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Por Henrique Monteiro
Redator Principal
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| 16 de Junho de 2016 |
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A CGD é pública… todos pagam, mas só alguns receberam
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Por que motivo deu a Caixa Geral de Depósitos,
garboso banco do povo, nacionalizado nosso como se dizia nos idos de
1975, créditos sem garantias? Alguém sabe? A Comissão de Inquérito que
ontem ficou decidida no Parlamento saberá? E por que deu àquelas
empresas e pessoas e não a outras? Por que razão aqueles gestores (todos
do PS, PSD e CDS) concederam os créditos? Só uma pessoa parece ter uma
resposta credível. Surpreendentemente, essa pessoa é o diretor deste jornal, Pedro Santos Guerreiro: a resposta é “Sigilo bancário”.
De resto, toda a gente sabe o que se passou na Caixa. Foi o local de refúgio dos políticos afetos ao poder
e fizeram favores a outros afetos para que estes fizessem negócios
afetuosos. Foi assim que a CGD ficou com calotes de estâncias turísticas
no Algarve, ou de ações do BCP quando cada uma vale 1/6 de um café barato. Em contrapartida os amigos agradeceram – lembram-se de Joe Berardo a dizer que a sua dívida eram ‘penauts’? Pois parece que vamos ter de pagar muitos amendoins.
O PSD fez de virgem pudica e pode impor uma Comissão de Inquérito potestativa (tem o direito de o fazer sem ir a votos). O PS fez de virgem ofendida e disse que a comissão era grave e irresponsável (Carlos César diz que não faz sentido fazê-la enquanto se reestrutura o banco e que o seu partido votará contra caso vá a votos; também Bagão Félix diz hoje ao 'I' que a Comissão será ´destrutiva´). O PCP (que também é contra a Comissão) e o Bloco
fizeram-se de Lucas e dizem que sim, que a Caixa é pública e deve ser
reestruturada – mas sem despedimentos, sem encerramento de balcões, sem
nada… enfim, sem reestruturação (veja a opinião de Miguel Sousa Tavares e de José Gomes Ferreira, bem como a reportagem da SIC sobre o assunto). Mas haverá despedimentos? António Costa diz que não, são funcionários que se reformam. O que ele disse foi pouco, mas é o que há, por enquanto, como compromisso.
E assim teremos a quinta comissão de inquérito (que o PS, segundo o ´Público´de hoje, considera uma 'devassa pública') a um banco, depois de BPN, BCP, BES e Banif.
O final já conhecemos: é para pagar. Agora parece que são quatro mil milhões.
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OUTRAS NOTÍCIAS
O Tribunal de Contas acusa o Estado, concretamente o Governo anterior, de se ter apropriado de 35,8 milhões da ADSE para disfarçar contas. Além disso, alerta para a descapitalização e redução de benefícios que podem resultar, dizem, “no eventual desmantelamento faseado” do serviço de apoio à doença para funcionários da administração pública.
Uma grua caiu na Avenida Duque de Loulé em Lisboa e um trabalhador que a operava e ficou suspenso a grande altura, depois da queda do aparelho, acabou por falecer no Hospital de São José. A empresa responsável, HCI, não deu explicações, mas um inquérito vai ser aberto para apurar as causas do acidente.
Portugal pagou taxas mais altas por empréstimos de curto prazo. Os juros não são alarmantes, mas mostram uma tendência. O brexit é dado como principal suspeito de ter as culpas. Mas há outras ajudas: o Commerzbank, alemão, numa nota aos seus clientes descreve Portugal como um país que anda para trás e está à beira de outra crise.
A batalha no Tamisa precisamente entre os adeptos do brexit, capitaneados por Nigel Farrage, do UKIP, e os adeptos da manutenção na União Europeia, sob o comando de Bob Geldof, foi mais um momento alto na campanha em curso no Reino Unido, aqui bem documentado pelo ‘Financial Times’
Entretanto, a primeira-ministra norueguesa, cujo país já rejeitou duas vezes em referendo a adesão à UE, diz que será um “mau negócio” se os britânicos seguirem o exemplo do seu país…
E no Brasil, Eduardo Cunha perdeu uma votação (por 11-9) na Comissão de Ética da Câmara de Deputados a que preside. Apanhado pelo Lava-jato, mentor do impeachment de Dilma, depende, agora, de uma votação por maioria simples no Parlamento para saber se terá direito ao seu próprio impeachment.
Destroços do avião da Egypt Air que caiu a 19 de maio quando voava de Paris para o Cairo foram encontrados no Mediterrâneo.
Ainda a propósito do massacre homofóbico de Orlando, na Florida, um interessante artigo sobre a relação entre os assassinos em massa e a violência doméstica. Aqui no NYT.
No campo das boas notícias há que dizer que, pela segunda vez terão sido detetadas ondas gravitacionais – o santo graal da mais desconhecida das quatro forças que atuam no universo.
No Euro 2016, além de continuarem, desta vez em Lille, os distúrbios com hooligans, houve uma surpresa má para os russos – pior do que a dos portugueses. A seleção de Moscovo perdeu 2-1 com a Eslováquia, tendo Hamsik
marcado o golo vitorioso que já é considerado um dos melhores deste
campeonato; recorde-se que a Eslováquia perdera com o País de Gales e a
Rússia empatara com a Inglaterra. A Roménia e a Suíça empataram 1-1 (a primeira perdeu o primeiro jogo com a França e a segunda ganhara à Albânia). Finalmente, a França, depois de grandes esforços, venceu 2-0 a Albânia.
Resultado enganador, pois os dois golos foram marcados nos últimos
minutos do jogo.De qualquer modo, a seleção da casa foi a primeira a ter
a passagem assegurada à fase seguinte.
FRASES
“O
medo de parte da esquerda em discutir a segurança social, no contexto
de um mundo em rápida mudança, é que se trata de discutir o futuro
daquilo que tem estado no cerne da ideologia social democrata ou do
socialismo democrático.” Paulo Trigo Pereira, economista do grupo de Mário Centeno, no ‘Observador’.
“O
extraordinário argumento de Cameron é então este: votem para ficar na
União, na certeza de que saímos ficando e aplicamos regras especiais que
serão uma barreira contra os imigrantes”. Francisco Louçã, no ‘Público’.
"Esta
é a nossa forma de fazer as coisas, mesmo que irrite o Cristiano
Ronaldo, jogamos bem à defesa e tentamos marcar nas poucas oportunidades
que temos, é assim que se ganham jogos contra equipas que são melhores
do que nós." Halles Halldorson, guarda-redes da seleção islandesa, reagindo a palavras de Cristiano Ronaldo.
“No
futebol pode acontecer que Cristiano Ronaldo, o jogador mais bem pago
do mundo, que ganha 20 milhões de euros por ano, seja travado por uma
equipa que, no total, não vale 30”. Análise da Gazzetta dello Sport, jornal desportivo italiano.
O QUE EU ANDO A LER
A biografia do melhor primeiro-ministro que Portugal nunca teve, acho
que foi assim que o apresentador do livro, o historiador Rui Ramos, se
referiu ao último livro de Maria de Fátima Bonifácio. Um volume de 500 páginas intitulado ‘António Barreto – Política e Pensamento’
(D. Quixote/Leya) que, segundo a autora não é uma biografia autorizada,
mas que foi revista pelo visado. Revista, mas não alterada, salvo em
alguns pormenores como datas ou locais.
Barreto foi um dos políticos mais atacados
em Portugal (quando enfrentou a reforma agrária, até então comandada
pelo PCP com expropriações e saneamentos). Tinha 34 anos, era ministro
da Agricultura do I Governo Constitucional (novembro de 1976 – janeiro
de 1978) e um dos mais promissores políticos do PS. Depois aderiu aos Reformadores (com
Medeiros Ferreira, Vasco Pulido Valente e Francisco Sousa Tavares), que
estiveram com a AD de Sá Carneiro, tendo voltado ao PS quando Cavaco
Silva tomou o partido. Porém, aos 49 anos, em 1991, abandonou
subitamente a política para se dedicar à sua área académica.
Foi
sempre alguém diferente. Posso afirmá-lo depois de há mais de 30 anos
ter feito uma biografia de Barreto para ‘O Jornal’, onde então eu
trabalhava. Chamei-lhe “A bombazina na política” por ele, numa altura de
fatos cinzentos de tecido melhor ou pior, se vestir sistematicamente de
bombazina.
Nunca deixou de ser ponderado e sábio, sem ser presunçoso. Isso mesmo nos mostra Fátima Bonifácio neste livro indispensável.
E pronto, por hoje é tudo. Logo às 18 tem o Expresso Diário e amanhã
volta o Curto à hora habitual. Como sempre, nesta fase, tem três jogos
de futebol do Euro 2016: Inglaterra - País de Gales (14h); Ucrânia – Irlanda do Norte (17h) e Alemanha – Polónia (20h).
Tenha um excelente dia
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