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Por Miguel Cadete
Diretor-Adjunto
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2 de Outubro de 2015 |
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Coligação dá três a zero ao PS nas sondagens mas muita água ainda pode correr sob as pontes
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Todas as sondagens
ontem publicadas dão a vitória à coligação nas eleições do próximo
domingo. São sondagens com amostras grandes, mais de dois mil
entrevistados, algumas realizadas com simulação de voto em urna. Em
todos os casos, a diferença entre a PàF e o PS é sempre superior a 4,3% e a vantagem da coligação até chega num dos casos aos 6%. A Eurosondagem, Intercampus e Universidade Católica
estimam que nos dias em que as sondagens foram realizadas a coligação
PSD-CDS colheram uma intenção de voto suficiente para vencer o PS no dia
4 de outubro. Nenhuma coloca porém o cenário de uma maioria absoluta. Isso não quer contudo dizer que esse cenário, o de uma maioria absoluta da coligação, seja impossível; tal como não é impossível uma vitória do PS, que nalguns casos ainda está dentro das margens de erro. Seja qual for a evolução dos indecisos nestas últimas horas, o cenário de uma maioria relativa é, porém, o mais provável. E assim sim sendo, cabe ao Presidente da República convidar o partido vencedor a formar Governo. É aqui que começa a confusão. O Expresso, que já está hoje nas bancas de maneira a respeitar o período de reflexão, chegou à fala com Passos Coelho que confia que o PR deve ter em conta “não quantos votos tem a coligação, mas quantos deputados”.
Ou seja, caso o PSD tenha menos mandatos que o PS, não deverão os
socialistas ser convidados a formar governo, até porque a coligação
recorreria ao artigo 180 1º da Constituição que diz poderem os deputados eleitos por partidos ou coligações de partidos formar um único grupo parlamentar. Nem todos os constitucionalistas pensam assim. Vital Moreira, por exemplo, tem a opinião contrária.
Nem esse é o entendimento da esquerda, ou de alguma esquerda, que conta
chegar ao poder através de uma aliança pré-eleitoral. É o caso de Rui Tavares que já sonha com um “compromisso histórico” envolvendo PS, CDU, BE e Livre.
Nalgumas sondagens, a soma de deputados do PS com, por exemplo, o Bloco
de Esquerda ou a CDU, garante mais de 115 deputados na Assembleia da
República, constituindo assim uma maioria absoluta. Não é crível que assim suceda, mas a verdade é que ainda há muito em aberto ou à espera de ser clarificado, como João Vieira Pereira explica neste vídeo. O cenário mais provável continua a ser o de um governo sem maioria absoluta mas o imbroglio já fez com que Cavaco Silva anunciasse não estar presente nas comemorações do 5 de outubro. O day after pode exigir trabalhos esforçados pelo que o PR não celebrará, este ano, a implantação da República. Pedro Santos Guerreiro
dá conta das três possibilidades: “ou rebenta o PS, ou rebentam as
empresas de sondagens, ou rebenta um golpe de esquerda unida contra a
coligação”. Ricardo Costa dirige-se aos vencedores,
sejam eles quais forem, para relembrar quão vulnerável é a posição de
Portugal e que de nada serve a arrogância: “a nossa situação económica é
frágil, o nosso financiamento depende de entidades externas, o sistema
financeiro está a recuperar de choques sucessivos, a economia europeia
dá sinais de anemia, a economia global está frágil e dois países que nos
são muito próximos, Brasil e Angola, estão em profunda crise.” Este é afinal um país que se apresta a apresentar-se ao mundo como uma ave rara. Ao contrário de outros que foram resgatados, como a Espanha e a Grécia, aqui não vingaram as alternativas de esquerda mais à esquerda
depois de aplicação de austeridade em doses industriais. E há até quem
diga que a novidade, em termos sociológicos, é, precisamente a coligação
de direita. Ficou claro que não somos a Grécia, mas seremos o Reino Unido? Vale a pena voltar às sondagens e perceber por que nas últimas eleições que sucederam nestes dois países elas erraram profundamente os seus palpites. (Porquê?) Os partidos que estavam no poder, como notou há alguns dias Henrique Monteiro aqui, saíram-se bastante melhor do que o previsto como revelaram os resultados dos tories ou do Syriza.
No PS é que já não se sonha com a maioria absoluta.
De acordo com as sondagens, a vitória está cada vez mais longe, se não é
já uma miragem. Não admira por isso que se prepare já a chamada “noite das facas longas”, na qual as várias fações lutarão pelo poder. Ainda de acordo com a edição de hoje do Expresso, Francisco Assis, Álvaro Beleza ou Pedro Nuno Santos podem estar na calha ainda que neguem ser candidatos a suceder a António Costa. A partir de domingo se verá.
O que as sondagens também dizem, com exceção de uma que lhes dá um empate, é que a CDU fica à frente do Bloco de Esquerda, e que os pequenos partidos terão votações residuais (1%) podendo, consoante os casos ganhar um ou outro deputado como é o caso do Livre, PDR ou mesmo PAN.
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OUTRAS NOTÍCIAS
Nos Estados Unidos, onde Obama não conseguiu acabar com a utilização indiscriminada de armas, surgiu um novo mass muderer. Ontem, numa escola do estado do Oregon, dez alunos morreram,
alvejados por um homem de 26 anos. Chris Harper Mercer fez uso de três
armas, uma deles de longo alcance, para disparar sobre quem assistia a
uma aula no Umpqua Community College. Uma das testemunhas disse ao “New York Times”
que o atirador terá perguntado a religião a que pertenciam os
estudantes antes de ter iniciado aa carnificina. Chris Harper Mercer foi
abatido pela polícia. Obama voltou a condenar o sucedido mas o “Washington Post” fez as contas: nos 274 dias de 2015 já aconteceram 294 assassínios em massa. Centenas morreram. Veja aqui o funesto calendário. O Sporting
continua sem vencer nas competições europeias. Ontem empatou a uma bola
com o Besiktas de Quaresma depois de ter estado na posição de vencedor
durante largos minutos. Como já havia demonstrado em jogos anteriores
das ligas europeias, o treinador Jorge Jesus voltou a escolher uma equipa de segunda.
Teo Gutiérrez sobressaiu ao ter falhado o golo na cara do guarda-redes
adversário por três vezes. Nos outros jogos da Liga Europa que envolviam
equipas portuguesas, o Braga venceu o Groningen por 1 – 0 e segue na frente do seu grupo tendo o apuramento praticamente garantido. O Belenenses recebeu a Fiorentina de Paulo Sousa no Restelo e foi goleado pelos líderes da liga italiana com quatro golos sem resposta. A Uber, que está na capa da Revista do Expresso, continua a ser a mais badalada e controversa startup
da atualidade. A história do seu CEO e fundador, Travis Kalanick é um
exemplo de empreendedorismo, cowboyismo e capitalismo selvagem carburado
por milhões que se transformam em muitos mais milhões. Muito longe da
realidade dos taxistas portugueses que ontem já se
concentraram em Lisboa, o que tornam a fazer hoje pretendendo perturbar
as arruadas da coligação (e dos outros partidos) prevista para o Chiado.
Alguém que lhes diga que a luta é contra as quase luxuosas viaturas da
Uber e não contra os pobres pedestres que por lá vão passar. Quem também vai passar pelo Chiado é a GNR,
que já marcou a sua manifestação para o mesmo lugar e a mesma hora em
que sucedem as arruadas da Coligação, do PS e da CDU. O jornal “i” sugere que estes ajuntamentos podem estragar a festa à PàF. A Rússia admitiu que está a atacar as forças que se opõem a Al Assad e não propriamente o Estado Islâmico, tal como estava previsto. Vladimir Putin
aproveitou a deixa dos Estados Unidos da América, não para bombardear o
Daesh, mas sim os opositores do regime sírio. Alguns destes rebeldes
são forças militarizadas treinadas e apoiadas pelos próprios EUA. A
Síria, onde Assad continua a ter o apoio de uma larga fatia da
população, é hoje território onde se confrontam inúmeros grupos mais ou
menos organizados, Além do exército sírio, do ISIS, do ramo Nusra da Al Qaeda e dos curdos, e muitos outros pequenos grupos, também há potências ocidentais, como a França e
os Estados Unidos envolvidos num combate que dura há anos mas que nos
últimos dois dias contou também com a Rússia. Moscovo admitiu estar
coordenado com o regime de Damasco. Polémica como as colonoscopias, diz o “Público”. A lista de entidades autorizadas a fazer colonoscopias inclui clínicas que não fazem este tipo de exame. Pedófilos detidos por roubar fotos de crianças do Facebook está na manchete do “Jornal de Notícias”.
Investigação da Polícia Judiciária já constituiu arguidos. Os suspeitos
retiravam fotos de crianças do Facebook, algumas menores de oito anos,
para as deixarem em sites de pedofilia. O “Jornal de Negócios”
traz à primeira página o divórcio entre o BPI e Angola. A criação de
uma nova sociedade distinta para gerir os negócios em Angola, tal como
recomendado pelo Banco Central Europeu, é considerada precipitada por Isabel dos Santos. Os espanhóis do La Caixa estão, porém, de acordo. A crise da VW começa a fazer estragos. Em Portugal, onde as vendas aparentemente se mantêm imperturbadas senão mesmo a crescer, há mais de 3500 trabalhadores na AutoEuropa.
A sua produção representa cerca de 1,1% do PIB. Ora, é o futuro desta
fábrica e de muitas outras do grupo alemão que será discutido na próxima
semana, numa reunião alargada em Wolfsburgo. Está tudo no tema que faz manchete no caderno de Economia do Expresso. Nos EUA, o castigo imposto ao fabricante alemã é severo. No mês de setembro, as vendas de concorrentes como a General Motors, Ford e Fiat Chrysler subiram à velocidade de dois dígitos. A VW fica para trás, noticia o “Financial Times”. FRASES “Sempre acreditei que podíamos ganhar”. Pedro Passos Coelho ao Expresso “Queremos mesmo ser governo”. Catarina Martins, do BE, ao “i” “O tempo não volta para trás”. António Costa no “Diário de Notícias” “É
de facto uma situação intolerável que o Presidente já tenha definido os
cenários, as perspetivas, as decisões, independentemente do resultado
das eleições ainda não estar apurado porque o povo português ainda não
votou” Jerónimo de Sousa, no “Público” “Convido
o povo americano a pensar na maneira de o nosso governo mudar estas
leis, para salvar estas estas vidas e deixar as pessoas crescer”. Barack Obama no “New York Times” O QUE EU ANDO A VER
Ao contrário do que já vi escrito, no caso da exposição ComingOut do Museu Nacional de Arte Antiga “não há motivo para se dizer que “se Maomé não vai à montanha,…”. Por uma simples razão: o MNAA tem, num esforço constante e continuado aumentado o seu número de visitantes, a ponto de se ter tornado o museu mais visitado de Portugal em 2014, ultrapassando o líder histórico nessa contagem que era o Museu dos Coches. As obras estão lá e felizmente são admiradas tanto por portugueses como pelos muitos turistas que aproveitam para ver Dürer, Bosch, Memling, Metsys, Cranach ou Piero della Francesca, mas também a pintura portuguesa do século XV em diante, de Nuno Gonçalves a Domingos Sequeira, a Custódia de Belém, a Cruz Processional de Dom Sancho ou a Baixela Germain. Esta exposição feita de reproduções muito apuradas nas ruas do Chiado, Bairro Alto ou Príncipe Real é obviamente uma operação de marketing capaz de beneficiar a marca MNAA, reafirmando-o como o museu bandeira português à semelhança da National Gallery em Inglaterra, o Prado em Madrid ou o Louvre em Paris. É também, obviamente, uma oportunidade para mostrar aos mais preguiçosos o património que existe em Portugal. Mas é sobretudo uma lambada de luva branca
aos que não acreditam no valor desse património. Há peças do Museu das
Janelas Verdes que circulam nos melhores museus europeus. Neste momento,
na exposição do Prado dedicada ao “Divino Morales” há
peças do MNAA, não só do pintor espanhol mas também de fatura
portuguesa. Ainda em Espanha, há poucos meses, um quadro atribuído a um
pintor português figurou na maior exposição de sempre dedicada a Rogier van der Weyden, no Prado, da mesma maneira que o “Tríptico das Tentações de Santo Antão” será cabeça de cartaz na mostra destinada a celebrar o centenário de Jheronymus Bosch que abrirá em maio próximo, também no Prado. E o inverso também é verdade: por estes dias encontra-se no museu de Lisboa um El Greco, com o estatuto de obra convidada, num programa que trouxe até cá Van Eyck, Gerard David ou Ribera.
É por isso cada vez menos aceitável dizer que se trata de um museu de
segunda para justificar o desconhecimento que a maior parte dos
portugueses ainda tem deste museu. Ora assim sendo, vale a pena ir votar no domingo, antes ou depois de ver o ComingOut. Aproveite também porque nesse dia em todos os museus de Portugal, a entrada é gratuita por ser o primeiro domingo do mês.
Ainda
antes, não perca a edição de hoje do Expresso em papel, já nas bancas. O
Expresso Online vai continuar a dar toda a informação a qualquer hora.
Na segunda-feira, Ricardo Costa estará a servir este Expresso Curto, com
a melhor análise dos resultados eleitorais.
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