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Por Henrique Monteiro
Redator Principal
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23 de Outubro de 2015 |
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Abre a Legislatura nº 13. Há caça ao Coelho e Passos perdidos?
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Cavaco Silva nomeou ontem à noite Passos Coelho como primeiro-ministro. Fê-lo com palavras duras e claras para a esquerda, que aliás foram por esta consideradas uma intrusão na área do Governo. "Este é o pior momento para alterar os pressupostos do país" disse o PR, dando a entender que jamais nomeará um Governo com partidos antieuropeus ou contra a Nato. Mas as coisas não ficarão por aqui. Muita água vai ainda passar por debaixo das pontes. Para já, PS, BE e PCP acusam o Presidente de fazer o país perder tempo e dizem que ele atuou como membro do PSD. A líder do BE Catarina Martins, na TVI disse mesmo que Cavaco "foi mais faccioso que os piores comentários da direita". Já Manuela Ferreira Leite tem uma posição diferente e o dirigente do CDS Nuno Melo considerou este "um dos mais corajosos discursos de Cavaco". No jornal online 'Observador' há quem acredite que ele ainda vai dar posse a um Governo de esquerda. Do que não há dúvidas é que o seu apelo aos deputados tem pouco ou nenhum eco no PS, como previa o editor de política do Expresso, Bernardo Ferrão.
Já o semanário 'Sol' destaca, em manchete, que Cavaco aposta tudo na
divisão do PS e o resto da imprensa sublinha nas primeiras páginas que o
PR nomeou Passos e "arrasa solução de esquerda" (Diário Económico); "exclui BE e PCP do poder" (Público); "deixa avisos à esquerda" (Jornal de Notícias); "ataca solução de Governo à esquerda" (Diário de Notícias) ou "fecha a porta à esquerda" (Correio da Manhã). Uma unanimidade rara de leituras. De qualquer modo, o ainda e futuro primeiro-ministro tem pressa em formar Governo. E espera fazê-lo durante este fim de semana e levá-lo ao Parlamento no início da próxima semana. Quer nomes fortes, mas tê-los-á? Talvez. Há quem prefira estar pouco tempo no Governo. O
programa - diz-se - será de modo a aliciar o centro e mesmo alguns
socialistas moderados. Consegui-lo-á? Veremos. Como veremos se o Passos
nomeado por Cavaco não será um Passos perdido... E, por falar nisso, o Parlamento abre hoje às 10 da manhã a sua XIII Legislatura. 13 será o número do azar? Talvez, mas não para todos. Hoje elege-se o Presidente do Parlamento, segunda figura do Estado, e alguém vencerá, estando a vantagem, ao que parece, do lado de Ferro Rodrigues,
nome que deve ser consensual à esquerda, dando um primeiro sinal de
rebelião contra Cavaco e um tiro sinalizador da abertura da caça ao
Coelho. Ferro terá como adversário Fernando Negrão, que apenas tem por ele ser da bancada que ganhou as eleições que é quem tradicionalmente indica o nome do presidente da AR. Os bastidores destas movimentações podem ser acompanhados no Snapchat do Expresso (snap-expresso). Na Comissão Política do PS esta noite, os dirigentes socialistas estiveram quatro horas para produzir um comunicado de seis páginas que é uma declaração da guerra a Cavaco com apenas duas abstenções: o próprio António Costa, depois de dizer que não recebe lições do Presidente acusa-o de criar uma crise política, excluir os partidos de esquerda e ursupar competências da Assembleia da República. Não achem que foi tudo. O PS ainda diz que se o PR não quer um governo de esquerda "se coloca à margem da democracia".
Assim sendo, o PS fará uma moção de rejeição do Governo de Passos e dá
luz verde ao líder para concluir as negociações à esquerda. No meio de
tudo isto, a voz dissonante foi de António Galamba que afirmou não
acreditar no "Pai Natal das esquerdas". Ou
seja, pelo menos ao nível da Comissão Política as palavras de Cavaco
tiveram o condão de o confirmar no campo do 'inimigo'. Entretanto, como
num drama, o antigo líder António José Seguro foi atacado por uma indisposição que o levou esta noite ao hospital da CUF de Torres Vedras. Não se augura nada de grave. O caminho para o socialismo, que o PCP continua a defender, “é um processo complexo, acidentado e irregular”. Mas, assegura o editorial do jornal oficial daquele partido “Avante!”, aliás logo no título, “Podem contar com o PCP”,
dando a entender que um Governo PS pode contar com os comunistas. De
qualquer modo, amanhã continua a haver uma concentração em Lisboa pela
paz e contra a Nato (com chamada de primeira página), já que os
comunistas reconhecem ainda haver diferenças significativas.
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OUTRAS NOTÍCIAS Um dantesco acidente rodoviário matou 49 pessoas perto de Bordéus, quando um autocarro colidiu com um camião, tendo-se incendiado em seguida. As vítimas são sobretudo idosos. Mário Draghi sinalizou que pode estender no tempo o fluxo de dinheiro que está a distribuir pelos bancos europeus (quantitive easing, ou QE). Numa escola sueca, frequentada por diversos emigrantes, um professor e um aluno foram esfaqueados até à morte por um homem mascarado, identificado como tendo simpatias pela extrema-direita Sócrates regressa. Vai a Vila Velha de Ródão, no concelho onde foi sempre eleito deputado (Castelo Branco) falar numa conferência sobre política e justiça. Não se pode dizer que o orador não esteja preparado e bem colocado. Se será isento, já é outra conversa. Ontem andou aqui o Miguel Cadete com os X-Files, mas a mim ainda não me passou a mania do ‘Regresso ao Futuro II’. Faça as contas às coisas certas e erradas que o filme previa sobre o dia 21 de Outubro (anteontem). O trabalho é da Atlantic CityLab. Esta não é ficção. Tim Cook, CEO da Apple em conversa com o WSJ prevê o futuro da indústria automóvel, para onde a mais valiosa empresa tecnológica parece estar a virar-se, enquanto a sua maior rival, a Microsoft, atingia a valorização bolsista mais alta dos últimos 15 anos. E uma história que pode parecer ficção. A revista Vanity Fair diz que Donald Trump pode mesmo ser eleito presidente dos EUA Ora vamos a coisas com interesse geral. Sabia que o seu protetor solar pode estar a danificar os recifes de coral? Não sabia. Nem eu! Mas leia este artigo da ‘Time’ (na verdade basta ver o gráfico) e fica esclarecido. E, já que estamos a falar de preservação da natureza, saiba que setembro foi o mês mais quente em 136 anos de registos, segundo o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration). Está tudo, incluindo um filmes explicativo, na Bloomberg Noite de glória na Liga Europa para o futebol português. Em Alvalade, o Sporting derotou por 5-1 os albaneses do Skënderbeu. O avançado Montero e o jovem Matheus Pereira, com dois golos, sobressaíram. Também o Belenenses bateu supreendentemente, na Suiça, o Basileia pela marca de 2-1, depois de estar a perder. Já o Braga, num jogo cheio de emoção no final, venceu o Marselha, no Minho, por 3-2 com um providencial golo de Alan
aos 89 minutos. Com estes resultados, e com destaque para os minhotos,
todas as equipas portuguesas mantém intactas as pretensões nos seus
grupos. FRASES (ESPECIAL ABERTURA DO PARLAMENTO) “Todos nós sabemos o que é o Parlamento e todos temos vergonha disso” Robert Louis Stevenson,
(1850-1894), escritor inglês, autor de ‘A Ilha do Tesouro’ e de ‘O
estranho caso de Dr. Jekill e Mr. Hyde’ (noutras traduções, ‘O Médico e o
Monstro’) “Os oprimidos são autorizados a, uma vez de
tantos em tantos anos, decidir que particulares representantes da classe
opressora os vai representar e reprimir no Parlamento”, Vladimir Lenine (1870-1924),
líder do Partido Bolchevique Russo e dirigente da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS) entre a revolução de 1917 e a data da sua
morte, em 1924 “O populismo mediático significa apelar às
pessoas diretamente através dos media. Um político que seja capaz de
dominar os media pode formatar os assuntos políticos fora do Parlamento
e, inclusive, eliminar a mediação do Parlamento”, Umberto Eco (1932), escritor, filósofo, semiólogo e pensador italiano “Quando
cheguei a Matignon (residência do primeiro-ministro francês), o meu
desejo era reconciliar o Parlamento e De Gaulle. Apenas me esqueci de
duas coisas: do Parlamento e de De Gaulle” Georges Pompidou (1911-1974), antigo primeiro-ministro (1962-1968) e Presidente da República (1969-1974) de França. “A verdadeira vida política na Rússia não está no Parlamento, mas nas ruas e nos media”, Garry Kasparov (1963), ex-campeão mundial de xadrez e um dos principais opositores a Vladimir Putin “Não é só o Parlamento que requer uma modernização radical. É todo o nosso processo democrático”, David Blunkett
(1947) ex-ministro (1997-2004) de Blair e figura de topo do Partido
Trabalhista – recentemente pediu aos militantes que dessem tempo a
Corbyn (figura da ala mais esquerda, que não apoiou) para se adaptar ao
lugar de líder trabalhista. “A Câmara dos Comuns começa os
seus trabalhos com uma oração. O capelão olha em volta, para os membros
com as suas diversas inteligências, e depois reza pelo país”, Lord Denning (1899-1999) juiz do Supremo Tribunal e presidente da Câmara dos Lordes “No Parlamento, os adversários estão à nossa frente e os inimigos à nossa volta” Wiston Churchill (1874-1965), político, primeiro-ministro inglês, vencedor da II Guerra e prémio Nobel da Literatura O QUE EU ANDO A LER
Talvez não devesse dizer que ando a ler um livro que roubei. Mas
roubei-o à minha mulher e por motivos absolutamente ponderosos:
primeiro, porque é um objeto lindíssimo; depois, porque é organizado por
um amigo meu; terceiro porque é, essencialmente (já explico), do
Fernando Pessoa.
Vamos a factos: chegou-me um embrulho com um cartão que me é dirigido. Nele, o editor, amigo e correligionário de blogue Manuel S. Fonseca
pedia-me para entregar o livro à minha mulher. Eu, bisbilhoteiro, já
por ela avisado que o livro chegaria, abri-o. E que vejo: um livro
magnífico com o nome de Fernando Pessoa a ocupar obliquamente toda a capa, numa edição ‘Guerra e Paz’, com pintura de Ana Vidigal, poema de Eugénia de Vasconcellos e organização e apresentação do dito cujo Manuel S. Fonseca. Já era muito. Mas quando um amigo envia um livro cujo título é “Minha mulher, a solidão” e cujo destaque é “Conselhos a casadas, malcasadas e algumas solteiras”,
solta-se a bisbilhotice numa deriva coscuvilheira, quiçá concupiscente
(algo muito tratado no volume) e começa-se a ler. E a ver, porque a
pintura de Ana Vidigal lá está. Já li o texto e o poema
de Eugénia, a introdução (“Toda a volúpia é mental”) do Manuel, os
‘Conselhos às malcasadas’, de Bernardo Soares (heterónimo de Pessoa) e “A rapariga inglesa, uma loura, tão jovem, tão boa” de Álvaro Campos
(outro heterónimo pessoano). O livro é dividido em seis “cadernos
concupiscentes de corpo nu”, mas duvido que avance muito antes que a
minha mulher o reivindique – com razão, ficando, desde já aqui a minha
autocrítica pela locupletação ou uso indevido de um livro que será
lançado terça-feira que vem na casa Fernando Pessoa, por dois Pedros – o
Pedro Marta Santos e o Pedro Norton, tudo malta do blogue Escrever é
Triste o qual conta, esporadicamente, com a colaboração deste vosso
criado. E posto isto, resta-me recordar que amanhã é sábado,
pelo que o poema de Vinicius, ‘Dia da Criação’ só amanhã deverá ser
evocado, sendo que, temos o Expresso semanal com toda – mas toda – a informação que tem de ler para saber como vai este país. Há, ainda hoje, às 18 horas, o Expresso Diário, já com o relato do que se passou no primeiro dia desta estranha legislatura e, também amanhã as escolhas semanais do editor
que estarão disponíveis para os assinantes digitais e para os que estão
munidos do Código que sai na Revista do Expresso, a E. Segunda-feira às
nove horas, ou um pouco antes, volta o Curto pela pena de João Vieira Pereira com a análise dessa verdadeira e mobilizadora causa que é o Benfica-Sporting e talvez também o Porto-Braga (embora seja natural que também fale de política e economia).
Até lá, bom fim de semana… e que ganhem os melhores.
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antónio fonseca
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