian, o vocalista, pega num guarda-chuva e anda em tempo real cerca de 16 segundos. Logo depois voltam a desacelerar o vídeo, num momento que dura quase um minuto mas que em tempo real demorou pouco mais de três segundos a ser gravado. E depois acaba. Quantas coisas acabámos de ver? Trezentos e dezoito eventos diferentes - 54 explosões coloridas atrás de Tim (o primeiro a aparecer), 23 explosões de baldes de tinta, depois 128 explosões de balões dourados e por aí fora.
A banda de rock assume a complexidade do projeto: “A coreografia para este vídeo foi uma grande teia de números. Foi calculado o tempo exato de cada evento a partir de um grande número de dados que relacionava os eventos uns aos outros à escala de tempo em que eles tinham de ser disparados”. A folha de cálculo tinha mais de 25 colunas e cerca de 400 linhas. Depois de todas estas explicações, está cansado? Então veja o vídeo outra vez.
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