OBSERVADOR - 8 DE OUTUBRO DE 2015

360º

Por David Dinis, Diretor

Bom dia!

Enquanto dormia



A UBS e a Société Générale calcularam em 35 mil milhões de euros o custo que o grupo Volkswagen poderá ter de suportar por causa do escândalo do software que escondeu as emissões de gases nocivos para o ambiente em 11 milhões de automóveis movidos a gasóleo.

Esta noite, num depoimento no Congresso, o chefe da VW nos EUA revelou
que a equipa técnica estava a tentar resolver o problema das emissões
falsificadas com as agências americanas desde 2014.



Ainda nos EUA, Barack Obama pediu desculpa aos Médicos Sem Fronteiras pelo ataque aéreo que atingiu um hospital no Afeganistão, provocando 22 mortos, entre os quais três crianças. Obama telefonou à presidente da organização, Joanne Liu, para “pedir desculpas e expressar os seus pêsames pelas pessoas mortas e feridas”.



Uma ótima notícia: a OMS anunciou que nenhum caso de Ébola foi registado a semana passada, o que não acontecia desde março de 2014. A epidemia estará a chegar ao fim?



Blatter será suspenso? A comissão de ética decidiu ontem impor uma suspensão provisória de 90 dias,
condicionada ao desenvolvimento das investigações da justiça suíça ao
presidente da FIFA. A decisão final está nas mãos de outro comité da
organização.

Pós-legislativas

Atenção ao que aconteceu ontem: Jerónimo de Sousa garantiu já um Governo a António Costa (mas ainda não um Orçamento). Traduzindo:
o líder do PCP diz que vota a favor de um Governo PS, se este quiser
juntar as esquerdas, mas põe condições difíceis que podem travar apoio a
um orçamento. Anote: apesar do caderno de encargos ser dificilmente
compatível com o programa do PS, há uma condição que o PCP não colocou - a saída do euro.



E isto obriga-nos a pensar no seguinte: e se Costa não estiver a fazer bluff? O
líder do PS recusou fazer um bloco central e abriu negociações à
esquerda. Estará Costa apostado em apresentar um Governo à esquerda a
Cavaco? Os indícios, as condições e as dúvidas, analisados pela Liliana Valente.



Mais um dado, para completar o leque: há dirigentes socialistas que se dizem preocupados com a "pasokização" do PS, alertando que se o PS for responsável pela continuação deste governo, correrá o risco de ser comido pelos partidos da extrema-esquerda, à semelhança do caso grego. É o argumento, por exemplo, de Porfírio Silva, um dos principais conselheiros de Costa.



Com tudo isto, Nuno Melo (do CDS) fala já de uma espécie de golpe de Estado - ponto que abre o nosso liveblog de hoje.



Deixo-lhe ainda dois trabalhos que fizemos aqui no Observador (modéstia aparte, bem interessantes).

• Este governo pode durar até janeiro de 2018. Vai uma aposta? No momento em que se perspetiva um governo de minoria, fizemos contas à média da duração de governos minoritários - dois anos e três meses. A história do que lhes aconteceu pode bem dar-nos umas lições para o que aí pode vir.
• Mas que economia espera um governo minoritário? A expectativa de quem vier a integrar o próximo Governo é, naturalmente, que a economia ajude onde a política vai dificultar. Não faltam, contudo, riscos perigosos para os próximos anos. A equipa do Observador explica-lhe os que já se conseguem ver. 

A fechar este bloco, anote a discussão que vai no Livre, o partido que não conseguiu eleger qualquer deputado. O novo partido lançou uma campanha de angariação de fundos para fazer face às dívidas acumuladas na campanha eleitoral. E já ouve um dos seus apoiantes a sugerir a sua extinção.



Faltam ainda as presidenciais, com duas notas importantes: Maria de Belém começa a juntar apoios no PS (Assis e Jorge Coelho são os do dia);
Marcelo parece ter caminho livre à direita (e se houver dois
candidatos, tem já a informação de que Passos não apoiará Rui Rio).



Outras informações relevantes



O diretor do INEM pode ser alvo de um processo disciplinar, depois da Inspeção de Saúde confirmar a acusação de que acionou um helicóptero para transportar uma amiga. O ministro da Saúde está a analisar o relatório e promete uma decisão muito em breve.



Uma declaração polémica faz a capa do i: “Os juízes são a classe menos confiável em Portugal”. Quem o diz é o... juiz desembargador Rui Rangel, agora em guerra aberta com colegas e jornalistas, garantindo que “há uma campanha” contra ele.



Na economia, temos perspetivas diferentes do FMI e Banco de Portugal: enquanto o Fundo diz que o Governo precisa de tomar medidas adicionais para conseguir baixar o défice dos 3%, o banco central admite que a meta é exequível.

O FMI, nesta, já não se preocupa muito com a Europa. A grande questão está agora nos países emergentes.



Seguindo pelo setor financeiro, anote que o Novo Banco tem imóveis à venda no valor de... 2,8 mil milhões de euros. Objetivo alto, claro, para tentar resolver o problema que aí vem com os testes de stress do BCE (a notícia é do Económico).

Já o BCP, BPI e CGD parecem confortáveis com o que conhecem dos seus testes, garante o Negócios.



Um alerta de mau tempo para sábado: o ex-furacão Joaquin chega a Portugal sábado com chuva e vento forte. O melhor é começar já a pensar num fim de semana alternativo.



Os nossos Especiais



Alberto Manguel: "A curiosidade é o que nos permite sobreviver neste mundo". É
romancista, ensaísta, tradutor, editor e, acima de tudo, leitor.
Alberto Manguel esteve em Portugal para o lançamento de "Uma História da
Curiosidade", o seu último livro. E a Rita Cipriano foi (em pulgas)
falar com ele. O resultado da conversa está aqui, fugindo ao barulho que o argentino detesta.



É possível ensinar o sucesso? Sim, dando coragem! Filipe
Santos, professor de Empreendedorismo Social no INSEAD, uma das top
Business School, tem uma missão única: identificar e multiplicar
talentos. A Laurinda Alves foi falar com ele, à procura da fórmula mágica dos vencedores, num novo episódio da Anatomia do Sucesso.

Como é o amor adolescente na era digital? Um
like e um comentário servem para expressar uma atração. Quando as
relações correm mal, os adolescentes bloqueiam os "ex". As redes sociais
aproximam e criam ciúmes nas relações. A Catarina Marques Rodrigues
conta como é, em mais um episódio do ADN.

Notícias surpreendentes


É irresistível olhar para trás, uma vez de vez em quando. Lembra-se de como era andar na escola nos anos 80? A Joana Emídio Marques apanhou o espírito da época e lembra-o em fotografias e vídeos que deixam saudades.



Ainda ao retrovisor, a Sara Otto Coelho foi rever Lisboa, Cidade Triste e Alegre, a obra que dois fotógrafos e arquitetos publicaram, com imagens da Lisboa dos anos 1950. É um fotolivro de culto, a edição fac-símile estava esgotada há cinco anos e agora vai voltar. Ora veja se não é de bater palmas.



Ainda na capital, mas de regresso aos dias de hoje, aqui está um guia diferente para a ModaLisboa: o que ver além dos desfiles principais. E, de caminho, passe os olhos pelos esboços dos novos talentos a concurso, em primeiríssima mão.



Falando de sucesso... sabia que estas 10 empresas fabricam quase tudo o que comemos e bebemos? Curioso? Descubra quais são.



É assim mesmo, com sucessos e notícias em primeiríssima mão, que fecho o
360º desta manhã. A nossa ideia, aqui no Observador, é que seja o mote
para um dia com muitas mais notícias - esperando que muito boas. Uma das
quais, já agora, seja a qualificação de Portugal para o Euro2016, mais logo à noite (mesmo que a nossa história das primeiras vezes nos diga que ..., enfim, cruzes canhoto).



Vá passando por nós, estamos de braços abertos.



Dia bom, dia produtivo,

até já!

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ANTÓNIO FONSECA